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FUNDAMENTOS HISTÓRICO-TEÓRICO-METODOLÓGICOS DO SERVIÇO SOCIAL (30 e 40) (UniFatecie)

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Prévia do material em texto

Fundamentos Histórico-
Teórico-Metodológicos do
Serviço Social (30 e 40)
Professor Anderson de Castro Moura
Professora Irení Alves de Oliveira
EduFatecie
E D I T O R A
Reitor
Prof. Ms. Gilmar de Oliveira
Diretor de Ensino 
Prof. Ms. Daniel de Lima
Diretor Financeiro
Prof. Eduardo Luiz 
Campano Santini
Diretor Administrativo 
Prof. Ms. Renato Valença Correia
Secretário Acadêmico 
Tiago Pereira da Silva
Coord. de Ensino, Pesquisa e 
Extensão - CONPEX
Prof. Dr. Hudson Sérgio de Souza
Coordenação Adjunta de Ensino 
Prof.ª Dra. Nelma Sgarbosa 
Roman de Araújo
Coordenação Adjunta de 
Pesquisa 
Prof. Dr. Flávio Ricardo Guilherme
Coordenação Adjunta de 
Extensão 
Prof. Esp. Heider Jeferson 
Gonçalves 
Coordenador NEAD - Núcleo de 
Educação a Distância 
Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal
Web Designer
Thiago Azenha
Revisão Textual
Kauê Berto
Projeto Gráfico, Design
e Diagramação
André Dudatt
UNIFATECIE Unidade 1 
Rua Getúlio Vargas, 333, 
Centro, Paranavaí-PR
(44) 3045 9898
UNIFATECIE Unidade 2 
Rua Candido Berthier Fortes, 
2177, Centro Paranavaí-PR 
(44) 3045 9898
UNIFATECIE Unidade 3 
Rua Pernambuco, 1.169, 
Centro, Paranavaí-PR
(44) 3045 9898
UNIFATECIE Unidade 4 
BR-376 , km 102, 
Saída para Nova Londrina 
Paranavaí-PR
(44) 3045 9898
www.unifatecie.edu.br/site/
As imagens utilizadas neste 
livro foram obtidas a partir do 
site ShutterStock
https://orcid.org/0000-0001-5409-4194
2021 by Editora EduFatecie 
Copyright do Texto © 2021 Os autores 
Copyright © Edição 2021 Editora EduFatecie
O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva 
dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora EduFatecie. Permitido 
o download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a 
possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais.
EQUIPE EXECUTIVA
Editora-Chefe 
Prof.ª Dra. Denise 
Kloeckner Sbardeloto
Editor-Adjunto 
Prof. Dr. Flávio Ricardo 
Guilherme
Assessoria Jurídica 
Prof.ª Dra. Letícia 
Baptista Rosa
Ficha Catalográfica 
Tatiane Viturino de 
Oliveira
Zineide Pereira dos 
Santos
Revisão Ortográ-
fica e Gramatical
Prof.ª Esp. Bruna 
Tavares Fernades
Secretária
Geovana Agostinho 
Daminelli
Setor Técnico 
Fernando dos Santos 
Barbosa
Projeto Gráfico, 
Design e 
Diagramação
André Dudatt
www.unifatecie.edu.br/
editora-edufatecie
edufatecie@fatecie.edu.br
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP 
M929f Moura, Anderson de Castro 
 Fundamentos histórico-teórico-metodológicos do Serviço 
 Social (30 e 40) / Anderson de Castro Moura, Irení Alves de 
Oliveira Paranavaí: EduFatecie, 2021. 
 191 p. : il. Color. 
 ISBN 978-65-87911-15-1 . 
1. Serviço social. 2. Direitos Humanos – Ciências Sociais. I.
Oliveira, Irení Alves de II. Faculdade de Tecnologia e Ciências do Norte do
Paraná - UniFatecie. III. Núcleo de Educação a Distância IV. Título.
 CDD : 23 ed. 361.3 
 Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577 
https://doi.org/10.33872/edufatecie.formsociocultural.2019
AUTORES
Professor Anderson de Castro Moura
● Mestrando em Propriedade Intelectual e Transferência da Inovação Tecnológica
(Universidade Estadual de Maringá - UEM)
● Graduando em Ciências Econômicas (Universidade Estadual de Maringá - UEM)
● Bacharel em Administração com Habilitação em Comércio Exterior (UniCesu-
mar).
● Especialista em Docência do Ensino Superior (UniCesumar).
● Especialista em Tecnologias Educacionais (UniCesumar).
● Professor Conteudista EAD - UniCesumar.
● Professor Conteudista EAD - Faculdade Católica Paulista
● Tutor na Especialização de Gestão da Saúde na disciplina de Políticas Públicas
para a Saúde pela Universidade Estadual de Maringá (UEM).
Link do Currículo na Plataforma Lattes: http://lattes.cnpq.br/2176464642941477
Pesquisador da Economia Política e História do Pensamento Econômico, tem 
publicações sobre o Comércio Exterior e a dependência tecnológica que o Brasil tem para 
com	os	 países	 centrais.	 Estudioso	 da	 Filosofia	Política	 e	 das	 decisões	 que	 os	 agentes	
privados têm nas suas tomadas de decisão em investimentos. Ampla experiência em EAD, 
já trabalhei em todos os setores, desde atendimento geral até estruturar uma IES para o 
credenciamento e autorização desta modalidade de ensino que muito cresce no nosso país.
Quero com o meu savoir-faire esclarecer aos discentes sobre o panorama econô-
mico e político brasileiro. 
AUTORES
 Professora Irení Alves de Oliveira 
● Especialista em Docência no Ensino Superior - UniCesumar (2016)
● Tecnóloga em Marketing - UniCesumar (2016)
● Bacharel em Serviço Social (2015)
● Pós-Graduanda em Design Thinking e Criatividade nas Organizações - Unice-
sumar
● Pós-Graduanda em MBA em Coaching aplicado à Gestão de Pessoas - Unice-
sumar
● Professora Formadora EAD - Unicesumar
● Supervisora Acadêmica de Estágio - Unicesumar
● Link do Currículo na Plataforma Lattes: http://lattes.cnpq.br/6087805875284804
Assistente Social. Supervisora Acadêmica com programa de treinamento e acom-
panhamento de equipe de supervisores acadêmicos e Professora formadora da disciplina 
de estágio supervisionado curricular obrigatório.
APRESENTAÇÃO DO MATERIAL
Seja muito bem-vindo(a)!
Agradecemos, antes de tudo, por você nos escolher como a sua Instituição de 
Ensino	Superior	(IES)		e	por	nos	confiar	a	sua	formação.	Para	tanto,	esta	apostila	foi	muito	
pensada e escrita com o rigor acadêmico que é exigido pelo MEC e pela a diretoria muito 
séria da nossa IES. Claro que colocamos muito amor e respeito por você que irá construir 
um	novo	saber,	que	vai	te	acompanhar	não	apenas	no	seu	cotidiano	profissional,	mas	por	
toda a vida! Portanto, apesar de ser extenso e denso, esta apostila é, antes de tudo, uma 
humilde introdução, uma base para que você continue a pesquisar e a contribuir com o seu 
saber	todos	e	todas	que	fazem	parte	do	seu	ciclo	social	e	profissional.
Na Unidade I teremos o que chamamos de princípios de economia política, aqui dis-
cutimos como a modernização e o fortalecimento do capitalismo aconteceu. Explicaremos 
que	guerras	foram	declaradas	em	nome	dele	e	que,	inclusive,	a	nossa	prática	profissional	
nasceu	e	muito	se	modificou	graças	às	mudanças	que	aconteceram	no	século	XX,	uma	era	
extremamente atípica e rápida devido, justamente, às necessidades do capital.
Já na Unidade II conheceremos a nossa formação sócio-histórica e econômica, 
resgatamos desde o Brasil colônia para entendermos por que o capitalismo adquiriu esta 
forma tão predatória e tão desigual que temos. Vamos iniciar os princípios cepalinos, países 
centrais e países periféricos, para que conheçamos os reais efeitos da nossa sociedade e 
como nos modernizamos.
Depois,	na	Unidade	III	vamos	problematizar	sobre	a	prática	profissional	do	Serviço	
Social,	o	que	nos	marca	enquanto	profissionais	e	enquanto	cientistas	será	trazido	à	baila	
para que entendamos o nosso real papel e introduzirmos dos nossos limites de ação e 
pesquisa. 
Por	 fim,	 na	Unidade	 IV,	 vamos	entender	mais	 sobre	os	 processos	históricos	 no	
Brasil	e	os	fatos	marcantes	para	que	a	nossa	profissão	fosse	legitimada	e	aceita	perante	
a sociedade como um todo. Claro que o mesmo assunto não acaba nesta unidade, preci-
samos sempre nos debruçar para a compreensão do que somos e como podemos sempre 
nos	fortalecer.	Afinal,	a	história	é	construída	cotidianamente.
Muito obrigado e bom estudo!
SUMÁRIO
UNIDADE I ...................................................................................................... 7
Contexto Histórico, Econômico e Político no Mundo no Século XX
UNIDADE II ................................................................................................... 66
Contexto Histórico, Econômico e Político no Brasil no Século XX
UNIDADE III ................................................................................................107
Capitalismo Monopolista e Serviço Social
UNIDADE IV ................................................................................................ 143
Instituições Assistenciais e o Serviço Social e os Congressos de 
Serviço Social em Busca de Atualização
7
Plano de Estudo:
● Breve	retomada	do	contexto	histórico	mundial	no	século	XX	(Primeira	Guer-
ra Mundial, período entre guerras, Revolução Russa / Soviética, criação da
União Soviética, Fascismo, Nazismo, Segunda Guerra Mundial, Guerra Fria,
extinção da URSS).
● Principais	teorias	econômicas	e	políticas	no	século	XX	(liberalismo,	keynesia-
nismo, socialismo, neoliberalismo) e o desenvolvimento da forma de produção
no	capitalismo	monopolista	(final	taylorismo,	fordismo).
● Fundamentos sócio-históricos dos “anos de ouro”.
● As políticas sociais e a experiência do Welfare State.
UNIDADE I
Contexto Histórico, Econômico e 
Político no Mundo no Século XX
Professor Anderson de Castro Moura
Professora Irení Alves de Oliveira
Objetivos de Aprendizagem:
● Apresentar brevemente o contexto sócio-político-econômico mundial desde a primeira guerra
mundial	(início	do	século	XX)	até	a	extinção	da	URSS	(final	do	século	XX).		
●	 Apresentar as principais teorias econômicas e políticas 
destacadas	do	século	XX	e	a	forma	de	produção	do	capitalismo	monopolista.	
● Destacar os fundamentos sócio-histórico dos “anos de ouro”.
● Conhecer as Políticas Sociais e a experiência com o Welfare State.
8UNIDADE I Contexto Histórico, Econômico e Político no Mundo no Século XX
INTRODUÇÃO
Caro(a) aluno(a), nesta primeira unidade vamos apresentar os principais aconte-
cimentos	históricos,	econômicos	e	políticos	do	século	XX	a	nível	mundial	e,	além	de	con-
textualizarmos os períodos de guerra, iremos apresentar as teorias políticas e econômicas, 
o desenvolvimento da produção capitalista, os anos de ouro e as políticas sociais. Para 
entender todos esses assuntos, os separamos em quatro tópicos, que vamos apresentar a 
seguir. 
No primeiro tópico você irá estudar as guerras, também irá entender porque é 
importante para um aluno de Serviço Social estudar esses momentos históricos, visto que 
foi	 através	desses	acontecimentos	que	nos	profissionalizamos.	Um	exemplo	claro	é:	as	
consequências que a Primeira Guerra Mundial deixou na sociedade, dando origem para 
outras batalhas e fatos históricos, levando diversos países à extrema miséria. 
No segundo tópico estudaremos sobre as teorias econômicas e políticas em rela-
ção	ao	liberalismo,	Keynesianismo,	socialismo	e	neoliberalismo,	bem	como	a	forma	como	
o capitalismo se desenvolveu no seu processo produtivo. Assuntos importantes para que o 
aluno	de	Serviço	Social	compreenda	as	origens	da	profissão.	
No terceiro tópico vamos destacar os fundamentos histórico e sociais dos famosos 
anos de ouro e/ou os 30 anos dourados do capitalismo, processo esse que aumenta ainda 
mais a questão social, mas de jeito mais mascarado, a partir das intervenções estatais por 
meio das políticas sociais.
Por	fim,	no	quarto	tópico	vamos	nos	aprofundar	nas	políticas	sociais.	Entendemos	
a importância de estudar o Welfare States, conhecido no Brasil como bem estar social, 
que nada mais é do que as políticas sociais que responsabilizam o Estado a criar serviços 
básicos e essenciais para a população. 
E você deve estar se perguntando, por que eu devo estudar as guerras, as diversas 
teorias econômicas e políticas e o desenvolvimento do capitalismo? Pois bem, foi por meio 
de	todo	este	contexto	que	o	Serviço	Social	surge	como	profissão	e	se	consolida	através	
das políticas sociais.
Desejamos	um	excelente	estudo	e	esperamos	que,	no	final	da	leitura,	você	consiga	
compreender ainda mais sobre o Serviço Social.
9UNIDADE I Contexto Histórico, Econômico e Político no Mundo no Século XX
1. BREVE RETOMADA DO CONTEXTO HISTÓRICO MUNDIAL NO SÉCULO XX 
Caro(a) aluno(a), a forma como entenderemos nosso mundo será revisitando os 
momentos históricos que marcaram o capitalismo global. Veremos em toda a unidade que 
a	 formação	do	mundo	é	muito	 repentina	e	 forçada,	 exigindo	que	os	humanos	 fizessem	
esforços homéricos e até pagarem um alto preço, como a vida de soldados e civis. 
Antes, embora tenhamos princípios ou ideias de serviço social, essas questões não 
foram	sistematizadas	ou	cientificamente	certificadas,	e	não	houve	nenhuma	preocupação	
ou tratamento social com isso. O que nos leva a pensar como a falta da nossa ciência 
mostrou um gargalo imenso no tratamento das vidas humanas, uma vez que o mundo não 
tinha uma política social que tratasse, de forma cuidadosa, as pessoas e o seu entorno.
O	Serviço	Social	 se	 configura	 como	 profissão	 após	 a	Primeira	Guerra	Mundial,	
período que a questão social toma evidência na sociedade, devido aos fatores agravantes 
causados pela guerra, tais como: assassinatos em massa e a propagação da epidemia de 
gripe nas tropas, além de outros acontecimentos históricos que sucederam ao longo do sé-
culo	XX.	Na	reconstrução	do	mundo	e	sendo	usado	como	instrumento	da	classe	dominante,	
para evitar a expansão do comunismo, assim sendo basta resgatarmos quanto ao propósito 
do	nascimento	da	nossa	ciência	e	profissão,	ou	seja,	o	Serviço	Social	foi	concebido	para	
dirimir a percepção da exploração que o capitalismo causava nos indivíduos.
Contudo,	devemos	entender	como	“nós	nascemos”	e	como	o	capitalismo	se	confi-
gurou, ora basta lembrar que as Revoluções Industriais levaram um certo tempo, e traziam 
10UNIDADE I Contexto Histórico, Econômico e Político no Mundo no Século XX
no seu bojo demandas extremamente emergentes e urgentes, dentre elas a modernização 
do Estado, ou seja, a ruptura com o mundo antigo e medieval, simbolizado ainda pelas 
monarquias que pouco davam espaço para os empreendedores. 
E é isso que vamos estudar nesta unidade, entenderemos todo o contexto histórico 
e o que aconteceu no mundo, assim compreenderemos como a nossa área surgiu e com 
quais atributos. Portanto, propomos, caro(a) aluno(a), que façamos uma viagem no tempo 
e	revivamos	momentos	históricos	da	sociedade	ocorridos	ao	longo	do	século	XX,	que,	de	
certa	forma,	ocasionaram	a	origem	da	profissão	de	Serviço	Social.				
1.1 Primeira Guerra Mundial (28 de julho/1914 a 11 de novembro/1918)
Magnoli e Barbosa (2011) esclarecem que o mundo vivia em uma relativa paz des-
de as Guerras Napoleônicas e os reinos existentes na Europa buscavam se organizar. A 
concepção de Estados-Nações ainda era recente e poucos países no mundo estavam em 
tal estágio evoluído de organização e unicidade política.
Se faz necessário lembrar a você, nobre estudante, que o período conhecido como 
Moderno teve o seu início na Primeira Revolução Industrial, com a invenção da máquina 
a vapor de James Watt, mas que não conseguira atingir toda a Europa. Sabemos que os 
industriais usavam do arcabouço teórico tido como liberalismo para expandir a produção in-
dustrial e o consumo. Contudo, o capitalismo não era formação político-econômica vigente 
em boa parte do velho continente.
Muitos países europeus ainda eram monarquias absolutistas ou estavam sob a 
égide de déspotas, esclarecidos, Alemanha e Itália, por exemplo, ainda eram confederadas 
em reinos e principados oriundos desde o período feudal, tão verdade que nos dias de hoje 
muitas	regiões	destes	países	usam	dialetos	no	cotidiano	e	o	idioma	oficial	apenas	para	a	
administração pública.
Isso se tornará um verdadeiro entrave para a expansão do capitalismo e para a 
produção industrial, pois o poder se concentrava nas mãos da realeza em detrimento dos 
industriais e da classe burguesa. Desta forma, as possibilidades políticas para que o regime 
econômico capitalista pudesse se estender para além das fronteiras britânicas e francesas 
eram bem remotas, sendo executáveis, apenas com um acontecimento de grandes propor-
ções, na verdade proporções mundiais.
Conforme apresentado por Martin (2017) no livro A primeira guerra mundial:os 
1.590 dias que transformaram o mundo, a Primeira Guerra Mundial iniciou em 28 de julho 
de 1914, quando a Austro-Húngaro declarou guerra à Sérvia, o motivo se deu devido os 
11UNIDADE I Contexto Histórico, Econômico e Político no Mundo no Século XX
nacionalistas sérvios assassinarem o arquiduque Franz Ferdinand, da Áustria, e sua espo-
sa, em Sarajevo. Ameaçados pelas ambições sérvias nos turbulentos Bálcãs da Europa, 
os austro-húngaros acreditam que a resposta apropriada a tais massacres pode ser uma 
invasão militar da Sérvia.
Depois de obter o apoio incondicional dos poderosos aliados da Alemanha, o Império 
Austro-Húngaro emitiu um ultimato à Sérvia exigindo, entre outras coisas, a eliminação de 
toda a propaganda anti-austríaca na Sérvia e a possibilidade de o Império Austro-Húngaro 
assassinar o Grão-Duque. Mas, embora a Sérvia aceitasse todos os pedidos, o governo 
austríaco suspendeu as relações diplomáticas dias antes de declarar guerra, continuando 
os preparativos militares. 
FIGURA 1 - SOLDADOS ALEMÃES E FRANCESES
O imperador austríaco Franz Joseph I estava se preparando para dar uma lição na 
Sérvia. A Rússia apoiava este último, por solidariedade eslava. A França se sentia obrigada 
a dar a garantia à Rússia. A Alemanha, por sua vez, devia apoiar a Áustria.
O autor destaca que em 1º de agosto, a Alemanha declarou guerra à Rússia. Com 
isso, os aliados russos da França ordenaram sua própria mobilização geral no mesmo dia, 
mas somente em 3 de agosto a França declarou guerra para a Alemanha. A Grã-Bretanha 
declarou guerra à Alemanha quando as tropas alemãs invadiram a Bélgica em 4 de agosto, 
as principais potências do mundo ocidental (exceto os Estados Unidos e a Itália, que se 
declararam neutros na época) entraram na Primeira Guerra Mundial.
12UNIDADE I Contexto Histórico, Econômico e Político no Mundo no Século XX
FIGURA 2 - GUERRA TRINCHEIRAS 
Na Primeira Guerra Mundial era comum os soldados se esconderem em valas 
escavadas no chão para que a força inimiga não os atacasse. O problema é que muitos 
soldados tinham que conviver com ratos, parasitas e lama por todo o corpo, além de poeira, 
calor e frio, tudo dependia da época. A proteção que os soldados tinham eram os arames 
farpados intrincado e covis de metralhadoras. Com isso, as tropas acabaram propagando a 
epidemia de gripe, levando muitos a morte. 
O	conflito	começou	à	moda	antiga,	com	cavaleiros	de	luvas	brancas	e	soldados	de	
infantaria em uniformes coloridos (calças vermelhas para os franceses!). Muito rapidamen-
te ele muda de natureza. Novas armas e técnicas aparecem ao longo dos meses: gás de 
combate,	tanques,	metralhadoras,	arame	farpado,	aviação...	enfim,	elementos	industriais,	
principalmente as armas, se fazem presente ao longo da Guerra e são o diferencial para a 
vitória da Tríplice Entente.
Em 1915, a guerra de movimento rapidamente se transformou em guerra de posi-
ção.	O	conflito	se	torna	uma	guerra	total.	Na	frente,	os	mortos	são	numerosos	e	os	soldados	
sobreviventes vivem sem higiene, o que vale o apelido de “peludos”. Suas cartas estão 
sujeitas à censura do Estado. Esgotados pela guerra, se multiplicam as deserções e os 
motins. 
As mulheres substituem os homens em seus empregos nas fábricas, principal-
mente para que o abastecimento bélico não sofresse prejuízo. Aqui há uma propaganda 
13UNIDADE I Contexto Histórico, Econômico e Político no Mundo no Século XX
e incentivo para que as mulheres trabalhassem e os homens guerreassem. Os países 
transformam sua economia em uma economia de guerra, cujos gastos não são limitados 
e o único planejamento econômico está em vencer, o que trouxe muitas complicações 
macroeconômicas após o armistício. Quando as contas foram fechadas, descobriram a 
inflação	galopante	e	uma	estrutura	produtiva	sucateada.	
As populações têm os seus recursos racionados e seus bens requisitados ou sub-
traídos pelo Estado, este que contrai dívidas milionárias com uma democracia nova, com 
um	aparato	industrial	nascente,	distante	logisticamente	do	conflito	e	com	um	poder	bélico	
muito limitado até então: os Estados Unidos da América.
Houve muitas mortes, principalmente no ano de 1916 e isso se deu pela falta de 
preparação	dos	comandantes	que	sacrificaram	inutilmente	as	vidas	dos	soldados.	Outro	
agravante foi o anúncio do governo alemão, em janeiro de 1917, que usaria torpedos para 
bombardear qualquer navio que tentasse alcançar portos franceses ou britânicos, compli-
cando as potências aliadas, principalmente porque a Grã-Bretanha dependia do abaste-
cimento do oceano para se sustentar. Tentando impor um bloqueio continental para que 
esses países não fossem abastecidos com alimentos e outros bens.
Isso levou o presidente estadunidense, Wilson, a declarar guerra contra a Alema-
nha, uma vez que não podia permitir que submarinos alemães atacassem navios mercantes 
americanos, arrastando os Estados Unidos para a guerra ao lado da Entente (os Aliados 
franco-britânicos). Outro duro golpe para a Tríplice Entente foi a retirada do império Russo 
da Guerra, visto que a Revolução Russa aconteceu neste mesmo ano e os Bolcheviques, 
partido liderado por Lênin, decidiram, unilateralmente, não participar mais.
Na Alemanha, as greves e insurgências estavam aumentando, pois a população 
não conseguia se alimentar direito e muitos combatentes, amputados ou com outras ma-
leitas e doenças diversas e originárias da Guerra, não conseguiam ter condições humanas 
de sobrevivência. Uma revolução estourou em 3 de novembro e praticamente uma guerra 
civil quase aconteceu, o que provocou a inquietação dos dirigentes políticos: se a Guerra 
continuava a ser vantajosa para a Alemanha, que, nesta altura, se encontrava sozinha nos 
campos de batalha. 
Para evitar que o país caísse como a Rússia sob uma ditadura comunista, os go-
vernantes e líderes militares convenceram o imperador a abdicar, o que acontece no dia 9 
de	novembro.	Mesmo	depois	de	tantos	desastres	causados	pela	guerra,	o	conflito	entre	os	
países	chegou	ao	fim	em	11	de	novembro	de	1918,	logo	após	o	governo	alemão	assinar	um 
acordo	declarando	o	fim	da	guerra,	em	1919	houve	a	conferência	da	Paz,	que	aconteceu	
em Paris. 
14UNIDADE I Contexto Histórico, Econômico e Político no Mundo no Século XX
Muitas regiões, como o norte da França, foram transformadas em campos de ruínas. 
Os estados europeus entram em paz, com enormes dívidas contraídas, principalmente, com 
os Estados Unidos. Estes últimos parecem ser os grandes vencedores da guerra, embora 
seus soldados tenham participado apenas marginalmente. Entretanto, devendo assinar os 
tratados de paz com a Alemanha e cada uma das potências que com ela juntaram forças: 
Áustria, Hungria e Turquia. Provados pela extrema dureza da guerra, os vencedores aspi-
ram a humilhar e esmagar os vencidos, correndo o risco de impedir qualquer reconciliação 
duradoura.
Porém, não podemos deixar de registrar as consequências que a Primeira Guerra 
Mundial deixou. De acordo com Martin (2017), durante o período houve um total de nove 
milhões de mortes entre os soldados da Infantaria, Marinha e da força Aérea, além de 
cinco milhões de civis mortos em consequência da ocupação; bombardeios; doenças e 
fome, além da crise econômica que foi assustadora, especialmente na União Soviética, isso 
porque era considerado um país economicamente atrasado, assunto que vamos discutir a 
seguir. 
 
SAIBA MAIS
Em 25 de janeiro, a Conferência de Paz criou uma comissão para tratar das reparações 
de guerra. Essa comissão examinará o que cada nação derrotada “deveria pagar” às 
nações vitoriosas como reparação pelos danos causados durante a guerra. Os repre-
sentantes de França, Grã-Bretanha e Itália pensavam poder exigir tudo o que a guerra 
custará. O delegado belga estava preocupado, pois, segundo tal perspectiva, a Bélgica 
seria fortemente prejudicada: os custos da guerra tinham sido relativamente modestos, 
masas cidades e os campos tinham sofrido os rigores de quatro anos de ocupação. A 
Grã-Bretanha, em resposta aos quatro anos de guerra submarina contra ela, preten-
dia que fossem incluídas as perdas em navios e as perdas provocadas pelos ataques 
aéreos alemães. Enquanto prosseguiam as discussões sobre reparações de guerra, 
surgiu uma nota de moderação: os danos não seriam ressarcidos durante dois anos, o 
que,	explicou	mais	tarde	Lloyd	George,	daria	tempo	para	que	“as	paixões	arrefecessem	
e	reduziria	as	bases	de	avaliações,	dando	tempo	para	uma	redução	dos	preços	inflacio-
nados pela guerra”.
Fonte: Martin (2017).
15UNIDADE I Contexto Histórico, Econômico e Político no Mundo no Século XX
1.2 Revolução Russa / Soviética
FIGURA 3 - O PODER PARA O POVO
No meio da guerra mundial, uma nova era desponta. Um raio de luz está no leste: o 
czarismo está entrando em colapso, substituído por um regime revolucionário. Uma revolu-
ção	dirigida	por	intelectuais	e	vivenciada	pelo	proletariado	conquistou	o	fim	do	absolutismo,	
imponho a ditadura popular. Agora, a mãe Rússia tinha outros donos, os bolcheviques. O 
mundo está mudando e muito rápido.
Entre março e novembro de 1917, em apenas oito meses, a Rússia passou da 
monarquia ao comunismo bolchevique. A dinastia Romanov de trezentos anos entrava em 
colapso e, com ela, o imenso império de quase 170 milhões de pessoas, que se estendia 
da Sibéria às margens do Mar Negro, desaparecendo do mapa do poder. Esse processo 
revolucionário sem precedentes surpreende os contemporâneos com sua rapidez e radi-
calidade. É claro que a questão da possibilidade de uma revolução na Rússia vinha sendo 
levantada,	pelo	menos	desde	o	final	do	século	XIX.	
Como em toda a Europa, o poder executivo foi fortalecido. Mas o czar Nicolau II 
não respondeu à nobreza e à burguesia liberal, que queria ser associada ao poder. Ele vê a 
organização	de	baixo	para	cima	de	comunidades	locais	ou	filantrópicas	como	uma	ameaça.	
Com uma tática suicida em meio a um cenário de visível derrocada, assumiu o comando 
militar em setembro de 1915, depois suspendeu a Duma, a assembleia parlamentar con-
16UNIDADE I Contexto Histórico, Econômico e Político no Mundo no Século XX
cedida, em 1905, ao voto censitário. O “pequeno pai do povo”, autocrata de direito divino, 
que percorreu triunfalmente o seu império em 1913 pelo tricentenário da dinastia, isolou-se 
e	 desacreditou-se.	Rumores	 de	 conspirações	 reforçam	a	 desconfiança	 despertada	 pela	
influência	da	Czarina	Alexandra	sobre	Nicolau	II,	por	causa	de	suas	origens	alemãs	e	da	
ascendência	do	monge	Rasputin,	que	finalmente	foi	assassinado	no	final	de	dezembro	de	
1916.
Em	pleno	início	do	século	XX,	a	Rússia	era	governada	por	um	autocrata	que	visava	
apenas manter o poder absoluto, não se preocupando com questões que imperavam no 
“ocidente” europeu, ou seja, com o desenvolvimento econômico e modernização do Estado. 
Dando	ênfase	ao	hiato	tecnológico	e	industrial	da	Rússia,	Trotsky	(2017),	a	nação	era	con-
siderada um país economicamente atrasado, isso porque o país dependia da agricultura, 
contando com 80% dos seus trabalhadores em ambientes e afazeres rurais, estes que 
viviam em extrema pobreza, além de pagar por impostos altos. 
Em 1882, no prefácio da edição russa do Manifesto Comunista, Karl Marx e Friedri-
ch Engels olhavam com esperança para a possibilidade de que a revolução russa daria o 
sinal para uma revolução proletária no Ocidente. Em um império autoritário, que eles viam 
como	rural	e	arcaico,	apesar	dos	primeiros	avanços	do	capitalismo	industrial	e	financeiro,	
eles acreditavam que o “amadurecimento” de uma situação revolucionária só poderia ser 
alcançado por meio de uma guerra externa.
De fato, em 1905, uma primeira revolução quase conseguiu destruir a autocracia 
abalada	pelo	conflito	 fracassado	com	o	Japão,	 sem	que	a	oposição	 liberal	 conseguisse	
vencer. E é, de fato, a guerra mundial que explica um processo pelo qual a Rússia estava 
indo, na famosa frase do jornalista americano John Reed que a testemunhou, a “sacudir o 
mundo”. Na leitura complementar teremos a obra deste jornalista americano, que fundou o 
Partido Comunista nos Estados Unidos e relatou os acontecimentos de 1917. Vale a pena 
conhecer!
Quando a Rússia se envolve em uma guerra contra a Áustria-Hungria e a Alemanha, 
ao lado de seu aliado sérvio e depois a Grã-Bretanha e a França, a mobilização ocorre sem 
problemas. A capital, São Petersburgo, recebe simbolicamente um nome que ressoa mais 
russo do que o anterior: Petrogrado. Mas a sagrada união de agosto de 1914 revelou-se 
muito	 frágil	 em	 face	 do	 acúmulo	 de	 derrotas	militares,	 dificuldades	 econômicas	 e	 erros	
políticos. A atitude em relação à guerra será o catalisador de todos os dias revolucionários 
de março, abril, julho e outubro de 1917.
17UNIDADE I Contexto Histórico, Econômico e Político no Mundo no Século XX
O autor destaca que houve dois momentos revolucionários no ano de 2017, a pri-
meira revolução foi em fevereiro, o objetivo era derrubar a ditadura do czar russo Nicolau II 
e a segunda revolução foi em outubro. Após vários meses de organização, os bolcheviques, 
com o apoio do povo, derrubaram a República da Duma e estabeleceram um Comitê Po-
pular liderado por Lenin. 
É fato que, com a Revolução de Outubro ou a Revolução Bolchevique, o sistema 
econômico da Rússia começou a mudar. As terras da igreja foram requisitadas pela nobreza 
e pela burguesia e cedidas aos camponeses, a indústria foi controlada pelos trabalhadores 
e os bancos foram nacionalizados.
Em	março	de	1918,	a	Rússia	finalmente	assinou	um	tratado	de	paz	com	a	Alema-
nha e retirou-se da Primeira Guerra Mundial, aceitando transferências da Polônia, Ucrânia 
e Finlândia para os alemães. Além disso, os bolcheviques estabeleceram um sistema de 
partido único no país, permitindo apenas o Partido Comunista da Rússia. Ao banir muitos 
partidos políticos e se engajar em qualquer outro tipo de oposição, o governo se tornou 
cada vez mais autoritário, livre dos ideais de igualdade e liberdade.
1.3 Regimes Totalitários
Originalmente,	o	termo	é	usado	para	se	referir	mais	especificamente	aos	regimes	
estabelecidos por Adolf Hitler, na Alemanha, e por Joseph Stalin, na União Soviética (URSS). 
Ligamos esses personagens históricos a este conceito, contudo não se limitam a eles; os 
regimes totalitários surgiram em países como Portugal e Espanha, contudo, destacamos 
Stalin, Hitler e Mussolini.
Um	regime	totalitário	pode	ser	associado	a	um	tipo	específico	de	regime	autoritário.	
Através do monopólio da mídia, da cultura, da classe intelectual, um regime totalitário tenta 
dominar completamente – totalmente – os vários aspectos da vida social e privada. Em 
todos os níveis de existência – a família, a vizinhança, o local de trabalho ou lazer –, um 
regime totalitário estabelece mecanismos de enquadramento baseados na suspeita e na 
denúncia. O acesso a cargos, a obtenção de bens ou privilégios passa a ser função do 
respeito à ideologia e do “entusiasmo” demonstrado pelos princípios e dirigentes do regime.
Um regime totalitário se distingue de uma simples ditadura, ou regime autoritário, 
isso porque seu objetivo é institucionalizar globalmente sua dominação, transformando 
radicalmente a ordem política, cultural e econômica existente, de acordo com uma ideo-
logia	homogênea	e	unificada	em	torno	de	alguns	princípios.	A	reivindicação	de	tal	regime	
é, frequentemente, para construir um “novo homem”, radicalmente diferente daquele do 
passado. 
18UNIDADE I Contexto Histórico, Econômico e Político no Mundo no Século XX
De maneira mais geral, um regime político é considerado totalitário quando exerce 
seu controle sobre todas as atividades dos cidadãos e quando abole, ou tenta abolir, qual-
quer noção de vida privada. Seu oposto é um regime pluralista ou estado de direito que 
garante um espaço privado para os indivíduos. Quandoo estado pode fazer qualquer coisa 
e em qualquer lugar, é um estado totalitário. Todos os regimes totalitários são necessaria-
mente autoritários, mas um regime autoritário não é necessariamente totalitário. Assim, as 
ditaduras latino-americanas das décadas de 1970 e 1980 tiveram uma vocação autoritária, 
até militar, mas não totalitária.
1.3.1 Criação da União Soviética
FIGURA 4 - UNIÃO SOVIÉTICA 
Maior estado do mundo, a URSS ocupa um sexto da massa terrestre e abrange 
onze	fusos	horários,	desde	o	Báltico	e	o	Mar	Negro	até	o	Oceano	Pacífico,	ou	seja,	toda	
a parte norte - Eurásia oriental. Foi suprimido por seu território do Império Russo (com a 
notável exceção da maior parte da Polônia e Finlândia, independentemente da Guerra Civil 
Russa de 1918 a 1921) e aumentou os ganhos territoriais do período stalinista na Europa 
Oriental e no Leste Asiático entre 1939 e 1945.
O território da URSS varia com os tempos, especialmente antes e depois da Se-
gunda Guerra Mundial. Antes da sua dissolução, o país era composto por quinze repúblicas 
federadas, embora existam várias repúblicas e regiões autônomas.
A formação da URSS se deu pelo rescaldo da revolução de 1917, isto porque os 
eventos de fevereiro (1917), na doutrina federalista, transformaram a Rússia de um império, 
para uma união de repúblicas formadas no princípio da distribuição étnica e gozando de 
19UNIDADE I Contexto Histórico, Econômico e Político no Mundo no Século XX
um certo grau de autonomia cultural local. Começando a estruturação do seria, por muito 
tempo,	uma	potência	bélico-científica.
Sua concepção original da URSS era oposta à do nacionalismo soviético de Jo-
seph Stalin preconizava, o mesmo além de liderar os bolcheviques e constituiu a URSS, 
entendia que o ideal seria criar uma única República Socialista Federativa Soviética Russa. 
No entanto, Stalin posteriormente reconsiderou suas posições e, nos anos 1925-1939, 
procedeu-se a criação de várias repúblicas federadas.
De acordo com Luxemburg (1991) a criação da União Soviética deu-se por meio de 
um tratado, estipulando a união de diferentes repúblicas soviéticas, tendo um novo governo 
federal centralizado no poder legislativo. O tratado, junto com a “Declaração sobre o Esta-
belecimento da União Soviética”, foi assinado, em 30 de dezembro de 1922, pelos líderes 
de cada delegação, permitindo que novas repúblicas ingressassem à federação. Com isso, 
houve um aumento de 16 repúblicas em 1940. 
A autora supracitada destaca que o tratado permaneceu em vigor até 8 de dezembro 
de 1991, quando o República Socialista Federativa Soviética da Rússia e União Soviética 
(RSFS), a República Socialista Soviética da Ucrânia (RSS) e os presidentes do RSS da 
Bielo-Rússia assinaram o chamado Acordo de Belavezha, que constituiu a dissolução da 
União Soviética e o estabelecimento de uma união estatal independente.
A	assinatura	do	tratado	foi	o	resultado	de	múltiplos	conflitos	políticos	entre	o	partido	
Bolchevique e o governo que, mais tarde, formou a aliança. A princípio, Lenin não previu 
cruzar	a	 fronteira	como	a	Revolução	Russa.	Leon	Trotsky	e	suas	 facções	consideraram	
esta premissa: eles acreditavam que a Rússia era apenas o primeiro passo na revolução 
mundial.
Para enfrentar os problemas colocados pela guerra civil russa e a ofensiva militar de 
países estrangeiros (Alemanha, Inglaterra, França, Japão, Estados Unidos), e para garantir 
o abastecimento das cidades e do exército, Lenin decretou “comunismo de guerra”, cujas 
medidas essenciais são:
●	 proibição da iniciativa privada;
●	 nacionalização de indústrias e comércio;
●	 produção planejada centralmente pelo governo;
●	 racionamento e centralização da distribuição de alimentos;
●	 requisição de produção agrícola além do mínimo de subsistência para os cam-
poneses;
●	 disciplina rígida para os trabalhadores (os grevistas podem ser fuzilados);
●	 trabalho obrigatório dos camponeses.
20UNIDADE I Contexto Histórico, Econômico e Político no Mundo no Século XX
Os elementos fundadores do regime, sob o nome de “ditadura do proletariado”, 
também foram colocados em prática nesta época:
●	 criação do Exército Vermelho, em 23 de fevereiro de 1918: seus soldados foram 
recrutados primeiro voluntariamente, depois, por conscrição;
●	 dissolução da primeira sessão da Assembleia Constituinte eleita por sufrágio 
universal (janeiro de 1918);
●	 censura da imprensa e do rádio, que caem nas mãos do partido;
Terceira Internacional (ou Komintern) foi criada em março de 1919, em Moscou, 
oficialmente	para	ser	o	instrumento	da	“revolução	mundial”;	os	partidos	comunistas	estran-
geiros devem se submeter às vinte e uma condições para adesão, escritas em julho de 
1920. As revoluções de 1919, na Alemanha e na Hungria, assim como as greves na maioria 
dos	 países	 europeus,	 por	 um	 tempo,	 fizeram	os	 soviéticos	 pensarem	que	 a	Revolução	
estava se tornando mundial; mas o esmagamento dos espartaquistas na Alemanha e do 
regime	húngaro	de	Béla	Kun	pôs	fim	a	essas	esperanças.	
1.3.2 Fascismo
Com	o	fim	da	Primeira	Guerra	Mundial,	a	Itália,	assim	como	outros	países,	vence	
a guerra, porém, repentinamente, passa por uma destruição na estrutura econômica do 
país, causando problemas de ordem social, especialmente para os trabalhadores do setor 
industrial. 
FIGURA 5 - FASCISMO 
Neste período, o anarquismo era muito forte. O Partido Comunista Italiano estava 
bem organizado e tinha laços estreitos com o comunismo da Revolução Russa, o país 
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/fascism-word-dictionary-concept-1079007596
21UNIDADE I Contexto Histórico, Econômico e Político no Mundo no Século XX
acabou implementando o modelo fascista, que teve início no ano de 1920 e acabou se tor-
nando modelo para outros regimes políticos europeus com preconceitos totalitários, como 
Alemanha, Espanha e Portugal, além do “Estado Novo” implantado no Brasil por Getúlio 
Vargas, em 1937, quando tivemos o movimento Integralista.
Tomado em seu sentido literal, o termo fascismo designa o movimento fundado na 
Itália, em 1919, e o sistema político erigido em 1922, após a tomada do poder pelo líder 
desse movimento, Benito Mussolini. Aplicam-se, por extensão, a vários partidos, movimen-
tos e organizações, cuja ação se desenvolveu em quase todos os países europeus entre o 
final	da	Primeira	Guerra	Mundial	e	o	final	da	Segunda	Guerra	Mundial.
As memórias deixadas nas mentes das pessoas pelo nazismo alemão e o trauma 
da Segunda Guerra Mundial, paradoxalmente, mascararam alguns dos aspectos mais per-
turbadores	do	fascismo.	Ficamos	satisfeitos	em	ver	nele,	na	maioria	das	vezes,	o	reflexo	
de uma mentalidade muito particularizada, até mesmo de uma aberração, que opomos por 
conveniência à vontade que os homens têm, em outros lugares, de defender a democracia 
ou as conquistas do socialismo.
É esquecer, em particular, que o fascismo, tal como se expressou em vários países, 
testemunhou fundamentalmente muitos traços comuns aos regimes e ideologias que o 
denunciavam: o nacionalismo, o militarismo, o culto ao trabalho, a obsessão pela produção 
econômica, preocupação declarada em promover conquistas “sociais”, política natalista, 
desejo de “formar” a juventude, superstição da coletividade simbolizada por manifestações 
de massa, dominação de um único partido, admiração incondicional pelo líder nacional 
etc. À luz de tais descobertas, é compreensível que certa forma de fascismo possa ter 
sobrevivido	aos	regimes	que	oficialmente	o	reivindicaram.	O	fascismo,	portanto,	parece	ser	
um fenômeno muito mais geral do que parece à primeira vista: é até possível pensar que 
representa	uma	das	tendências	profundas	da	civilização	do	século	XX.
Segundo	Stanley	(2018),	o	termo	fascismo	pode	ser	definido	como	qualquer	tipo	
de ultranacionalismo, em que uma nação passa a ser representada pela imagem de um 
líder autoritário, tendo algumas características predominantes, como: um Estado totalitário;um regime autoritarismo e militarismo; tinha a visão da nação como mercadoria suprema; 
defendia as ideias do sistema capitalista; buscava pela expansão de territórios; abolia a 
ideia de igualdade social e a luta de classes; defendia a ideia de que o representante 
político	deveria	ser	eleito	por	indicação	e,	por	fim,	a	Hierarquização	da	sociedade	em	que	
somente os mais fortes no poder poderia lutar por algo. 
22UNIDADE I Contexto Histórico, Econômico e Político no Mundo no Século XX
Caro(a) aluno(a), é evidente que com todas essas características, o fascismo Ita-
liano tornou-se modelo para outros países, primeiro, pela disputa de poder, ou seja, o país 
que adotasse o regime fascista não sofreria retaliações e, segundo as vantagens, para 
quem fazia parte deste tipo de partido.
 Porém a classe trabalhadora foi a que mais sofreu, por vários motivos: pressão 
da classe burguesa na busca pelo aumento do lucro, as jornadas de trabalho exaustivas, 
a extrema pobreza e não poderia exercer nenhum tipo de manifesto, pois seria retalhado 
pelos fascistas. Com isso, surgem as “moças boazinhas” vinculadas às igrejas católicas 
com	a	finalidade	de	atender	a	classe	burguesa	e	o	Estado,	com	o	propósito	de	minimizar	os	
problemas que a classe trabalhadora poderia causar. 
Paralelo ao regime fascista tivemos na história mundial o nazismo organizado por 
Hitler na década de 1920, assunto que vamos nos aprofundar a seguir. 
SAIBA MAIS
Veremos que uma das características do totalitarismo é controlar toda a população e 
nas mais variadas formas. Uma delas é a arte, pois traz consigo uma mensagem e valo-
res e ainda a noção de estética nacionalista. Desta forma, temos o movimento artístico 
chamado de Futurismo, que tem a mensagem do futuro, ou seja, o dinamismo necessá-
rio para que o futuro ocorra, embutindo no âmago do italiano médio, que precisa ser o 
mais ágil e capacitado para o futuro que se apresenta. 
Fonte: Bortulucce (2009).
23UNIDADE I Contexto Histórico, Econômico e Político no Mundo no Século XX
 1.3.3 Nazismo
 FIGURA 6 - ADOLF HITLER E O SÍMBOLO DO NAZISMO
 
Caro(a) aluno(a), antes de adentrarmos nas características do nazismo e as ideias 
de Hitler, é importante conhecermos a origem do termo “nazismo”. Ele deriva da sigla “na-
zista”, que era uma abreviação de “Partido Socialista dos Trabalhadores Alemães”. 
Segundo Hobsbawm (1995), logo depois da Alemanha perder a batalha na Primeira 
Guerra Mundial, porque a humilhação e as demandas do país vencedor causaram grande 
insatisfação entre os alemães, foi necessário proceder a uma reorganização política e um 
novo regime nasceu. Os pensamentos de Hitler desenvolvidos na prisão são a principal 
característica do nazismo.
O controle da população por meio da publicidade é uma de suas principais fer-
ramentas.	Nesse	processo,	 o	 uso	do	 rádio	 e	 do	 filme	 tem	um	significado	decisivo	 para	
a difusão das ideias nazistas e, o antissemitismo é uma delas. Hitler causou o ódio dos 
germânicos aos judeus por responsabilizar estes ultimos os problemas enfrentados pela 
Alemanha durante a era nazista, em especial os problemas econômicos. Montou-se uma 
onda de fanatismo, que levou a morte de seis milhões de pessoas em campos de concen-
tração, incluindo, preferencialmente, judeus.
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/adolf-hitler-giving-nazi-salute-hitlers-242815222
24UNIDADE I Contexto Histórico, Econômico e Político no Mundo no Século XX
O autor destaca que o nazismo, além de estar relacionado ao antissemitismo, tam-
bém prega o racismo e a eugenia, ou seja, a superioridade da raça germânica ou ariana 
branca, e a construção de um “espaço importante” para construir seu império mundial. 
De acordo com o plano de Hitler, esse espaço vital cobre as vastas áreas do continente 
europeu. Por causa de sua superioridade, a raça foi ordenada a se tornar “exemplo” que 
deveriam “ultrapassar outras nações”. Portanto, de acordo com o plano de Hitler, esses 
espaços deveriam ser ocupados pela Alemanha, as pessoas deveriam invadir e conquistar. 
Todavia, outras perspectivas sobre a perseguição aos judeus, que foi concretizada 
com a morte deste povo, precisam ser tratadas e demonstradas para você, caro(a) estu-
dante. Arendt (2011) esclarece que Hitler falava aquilo que estava na mente do alemão 
médio, ou seja, que a crise que o país passava naquele momento era por conta dos judeus 
e entre outras vilanias que a história nos mostrou. Contudo, a mesma autora aponta que a 
questão era muito mais profunda:
O antissemitismo moderno deve ser encarado dentro da estrutura geral do 
desenvolvimento do Estado-nação, enquanto, ao mesmo tempo, sua origem 
dever ser encontrada em certos aspectos da história judaica e nas funções es-
pecificamente	judaicas,	isto	é,	desempenhadas	pelos	judeus	no	decorrer	dos	
últimos séculos (ARENDT, 2011, p. 29).
A	filósofa	supracitada,	de	origem	judaica,	nos	lembra	que	os	judeus	se	constituíam	
como um povo fechado e que as suas relações com os demais segmentos da sociedade 
eram restritas e não homogêneas. Logo, a representatividade dos judeus era limitada, pois 
não havia políticos, juízes ou outros burocratas em ações estatais, ou seja, de certa forma, 
não participavam ou constituíam a cidadania de determinado local. Parafraseando a autora, 
que na página 32 da mesma obra, eles eram uma “nação dentro de outra nação”.
Contudo, tinham os seus empreendimentos, e as suas riquezas eram grandes, 
aliás, banqueiros eram majoritariamente judeus, que viram nesse momento turbulento da 
história uma oportunidade de investimento e crescimento. Assim, Arendt (2011, p. 37) traz 
que:
Quando falharam todas as alternativas de aliar-se a uma das classes princi-
pais da sociedade, restou ao Estado impor-se como poderosa empresa co-
mercial.	O	crescimento	dos	negócios	estatais	foi	causado	pelo	conflito	entre	
o	Estado	e	as	forças	financeiramente	poderosas	da	burguesia,	que	preferiu	
dedicar-se ao investimento privado, evitando a intervenção do Estado e re-
cusando-se a participar de maneira ativa no que lhe parecia ser empresa 
“improdutiva”. Foram assim os judeus a única parte da população disposta a 
financiar	os	primórdios	do	Estado	e	a	ligar	seu	destino	ao	desenvolvimento	
estatal. Com o seu crédito e as suas ligações internacionais, estavam ex-
celente	posição	para	ajudar	o	Estado-nação	a	afirmar-se	entre	os	maiores	
empregadores e empresas da época
25UNIDADE I Contexto Histórico, Econômico e Político no Mundo no Século XX
No	primeiro	momento,	como	financiadores	de	Estados-nações,	credores	da	moder-
nização dos países centrais, começaram a ter maior visibilidade perante toda a sociedade, 
colocando representantes em assuntos nacionais e de segurança pública. Desta forma, 
os judeus começaram a se avolumar na Europa e conquistar mais espaços, assim como o 
antissemitismo, que foi e tem sido presenciado em várias partes do mundo.
Esse ódio preconizado pelo partido Nazista e Fascista não era uma exclusividade 
dos líderes e integrantes, sempre acompanhou a história do povo de Israel, desde de Abraão, 
de uma nação que não tinha país. Todavia, essa aversão, principalmente na Alemanha, foi 
fundamentada	por	filósofos	e	escritores	que	começaram	a	intelectualizar	sobre	o	que	viria	
a ser proveniente de determinado país e região.
Dentre eles, destaco Nietzsche e a sua concepção do “bom europeu” e Übermens-
ch ou o homem superior. Claro que na sua obra, Nietzsche (1998) buscou trazer elementos 
em que os europeus deveriam romper com esse tipo de dicotomia e se entenderem não 
por suas nacionalidades, retirar o bairrismo do cotidiano, mas sim se verem como seres 
humanos e buscarem serem melhores, vencendo os dilemas terrenos. Todavia, a sua obra 
foi interpretada de forma errada, serviu de base para o nazismo e o seu discurso ariano, ci-
tando-o como referência de verdadeiro intelectual e utilizando o conceito de “bom europeu”, 
ligado apenas aopovo puro concebido pelos próprios anjos.
Desta forma, os judeus não eram reconhecidos como pertencentes a determinadas 
regiões, portanto o que assegurava as suas riquezas? Quais instrumentos garantem as 
suas vidas?
Assim sendo, usando desse tipo de argumento e culpabilizando os judeus por todas 
as mazelas que a Alemanha e Áustria passavam, Hitler passou a perseguir esse povo e 
tomando as suas riquezas e as suas vidas. Talvez uma das maiores pilhagens que o mun-
do já assistiu. Sendo uma das principais formas que o Führer encontrou para reerguer a 
economia, garantir aos povos germânicos o sustento que lhes foram ceifados pela Primeira 
Guerra e ainda investir massivamente no campo bélico.
As ideias de Hitler convenceram a maioria dos alemães de que sua imagem como 
líder é a garantia da prosperidade e da vitória da Alemanha. Essas características do na-
zismo levaram a Alemanha a participar da Segunda Guerra Mundial, que foi ainda mais 
sangrenta trazendo terror à “indústria da morte” dos campos de extermínio.
26UNIDADE I Contexto Histórico, Econômico e Político no Mundo no Século XX
SAIBA MAIS
“As origens da Segunda Guerra Mundial produziram uma literatura histórica incompa-
ravelmente,	porém	os	Estados	arrastados	à	guerra	não	queriam	o	conflito,	e	a	maioria	
fez o que pôde para evitá-lo. Em termos mais simples, a pergunta sobre quem ou o que 
causou a Segunda Guerra Mundial pode ser respondida em duas palavras: Adolf Hitler”.
Fonte: Hobsbawn (1995, p. 35).
Listaremos a seguir alguns eventos que provocaram a subida do nazismo:
1. A República de Weimar, resultante do colapso do Segundo Reich, foi proclamada 
em 9 de novembro de 1918. A República de Weimar também está enfraquecida 
pela difícil situação econômica deixada pela Grande Guerra. A ocupação fran-
cesa	do	Ruhr,	para	impor	o	pagamento	de	indenizações,	fixadas	no	Tratado	de	
Versalhes,	causa	enorme	inflação	em	1923.	A	Alemanha	mergulha	na	pobreza,	
o que fortalece os partidos extremistas.
2. É imediatamente contestada pela extrema esquerda revolucionária que lidera a 
insurreição espartaquista em Berlim, em janeiro de 1919. A repressão é muito 
dura, organizada pelo governo social-democrata que priva a Revolução do apoio 
dos comunistas. Mas a Alemanha foi severamente afetada pela crise econômica 
de 1929, devido ao repatriamento de capitais americanos. A exposição do de-
semprego é favorável aos nazistas, cujo número no Reichstag aumentou entre 
1930 e 1932.
3. Também se choca com os nacionalistas que a acusam de ter aceitado o ditame 
de Versalhes. Nostálgicos pelo Império, os veteranos mal reintegrados, a pe-
quena burguesia empobrecida, os trabalhadores desempregados gradualmente 
se reconheciam no NSDAP, do qual Hitler se tornou presidente em 1921.
4. Em 1923, Hitler tentou um putsh em Munique. Ocasionando o seu julgamento e 
prisão. Ele, então, escreveu Mein Kampf (“Minha Luta”), em desenvolvendo uma 
ideologia racista. Seu discurso anticomunista seduziu banqueiros (muitos sendo 
judeus) e industriais, o que os militares reconheceram em seus comentários 
nacionalistas.
27UNIDADE I Contexto Histórico, Econômico e Político no Mundo no Século XX
5. Lutando nas ruas com os socialistas e os comunistas, os nazistas culpam a 
República	de	Weimar,	a	esquerda	e	os	judeus	pelas	dificuldades	da	Alemanha.	
Eles prometem empregos aos desempregados e, assim, obtêm muitos suces-
sos nas eleições, diante de oponentes desunidos. Em 30 de janeiro de 1933, o 
presidente da República, marechal Hindenburg, nomeou chanceler Hitler.
1.6 Segunda Guerra Mundial
FIGURA 7 - CAMPO DA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
Caro(a)	aluno(a),	a	Segunda	Guerra	Mundial	foi	um	conflito	intenso	e	muito	nefasto	
para as vidas humanas, foi ainda palco do que há de mais horrível no ser humano, como 
privações da liberdade, assassinatos em série, entre outros eventos que não valem a pena 
ser destacados, pois vimos a miséria humana no seu puro estado. Contudo, falaremos 
sobre as causas e as consequências desse capítulo terrível da nossa história.
A	origem	do	conflito	reside	principalmente	no	desejo	de	Hitler	de	libertar	o	Tercei-
ro Reich do ditame de Versalhes (1919) e de dominar a Europa. Depois de restabelecer 
o serviço militar obrigatório (1935) para ter um exército poderoso (a Wehrmacht), Hitler 
remilitarizou a margem esquerda do Reno (1936), depois anexou a Áustria e parte da Tche-
coslováquia (1938). 
Segundo Martin (2014), o reconhecimento do fato consumado em Munique (1938) 
pela França e pela Grã-Bretanha encorajou-o a continuar essa política de força. Hitler, 
28UNIDADE I Contexto Histórico, Econômico e Político no Mundo no Século XX
então, se apodera do resto da Tchecoslováquia (março de 1939), garante o apoio italiano 
(maio) e obtém a neutralidade benevolente da URSS com seu acordo para a divisão da 
Polônia (acordo germano-soviético de 23 agosto). O caso Danzig pode, então, servir de 
pretexto	para	a	eclosão	de	um	conflito	que,	originalmente	europeu,	finalmente	incendiou	o	
mundo com a entrada em guerra do Japão e dos Estados Unidos, em 1941.
Com	exceção	dos	Estados	Unidos,	os	adversários	emergem	do	conflito	exaustos	
e	arruinados.	Politicamente,	o	fim	da	Segunda	Guerra	Mundial	viu	o	abalo	dos	 impérios	
coloniais britânico, francês e holandês. Só entre as grandes nações a URSS consegue um 
importante aumento territorial, pela volta das antigas dependências do Império Czarista. 
Se a Primeira Guerra Mundial teve uma liquidação rápida – nos dois anos que se 
seguiram	ao	colapso	dos	impérios	centrais,	os	tratados	refizeram	o	mapa	da	Europa	–,	é	o	
contrário depois de 1945. O destino da Alemanha e do Japão, os dois principais derrotados 
permanecem sem solução. 
Em um nível humano, a Segunda Guerra Mundial é a guerra mais mortal de todos os 
tempos, com mais de 55 milhões de vítimas. Essas perdas humanas estão causando uma 
queda acentuada na população ativa. O pedágio de material também é muito pesado: nas 
regiões atingidas pelos bombardeios, a destruição de infraestrutura é quase total. Além dis-
so,	a	fim	de	financiar	o	conflito	e	depois	a	reconstrução,	os	países	frequentemente	recorrem	
a empréstimos. Isso resultou em um aumento do nível geral de preços em muitos países 
(na	França,	a	taxa	de	inflação	foi	próxima	a	50%	entre	1945	e	1948)	e	um	enfraquecimento	
das	finanças	públicas,	devido	ao	crescimento	da	dívida.	Além	disso,	após	o	conflito,	toda	a	
sociedade se transformou. 
Os países europeus estão tomando medidas para uma maior proteção social e 
lançando as bases para o Estado de bem-estar: os gastos do Estado, que já aumentaram 
acentuadamente	 durante	 a	 guerra,	 atingem	níveis	 elevados	 há	muito	 tempo.	Por	 fim,	 a	
Europa está separada em duas pela “cortina de ferro”: no Ocidente, as democracias parla-
mentares	aliadas	aos	Estados	Unidos;	no	Oriente,	os	estados	sob	influência	soviética.	Dois	
modelos de economia se opõem. 
Conforme Martin (2014), os Estados Unidos tornam-se credores dos países da 
Europa	Ocidental.	A	cooperação	internacional	está	se	configurando	com	a	criação	da	Or-
ganização para a Cooperação Econômica Europeia (OECE, que em 1961 passou a se 
chamar Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico - OCDE), a cargo 
do Plano Marshall que visava ajudar a Europa Ocidental a se reconstruir. Os países orien-
29UNIDADE I Contexto Histórico, Econômico e Político no Mundo no Século XX
tais que, após a URSS, recusaram a ajuda de Marshall, criaram o COMECON (Conselho 
de Assistência Econômica Mútua).
Na verdade, quase imediatamente surgiu um antagonismo entre as democracias 
ocidentais e a União Soviética. Este último tomou os países da Europa Oriental sob sua 
égide, dotando-os (golpe de Praga, 1948) de um regime político e social modelado por si 
mesmo.	O	fim	da	Segunda	Guerra	Mundial	é	também	o	início	da	Guerra	Fria.
REFLITA
A	Segunda	Guerra	Mundial	foi	um	dos	conflitos	mais	devastadores	da	história	da	huma-
nidade:mais de 46 milhões de militares e de civis morreram, muitos em circunstâncias 
de crueldade prolongada e terrível.
Fonte: Martin (2014).
30UNIDADE I Contexto Histórico, Econômico e Político no Mundo no Século XX
1.7 Guerra Fria
FIGURA 8 - GUERRA FRIA
A Guerra Fria é um longo teste de força que começou, um dia após a capitulação 
da Alemanha de Hitler, entre os Estados Unidos e a União Soviética. Em 1941, a agressão 
nazista contra a URSS fez do regime soviético um associado das democracias ocidentais. 
Mas na organização do mundo pós-guerra, pontos de vista cada vez mais divergentes 
opõem aliados de ontem.
Gradualmente, os Estados Unidos e a URSS estão construindo suas respectivas 
áreas	de	influência	e	dividir	o	mundo	em	dois	campos	antagônicos.	A	Guerra	Fria,	portanto,	
não	é	exclusivamente	um	caso	americano-soviético,	é	um	conflito	global	que	afeta	muitos	
países, incluindo o continente europeu. Este, dividido em dois blocos, torna-se de fato um 
dos maiores teatros do confronto. Na Europa Ocidental, o processo de integração europeia 
começa com o apoio dos Estados Unidos, enquanto os países da Europa de Leste tornam-
-se satélites da URSS.
A partir de 1947, os dois adversários, utilizando todos os recursos de intimidação 
e	subversão,	se	opõem	em	um	longo	conflito	estratégico	e	ideológico,	pontuado	por	crises	
mais ou menos violentas. Mesmo que os dois Grandes nunca se enfrentaram diretamente, 
eles trazem o mundo repetidamente à beira de uma guerra atômica. Apenas a dissuasão 
nuclear impede um choque militar. Paradoxalmente, esse “equilíbrio do terror” ainda esti-
mula a corrida para armamentos.
31UNIDADE I Contexto Histórico, Econômico e Político no Mundo no Século XX
As fases de tensão se alternam com períodos de relaxamento ou aquecimento nas 
relações	entre	os	dois	campos.	O	cientista	político	Raymond	Aron	definiu	perfeitamente	o	
sistema da guerra fria em uma frase que atinge o alvo: “paz impossível, guerra improvável”.
A	Guerra	Fria	finalmente	terminou	em	1989,	com	a	queda	do	Muro	de	Berlim	e	o	
colapso dos regimes comunistas na Europa Oriental.
 1.7.1 Rumo a um mundo bipolar (1945-1953)
O	fim	da	Segunda	Guerra	Mundial	não	leva	ao	retorno	da	normalidade,	mas	anuncia	
o	contrário:	o	surgimento	de	um	novo	conflito.	Enquanto	as	grandes	potências	europeias,	
amantes do cenário internacional na década de 1930, exaustos e arruinados pela guerra, 
duas novas superpotências dominam o cenário internacional. Dois blocos são formados ao 
redor de um lado, a União Soviética e, de outro, os Estados Unidos. Os outros países agora 
são obrigados a cair em um dos dois campos.
Ampliada no plano territorial, a URSS saiu da guerra coroada com o prestígio da 
luta contra Alemanha de Hitler. Ela é galvanizada por sua resistência heroica ao inimigo, 
conforme demonstrado pela vitória de Stalingrado. A URSS também oferece a cara de 
um modelo ideológico, econômico e social que brilha como nunca antes na Europa. Além 
disso, ao contrário dos militares dos EUA, o Exército vermelho não foi desmobilizado no 
final	da	guerra.	A	União	Soviética,	portanto,	tem	uma	verdadeira	superioridade	numérica	em	
homens e armamento pesado.
Os Estados Unidos são os grandes vencedores da Segunda Guerra Mundial. Suas 
perdas humanas e os materiais são relativamente fracos e, embora os militares dos EUA 
sejam	quase	inteiramente	desmobilizados,	poucos	meses	após	o	fim	das	hostilidades,	os	
Estados Unidos continuam sendo a principal potência militar. Sua frota de guerra e sua 
força aérea são incomparáveis e, até 1949, eles têm um monopólio da arma atômica. Eles 
também	podem	se	afirmar	como	a	principal	potência	econômica	mundial,	tanto	em	termos	
de volume de comércio quanto de produção industrial e agrícola. Os americanos agora 
possuem dois terços do estoque de ouro monetário mundial e o dólar se torna a moeda 
internacional de referência.
Gradualmente,	 os	 conflitos	 de	 interesse	 entre	 as	 novas	 potências	 mundiais	 se	
multiplicam	e	uma	atmosfera	de	desconfiança	e	medo	se	 instala.	Cada	um	teme	o	novo	
poder do outro. Os soviéticos se sentem cercados e ameaçados pelo Ocidente e acusam 
os Estados Unidos de realizar “expansão imperialista”. 
32UNIDADE I Contexto Histórico, Econômico e Político no Mundo no Século XX
Os americanos, por sua vez, estão preocupados com expansão comunista e culpar 
Stalin por não respeitar o acordo de Yalta sobre os direitos de povos libertados para a 
autodeterminação. O resultado é um longo período de tensão internacional, pontuada por 
crises	agudas,	às	vezes	levando	a	conflitos	militares	locais	sem	iniciar	uma	guerra	aberta	
entre os Estados Unidos e a URSS. A partir de 1947, a Europa, dividida em dois blocos, 
está no centro do confronto indireto entre as duas superpotências.
A Guerra Fria atingiu seu primeiro momento forte durante o bloqueio de Berlim. 
A explosão da primeira bomba – o poder atômico soviético, no verão de 1949, consolida 
a	URSS	em	sua	posição	 de	potência	mundial.	Essa	 situação	 confirma	as	 previsões	 de	
Winston Churchill que, em março de 1946, foi o primeiro Estadista ocidental que falou 
publicamente de uma “cortina de ferro”, que agora corta a Europa deles.
1.7.2 A paz perdida
 A Segunda Guerra Mundial mudou o mapa do mundo. O pedágio humano e ma-
terial é o mais sério que a humanidade já conheceu. A Europa, sem sangue e sem fôlego, 
está em ruínas e nas garras da mais total confusão: fábricas e linhas de comunicação 
destruídas, trocas, interrupções comerciais tradicionais, escassez de matérias-primas e 
bens de consumo.
Mesmo antes da capitulação dos países do Eixo (os Três Grandes – americanos, 
britânicos e russos) esforçaram-se para resolver o destino do mundo pós-guerra. De 28 de 
novembro a 2 de dezembro de 1943, a Conferência de Teerã é a primeira reunião de cúpula 
entre Winston Churchill, Joseph Stalin e Franklin D. Roosevelt. Ela descreve as principais 
linhas da política internacional do pós-guerra.
Os	líderes	falam	em	particular	do	desembarque	na	Normandia,	então	fixado	para	
1º de maio de 1944, de fora da Alemanha e seu eventual desmembramento, bem como a 
organização	do	mundo	após	o	conflito.	Eles	decidem	confiar	o	estudo	da	questão	alemã	a	
uma comissão consultiva européia. 
Duas outras conferências aliadas se seguiram, uma em Yalta (de 4 a 11 fevereiro 
de 1945), a outra em Potsdam (17 de julho a 2 de agosto de 1945). Mas muito rapidamente 
a	estreita	aliança	de	guerra	deu	 lugar	à	desconfiança.	Em	conferências	de	paz,	os	Três	
Grandes rapidamente percebem que pontos de vista cada vez mais divergentes se opõem, 
ocidentais e soviéticos. Os antigos antagonismos que a guerra silenciou reaparecem e as 
potências aliadas não chegam a um acordo sobre um tratado de paz.
33UNIDADE I Contexto Histórico, Econômico e Político no Mundo no Século XX
1.7.3 A conferência de Yalta
De 4 a 11 de fevereiro de 1945, Winston Churchill, Joseph Stalin e Franklin D. 
Roosevelt se encontraram em Yalta, junto ao Mar Negro, na Criméia, para resolver os 
problemas colocados pela derrota inevitável dos alemães. Roosevelt está especialmente 
ansioso para obter a colaboração de Stalin, enquanto Churchill teme o poder soviético. 
Ele	gostaria	de	evitar	uma	contenção	muito	grande,	a	influência	do	Exército	Vermelho	na	
Europa Central. Nesse momento, no entanto, as tropas soviéticas já estão no coração da 
Europa, enquanto os anglo-americanos ainda não cruzaram o Reno.
Os Três Grandes concordam primeiro com os termos da ocupação da Alemanha: A 
Alemanha seria dividida em quatro zonas de ocupação, com a França recebendo uma zona 
de ocupação, em parte retirados do Reino Unido e dos Estados Unidos. Berlim, localizada 
na zona soviética, também seria dividida em quatro setores. A URSS consegue o desloca-
mento da fronteira oriental da Alemanha para a linha Oder-Neisse, colocando na Polônia 
quase toda a Silésia, parte da Pomerânia, parte de East Brandenburg e uma pequenaregião da Saxônia. 
O Norte da Prússia Oriental, ao redor da cidade de Königsberg (rebatizado de 
Kaliningrado) foi incorporado à URSS. Como a fronteira oriental da Polônia, Stalin impõe 
“a linha Curzon” que mantém todos os territórios na órbita de Moscou, Ucranianos e bie-
lorrussos. Os três chefes de estado também assinam uma “declaração sobre política a ser 
seguida nas regiões libertadas”, um texto que prevê a organização de eleições livres e a 
implementação lugar dos governos democráticos.
Os Estados Unidos levam a URSS à guerra contra o Japão, e Roosevelt vê o 
sucesso o projeto Organização das Nações Unidas (ONU), criado em 25 de abril de 1945. 
Yalta aparece como a última tentativa de organizar o mundo com base na cooperação e 
compreensão.	O	mundo	ainda	não	está	dividido	em	dois	hemisférios	de	influência,	mas	os	
ocidentais são forçados a aceitar o papel de Stalin nos territórios libertados pelos tanques 
soviéticos.	A	Europa	Central	e	Oriental	estão	agora	sob	a	influência	exclusiva	do	Exército	
Vermelho. 
1.7.4 A conferência de Potsdam
 A última das grandes conferências aliadas ocorreu de 17 de julho a 2 de agosto 
de 1945, em Potsdam, perto de Berlim. Seis meses antes, na Crimeia, Churchill, Roosevelt 
e Stalin prepararam-se para o período do pós-guerra, mas as promessas de Yalta não 
34UNIDADE I Contexto Histórico, Econômico e Político no Mundo no Século XX
resistiram ao equilíbrio de poder no terreno. O clima mudou dramaticamente nesse ínterim: 
a Alemanha se rendeu em 8 de maio de 1945 e a guerra terminou na Europa. 
O Japão resiste obstinadamente aos bombardeios dos EUA, mas os Estados Uni-
dos têm uma grande vantagem: em 16 de julho acontece, em um deserto no Novo México, 
um	 primeiro	 teste	 da	 bomba	 atômica.	 Em	Potsdam,	Harry	Truman	 substitui	 Franklin	D.	
Roosevelt, que morreu em 12 de abril de 1945, e Clement Attlee assume como chefe da 
delegação britânica após a derrota de Winston Churchill nas eleições legislativas de 26 de 
julho. Apenas Joseph Stalin participa em todas as conferências aliadas.
A atmosfera é muito menos cordial do que em Yalta. Algumas semanas antes da 
rendição do Reich, o Exército Vermelho conseguiu ocupar a parte oriental da Alemanha em 
alta velocidade, uma parte da Áustria, bem como toda a Europa central. Ciente dessa van-
tagem em campo, Stalin aproveita a oportunidade para estabelecer governos nos países 
libertados pelos soviéticos comunistas. Enquanto os ocidentais reclamam de sua incapa-
cidade de controlar as eleições organizadas nos países ocupados pelo Exército Vermelho, 
Stalin impôs um remodelamento do mapa da Europa Oriental.
Pendentes tratados de paz, os ingleses e os americanos aceitam provisoriamente 
anexações soviéticas e novas fronteiras anexadas à linha Oder-Neisse. Os acordos de 
Potsdam	também	ratificam	as	gigantescas	transferências	de	populações.
Os três chefes de estado, no entanto, concordam com modalidades práticas de 
desarmamento completar na Alemanha, a destruição do Partido Nacional Socialista, a 
purificação	e	o	 julgamento	de	criminosos	de	guerra	e	o	montante	das	 indenizações.	As	
negociações também são concluídas com a necessidade de descartelização das indústrias 
alemãs e do sequestro dos poderosos Konzern, que deve ser dividido em empresas inde-
pendentes menores. Acordos alcançados anteriormente, sobre o regime de ocupação da 
Alemanha	e	da	Áustria,	são	confirmados.
Em Potsdam, pontos de vista cada vez mais contraditórios se opõem aos Três 
Grandes. Não é sobre agora não mais para se unir para derrotar o nazismo, mas para se 
preparar	para	o	período	pós-guerra	e	para	dividir	o	“Booty”.	Então,	apenas	alguns	meses	
após	o	confiante	comunicado	à	imprensa	de	Yalta,	profundas	diferenças	estão	crescendo	
entre o Ocidente e os soviéticos.
 
1.7.5 Os Estados Unidos e o Bloco Ocidental
 A partir de 1947, os ocidentais tornaram-se cada vez mais preocupados com a 
disseminação do comunismo: em vários países europeus, os comunistas participam ati-
35UNIDADE I Contexto Histórico, Econômico e Político no Mundo no Século XX
vamente nos governos de coalizão (Hungria, Romênia, Bulgária, Polônia, França, Bélgica 
e Itália) e até ter sucesso, às vezes para remover outras partes do poder. A Grécia estava 
no meio de uma guerra civil desde o outono de 1946 e a Turquia, por sua vez, estava 
ameaçada. 
1.7.6 A Doutrina Truman
	Nessa	 tensa	 atmosfera	 internacional,	 o	 presidente	 dos	EUA,	Harry	S.	Truman,	
rompe	com	a	política	de	seu	antecessor	Franklin	D.	Roosevelt	e	redefine	as	 linhas	prin-
cipais da política exterior dos Estados Unidos. Em 12 de março de 1947, o Presidente 
apresentou	sua	doutrina	de	contenção,	que	visava	fornecer	assistência	financeira	e	militar	
aos países ameaçados pela Expansão soviética. Visando explicitamente a contenção do 
progresso comunista, a Doutrina Truman apresenta os Estados Unidos como defensores 
de um mundo livre em face da agressão da URSS. Assim, serão concedidos créditos de 
aproximadamente US $ 400 milhões à Grécia e à Turquia. Essa é a nova doutrina que 
legitimou o ativismo dos EUA durante a Guerra Fria.
Ao aplicar a doutrina da contenção, os americanos estão incentivando, entre ou-
tros, a Turquia a rejeitar reivindicações soviéticas para a cessão de bases navais no estreito 
de Bósforo e fazem com que as tropas russas se retirem do Irã. Nesse ínterim, desde 
março de 1947, a luta contra a espionagem soviética é organizada e a Agência Central de 
Inteligência (CIA) passa a estar a serviço da Inteligência Americana. Essas mudanças na 
política externa marcam um verdadeiro ponto de virada na história dos Estados Unidos, que 
até	agora	queriam	ficar	longe	de	brigas	de	países	europeus.	A	partir	de	agora,	não	se	trata	
mais de eles jogarem a carta do isolacionismo.
1.7.7 O Plano Marshall e a criação da OEEC
Ao mesmo tempo, o secretário de Estado dos EUA, George C. Marshall, está preo-
cupado com a péssima situação econômica na Europa. Após a Segunda Guerra Mundial, 
o comércio intra-europeu é, de fato, desacelerado pela falta de divisas e sofre com a falta 
de uma organização econômica internacional capaz de organizar o comércio de forma 
eficiente	global.
Os Estados Unidos, que tem o maior interesse em promover essas trocas para 
impulsionar suas exportações, por conseguinte, planeia reanimar a economia europeia 
através de um importante programa estrutural. Para eles, trata-se de proteger a prosperida-
de americana e afastar o espectro da superprodução nacional. Mas a vontade dos Estados 
36UNIDADE I Contexto Histórico, Econômico e Político no Mundo no Século XX
Unidos de conceder ajuda econômica maciça à Europa encontra também sua origem em 
preocupações políticas. O medo da expansão comunista na Europa Ocidental é sem dúvida 
um fator decisivo tão importante quanto a conquista de mercados novos. 
Os americanos, portanto, se propõem a lutar contra a pobreza e a fome na Europa 
que, segundo eles, mantém o comunismo. Assim, em um discurso que proferiu em 5 de 
junho de 1947, na Universidade de Harvard, em Cambridge, o General Marshall oferece 
assistência	 econômica	 e	 financeira	 a	 todos	 os	 países	 europeus,	 condicionada	 por	 uma	
cooperação europeia mais estreita. É o Plano Marshall.
Muito interessados, França e Grã-Bretanha se reúnem três semanas depois, em 
Paris, em conferência, em que também se adequam à URSS, com o objetivo de desen-
volver	um	programa	comum	em	resposta	à	oferta	do	General	Marshall.	Mas	Vyacheslav	
Molotov, Ministro de Assuntos Estrangeiros da URSS, recusa categoricamente qualquer 
controle internacional e se opõe à recuperação econômica da Alemanha.
A importância política do Plano Marshall não deve ser subestimada. Com esse 
apoio,	o	presidente	americano	Harry	Truman	quer	ajudar	os	povos	livres	da	Europa	a	resol-
ver seus problemas econômicos. Mas também é uma questão de bloquear o comunismo 
que parece ameaçar países como a França e a Itália. Essaestratégia deu frutos, já que nas 
eleições de abril de 1948, o partido chamado “a democracia cristã” prevalece claramente 
sobre	o,	até	então,	influente	Partido	Comunista	Italiano.
O Plano Marshall também é acompanhado por intensa propaganda, o que, de certa 
forma,	foi	uma	“prática	para	Europa”,	com	viagens	pelos	países	beneficiários	para	expor	os	
projetos realizados e os resultados alcançados. A imprensa e os meios audiovisuais aca-
baram divulgando o plano de recuperação europeu que, de fato, era uma arma da guerra 
fria. Com isso, o Plano Marshall marcou a entrada da Europa Ocidental na sociedade de 
consumo,	simbolizado,	por	exemplo,	pelos	filmes	da	Coca-Cola	e	de	Hollywood.
 
1.7.8 A URSS e o bloco oriental
 Em agosto de 1949, a URSS detonou sua primeira bomba atômica e depois, em 
1953, sua primeira bomba termonuclear. A partir de agora, seu título de potência mundial 
não pode mais ser contestado. Na União Soviética, Stalin continuou a governar sozinho. 
As tendências de liberalização do regime que surgiram durante a guerra desaparecem 
novamente e o culto à personalidade de Stalin atinge seu clímax. No entanto, uma nova 
onda de repressão foi interrompida pela morte de Stalin no dia 5 março de 1953.
37UNIDADE I Contexto Histórico, Econômico e Político no Mundo no Século XX
1.7.9 A constituição do escudo soviético
Ampliada no plano territorial, a URSS saiu da guerra coroada com o prestígio da 
luta contra a Alemanha. Se o mundo comunista está limitado à União Soviética, em 1945, 
então, se estende rapidamente para a Europa Central e Oriental, que forma um escudo, 
um espaço tampão protegendo a URSS. A propaganda comunista é muito facilitada pela 
presença do exército soviético nos países da Europa Central e Oriental que libertou.
Gradualmente, os líderes dos partidos não comunistas são colocados de lado, seja 
por descrédito ou intimidação, seja por meio de julgamentos políticos seguidos de prisão 
ou	mesmo	execução.	Três	anos	 são	 suficientes	para	a	URSS	estabelecer	 democracias	
populares lideradas pelos partidos comunistas. Polônia, bem como Hungria, Romênia ou 
mesmo Tchecoslováquia caiu, mais ou menos brutalmente, no aprisco soviético. No entan-
to, com a recusa, a partir de 1948, os comunistas iugoslavos, para alinhar-se com as teses 
do	Cominform,	testemunham	as	dificuldades	para	a	URSS	manter	seu	domínio	sobre	todos	
os países localizados em sua órbita. 
1.7.10 A doutrina de Jdanov e o Cominform
Em 22 de setembro de 1947, delegados dos Partidos Comunistas da União Sovié-
tica, Polônia, Iugoslávia, Bulgária, Romênia, Hungria, Tchecoslováquia, Itália e França são 
convocados a unirem-se perto de Varsóvia e criar o Kominform, um escritório de informações 
localizado em Belgrado. Este rapidamente se torna o órgão de coordenação ideológica do 
movimento comunista, através de seu jornal Pour une paix tough, pour une Démocratie 
populaire. Presente como uma reconstituição do Comintern, o Cominform é, na realidade, 
para a URSS um instrumento para controlar rigidamente os partidos comunistas ocidentais. 
Trata-se	de	fechar	as	fileiras	de	Moscou	e	para	verificar	se	os	comunistas	europeus	estão	
alinhados com a política soviética. Assim, a Iugoslávia de Tito, acusada de desvio, logo será 
excluída do Cominform.
O delegado soviético, ideólogo do PCUS e braço direito de Stalin, Andrei Zhdanov, 
tem a aprovação dos participantes do encontro. A tese de que o mundo agora está dividido 
em dois campos irredutíveis: um campo “imperialista e antidemocrático” liderado pelos 
Estados Unidos e um “Anti-imperialista e democrático” liderado pela URSS.
Essa doutrina constitui a resposta soviética à doutrina Truman. Jdanov condena o 
imperialismo e a colonização, mas defende a democracia Nova. Ele ressalta que o bloco 
anti-imperialista conta com o movimento em todo o mundo trabalhador democrático, tanto 
38UNIDADE I Contexto Histórico, Econômico e Político no Mundo no Século XX
nos partidos comunistas como nos lutadores da libertação nos países coloniais. Em 1947, 
o mundo, portanto, tornou-se bipolar, dividido em dois blocos irreconciliáveis.
Então, em reação ao programa Marshall, a URSS instituiu, em janeiro de 1949, 
uma cooperação com os países do bloco soviético no âmbito do Conselho de Assistência 
Econômica Mútua (CAEM ou Comecon).
1.7.11 Da coexistência pacífica aos paroxismos da Guerra Fria (1953-1962)
Após a morte de Stalin, em março de 1953, seus sucessores foram mais conci-
liadores com os ocidentais. Desde 1955, Nikita S. Khrushchev, o novo primeiro secretário 
do	PCUS,	desenvolveu	uma	política	de	coexistência	pacífica.	Forte	em	sua	liderança	no	
campo termonuclear e espacial, a URSS quer aproveitar o novo clima de paz no mundo 
para trazer de volta a rivalidade entre a União Soviética e os Estados Unidos nos únicos 
domínios ideológicos e econômicos.
Nos Estados Unidos, o presidente Eisenhower teve que levar em consideração 
os perigos de escalada e os riscos de confronto nuclear direto com os soviéticos e, já em 
1953, optou por uma nova estratégia, a do novo visual. Isso combina diplomacia e ameaça 
de retaliação massiva. Além disso, os Estados Unidos não têm mais o monopólio de armas 
atômicas e deve levar em conta o progresso tecnológico da União Soviética, que desde 
1949, adquiriu a bomba atômica e se desfez da bomba H, em 1953.
Porém,	apesar	dos	sinais	encorajadores,	a	desconfiança	e	a	oposição	ideológica	
entre os dois blocos não desapareceram, no entanto, na Europa Oriental, as populações de 
vários estados satélites estão tentando para se libertar do jugo de Moscou e a Guerra Fria 
atingiu seu clímax no início dos anos sessenta.
Na Europa, o status da cidade de Berlim continua sendo um grande problema para 
ambos os superpoderes. A construção do Muro de Berlim, no verão de 1961, removeu o 
último ponto da passagem entre Oeste e Leste. Em outras partes do mundo, a tensão em 
torno da ilha de Cuba atinge o pico no impasse ocorrido em outubro de 1962, entre John F. 
Kennedy	e	Nikita	S.	Khrushchev,	sobre	o	estacionamento	de	mísseis	nucleares	soviéticos	
em Cuba. Alguns eventos chaves na URSS contra o ocidente:
●	 Acordo de Neutralidade da Áustria
●	 “O espírito de Genebra”
●	 A repressão do levante húngaro
●	 A construção do muro de Berlim
●	 A crise cubana
39UNIDADE I Contexto Histórico, Econômico e Político no Mundo no Século XX
1.7.12 Da distensão às tensões renovadas (1962-1985)
Tendo chegado perto de uma guerra nuclear, os Estados Unidos e a URSS extraí-
ram as consequências da Cuba. Esse confronto entre os dois Grandes realmente introduziu 
na guerra fria uma espécie de armistício. Em 1963, uma linha direta – o famoso “telefone 
vermelho” – foi estabelecida entre Washington e Moscou e os dois Grandes iniciam um 
diálogo com o objetivo de limitar a corrida por armamentos.
Existem também outras razões para a moderação de ambos os lados. Os Estados 
Unidos	têm	cada	vez	mais	dificuldade	em	financiar	sua	presença	militar	global	e	o	crescente	
engajamento na Guerra do Vietnã, de 1964, foi duramente criticada pela opinião pública. Na 
Europa, a República Federal da Alemanha está se aproximando da República Democrática 
Alemã, Polônia, Tchecoslováquia e URSS. Como a Europa é ainda no centro do confronto 
Leste-Oeste, busca promover a distensão entre os dois blocos militares. Assim, contribui 
para	a	manutenção	da	paz	mundial	e	aumenta	a	esperança	de	reunificação	do	continente	
na cúpula de Helsinque em 1975.
No entanto, a tentativa de Alexander Dubcek de liberalizar o regime comunista pela 
Tchecoslováquia foi esmagada em agosto de 1968 pela intervenção dos exércitos do Pacto 
de	Varsóvia.	Ao	final	da	década	de	1970,	os	dois	Grandes	buscaram	estender	suas	respec-
tivas	 influências,	especialmente	a	política	soviética	na	África	e	a	 invasão	do	Afeganistão	
pela URSS, esfriando as relações EUA-Soviética. 
No ano de 1980, o ex-presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan, realizou

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