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TBL 1 – DIPNEIA, ESPIROMETRIA, DPOC E ASMA DANIELA FRANCO ESPIROMETRIA - Discutir os padrões respiratórios encontrados na espirometria (obstrutivo e restritivo) citando os parâmetros que são analisados nesse exame. A espirometria é a ferramenta diagnóstica mais utilizada na avaliação funcional respiratória. Além dos valores obtidos de fluxos e volumes, a análise da morfologia de sua curva expiratória e inspiratória também traz informações diagnósticas importantes. A espirometria mede o volume e os fluxos aéreos derivados de manobras inspiratórias e expiratórias máximas forçadas ou lentas. Parâmetros: • Capacidade Vital (CV) - representa o maior volume de ar mobilizado em uma expiração. Pode ser obtida através de manobras forçadas (CVF) ou lentas (CVL). • Volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1) - representa o volume de ar exalado no primeiro segundo durante a manobra de CVF. • Relação VEF1/CV - Razão entre volume expiratório forçado no primeiro segundo e a capacidade vital, sendo muito importante para o diagnóstico de um distúrbio obstrutivo. Para isto, podemos considerar tanto o VEF1 /CVF quanto o VEF1 /CVL. • Fluxo expiratório forçado intermediário (FEF25- 75%) - representa o fluxo expiratório forçado médio obtido durante a manobra de CVF, na faixa intermediária entre 25 e 75% da CVF. • Pico de fluxo expiratório (PFE) - representa o fluxo máximo de ar durante a manobra de CVF. Guarda dependência com o esforço, o que o torna um bom indicador da colaboração na fase inicial da expiração. • Curva fluxo-volume - é uma análise gráfica do fluxo gerado durante a manobra de CVF desenhado contra a mudança de volume. Frequentemente também a curva fluxo-volume prevista é desenhada para comparação visual, o que facilita na identificação de padrões obstrutivos, restritivos, amputações de fluxos inspiratórios ou expiratórios, e avaliação da resposta ao broncodilatador. DOENÇA OBSTRUTIVA Distúrbio ventilatório obstrutivo (DVO) é caracterizado por redução do fluxo expiratório em relação ao volume pulmonar expirado. O estreitamento das grandes/ pequenas vias aéreas resulta em uma maior redução do VEF1 em relação à CVF, resultando numa relação VEF1 / CVF reduzida (abaixo do Limite Inferior da Normalidade – LIN) ou redução no VEF1 /CVL. A alça fluxo- volume apresenta uma concavidade característica na curva expiratória DOENÇA RESTRITIVA O distúrbio ventilatório restritivo (DVR) é definido como a redução da capacidade pulmonar total e a manutenção da relação VEF1 /CVF normal ou aumentada. A espirometria pode sugerir DVR quando ocorre redução significativa da capacidade vital (CV) associada à relação VEF1 /CVF normal ou aumentada. Redução da CV abaixo do LIN se correlaciona em somente em 50% dos casos com CPT reduzida. Portanto, não se deve taxar um distúrbio como sendo restritivo somente pela redução da capacidade vital. O comportamento dos fluxos expiratórios na espirometria forçada pode sugerir a etiologia de um distúrbio restritivo. Processos parenquimatosos pulmonares, como na fibrose pulmonar intersticial, possuem um recolhimento elástico muito aumentado e, como consequência, o FEF25-75% é elevado - Correlacionar a espirometria com asma e DPOC em relação a resposta ao broncodilatador (sem resposta= provável enfisematoso; com resposta= possivelmente asmático ou com reatividade brônquica presente ....) A espirometrai é realizada com sopros fortes antes e 3 sopros fortes depois do uso do broncodilatador (Fenoterol ou Sabultamol), geralmente uns 20 minutos após. Se o paciente apresentar melhora após a administração do sabultamol é asma se não é DPOC. ASMA E DPOC - Diferenciar fisiopatologicamente asma e DPOC – lembrar-se da reação inflamatória e reversível da asma e irreversível e acumulativa da DPOC. ASMA Asma é uma doença inflamatória crônica e intermitente das vias aéreas, caracterizada por exacerbações de dispneia, tosse, sibilos, obstrução variável ao fluxo aéreo e hiper- responsividade das vias aéreas. Normalmente é reversível, mas pode ser grave e fatal. FISIOPATOLOGIA: a asma é uma doença causada por uma resposta Th2 exagerada, mediada principalmente por IgE. Exposição a alérgenos, poeira, agentes químicos, infecções virais e fatores não identificados podem precipitar inflamação da submucosa, com hiper-reatividade da musculatura lisa das vias aéreas. Os níveis séricos de IgE são frequentemente aumentados em pacientes asmáticos, sugerindo uma ativação crônica da imunidade humoral. O processo inflamatório crônico pode, a longo prazo, levar a remodelamento das vias aéreas com fibrose e hipertrofia de musculatura lisa. Da mesma forma, alterações estruturais nas vias aéreas de indivíduos asmáticos contribuem para o desenvolvimento e a progressão da doença. Outro mecanismo envolvido na crise asmática está relacionado à inervação autonômica das vias aéreas. A ativação de células inflamatórias e a liberação de mediadores inflamatórios, como leucotrienos e bradicininas, alteram o limiar de despolarização de neurônios dos brônquios e bronquíolos, o que pode causar aumento da irritabilidade das vias aéreas. O fator precipitante mais comum de exacerbação aguda de asma é a infecção viral, responsável por cerca de 80% dos casos. As infecções virais podem causar reação inflamatória prolongada nas vias aéreas com necessidade de uso de corticosteroide por período maior que 1 semana. A exposição a aeroalérgenos e mudanças climáticas também são fatores precipitantes de exacerbação aguda de asma e podem desencadear uma crise asmática em apenas algumas horas. CLÍNICA: tríade clínica composta por dispneia, opressão torácica e sibilância. Fatores que causam exarcebação de asma: • História de intubação ou de necessidade de UTI (mais importante preditor de evolução desfavorável) • História de exacerbação grave, cujo aparecimento é súbito • Paciente com má percepção dos sintomas (apresenta poucos sintomas apesar de ter um grave broncoespasmo) • Rápida piora clínica Alergia alimentar • História de doença psiquiátrica e problemas psicossociais • Uso de mais de 2 frascos de beta-2- agonista/mês • Acompanhamento ambulatorial inadequado • Presença de comorbidades (cardiovasculares ou DPOC) • Hospitalização no último ano Três ou mais visitas ao pronto-socorro em período inferior a 1 ano TRATAMENTO: 1º B-2-agonista de curta duração → feitos 3x na primeira hora, com espaçamento de 20 minutos entre cada administração. OBS: se melhora, o paciente recebe alta com prescrição de B-2- agonista de longa duração + corticosteroide via oral (Prednisona), com o uso de pelo menos 3-7 dias. 2º Se ausência de melhora, considerar ainda o uso de B-2-agonista de curta duração, porém com o espaçamento de 1 hora entre as inalações. Doses: 4-8 puffs de salbutamol ou 10-20 gotas (2,5 a 5mg) de fenoterol/ albuterol diluídas em 3-5ml de SF. 3º Ainda se não houver melhora, pode-se associar ipratrópio ao sabultamol. Doses: 40 gotas de brometo de ipratrópio repetidas em inalações juntamente com o sabultamol. 4º Se ausência de melhora, associar corticosteroides. Doses: 40-80 mg Prednisona/ DU (é recomendado uma dose menor que 60mg ao dia) / VO ou IV OU 20-60mg Metilprednisolona/ a cada 6h ou 12h/ IV OU 200-300mg Hidrocortisona/ EV no primeiro dia, seguida de 100mg / a cada 6h ou 8h / EV. 5º Se mesmo assim não houver melhora, pode-se usar Sulfato de Magnésio. Doses: 1,2-2g diluídos em SF de 100-500ml EV para correr em 20 minuto DPOC A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é caracterizada por uma obstrução fixa da via aérea causada por enfisema, bronquite crônica ou ambos. ➔ Bronquite crônica: tosse produtiva por mais de 3 meses por 2 anos consecutivossem outra explicação aceitável. ➔ Enfisema pulmonar: destruição da parede dos espaços aéreos distais ao bronquíolo terminal. Vários processos fisiopatológicos pulmonares podem cursar com enfisema, mas na DPOC o enfisema ocorre sem fibrose significativa Os processos fisiopatológicos da DPOC causam alterações estruturais e funcionais que incluem: ✓ Diminuição significativa do VEF1, com alteração da relação VEF1/CVF. ✓ Aumento do volume residual e da capacidade residual funcional. ✓ Aumento da capacidade pulmonar total e redução da capacidade vital. ✓ Limitação da capacidade de esforço. ✓ Hiperinsuflação pulmonar levando a disfunção diafragmática com retificação de cúpula visível na radiografia de tórax. ✓ Hipersecreção mucosa por processo inflamatório brônquico. ✓ Anormalidades de trocas gasosas por hipoventilação com hipoxemia e hipercapnia. ✓ Vasoconstrição pulmonar secundária a hipóxia e tardiamente hipertensão pulmonar secundária. Funcionalmente é caracterizada por redução no volume expiratório forçado de primeiro segundo (VEF1) < 80% do predito após uso de broncodilatador ou uma relação do VEF1 sobre a capacidade vital forçada (CVF) < 70%. Os pacientes podem ser classificados em relação à DPOC de acordo com a classificação GOLD: CLÍNICA: A tosse é o sintoma mais encontrado, pode ser diária ou intermitente e pode preceder a dispnéia ou aparecer simultaneamente a ela. O aparecimento da tosse no fumante é tão freqüente que muitos pacientes não a percebem como sintomas de doença, considerando-a como o “pigarro do fumante”. A tosse produtiva ocorre em aproximadamente 50% dos fumantes. A dispnéia é o principal sintoma associado à incapacidade, redução da qualidade de vida e pior prognóstico. É geralmente progressiva com a evolução da doença. Muitos pacientes só referem a dispnéia numa fase mais avançada da doença, pois atribuem parte da incapacidade física ao envelhecimento e à falta de condicionamento físico. EXAMES COMPLEMENTARES - Discutir outros exames complementares e correlação com exame físico (Ex: Rx tórax hiperinsuflado associado a diminuição do MV e retenção de CO2 na gasometria; etc.) Saturação arterial de oxigênio: se menor do que 90%, orienta a prescrição de oxigenioterapia suplementar. Prova de função pulmonar ou aferição do pico de fluxo (peak-flow): indicada para todos os pacientes com exacerbação aguda de asma no DE. Os pacientes são reavaliados constantemente com peak-flow (idealmente a cada hora) para verificar necessidade de modificação no plano terapêutico ou possibilidade de alta hospitalar. Radiografia de tórax: recomendada em todos os pacientes avaliados no DE. Achados típicos de DPOC incluem diafragma direito abaixo da sétima costela, aumento do espaço retroesternal e diâmetro cardíaco < 11,5 cm. Achados que sugiram fator precipitante incluem consolidações pneumônicas e pneumotórax. Gasometria arterial: indicada para todos os pacientes com desconforto respiratório importante, VEF1 ou pico de fluxo expiratório (PFE) < 50% do predito. Os pacientes que apresentam PaCO2 > 45 mmHg são candidatos a internação em UTI. Hemograma: indicado para pacientes febris com expectoração purulenta. Eletrólitos: indicados para pacientes com necessidade de internação. Eletrocardiograma: indicado para pacientes com antecedente de doença cardíaca, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) ou idade maior do que 50 anos. Troponinas: considerar em pacientes com taquicardia ou isquemia miocárdica potencial. Glicemia: solicitar em todos os pacientes em que se considere internação hospitalar. Peptídeo natriurético cerebral plasmático (BNP) e D-dímero: avaliação de pacientes em que se considera o diagnóstico diferencial de insuficiência cardíaca ou de TEP. A suspeita deve existir em pacientes com achados como crepitação na ausculta torácica, edema periférico, achados radiológicos sugestivos de congestão vascular, derrame pleural ou fatores de risco para tromboembolismo. O D-dímero não costuma ser útil em pacientes com DPOC TRATAMENTO - Entender o tratamento ambulatorial para distúrbio obstrutivo com e sem resposta ao broncodilatador. Citar tratamento medicamentoso e não medicamentosos como Fisioterapia, indicações de O2 domiciliar Os principais componentes do tratamento das exacerbações agudas de DPOC incluem a reversão da limitação ao fluxo aéreo com broncodilatadores inalatórios de curta ação e glicocorticoides sistêmicos, tratamento de infecções, oxigenação adequada e suporte ventilatório, se necessário. Os pacientes precisam ser monitorizados com oximetria e submetidos a avaliação da ausculta, frequência e esforço respiratório. A gasometria arterial é realizada para procurar acidose respiratória e confirmar a precisão da saturação de oxigênio de pulso. ✓ Oxigenoterapia A administração de oxigênio suplementar deve objetivar atingir saturação de oxigênio (SatO2 ) de 88 a 92% ✓ Broncodilatadores Os agentes agonistas beta- adrenérgicos inalatórios (p. ex., albuterol, fenoterol e terbutalina) e os anticolinérgicos (incluindo brometo de ipratrópio) podem melhorar o fluxo de ar durante as exacerbações da DPOC. As medicações beta-2- agonistas podem ser utilizadas com bombinhas com dosímetro e espaçador ou nebulizador. Doses: Beta-agonistas inalatórios - salbutamol ou fenoterol: 10 gotas (2,5 mg) diluídas em 3 a 5 mL de soro fisiológico; realizar três inalações a cada 15-20 minutos ou mesmo contínuas. Após as primeiras 3 inalações, espaçar as inalações em 1/1 hora ou mais, aumentando o tempo de intervalo conforme a melhora do paciente. O uso de salbutamol (4puffs) em bomba com espaçador é uma alternativa aceitável. Atualmente a maioria dos autores recomenda que a dose de salbutamol ou fenoterol não ultrapasse 10 gotas em cada inalação. Anticolinérgico - 20-40 (250 a 500 mcg) gotas em cada inalação com beta-2- agonistas. Tendência a usar dose máxima. Alternativamente, dois a quatro jatos (18 mcg por jato) podem ser administradas por dosímetro com um espaçador a cada quatro horas, conforme necessidade. A administração de um broncodilatador pode aumentar o VEF1 e a capacidade vital forçada (CVF) em 15 a 29% dos pacientes por um período de 60 a 120 minutos. Os agonistas beta-adrenérgicos são equivalentes aos agentes anticolinérgicos em estudos. Particularmente em casos graves, a associação de beta-agonistas adrenérgicos e anticolinérgicos é recomendada. ✓ Os glicocorticoides sistêmicos aceleram a melhora do fluxo aéreo, das trocas gasosas e dos sintomas, diminuem o tempo de internação hospitalar e reduzem a taxa de falha do tratamento. Doses: A dose de prednisona é de 40 mg por via oral (VO) ou uso endovenoso de metílprednisolona EV 20-60 mg a cada 6 horas em casos graves nas primeiras 72 horas. As diretrizes sugerem que os glicocorticoides (prednisona 30 a 40 mg/dia) sejam administrados por cinco dias, enquanto as diretrizes da European Respiratory Society/ American Thoracic Society sugerem um curso de terapia de até 14 dias de duração. ✓ Antibióticos Os antibióticos parecem ser úteis em pacientes com exacerbações graves com pelo menos dois sintomas cardinais. doxiciclina, sulfametoxazol-trimetoprima ou amoxicilina por 10 dias, os pacientes com exacerbações mais graves (presença de pelo menos dois dos três critérios cardinais: piora da dispneia, secreção purulenta e aumento do volume de expectoração) apresentaram maior benefício do tratamento do que aqueles com exacerbações mais leves. duração do tratamento com antibióticos é de 5 a 10 dias. ✓ Monitorar o balanço hídrico em pacientes internados. ✓ Considerar uso de profilaxia de TEV. Tratar condições associadas. ✓ Introduzir, na alta hospitalar, beta-2-agonistasde longa duração para os pacientes com indicação. ✓ Suporte nutricional. ✓ Avaliação para cuidados paliativos: dada a alta taxa de mortalidade de 1 ano após a hospitalização por uma exacerbação da DPOC, pode ser apropriado considerar encaminhamento para cuidados paliativos durante ou após a hospitalização para uma exacerbação da DPOC. ✓ Orientação e medidas para interrupção do tabagismo. ✓ Fisioterapia respiratória: não mostrou benefício em exacerbações agudas de DPOC. Técnicas mecânicas para aumentar a expectoração, como tosse dirigida, fisioterapia respiratória com percussão e vibração, respiração com pressão positiva intermitente e drenagem postural, não demonstraram ser benéficas na DPOC e podem provocar broncoconstrição. - Esquematizar o tratamento da crise de broncoespasmo na emergência. Exacerbação leve: tratada apenas com broncodilatadores de curta duração. Exacerbação moderada: tratada com broncodilatadores de curta duração e antibióticos e/ou glicocorticoides. Exacerbação grave: necessidade de hospitalização ou paciente com insuficiência respiratória. Objetivos do tratamento: 1. Tratar • Infecção, TEP, pneumotórax, isquemia cardíaca, arritmia e ICC 2. Melhorar a oxigenação do paciente • Manter SpO2 entre 90 e 92% 3. Diminuir a resistência das vias aéreas • Broncodilatadores, corticóides e fisioterapia respiratória 4. Melhorar a função da musculatura respiratória • Suporte ventilatório não-invasivo, nutrição adequada, ventilação mecânica COMPLICAÇÕES - Explicar a evolução do DPOC e complicações futuras como exacerbação infecciosas, hipoxemia, cor pulmonale A própria DPOC geralmente não causa a morte ou sintomas graves se a pessoa parar de fumar em uma época em que o fluxo de ar está apenas levemente obstruído. Com obstrução moderada e grave, o prognóstico torna-se progressivamente pior. Infecções respiratórias: pessoas com DPOC são mais suscetíveis a resfriados e pneumonia. Qualquer infecção respiratória pode tornar a respiração muito mais difícil e produzir mais danos ao tecido pulmonar. Cor pulmonale é o aumento do ventrículo direito secundário à pneumopatia, o qual provoca hipertensão arterial pulmonar, sucedida por insuficiência ventricular direita. Segue-se insuficiência ventricular direita. Os achados são edema periférico, distensão das veias do pescoço, hepatomegalia e impulso paraesternal
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