Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 GERÊNCIA DE ATIVOS Material complementar da disciplina ESTG008-17 – Gerência de ativos Prof. Dr. Jabra Haber 2 I - ABORDAGENS BÁSICAS DA MANUTENÇÃO 1 INTRODUÇÃO ATIVOS são os bens e direitos de uma empresa. Toda e qualquer fábrica ou instalação industrial que pretenda fabricar alguma coisa, precisa de vários meios (bens) que permitam a produção. Tais meios podem ser simples tesouras e agulhas, assim como conjuntos de alta complexidade abrangendo máquinas automáticas, equipamentos simples como bombas e ventiladores até conjuntos operando simultaneamente, produzindo artigos diversos Em todos os casos aparece o problema de desgastes, enguiços, quebras, fraturas e mais uma série de problemas que se observam durante a produção. Assim como uma simples tesoura precisa ser reparada de tempos em tempos, já que o corte é perdido com a sequência de operações, as máquinas complexas também apresentam desgaste, exigindo reparos, consertos e ajustes de tempos em tempos, que variam de acordo com o material processado, velocidade de produção, condições ambientais exigidas e decorrentes do processo. Por tais motivos, toda atividade produtiva exige certa manutenção, sem o que a produção entra em colapso. 2 MANUTENÇÃO Manutenção é o termo usado para abordar as falhas pela qual as empresas tentam evitar as falhas cuidando de suas instalações físicas (bens). É uma parte importante e essencial das atividades de produção, especialmente aquelas cujas instalações físicas têm um papel fundamental na produção de seus bens e serviços. 3 A manutenção é fundamental em todas as empresas, porém em operações como centrais elétricas, hotéis, companhias aéreas, refinarias petroquímicas, centrais de telefonia, as atividades de manutenção serão responsáveis por uma parte significativa dos resultados da empresa. Ainda hoje, em muitas empresas, a manutenção é vista como um mal necessário, já que as máquinas vão se quebrar e então, alguém deve consertá- las. Normalmente o pessoal de manutenção é considerado tão somente para consertar o que se quebra. Entretanto, estudos detalhados mostram que os custos de manutenção, quando existe uma organização detalhada, desaparecem quando comparados com os lucros que trazem, por conservar a capacidade produtiva em valores elevados. Com o desenvolvimento tecnológico, aliado à alta competitividade exigidas pela globalização, as máquinas foram se tornando cada vez mais rápidas, mais complexas, mais leves. Esses fatores exigem matéria-prima com padrão de qualidade melhor, pessoal de operação melhor preparado e também uma manutenção eficiente e adequada. Para o pessoal envolvido com a produção assim como para os envolvidos em cálculos econômicos e financeiros, a manutenção aparece apenas como uma despesa, sendo combatido com o objetivo de diminuí-lo ao mínimo possível, sem observar as consequências de tal diminuição. Normalmente, a manutenção é chamada para reparar um equipamento que quebrou. As causas e origens da quebra são sempre atribuídos a fatores fortuitos ou erro do operador ou do material e o que interessa é consertar o quanto antes para que a produção não seja interrompida. Pesquisa feita nos Estados Unidos com mais de 400 empresas líderes de setor mostra que 25% delas atribuem seu sucesso à alta utilização da capacidade instalada. 4 3 BENEFÍCIOS DA MANUTENÇÃO Para uma empresa, uma manutenção adequada de seus ativos (bens), pode trazer os seguintes benefícios: • Segurança melhorada. Instalações bem mantidas tem menor probabilidade de se comportar de forma previsível ou não padronizada, ou falhar totalmente, todas podendo apresentar riscos para o pessoal. • Confiabilidade aumentada. Conduz a menos tempo perdido com consertos das instalações, menos interrupções das atividades normais de produção, menos variação da vazão de saída e níveis de serviço mais confiáveis • Qualidade maior. Equipamentos mal mantidos têm maior probabilidade de desempenhar abaixo do padrão e causar problemas de qualidade. • Custos de operação mais baixos. Muitos elementos de tecnologia de processo funcionam mais eficientemente quando recebem manutenção regularmente: veículos, por exemplo. • Tempo de vida mais longo. Cuidado regular, limpeza ou lubrificação podem prolongar a vida efetiva das instalações, reduzindo os pequenos problemas na operação, cujo efetivo cumulativo causa desgaste ou deterioração. • Valor final mais alto. Instalações bem mantidas são geralmente mais fáceis de vender no mercado de segunda mão. 4 ABORDAGENS BÁSICAS DA MANUTENÇÃO 4.1 Manutenção corretiva Esta abordagem significa deixar as instalações operar até que quebrem. O trabalho de manutenção é realizado somente após a quebra. Por exemplo, as televisões, os equipamentos de banheiros e os telefones em quartos de hotéis provavelmente somente serão consertados depois de terem quebrados. O hotel manterá algumas peças de reposição e o pessoal disponível para fazer os 5 consertos quando necessário. As falhas nessas condições não são catastróficas, embora talvez irritem os hóspedes, nem tão frequentes para fazer verificações regulares do estado das instalações. Esta abordagem da manutenção é usada: - Em casos em que o conserto é fácil e a consequência da falha é pequena. - Quando a falha não é previsível de forma nenhuma, porque a falha tem a mesma probabilidade de acontecer antes ou depois do conserto. 4.2 Manutenção preventiva A manutenção preventiva visa eliminar ou reduzir as probabilidades de falhas por manutenção (limpeza, lubrificação, substituição e verificação das instalações) em intervalos pré-planejados. Por exemplo, os motores de um avião de passageiros são verificados, limpos e calibrados de acordo com uma programação regular depois de determinado número de horas de voo. Tirar o avião de suas obrigações regulares para manutenção preventiva é claramente uma opção dispendiosa para qualquer empresa aérea. As consequências de falhas em serviço, entretanto, são consideravelmente mais sérias, O princípio de manutenção preventiva também é aplicado a instalações com consequências menos catastróficas das falhas. A limpeza e lubrificação regulares das máquinas, mesmo a pintura periódica de um edifício, podem ser consideradas manutenção preventiva. A manutenção preventiva é utilizada quando o custo da falha não planejada é alto devido à interrupção da produção e quando a falha pode ser prevista com certa probabilidade. 4.3 Manutenção preditiva Manutenção preditiva visa realizar manutenção somente quando as instalações precisarem delas. Por exemplo, equipamentos de processamento contínuo, como os usados para a produção de papel, funcionam por longos períodos 6 durante 24 horas por dia, de modo a conseguir a alta utilização necessária para a produção eficiente em custos. Parar a máquina para trocar um mancal, quando não é necessário fazê-lo, retiraria esses equipamentos de operação por longos períodos e reduziria sua utilização. Neste caso, a manutenção preditiva pode incluir a monitoração contínua das máquinas e equipamentos. Exemplo de manutenção preditiva: monitoramento contínuo das vibrações. Os resultados desta monitoração seriam a base para decidir se a linha deveria ser parada e os mancais substituídos. A tabela a seguir mostra outras características e procedimentos que podem ser monitorados para manutenção preditiva. Característica Procedimento de monitoração Vibração Mancais e rolamentos – medir próximo aos mancais e rolamentos e analisados por um programa de computadoresComposição do óleo de lubrificação Em vez de substituir o óleo em períodos fixos, analisar quimicamente e quanto a contaminação de partículas. Dimensões de correntes transportadoras Monitora-se a espessura dos elementos da corrente. Temperatura de motores Monitoração constante da temperatura indica a condição de trabalho do motor. A manutenção preditiva é usada quando a atividade de manutenção é dispendiosa, seja devido ao custo de manutenção em si ou devido à interrupção da produção causada pela atividade de manutenção. A maior parte da produção adota uma combinação dessas abordagens, porque diferentes elementos de suas instalações têm diferentes características. 7 Como um exemplo que pode ser citado, temos que na manutenção de um automóvel usam-se esses 3 tipos de abordagem: • Lâmpadas e fusíveis são trocados quando falham – manutenção corretiva • O óleo do motor é trocado após determinada quilometragem percorrida – manutenção preventiva. • A maior parte dos motoristas monitora as condições do veículo, seja informalmente ouvindo o barulho do motor e outros componentes, seja avaliando a profundidade do sulco do pneu - manutenção preditiva. Bibliografia NEPOMUCENO, L.X. Técnicas de manutenção preditiva. São Paulo: Edgard Blücher, 1999. SLACK, N. ET AL. Administração da produção. São Paulo: Atlas, 1996. 8 II - CUSTOS DA MANUTENÇÃO 1 INTRODUÇÃO O principal objetivo de uma empresa é a obtenção de lucro, que é a diferença do dinheiro que entra e do dinheiro que sai. Os departamentos responsáveis pelo dinheiro que entra são normalmente os departamentos de vendas e de produção, normalmente muito bem administrados, com boa conceituação na empresa e alvo de campanhas de incentivos, prêmios de vendas e produção. Os departamentos responsáveis pelo dinheiro que sai são normalmente os departamentos de compras e de manutenção, que em empresas bem administradas devem receber o mesmo enfoque da empresa. O custo do departamento de manutenção é composto de mão de obra aplicadas nos serviços de manutenção, materiais e peças de equipamentos e material de consumo. Estes custos têm que ser gerenciados para que seja o mínimo e suficiente. A falta deste gerenciamento eficiente gerará horas extras do pessoal de manutenção, peças para reposição com pouco giro e estocadas há muito tempo na empresa. É muito comum encontrarmos nas empresas os “gênios” da manutenção, elementos que só eles conhecem os equipamentos, só eles sabem como consertá-los e normalmente a manutenção fica sujeita a estes funcionários, dificultando o trabalho devido à personalização do departamento. Para um bom gerenciamento de manutenção é necessário a administração correta dos custos envolvidos nas diversas formas de manutenção. 9 2 MANUTENÇÃO CORRETIVA VERSUS MANUTENÇÃO PREVENTIVA Como já foi visto, a produção planeja sua manutenção incluindo certo nível de manutenção preventiva regular, o que resulta em uma probabilidade razoavelmente baixa de falhar. Quanto mais frequente for a manutenção preventiva, menor é a probabilidade de ocorrerem falhas. O equilíbrio entre manutenção preventiva e manutenção corretiva é estabelecido para minimizar o custo total das paradas. Manutenção preventiva pouco frequente custará pouco para realizar, mas resultará em alta probabilidade, e portanto custo, de manutenção corretiva. Manutenção preventiva muito frequente será dispendiosa de realizar, mas reduzirá o custo de ter que providenciar manutenção corretiva. A figura 1 mostra um modelo de custos de manutenção preventiva e custo de paradas para manutenção. Figura 1 – Modelo de custos associados com manutenção Fonte: SLACK, N. et. al. Figura 1 – Modelo de custos associando manutenção preventiva e o custo de paradas. Fonte: SLACK et al. 10 A análise da figura mostra que pode existir um ponto ótimo de manutenção preventiva, em que o custo para a empresa pode ser minimizado. Este modelo de custos pode não refletir a realidade em muitos sistemas de produção, pois o custo de paradas depende fundamentalmente da capacidade instalada da empresa e seu nível de utilização, além do sistema de produção ser contínuo ou por lotes. Pode acontecer que o modelo de manutenção preventiva de algumas empresas seja parecido com o da figura 2. A utilização de um dos dois modelos ou uma combinação entre eles, depende da previsibilidade de falhas (confiabilidade) do sistema produtivo. A manutenção preventiva tem maiores possibilidades de gerar grandes benefícios quando os períodos de parada podem ser previstos com razoável certeza. Figura 2 – Modelo onde a manutenção preventiva Figura 2 – Modelo onde os custos de paradas diminuem com o aumento do nível de manutenção preventiva. Fonte: SLACK et al. 11 No modelo mostrado na figura 2 percebe-se que o custo de paradas e, consequentemente o custo total de manutenção diminui com o aumento do nível de manutenção preventiva. 3. PREVISIBILADE DE FALHAS (CONFIABILIDADE) Confiabilidade é a probabilidade de que um equipamento, componente, peça dar como resposta aquilo que dele se espera, durante um certo período de tempo e sob certas condições. Quando entramos em nosso carro e damos a partida, esperamos que ele pegue. Quanto mais vezes ele pegar, em relação ao número de tentativas, mais confiável ele será. Assim, se em 1000 vezes que damos a partida em nosso carro, ele pega 995 vezes, dizemos que sua confiabilidade é 0,995, ou 99,5%. É fácil perceber que existe uma estreita relação entre manutenção, qualidade do produto (no caso de manutenção: máquinas, equipamentos, componentes específicos, peças etc.). Existem diversos conceitos que podem ser aplicados para avaliar a confiabilidade de sistemas produtivos. 3.1 Disponibilidade Disponibilidade consiste numa medida que indica a proporção do tempo total em relação ao tempo que o dispositivo está disponível ao cumprimento das funções para as quais foi destinado. D = tempo disponível para utilização tempo disponível + tempo ocioso onde: • tempo disponível é aquele durante o qual a máquina ou equipamento está apto a operar sem problemas; 12 • tempo ocioso é aquele durante o qual o equipamento não apresenta condições de funcionamento, por estar sofrendo manutenção ou intervenção. Como exemplo pode-se tomar uma agência de aluguel de carros que, onde o histórico da empresa mostra que, qualquer que seja o dia, 10% dos veículos estão sofrendo manutenção corretiva em virtude dos veículos que são devolvidos à empresa e necessitam de correção de defeitos que não podem ser programados. Essa agência apresenta uma disponibilidade de 90%. 3.2 Razão de falha (FR) É a probabilidade que um sistema não dar a resposta que se espera. A razão de falha é dada pela expressão: (FR) % = número de falhas ocorridas x 100 número de tentativas efetuadas No caso do exemplo da partida no automóvel seria: 5 x 100 = 0,50 % 1000 3.3 Tempo médio entre falhas (TMEF) Esse parâmetro deve ser usado quando a razão de falhas é constante. No exemplo do automóvel, supondo quesejam dadas 5 partidas no veículo a cada dia, teríamos que as 1000 partidas foram dadas em 200 dias. Portanto, o tempo médio entre falhas será: TMEF = 200/5 = 40 dias 13 4. LEI DAS FALHAS Basicamente, as falhas de um equipamento ou componente podem ocorrer do uso ou ser aleatórias. Os componentes se deterioram com o uso. A figura 3 apresenta um gráfico típico do número de falhas ocorridas em função do tempo. Figura 3 – Falhas em função do tempo. Fonte: MARTINS; LAUGENI (2006) A análise da figura mostra que as falhas ocorrem em três fases distintas: • Falhas da partida – decorrentes do início de operação, pois máquinas e equipamentos exigem ajustes no início de sua vida útil • Falhas aleatórias – é a fase mais útil do equipamento, onde o número de falhas é baixo. • Falhas do desgaste – decorrem do uso continuado do equipamento. Em MARTINS, LAUGENI (2006:518); SLACK et al (1996:640) e NEPOMUCENO (1999:69), podem ser encontrados mais exemplos sobre falhas e confiabilidade. 14 Bibliografia NEPOMUCENO, L.X. Técnicas de manutenção preditiva. São Paulo: Edgard Blücher, 1999. SLACK, N. et. al. Administração da produção. São Paulo: Atlas, 1996. FARIA, J.G.A. Administração da Manutenção. São Paulo: Edgard Blücher,1994. MARTINS, P.G.; LAUGENI, F. P. Administração da produção. São Paulo: Saraiva, 2006. 15 III - MANUTENÇÃO PRODUTIVA TOTAL 1 INTRODUÇÃO A cada dia aumenta mais e mais a dependência das empresas de seus equipamentos e instalações. A interrupção do processo produtivo gera uma série de problemas, tais como reclamações de clientes que não serão atendidos no prazo especificado, receitas que deixam de auferidas, custos de reparos nos quais se incorre desnecessariamente, aumento no índice de acidentes no trabalho, entre outros. Uma instalação bem mantida, com baixíssimas interrupções, acaba por trazer à empresa uma vantagem competitiva sobre seus concorrentes. É dentro desse enfoque que as empresas estão procurando novas técnicas de aumento de confiabilidade, melhorando a manutenção dos equipamentos críticos e não- críticos. É dentro desse enfoque, que se encaixa o conceito de manutenção produtiva total (TPM), que vai muito além de ser uma forma de se fazer manutenção. É muito mais uma filosofia gerencial, atuando na forma organizacional, no comportamento das pessoas, na forma com que tratam os problemas, não só os de manutenção, mas todos os diretamente ligados à produção. 2 MANUTENÇÃO PRODUTIVA TOTAL (TPM) A TPM visa atingir o que se pode chamar de zero falha ou zero quebra. Foi desenvolvida no Japão na década de 60, a partir de conceitos desenvolvidos nos Estados Unidos e está se espalhando pelo mundo. A TPM apoia-se em três princípios fundamentais: • Melhoria das pessoas – sem o desenvolvimento, preparação e motivação das pessoas, é praticamente impossível atingir um nível adequado de aplicação da filosofia TPM. Todos os programas iniciam-se com um treinamento do pessoal. A multifuncionalidade deverá atingida; 16 • Melhoria dos equipamentos – depois das pessoas, os equipamentos constituem o maior recurso de uma empresa. A teoria da TPM advoga que todos os equipamentos podem e devem ser melhorados, conseguindo-se, a partir daí grandes ganhos de produtividade. É falso supor que uma fábrica, para ser moderna e de alta produtividade, deve contar com equipamentos novos; • Qualidade total – A TPM é parte integrante dos conceitos de qualidade total, já tão difundido entre nós. A implantação de um programa de TPM deve caminhar paralelamente à implantação de um programa de melhoria da qualidade e da produtividade. 3 A TPM E AS PERDAS Para aumentar a produtividade dos equipamentos, e consequentemente, de toda a empresa, a TPM recomenda o ataque às denominadas seis grandes perdas: • Perda 1 – quebras: a quantidade de itens que deixa de ser produzida porque a máquina quebrou. É a mais conhecida e mais facilmente calculada. Deve ser combatida com uma manutenção efetiva eficaz; • Perda 2 – ajustes (setup): a quantidade de itens que deixa de ser produzida porque a máquina estava sendo preparada e/ou ajustada para a fabricação de um novo item. Deve ser combatida com técnicas de redução de setup (trocas rápidas); • Perda 3 – pequenas paradas/tempo ocioso: a quantidade de itens que deixa de ser produzida em decorrência de pequenas paradas no processo para pequenos ajustes, ou por ociosidades várias, como bate-papo do operador; • Perda 4 – baixa velocidade: a quantidade de itens que deixa de ser produzida em decorrência de o equipamento estar operando a uma velocidade mais baixa do que a nominal especificada pelo fabricante; • Perda 5 – qualidade insatisfatória: é a quantidade de itens que é perdida (para todos os efeitos, é como se eles não tivessem sido produzidos) por 17 qualidade insatisfatória, quando o processo já entrou em regime de operação normal. • Perda 6 – perdas com startup: é quantidade de itens que é perdida (para todos os efeitos, é como se eles não tivessem sido produzidos) por qualidade insatisfatória, quando o processo ainda não entrou em regime de operação normal. 4 CINCO METAS DA MANUTENÇÃO PREVENTIVA TOTAL A TPM visa estabelecer boa prática de manutenção na produção através da perseguição de cinco metas: • Melhorar a eficácia dos equipamentos – Examina como as instalações estão contribuindo para a eficácia da produção através da análise de todas as perdas que ocorrem. Perda de eficácia pode ser o resultado o de perdas por tempo parado, perdas de velocidade ou perdas por defeito. • Realizar manutenção autônoma – Permitir que o pessoal que opera ou usa os equipamentos da produção assuma a responsabilidade por pelo menos algumas das tarefas de manutenção. Também se deve encorajar o pessoal de manutenção a assumir a responsabilidade pela melhoria do desempenho de manutenção. Murata e Harrison, segundo Slack et al., propõem três níveis nos quais o pessoal assume responsabilidade pela manutenção: - Nível de consertos. O pessoal executa instruções, mas não prevê o futuro, simplesmente reage a problemas; - Nível de prevenção. O pessoal pode predizer o futuro antevendo problemas e realizando ações corretivas; - Nível de melhoria. O pessoal pode predizer o futuro antevendo problemas; não somente realizam ações corretivas, mas também propõem melhorias para prevenir recorrência. • Planejar a manutenção – Ter uma abordagem totalmente elaborada para todas as atividades de manutenção. Isto deve incluir o nível de 18 manutenção preventiva necessário para cada peça do equipamento, os padrões para manutenção preditiva e as respectivas responsabilidades do pessoal de operação e manutenção. A tabela a seguir ilustra os respectivos papéis e responsabilidade do pessoal de operação e manutenção (Fonte: Slack et al, 1996). Pessoal de manutenção Pessoal de operação Papéis Para desenvolver: • Ações preventivas • Manutenção corretiva Para assumir: • Domínio das instalações • Cuidado com as instalações Responsabilidades Treinar os operadores Planejar a prática da manutenção Solução de problemas Avaliar a prática operacional Operação Correta Manutenção preventiva de rotina Manutenção preditiva de rotina Detecção de problemas • Treinar todo o pessoal em habilidades de manutenção relevantes – As responsabilidades listadas na tabela acima exigem que tanto o pessoal de manutenção como o de operações tenham todas as habilidades para desempenhar seus papéis. A manutençãoprodutiva total coloca uma forte ênfase no treinamento adequado e contínuo. • Conseguir gerir os equipamentos logo no início - Essa meta é direcionada para evitar totalmente a manutenção através da prevenção da manutenção, que consiste em considerar as causas de falhas e manutenabilidade dos equipamentos durante sua etapa de projeto, sua manufatura e sua instalação. A prevenção da manutenção tenta rastrear todos os problemas potenciais de manutenção até sua causa primeira e depois tenta elimina-los nesse ponto. 19 5 POLÍTICAS DE MANUTENÇÃO Uma empresa pode definir uma política de manutenção com ênfase em vários aspectos: • Postura preventiva – estabelece e implanta um programa de manutenção preventiva em todos os níveis. Utilizando-se de softwares de manutenção, terá condições de gerir com precisão todos os eventos, como troca de peças após certo número de horas de uso e limpeza, entre outros; • Maior número de máquinas com menor utilização – não sobrecarrega equipamentos, diminui quebras e aumenta a confiabilidade. • Treinamento de operadores – são treinados para efetuar pequenas manutenções de rotina, conforme filosofia da TPM; • Projeto robusto – trabalhar com equipamentos robustos, isto é, capazes de suportar eventuais sobrecargas de trabalho sem apresentar defeitos; • Manutenibilidade – optar pela compra de equipamentos que se caracterizem pela facilidade de se efetuar as manutenções; • Tamanho das equipes de manutenção – trabalhar com folga de mão- de-obra de manutenção para que eventuais ocorrências simultâneas possam ser prontamente atendidas; • Maior estoque de peças sobressalentes – como no caso anterior, tem- se maior segurança no atendimento; • Redundância de equipamentos – para os equipamentos críticos, dispor de reserva que possa ser utilizada imediatamente. Vários desses aspectos podem ser combinados, com o objetivo de ter-se um processo produtivo que apresente o menor número de falhas. 20 Bibliografia NEPOMUCENO, L.X. Técnicas de manutenção preditiva. São Paulo: Edgard Blücher, 1999. SLACK, N. et. al. Administração da produção. São Paulo: Atlas, 1996. FARIA, J.G.A. Administração da Manutenção. São Paulo: Edgard Blücher,1994. MARTINS, P.G.; LAUGENI, F. P. Administração da produção. São Paulo: Saraiva, 2006. 21 IV - GESTÃO EFICIENTE DA MANUTENÇÃO – PARTE 1 1 INTRODUÇÃO Em muitas empresas, embora a função da manutenção seja considerada secundária, sua importância só é percebida quando a mesma falha. A complexidade e os problemas de manutenção aumentam em função do tamanho da instalação, do grau de automação, exigindo pessoal qualificado e treinado, o que torna necessário uma gestão eficiente. A organização e o gerenciamento da manutenção deve levar em conta os seguintes aspectos: • Quais as metas e objetivos da empresa; • Qual o tamanho da empresa e suas instalações e qual a amplitude da manutenção que é mais adequada em função desses dados; • Caso a tendência da empresa é crescer, existe, no quadro atual de funcionários, elementos em número suficiente para atender as necessidades atuais e as previstas no futuro próximo? O pessoal possui preparo adequado ao desempenho pretendido? • A manutenção deve ser considerada como uma atividade que mantém o equipamento em condições de trabalho, evitando falhas. É muito mais racional controlar com rigor antes do aparecimento de falha e as consequentes interrupções da produção, do que depois que as mesmas ocorram; • Qual o padrão de qualidade estabelecidos para os produtos. 2 CONDIÇÕES PARA OPERAÇÃO EFICIENTE Para uma atuação e desempenho realmente satisfatórios, um departamento de manutenção deve satisfazer às seguintes condições: 22 • Possuir pessoal habilitado e treinado, apresentar campos externos e internos de autoridade bem estabelecidos, com a definição clara entre as responsabilidades e autoridade de cada envolvido no assunto. O gerenciamento deve observar que é essencial estabelecer a execução das atividades necessárias de maneira harmônica, no momento adequado e com custos minimizados em conjunto com a maximização dos resultados. • Um fator de importância capital ao bom gerenciamento da manutenção é a fixação do tempo, período e prazo de execução de um serviço qualquer para que manutenção seja realmente eficiente. O planejamento da manutenção deve especificar, com clareza, a prioridade dos serviços, especificação do serviço a ser executado com a clareza necessária e suficiente para que não pairem dúvidas com relação a atuação de quem vai executá-lo, o quando e quais os dispositivos, ferramentas, materiais e acessórios são necessários para que o trabalho seja realizado no prazo previsto, informando os demais departamentos. • A coordenação dos homens, materiais, ferramentas, acessórios etc., é essencial para que os serviços sejam executados no local predeterminado, na hora em que foram programados, com todos os recursos necessários a fim de que os serviços sejam executados em tempo hábil, no momento previsto e programado. • É essencial que a gerência de manutenção planeje e ponha em execução um processo adequado de controle das atividades de seu departamento. Tais controles devem permitir não somente a execução, mas ainda o andamento dos serviços que foram programados, como conter dados que permitam verificar a performance e a eficiência das equipes e também, o que é muito importante, se os mesmos foram executados na hora prevista e dentro do prazo programado. A documentação deve fornecer dados suficientes para permitir que a gerência possa verificar os custos e, concomitantemente, controlar como a contabilidade os está lançando. A principal finalidade é verificar efetivamente o que está acontecendo, para que as bases sejam objetivas e não programadas de acordo com conceitos subjetivos de algumas pessoas. 23 • É preciso ficar bem claro que, quando uma instalação possui um departamento, divisão ou secção de manutenção bem organizada e eficiente, a própria manutenção dá origem a lucros que normalmente não são contabilizados e que dificilmente poderão sê-lo caso não exista uma organização e administração muito eficiente. Tal lucro advém da meta primordial que consiste em conservar o equipamento em excelentes condições durante o tempo mais longo possível, aumentar tanto quanto possível a vida útil de cada peça de equipamento, diminuição ou eliminação dos defeitos, falhas e quebras devido ao funcionamento inadequado dos mesmos; • O conjunto de divisões, áreas, departamentos ou secções que constituem a instalação industrial, quando trabalha de maneira harmônica e visando todos eles os mesmos objetivos, permitem uma operação altamente eficiente de todos os setores. Inclusive, quando constituem setores operando com sistemas metódicos, a manutenção pode assegurar um funcionamento confiável do maquinário. É possível, em muitos casos, diminuir ou mesmo eliminar a manutenção corretiva, mediante o uso de métodos e processos obtidos pela imaginação criativa que vários envolvidos no problema possuem que, com base em conhecimentos técnicos possibilitam a praticamente eliminar alguns serviços de manutenção altamente desagradáveis e dispendiosos, que ocorrem quase que sistematicamente; • O fator mais importante na eficiência de uma atividade qualquer é o preparo, treinamento do pessoal envolvido em tal atividade e, principalmente, motivação. Tal fator é normalmente esquecido ou ignorado, principalmente em pequenas e médias empresas. É fato comum a alta direção adquirir, a custos elevados, equipamentos, ferramentas e instrumentos altamente sofisticados e enviá-los a determinados departamentos.Os responsáveis pelo departamento normalmente encaminham tais dispositivos a seus subordinados, esquecendo-se que os que vão operá-los precisam, em primeiro lugar, ter o preparo mínimo necessário para tal e serem treinados para operá-los. Se nada disso for feito, o que ocorre frequentemente, os equipamentos sofisticados permanecem subutilizados, quando não estocados em prateleiras, sendo 24 mostrados a visitantes para impressioná-los. Por tal motivo, quando se trata de manutenção, todos os envolvidos devem ser treinados e instruídos de maneira a ficarem conscientes de uma filosofia coerente e que define claramente quais os objetivos pretendidos e como obtê-los, para que a organização do serviço deve ser executada com o devido cuidado. 3 RELACIONAMENTO ENTRE PRODUÇÃO E MANUTENÇÃO Como já mencionado anteriormente, a harmonia entre os vários departamentos de uma instalação industrial é fundamental para a gestão eficiente da manutenção. Na maior parte das empresas, a produção é o principal “cliente” da manutenção, pois é a ela que a maioria dos serviços são prestados, é necessário que a responsabilidades entre os dois departamentos sejam bem definidas. 3.1. Responsabilidades da manutenção em relação à produção. As principais responsabilidades da manutenção com a produção são: • Assessorar a produção, visando estabelecer um programa coerente de manutenção e reparos, que permita a elaboração de um planejamento e programação compatível com as necessidades e possibilidades de cada um dos departamentos envolvidos. • Conservar as instalações em condições tão perfeitas quanto possível, para permitir o trabalho com minimização dos custos; • Executar os consertos e reparos eventuais dentro do menor prazo possível visando sempre minimizar os custos e introduzir o mínimo de distúrbio à produção; • Obedecer aos intervalos de conservação rotineiros, como lubrificação, limpezas, ajustes, para que as interrupções na Produção sejam as mantidas no menor limiar possível; • Executar e controlar os reparos emergenciais de modo a torná-los serviços programáveis; 25 • Manter reuniões constantes com os encarregados da Produção para analisar e avaliar as razões das interrupções para reparos, visando estabelecer qual a condição real dos equipamentos que necessitaram intervenções; • Verificar, junto com a Produção, o motivo de determinadas máquinas e equipamentos apresentarem número elevado de interrupções, visando eliminar as causas principais dos defeitos; • Auxiliar, sempre que possível, o Departamento de Produção, a respeito das principais responsabilidades dos operadores sobre a operação dos equipamentos. 3.1. Responsabilidades da produção em relação à manutenção. As principais responsabilidades da produção com a manutenção obedecem praticamente aos mesmos conceitos e são: • Programar, em conjunto com a Manutenção, as paradas necessárias a consertos de algum vulto, com a antecedência necessária, para permitir a aquisição ou fabricação das peças que foram necessárias; • Elaborar um planejamento adequado, visando permitir uma distribuição tão uniforme quanto possível da carga de trabalho da Manutenção, além de informar com a devida antecedência para possibilitar o planejamento das atividades; • Emitir autorizações para reparos, consertos, alterações e substituições em máquinas e equipamentos, constando na autorização detalhes suficientemente explicados para que não existam dúvidas quanto ao que deverá ser executado; • Informar-se com relação a quais são os problemas de um determinado equipamento e qual a sua produção, para solicitar os serviços necessários com a devida antecedência, permitindo a sua execução em tempo hábil; • Indicar suas prioridades através de observação cuidadosa das atividades e programa de produção, fixando prazos e tempos de paradas exequíveis; 26 • Em comum com a Manutenção, procurar estabelecer uma metodologia que transforme os reparos ou serviços emergenciais em serviços planejados e programáveis; 4. ORGANIZAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO DA MANUTENÇÃO A organização e administração da manutenção depende da estrutura da instalação industrial e principalmente das necessidades da produção. Existem vários modelos de organização do departamento de manutenção e podem ser vistos em Nepomuceno (1999:30 a 45) e em Faria (1994:51). Bibliografia NEPOMUCENO, L.X. Técnicas de manutenção preditiva. São Paulo: Edgard Blücher, 1999. SLACK, N. ET AL. Administração da produção.São Paulo: Atlas, 1996. FARIA, J.G.A. Administração da Manutenção.São Paulo: Edgard Blücher,1994. 27 IV - GESTÃO EFICIENTE DA MANUTENÇÃO – PARTE 2 1 INTRODUÇÃO Com o desenvolvimento tecnológico ocorrido ao longo dos últimos anos, com o surgimento de tecnologias de ponta, onde uma falha apresenta consequências difíceis de avaliar, novos conceitos de manutenção foram desenvolvidos e aperfeiçoados. Entre esses conceitos destacam-se a confiabilidade, a manutenabilidade e a disponibilidade, já vistos na aula 02. Para uma gestão eficiente da manutenção, podem ser empregados diversos modelos de análise, envolvendo confiabilidade, manutenabilidade e disponibilidade. Nepomuceno (1999) recomenda o método da árvore de falhas, pois apresenta resultados altamente convincentes. 2 MÉTODO DA ÁRVORE DE FALHAS Na elaboração da árvore de falhas, admite-se que existe um projeto adequado e avalia-se cada componente em função em função da falha que pode apresentar. Analisa-se, então, a interação entre as diferentes falhas, visando relacionar os efeitos no sistema. A principal finalidade deste método é exatamente considerar o que pode dar errado na fabricação, montagem, instalação e operação do dispositivo projetado e indicar as possíveis providências para evitá-lo. A figura 1 mostra um exemplo de árvore de falhas fornecido por Green, segundo Nepomuceno (1999:82), relativo ao modo de falhar de um motor de um automóvel comum. 28 Figura 1 – Exemplo de árvore de falhas. Fonte: Nepomuceno, 1999. A elaboração e utilização de uma árvore de falhas permite analisar as falhas de sistemas bastante complexos de maneira bastante simplificada. Quando se está interessado no estudo de maneiras de falhar, ou modos de falhar e os efeitos de tais falhas, o método é extremamente útil como análise suplementar ao estudo feito. Em todos os casos, os diagramas que constituem as árvores de falhas são de grande utilidade no treino do pessoal que vai dedicar-se à manutenção. A elaboração de um diagrama que constitui a árvore de falhas tem duas utilidades: • Determinar os possíveis efeitos finais de uma falha que origine uma sequência de eventos; • Determinar as possíveis causas de falhas, única ou múltipla, de um dado efeito final na saída de um componente ou sistema qualquer. De um modo geral podemos considerar a árvore de falhas como uma estrutura lógica, ou seja, um diagrama com os eventos posicionados de maneira lógica, 29 que nada mais é que a representação lógica de uma série de eventos inter- relacionados. A figura 2 (figura II.05 de Nepomuceno) mostra uma árvore de análise de falha em rolamentos. 30 Figura 2 – Árvore de falhas para rolamentos. Fonte: Nepomuceno,1999. 31 Ao traçar-se o diagrama da árvore de falhas, normalmente parte-se da definição de um acontecimento ou evento indesejado, que pode ser a interrupção da produção de uma instalação inteira oude um sistema que a compõe. Verifica- se, então, as possíveis causas e se as definem, ligando-as ao evento em questão; o mesmo procedimento é repetido para cada uma das possíveis causas, até que se tenha um detalhamento independente para cada causa, caso em que o evento é denominado “evento básico”. Depois de desenhada a árvore, recomenda-se trabalhar novamente todo o processo, para verificar se todas as causas possíveis foram consideradas. 3 INVESTIGAÇÃO DE FALHAS Em uma instalação industrial existem equipamentos, instrumentos, sistemas, conjuntos das mais diferentes modalidades e tipos que podem apresentar falhas. Uma falha qualquer pode apresentar várias implicações, cujos aspectos podem ser de viabilidade econômica, segurança, velocidade de produção, qualidade do produto etc. Do ponto de vista da engenharia, as falhas são divididas em duas classes: • Falhas permanentes – tal tipo de falha permanece, inexistindo o desempenho adequado por se tratar de componente defeituoso, até que o defeito seja sanado pela substituição do componente. • Falhas intermitentes – Tais falhas são as que mais transtornos causam. Tais falhas dão origem a uma ausência da função executada pelo componente ou dispositivo durante um certo tempo, voltando a função a ser executada logo depois, permanecendo durante longo tempo. Nesses casos, é comum existir dificuldade em detectar qual o componente responsável pelo transtorno. Para uma investigação de falhas ocorridas, devem ser seguidos os seguintes princípios: 32 • Não destruir evidência alguma na investigação de uma falha, seja de que tipo for. É importante que não seja perturbado ou alterado o local da falha ou acidente; de modo especial, as superfícies fraturadas e suas proximidades não devem ser tocadas ou sujas sob hipótese alguma; • As causas reais do acidente ou ruptura serão determinadas com precisão e segurança tanto maior quanto mais cedo for iniciada a investigação; • Os fatores de evidência do acidente ou ruptura admitem interferência ou alteração somente depois que for executada uma documentação completa e confiável, que pode ser descrição ampla, relatórios, fotografias, filmagens etc. Em todos os casos, as partes e peças que forem desmontadas devem ser identificadas individualmente com segurança, visando uma remontagem correta. As peças que forem transportadas deverão ser empacotadas com cuidado, de modo a não apresentarem arranhões, riscos, atrito entre elas ou deformação no transporte; • Evite sempre “chutar” ou chegar a conclusões simplistas. Todos os dados devem ser mantidos cuidadosamente e eliminar os não importantes somente depois de se certificar que são, realmente não-importantes. Confiar somente em desenhos esquemáticos satisfatórios, fotografias e anotações, nunca na memória. Uma origem deve ser estabelecida somente quando todas as demais possibilidades forem eliminadas e nunca quando parecer óbvia. • Nunca se concentrar no ponto de ruptura somente, descartando observações nas proximidades e no ambiente onde ocorreu o acidente ou a falha. Depois de obter o máximo de informações e dados do acidente e das proximidades do local de ruptura, aproxime-se da origem da fratura de maneira gradual e segura. É importante ter em mente que a origem e a causa da falha ou acidente pode ser nada mais que gatilho acionado por outras falhas provenientes de outras causas. Os casos normais são sempre a conseqüência de uma cadeia de causas coincidentes e raramente referem-se a um único tópico. • É sempre importante procurar e reproduzir o histórico do acidente através de evidências objetivas, entrevistas e fatores puramente objetivos. Relutar 33 em aceitar opiniões ou afirmações seja de quem for, inclusive as suas próprias. Isso porque a percepção humana, seus julgamentos e decisões nem sempre são confiáveis. Bibliografia NEPOMUCENO, L.X. Técnicas de manutenção preditiva. São Paulo: Edgard Blücher, 1999. SLACK, N. ET AL. Administração da produção.São Paulo: Atlas, 1996. FARIA, J.G.A. Administração da Manutenção.São Paulo: Edgard Blücher,1994. 34 V - MÉTODOS E PROCESSOS DE MANUTENÇÃO 1 INTRODUÇÃO Vários métodos podem ser utilizados nos processos de manutenção, dependendo da complexidade do equipamento e do conceito de manutenção adotado pela instalação industrial. Entretanto, todos os métodos exigem algum tipo de diagnóstico. 2 EXAME VISUAL COMO MÉTODO DE DIAGNÓSTICO O exame visual constitui-se num auxiliar poderoso em todas as atividades industriais, tornando-se possível em muitos casos evitar acidentes cujas consequências podem ser altamente dispendiosas. Este método de inspeção é o mais antigo e ainda é o método utilizado com maior frequência nas técnicas de inspeção e mesmo de manutenção. Ë de fácil aplicação e relativamente pouco dispendioso, rápido e fornece um conjunto importante de informações quanto a conformidade de componentes ou processamento com as informações pertinentes ao caso. A integridade de um número apreciável de componentes e peças é verificada primordialmente pela inspeção ou exame visual, sendo utilizado em qualquer nível de manutenção, mesmo quando as especificações solicitem outros processos de verificação e inspeção. Pelo exame visual é possível verificar a existência ou não de descontinuidade tais como dobras, costuras, distorções físicas e geométricas, trincas além de vários fatores prejudiciais que se apresentam na superfície do material e que são processos inadequados de forjamento, fundição, usinagem, soldagem entre outros. Depois que as peças foram fabricadas, o exame visual permite detectar dimensionamento incorreto, aparência inadequada e outros fatores que podem, de uma forma ou outra, afetar o produto final. Nas técnicas de manutenção, o exame visual pode assumir um papel importantíssimo na manutenção preditiva, devem ser periódicos e devem ser 35 registrados de maneira clara, para permitir uma avaliação da evolução de irregularidades. Alguns exemplos: • Pode-se acompanhar o início de uma fissura em um componente e verificar sua evolução através do exame visual e/ou um monitoramento de vibrações, determinando o momento de parada para correção. • Quando uma superfície metálica se torna azulada significa que está ocorrendo um aquecimento excessivo, indicando ao operador a necessidade de verificar os dispositivos de lubrificação, de resfriamento ou de refrigeração. Alguns fatores podem afetar a qualidade do exame visual: percepção da luz, formas geométricas, tempo, cor, contraste, profundidade e distância. Portanto, é necessário treinamento e experiência do pessoal que fará a inspeção visual, além de uma iluminação adequada, sendo muitas vezes necessária a utilização de fontes portáteis e móveis, além de outros equipamentos apropriados a essa técnica de manutenção. Mais detalhes e informações sobre técnicas de exame visual pode ser vista em Nepomuceno (1999:615 – volume 2). 3 MANUTENÇÃO COM BASE NO DIAGNÓSTICO DO ESTADO DO EQUIPAMENTO E COMPONENTES. Toda máquina, equipamento ou dispositivo emite sinais de alteração, seja em sua forma, descontinuidade em sua superfície, qualidade do produto final etc. A alteração também pode ser sob a forma de uma energia que é dissipada de maneira tal que sempre pode ser avaliada e medida, transformando-se num valor numérico. A variação desse valor numérico, referente à energia dissipada, é que serve de base ao processo de medida e consequente acompanhamento do estado do componente ou máquina. Sempre que houver um desgaste, devido a uma causa qualquer, haverá uma variação dos parâmetros mensuráveis em suas características e a observação de tal variação permitirá quesejam tomadas as 36 providências necessárias para evitar uma situação que dê origem a grandes prejuízos. Portanto, a manutenção preditiva será mais eficiente quanto mais rapidamente for detectada a variação, sendo possível prever quais as providências que devem ser evitadas para evitar uma parada ou uma pane não programada com suas consequências no processo produtivo. É de extrema importância que o responsável pela manutenção esteja em condições de determinar quais os parâmetros que interessam acompanhar, implantar um método de medição e acompanhamento do funcionamento da máquina ou equipamento. Um dos casos mais comum na indústria é o desbalanceamento. Um ventilador ou exaustor funcionando apresenta a deposição de partículas que se fixam nas pás. Como a deposição não é uniforme, com o correr do tempo uma das pás ou palhetas apresenta uma massa superior às demais. Com isso, aparece uma vibração que é percebida por todos que se aproximam do equipamento. Nesse caso, a vibração é o parâmetro que interessa na monitoração e acompanhamento. Da mesma forma que a vibração, uma das variáveis pode ser o barulho que surge em determinado componente, podendo ser um mancal fundido, um rolamento deteriorado. Porém, quando o barulho é percebido, o problema já é grave, exigindo uma parada imediata. Um programa de manutenção preditiva com base no estado dos componentes exige as seguintes providências: • Verificação de quais componentes a operação do equipamento depende, concentrando o monitoramento nesses componentes; • Verificar, junto ao fornecedor do equipamento, quais valores numéricos dos parâmetros que interessam à manutenção e referentes a equipamentos novos; • Determinação do procedimento de medição dos parâmetros que interessam à manutenção; 37 • Fixação dos limites normais, alerta e perigoso para os valores numéricos dos parâmetros determinados. Utilizar os valores estabelecidos nas especificações internacionais, na ausência de dados experimentais; • Elaboração de um procedimento para registrar e tabelar todos os valores que forem medidos e referentes aos parâmetros determinados; • Determinação experimental ou empírica dos intervalos de tempo que devem transcorrer entre as medições. Existe um número bem determinado de grandezas que constitui o grupo principal de variáveis a monitorar, sendo uma mais importante para o processo produtivo do que a outra, dependendo do equipamento ou dispositivo a conservar em condições satisfatórias. A figura 01, obtida de Nepomuceno (1999:164) indica resumidamente as variáveis principais e os equipamentos que as utilizam. Figura 01 – Principais variáveis a monitorar e os equipamentos que a utilizam. Fonte: Nepomuceno (1999). Existem defeitos e descontinuidades cuja evolução é lenta e algumas vezes conhecidas, permitindo um cálculo da vida útil residual de um componente que apresenta descontinuidade (trincas de fadiga, fissuras, corrosão etc.). Existem 38 outros defeitos em componentes que aparecem e evoluem de maneira rápida, frequentemente devido à ruptura de um elemento cujo material apresentou uma fissura com evolução quase que imediata ao aparecimento do núcleo de descontinuidade. Não existe um método ou processo de manutenção apto a detectar tal tipo de descontinuidade em tempo hábil. Porém, existem processos e métodos de acompanhamento e vigilância permanentes, através do qual são mantidos sensores adequados nos pontos críticos. Tais sensores se destinam a medir a variável que interessa em cada caso (vibração, ruído, temperatura, pressão entre outros) e normalmente estão acoplados à energização do equipamento, interrompendo seu funcionamento no momento em que a falha se apresentar. Bibliografia NEPOMUCENO, L.X. Técnicas de manutenção preditiva. São Paulo: Edgard Blücher, 1999. SLACK, N. ET AL. Administração da produção.São Paulo: Atlas, 1996. FARIA, J.G.A. Administração da Manutenção.São Paulo: Edgard Blücher,1994. 39 VI - MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO DO ESTADO DE EQUIPAMENTOS E COMPONENTES 1 INTRODUÇÃO Existem vários instrumentos de diagnóstico do estado de equipamentos e componentes que podem ser utilizados pela manutenção, dependendo da variável que se quer medir. Normalmente, esses instrumentos possuem uma escala numérica para permitir diferenciar se a situação do equipamento ou componente é adequada ou não. Um exemplo de escala que indica se funcionamento é adequado ou não pode ser encontrado em nossos carros, com o termômetro que indica o nível de aquecimento da água do radiador. 2 PRINCIPAIS VARIÁVEIS MEDIDAS E MÉTODOS DE MEDIDAS 2.1. Componentes mecânicos As principais variáveis medidas em uma instalação industrial são: • Verificação do vazamento em tubulações e vasos de pressão – podem ser utilizados os testes hidrostáticos e o teste com ultra-som. • Medidas de temperatura – podem ser utilizados termômetros simples, pares termoelétricos e pirômetros. • Medidas de pressão – podem ser utilizados manômetros para indicação da pressão e pressostatos que atuam ligando e desligando dispositivos entre um máximo e um mínimo. • Medidas de espessura de chapas – utiliza-se o ultra-som e em casos que há perigo de explosão utiliza-se o monitoramento constante através da medida da resistência elétrica da chapa. • Medidas de vibração – são utilizados transdutores que transformam o sinal mecânico originado pela vibração em valores numéricos e medidores estroboscópicos. 40 2.2 Componentes elétricos Assim como os componentes mecânicos, os componentes elétricos devem ser acompanhados e monitorados permanentemente, pois apresentam problemas similares aos componentes mecânicos. Como exemplo, deve-se destacar que os componentes elétricos são bastante afetados pelas vibrações mecânicas. Os componentes elétricos apresentam algumas características particulares. Deve-se destacar que a grande maioria dos equipamentos mecânicos são acionados por motores, geralmente trifásicos, alimentados por corrente alternada, o que exige a instalação de cabines primárias, sub-estações, protetores magnéticos e térmicos, banco de capacitores etc. Em vários tipos de instalações industriais os equipamentos e dispositivos elétricos operam dentro de um ambiente poluído, estando sujeitos à umidade excessiva, poeiras, variações apreciáveis de temperaturas, gases corrosivos etc. Existem alguns fenômenos que são bastante importantes nos dispositivos elétricos e devem ser investigados e acompanhados permanentemente. • Deterioração de dielétrico, isolantes e isoladores. As tabelas 01 e 02 apresentam as linhas gerais para o monitoramento. 41 Tabela 01 – Elementos mais importantes na deterioração dos dielétricos. Fonte: Nepomuceno (1999: 595). 42 Tabela 02 – Diagnóstico da deterioração de isolantes e isoladores Fonte: Nepomuceno (1999: 596). • Motores e geradores de corrente continua – devem ser verificados constantemente comutador, escovas e suas ligações, e a limpeza (óleos, graxas, pós e particulados causam constantes problemas). • Enrolamento de motores – devem ser feitas, principalmente em motores de grande porte, a medida de análise da vibração e do barulho produzido pelo motor. • Motores elétricos de indução – O problema mais importante nesses motores é o rolamento, que podemser acompanhados através da medição da vibração e da variação da corrente elétrica • Transformadores – a manutenção deve ser concentrada na limpeza das partes externas, ativas e expostas, tais como buchas isolantes e terminais. 43 2.3 – Outros métodos de diagnóstico e medidas de manutenção. • Ensaios com líquidos penetrantes – utilizado para detectar fissuras e trincas abertas em qualquer material através da observação dos “borrões” provenientes do líquido que penetrou nas fissuras e trincas, que após rigorosa limpeza, permanecem no interior das cavidades. • Ensaios por partículas magnéticas – aplicados em materiais ferromagnéticos. A aplicação de partículas magnéticas provoca o surgimento de um campo magnético na descontinuidade da peça, possibilitando então sua detecção e localização. • Ensaio radiográfico – pode ser aplicado a materiais metálicos e não metálicos, revelando as condições internas das peças e componentes, possibilitando um registro permanente do ensaio. Como utiliza radiações ionizantes de raios X e raio Gama, deve-se tomar muito cuidado com a segurança na preservação da saúde física dos operadores. O seu princípio é a absorção diferente da radiação (contraste provocado pela diferença de densidade), o que revela a descontinuidade no material analisado. • Ensaios e controles com ultra-som – utilizado para inspeção de soldagens, inspeção e controle de tarugos e eixos forjados, inspeção e ensaios de chapas e aderências de metais, verificação da pressão de encaixe de peças, medida da espessura e controle da corrosão de chapas. Sendo o ultra-som também uma radiação (não ionizante) a verificação da descontinuidade dá-se através da diferença de absorção da radiação. Permite registro para acompanhamento permanente do estado do equipamento ou componente. • Emissão acústica – quando uma descontinuidade (fissura, trinca etc.) é submetida à solicitação térmica ou mecânica, há a concentração de tensões. A captação dessas tensões por equipamentos especiais permite a localização do problema. Ë utilizado para análise de vasos de pressão, reatores, tubulões de caldeiras, autoclaves. Por ser também um ensaio 44 não-destrutivo, atualmente é muito utilizado em grandes equipamentos que requerem acompanhamento permanente. Mais informações sobre métodos de diagnósticos podem ser obtidas em Nepomuceno (1999). Bibliografia NEPOMUCENO, L.X. Técnicas de manutenção preditiva. São Paulo: Edgard Blücher, 1999. SLACK, N. ET AL. Administração da produção.São Paulo: Atlas, 1996. FARIA, J.G.A. Administração da Manutenção.São Paulo: Edgard Blücher,1994. 45 VI - A MANUTENÇÃO E A SEGURANÇA DO TRABALHO 1 INTRODUÇÃO Máquinas, equipamentos e instalações devem ser mantidos não apenas para produzir, mas também para serem seguras. Manutenção precária ou improvisada leva à criação de condições que comprometem a segurança. Portanto, os setores de manutenção têm grande responsabilidade na prevenção de acidentes do trabalho e doenças ocupacionais. De nada adianta o pessoal de segurança do trabalho identificar riscos de acidentes do trabalho e doenças ocupacionais se o pessoal de manutenção responsável pela execução de modificações e reparos não o fazem. 2 A MANUTENÇÃO E OS AGENTES DE RISCOS OCUPACIONAIS Como se sabe, os agentes de riscos ocupacionais são classificados pela portaria nº 25 de 29/12/94, da Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho em riscos físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes. 2.1 Riscos físicos Os riscos físicos são ruídos, vibrações, calor, frio, pressões anormais e umidade. Ruídos e vibrações são agentes encontrados em todas as instalações industriais. O melhor método de não haver ruído e vibrações é operar máquinas, instalações e equipamentos silenciosos. Porém, muitas máquinas ou dispositivos produzem ruídos e vibrações pelo seu próprio sistema de trabalho, podendo ser citados, como exemplo, compressores, motores a explosão, geradores etc. 46 Em muitos casos, como no caso de compressores, as normas técnicas de construção estipulem limites de ruído de 79 dB, inferior ao limite de 85 dB, recomendado pela Norma Regulamentadora nº 15, o desgaste pelo uso e falta de manutenção frequentemente eleva o nível de ruído a valores superiores a 85 dB. Para redução do nível de ruído e vibrações a manutenção pode adotar várias medidas: • Motores elétricos – em motores elétricos de grande porte instalar coxins para atenuação da vibração que se transforma em ruído; em motores pequenos manter os ventiladores balanceados; • Sistemas de engrenagens – substituir engrenagens gastas; substituir engrenagens com dentes retos por engrenagens com dentes helicoidais; substituir engrenagens com dentes de metal por engrenagens plásticas; enclausurar sistemas de transmissão por engrenagens; reduzir carga de trabalho sobre os dentes; • Rolamentos e mancais – manter rolamentos lubrificados e substituir os danificados; • Trilhos suspensos - fixar com isoladores de ruídos; • Tampas de equipamentos – soldar as tampas ou utilizar chapas mais grossas; • Bombas, ventiladores, exaustores, compressores, geradores – manter isolado da área produtiva e sempre balanceados; • Máquinas e equipamentos rotativos – manter sempre balanceados; • Eliminar vibrações provenientes de eixos tortos, desalinhados, desbalanceados; • Evitar ressonância dos dutos, pás e ventiladores e turbulência em curvas e cantos, variações de formas ou secções dos transportadores aerodinâmicos; 47 2.2 Riscos químicos Os riscos químicos são poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases, vapores, substâncias químicas ou produtos químicos em geral. A manutenção pode contribuir decisivamente para eliminar esses riscos. mantendo os equipamentos em condições de operação através de manutenção preditiva, evitando vazamentos em tubulações e válvulas, instalando equipamentos de medidas de temperatura e pressão. A instalação, operação e manutenção adequada de sistemas de ventilação e exaustão, com renovação do ar de 15 a 20 vezes por hora pode contribuir para a redução desses riscos. 2.3 Riscos de acidentes Os riscos de acidentes são arranjo físico inadequado, máquinas e equipamentos sem proteção, ferramentas inadequadas ou defeituosas, iluminação inadequada, eletricidade, probabilidade de incêndio e explosão, armazenamento inadequado, animais peçonhentos, outras situações de risco que poderão contribuir para a ocorrência de acidentes. O departamento de manutenção de uma organização industrial é o grande responsável por manter as máquinas, equipamentos e instalações dentro das condições em que foram projetados, pois em todos os projetos, sejam de máquinas ou instalações, acredita-se que as condições mínimas de segurança recomendadas pelas Normas Regulamentadoras (NR) e outros órgãos de normatização foram cumpridas. No decorrer de seu trabalho, porém, a manutenção deve dedicar especial atenção aos riscos de acidentes e adotar procedimentos seguros para evitar as seguintes situações, entre outras: 48 • máquinas e equipamentos sem proteção – manter os equipamentos de proteção existentes nas máquinas e equipamentos de acordo com o projeto original. Isso requer: treinamento do pessoal de manutenção; existência de um banco de dados, com manuais de manutenção de cada equipamento, incluindo registro de alterações do projeto original (desenhos, plantas etc.); reciclagem para os mecânicos e eletricistas; acompanhamento permanente do trabalho de seus funcionários. A NR 12 (máquinas e equipamentos sem proteção) – deve ser consultada. • ferramentas inadequadas ou defeituosas – para todo e qualquerserviço deve ser selecionada a ferramenta adequada, evitando improvisações. Proceder frequentemente a inspeções nas ferramentas utilizadas por seus funcionários e por operadores de produção, substituindo ou recuperando as ferramentas desgastadas. Manter registro da troca das ferramentas. • Iluminação inadequada – manter inspeção frequente nas luminárias com o objetivo de manter-se o nível de iluminamento recomendado pela NBR 5413, que define os níveis de iluminamento em função da atividade executada. Especial atenção deve merecer corredores e áreas externas, principalmente para empresas que trabalham no período noturno. • eletricidade – o trabalho onde existe eletricidade merece especial atenção, pois são frequentes os acidentes fatais provocados pela eletricidade. A NR 10 (Instalações e serviços em eletricidade) prevê uma série de medidas para evitar os acidentes com mecânicos, eletricistas e pessoal de produção, além dos riscos de incêndios e explosões. Entre as medidas recomendadas pela NR 10, pode-se destacar: curso de treinamento para todos os empregados que trabalham com eletricidade (o curso de treinamento tem durações específicas para cada tipo de trabalho); utilização de equipamentos de proteção individual; manobras específicas em subestações e cabines primárias. 49 • probabilidade de incêndio e explosão – fazer inspeção e manutenção preditiva em hidrantes, mangueiras de combate de incêndio, sistemas de sprinklers. Além dos riscos acima listados, a manutenção deve dedicar especial atenção a: • Equipamentos de transporte, movimentação, armazenagem e manuseio de materiais tais como: empilhadeiras, pontes rolantes, monovias, tratores etc. conforme preconiza a NR 11. • Caldeiras e vasos de pressão – manter as condições de segurança conforme a NR 13, estabelecendo um programa de manutenção preventiva. 3 GESTÃO DA SEGURANÇA Em todas as instalações industriais é fundamental um perfeito relacionamento entre a manutenção e o Serviço Especializado em Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT). Empresas comprometidas com a Segurança e Saúde de seus funcionários podem estabelecem metas para a manutenção em relação a acidentes e doenças do trabalho. As metas têm o objetivo de atribuir responsabilidades para os gestores da manutenção, pois frequentemente gestores da manutenção não se envolvem com segurança, atribuindo toda a responsabilidade pela segurança ao SESMT. O papel do SESMT é assessorar o solicitante do serviço (normalmente a produção) e o executante (normalmente a manutenção). O estabelecimento e acompanhamento de cronogramas de trabalho, controle de custos etc. pelo SESMT e manutenção contribui decisivamente para a prevenção de acidentes e doenças profissionais. 50 Bibliografia MATTOS, U. A. O.; MÁSCULO, F. S. (org). Higiene e segurança do trabalho. RJ: Elsevier, 2011. SALIBA, T. M. Curso básico de segurança e higiene ocupacional. SP: LTR, 2008. Gerência de Ativos Gerenciamento da Manutenção Prof. Dr. Luís Henrique Rodrigues rodrigues.luis@ufabc.edu.br • ATIVOS são os bens e direitos de uma empresa • Toda e qualquer fábrica ou instalação industrial que pretenda fabricar alguma coisa, precisa de vários meios (bens) que permitam a produção. • Toda atividade de produção exige certa manutenção, sem o que a produção entra em colapso. Ativos e Manutenção Modelo de Sistema de Negócio Sistema de Negócio Sistema Administrativo Sistema de Manufatura Engenharia • Produto • Processo Chão de Fábrica Suporte Negócios Suprimentos Vendas/Marketing CLIENTESFORNECEDORES Saídas Produtos $ Serviços $ Entradas Matéria Prima $ Mão de Obra $ Equipamento $ Energia $ Capital $ Tecnologia $ Infraestrutura $ Clientes $ ???? Software: ERP’s - Gerenciamento do Sistema de Negócio. Softwares para gerenciar atividades/integração Hardware: Processadores, redes locais, redes estendidas, telecomunicações, banco de dados, sistemas operacionais. Fluxo de Materiais: Lead Time Fluxo Financeiro: Giro/Auto-financiamento Competitividade: • Confiabilidade • Velocidade • Flexibilidade • Qualidade • Custo Controles Contábeis Atividades Legais Auditorias Estratégias Custos RH Produtividade do Sistema de Negócio Competitividade Externa e Sistema de Negócio Competitividade Externa •Possibilidade de oferta de qualquer país • Oferta cada vez mais diversificada • Oferta de produtos e/ou serviço no menor tempo • Oferta de produtos e/ou serviços desejados pelos clientes • Agilidade de entrega • Inovações tecnológicas • Poucos ou nenhum defeito • Bom serviço de pós-venda • Garantia por maior tempo • Acesso fácil a informação produtos • Preços menores sempre Sistema de Negócio Padrões Qualitativos Padrões Quantitativos Metodologias – Chão de Fábrica Chão-de- Fábrica Transformação de Forma e Característica Fluxo de Materiais Novos Processos / Tecnologias, Manufatura Celular Técnicas de mudança- troca rápida Estratégias de Manufatura Ágil Sistema de Programação Finita Processos de Negócio de Manufatura Refeitos Integração das informações de manufatura Just in Time / Produção em fluxo contínuo Produção em Fábricas Polarizadas Redução do Ciclo de Manufatura Gerenciamento e Controle da Informação Metodologias – Engenharia Engenharia Geração do Produto Comunicação com Chão-de- Fábrica Geração dos Meios de Manufatura Redução do ciclo de Desenvolvimento de Produtos Desenvolvimento Integrado de Produtos Aumento de Robustês e estabilidade de produtos Busca de padronização de roteiros Desenvolvimento de planos de fabricação junta/ c/produtos Utilização de metodologias de Agrupamento Integração com outras atividades do Sistema de Manufatura Racionalização do Fluxo das Informações Automação do Fluxo da Informação Disponibilidade das Informações com Integração Aplicação de recursos de automação na geração de planos de fabricação Metodologias – Negócios C h ã o -d e -f á b ri c a Negócio SuprimentosPlanejamento Marketing Certificação de Fornecedores Entrega de Produtos em Bases JIT Envolvimento de fornecedores em novos Projetos Racionalização de Fornecedores Integração com Fornecedores Serviço do Cliente Integrado Programas de Reposição Contínua Cliente no desenvol- vimento de produtos Integração da Empresa com clientes Planejamento de Necessidades Programação Dinâmica da Fábrica Gerenciamento de Demanda e Previsão M e rc a d o F o rn e c e d o r Mercado Consumidor Metodologias – Suporte Suporte FacilidadesQualidade Operação Manutenção Preventiva e Preditiva Programas Ambientais Proativos Integração das Atividades de Suporte Manutenção Preventiva Manutenção Diretiva Gerenciamento de manutenção Integração das atividades de manutenção Gerenciamento total da Qualidade Medida de capacidade dos processos Gerenciamento de Processos de qualidade Integração e automação das atividades de qualidade A Manutenção Inserida no Sistema: Princípios e Maneiras de Pensar A condução moderna dos negócios requer uma mudança profunda de mentalidade e de postura. PARADIGMA 1: Na visão atual a manutenção existe para que não haja manutenção. PARADIGMA 2: Contratos de parceria (terceirização da manutenção) baseados em resultados de DISPONIBILIDADE e CONFIABILIDADE. PARADIGMA 3: Busca da excelência nas questões de SMS – Segurança, Meio Ambiente e Saúde. NÃO MAIS SE PAGAM SERVIÇOS MAS SOLUÇÕES Resultados: • Aumento da Disponibilidade e Confiabilidade (Redução de Falhas) • Aumento do Faturamento e do Lucro • Aumento da Segurança Pessoal e das Instalações • Redução da Demanda de Serviços • Otimização dos Custos • Preservação Ambiental AUMENTO DA PRODUTIVIDADE Paradigmas PARADIGMA DO PASSADO: “O homem de manutenção sente-se bem quando executa umbom reparo.” PARDIGMA ATUAL: “O homem de manutenção sente-se bem quando ele consegue evitar todas as falhas não previstas.” NÃO É MAIS ACEITÁVEL QUE O EQUIPAMENTO OU SISTEMA PARE DE MANEIRA NÃO PREVISTA HOMEM DE MANUTENÇÃO DO FUTURO: ESTRATÉGICO E PREVENTIVO ”CABEÇUDO” HOMEM DE MANUTENÇÃO DO PASSADO: REATIVOS “MUSCULOSO” Redução na Demanda de Serviços ❖RETRABALHO • Manutenção com qualidade. • Aumento da confiabilidade e da disponibilidade das unidades industriais. • Ênfase na preditiva e engenharia de manutenção. • Solução de problemas crônicos. • Eliminação de retrabalhos. • Elaboração e utilização de procedimentos. • Participação da análise de novos projetos. • Participação em programas de TPM. • Atividades de Manutenção • Foco no desempenho, disponibilidade e confiabilidade. • Atividades de Melhoria Contínua • Visa melhorar as condições originais de operação: atingir novos patamares de produtividade. Abrangência das Atividades de Manutenção P D SA P D SA P D SA P D SA Kaizen de equipamentos: redução de falhas. Kaizen de operações de manutenção: reduções de custo, estoque, tempo, etc. • Manutenção Preventiva • Deve ter caráter obrigatório. • Redução das falhas. • Peças de reposição trocadas na vida útil. • Binômio: parada para manutenção X planejamento da produção. • Manutenção Preditiva • Maior custo de manutenção. Peças são trocadas ou reformadas antes de atingirem seus limites de vida. • É um dos elementos da manutenção preventiva. • Tecnologias caras e sofisticadas. • Monitoramentos de: vibração, temperatura, viscosidade, etc. • Manutenção Corretiva • Executada depois que a falha ocorreu. • Binômio: custo da manutenção X perda de produção do sistema. • Peças de reposição à disposição (custo de estoques). • É possível identificar a(s) causa(s) da falha? Os Métodos de Manutenção Para ilustrar, vamos imaginar os diversos métodos de manutenção aplicados a um carro. Qual o Método de Manutenção a Ser Adotado em Um Equipamento???? • Envolvimento dos operadores da produção na atividade de manutenção. • Limpeza, • Lubrificação, • Inspeções visuais, • Pequenos reparos. • Operadores da produção responsáveis por suas máquinas e equipamentos. • Ruídos, • Vibrações, • Temperatura, • Odores, etc Manutenção Autônoma EU CONHEÇO O MEU CARRO Matriz de Correlação Padrões Qualitativos de Competitividade Externa x Melhores Práticas em Manutenção de Ativos P a d rõ e s d e C o m p e ti ti v id a d e E x te rn a Melhores Práticas em Manutenção de Ativos Matriz de Correlação Padrões Quantitativos de Competitividade Interna x Melhores Práticas em Manutenção de Ativos P a d rõ e s d e C o m p e ti ti v id a d e In te rn a n o S is te m a d e M a n u fa tu ra Melhores Práticas em Manutenção de Ativos Exemplo de Matriz de Correlação Agostinho; O. L. (2014) Competitividade das Organizações: Condições Estruturais e Condições Tecnológicas. Universidade Estadual de Campinas - Faculdade de Engenharia Mecânica, Departamento de Engenharia de Fabricação. Agostinho; O. L. (2014) Integração da Manufatura. Universidade Estadual de Campinas - Faculdade de Engenharia Mecânica, Departamento de Engenharia de Fabricação. Haber; J. (2020) Gerência de Ativos. Apostila. Universidade Federal do ABC. Kardec, A., Flores, J., & Seixas, E. (2002) Gestão Estratégica e Indicadores de Desempenho. Rio de Janeiro: Qualitymark. Xenos, H. G. (2004) Gerenciando a Manutenção Produtiva. Nova Lima: INDG. Referências Gerência de Ativos Indicadores de Desempenho na Manutenção Prof. Dr. Luís Henrique Rodrigues rodrigues.luis@ufabc.edu.br • Introdução • Grupos de indicadores • Principais macro indicadores • Seleção dos indicadores • Tipos de indicadores em manutenção: disponibilidade, taxa de falha, confiabilidade, custo da manutenção • Redundância • Referências bibliográficas Sumário Modelo de Sistema de Negócio Sistema de Negócio Sistema Administrativo Sistema de Manufatura Engenharia • Produto • Processo Chão de Fábrica Suporte Negócios Suprimentos Vendas/Marketing CLIENTESFORNECEDORES Saídas Produtos $ Serviços $ Entradas Matéria Prima $ Mão de Obra $ Equipamento $ Energia $ Capital $ Tecnologia $ Infraestrutura $ Clientes $ ???? Software: ERP’s - Gerenciamento do Sistema de Negócio. Softwares para gerenciar atividades/integração Hardware: Processadores, redes locais, redes estendidas, telecomunicações, banco de dados, sistemas operacionais. Fluxo de Materiais: Lead Time Fluxo Financeiro: Giro/Auto-financiamento Competitividade: • Confiabilidade • Velocidade • Flexibilidade • Qualidade • Custo Controles Contábeis Atividades Legais Auditorias Estratégias Custos RH Produtividade do Sistema de Negócio Competitividade Externa e Sistema de Negócio Competitividade Externa •Possibilidade de oferta de qualquer país • Oferta cada vez mais diversificada • Oferta de produtos e/ou serviço no menor tempo • Oferta de produtos e/ou serviços desejados pelos clientes • Agilidade de entrega • Inovações tecnológicas • Poucos ou nenhum defeito • Bom serviço de pós-venda • Garantia por maior tempo • Acesso fácil a informação produtos • Preços menores sempre Sistema de Negócio Padrões Qualitativos Padrões Quantitativos Introdução INDICADORES • São guias que nos permitem medir a eficácia das ações tomadas, bem como medir os desvios entre o programado e o realizado. • Os indicadores de manutenção são desenvolvidos e utilizados pelos gerentes visando atingir as metas operacionais definidas pela empresa. • Devem indicar onde e quais melhoramentos podem ser conduzidos de modo a otimizar os processos. Infelizmente, muitos dos indicadores utilizados não traduzem a realidade dos objetivos, levando á tomada de decisões inadequadas que acarretam em altos custos. • A principal função dos indicadores de desempenho é indicar oportunidades de melhoria dentro das organizações. Grupos de Indicadores em Manutenção CLASSIFICAÇÃO EM 7 GRUPOS BÁSICOS: • Grupo 1 - Indicadores de desempenho dos equipamentos, • Grupo 2 - Indicadores de custo da manutenção, • Grupo 3 - Indicadores da eficiência dos programas de manutenção, • Grupo 4 - Indicadores de eficiência da mão-de-obra, • Grupo 5 - Indicadores administrativos na manutenção, • Grupo 6 - Indicadores de estoque, • Grupo 7 - Indicadores de segurança, saúde e meio ambiente. Principais Macro Indicadores DESEMPENHO DO SISTEMA Segurança Produtividade Qualidade Ambiente e Saúde OPERAÇÃO Considerações Acerca dos Indicadores • Desenvolver indicadores num quadro organizacional amplo. • manutenção, operação, material, qualidade, produtividade, logística, segurança e meio ambiente. • Desenvolver relações entre os indicadores (rastreabilidade). • Desenvolver meios para checar a conformidade entre indicadores global e de áreas específicas. isOperacionaCustos$ ConcluídosojetosPr isOperacionaCustos$ PeríodoApontadasHrs PeríodoApontadasHrs ValorAgregamHrs ValorAgregamHrs ConcluídosojetosPr X X • Dados obtidos da Planilha de Projetos • Valor do numerador obtido da Gerência Período Semanal de Gestão dos Indicadores PeríodoApontadasHrs ValorAgregamHrs PeríodoApontadasHrs ValorAgregamHrs PeríodoApontadasHrs ValorAgregamHrs PeríodoApontadasHrs ValorAgregamHrs PROJETISTA A PROJETISTA B PROJETISTA C PROJETISTA D Implantação de planilhas de Follow Up para cada projetista 00,598$US 1 + + + isOperacionaCustos$ ConcluídosojetosPr isOperacionaCustos$ PeríodoApontadasHrs PeríodoApontadasHrs ValorAgregamHrs ValorAgregamHrs ConcluídosojetosPr X X • Dados obtidos da Planilha de Projetos • Valor do numerador obtido da Gerência Período Semanal de Gestão dos Indicadores Período Semanal de Gestão dos Indicadores PeríodoApontadasHrs ValorAgregamHrs PeríodoApontadasHrs
Compartilhar