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Gestão de Negócios Sustentáveis VILSON SÉRGIO DE CARVALHO 1ª Edição Brasília/DF - 2018 Autores Vilson Sérgio de Carvalho Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração Sumário Organização do Livro Didático....................................................................................................................................... 4 Introdução ............................................................................................................................................................................. 6 Capítulo 1 O Novo Paradigma Ambiental .................................................................................................................................. 9 Capítulo 2 Em Busca da Sustentabilidade Empresarial ......................................................................................................20 Capítulo 3 A Estratégia da Ecoeficiência e seus Efeitos .....................................................................................................33 Capítulo 4 Marketing Verde e Sustentabilidade ....................................................................................................................42 Capítulo 5 A Importância da Valoração Ambiental .............................................................................................................52 Capítulo 6 Empreendedorismo e Sustentabilidade ............................................................................................................61 Referências ........................................................................................................................................................................79 4 Organização do Livro Didático Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares. A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização do Livro Didático. Atenção Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado. Cuidado Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado. Importante Indicado para ressaltar trechos importantes do texto. Observe a Lei Conjunto de normas que dispõem sobre determinada matéria, ou seja, ela é origem, a fonte primária sobre um determinado assunto. Para refletir Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões. 5 OrGANIzAçãO DO LIVrO DIDátICO Provocação Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista. Saiba mais Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões sobre o assunto abordado. Sintetizando Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos. Sugestão de estudo complementar Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso. Posicionamento do autor Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado. 6 Introdução Há muito a sustentabilidade deixou de ser apenas uma ideia para se tornar uma filosofia de trabalho e até mesmo de vida comprometida com o bem-estar social, a qualidade de vida e uma sociedade sustentável. Com o passar do tempo e uma maior conscientização do mercado, as empresas foram não apenas percebendo essas mudanças, mas também assumindo gradativamente um novo papel como agentes dessa transformação em prol da defesa da sociedade e do meio ambiente. Esta disciplina de Gestão de Negócios Sustentáveis analisa como as empresas têm respondido ao desafio da sustentabilidade por meio da adoção de um novo paradigma ecológico na sua maneira de existir e fazer negócios. Nessa nova filosofia empresarial a preocupação com a responsabilidade socioambiental tem ocupado um lugar de destaque no negócio organizacional com efeitos significativos para a continuidade e sucesso. Os chamados “negócios sustentáveis” fazem parte de um novo modelo empresarial, cujas ofertas de produtos/serviços se baseiam na adoção de práticas que favoreçam o meio ambiente em todas as suas etapas de produção/oferta. Esse novo formato de negociação pressupõe identificar e controlar múltiplos aspectos, impactos e riscos ambientais diretos e indiretos. Do mesmo modo, exige igualmente uma avaliação profunda e transparente dos possíveis impactos que o ramo do negócio e suas atividades causam à sociedade e ao meio ambiente (análise de desempenho ambiental). Para entendermos como a negociação sustentável funciona começaremos do básico examinando alguns conceitos elementares para a organização que pretende ser sustentável como sustentabilidade empresarial, ecoeficência, marketing ecológico, valoração ambiental, desenvolvimento sustentável e melhoria da performance ambiental, bem como suas estratégias e os seus principais efeitos. No decorrer dos capítulos estes temas foram analisados de forma integrada aprofundando o diálogo com a temática da negociação sustentável. Na conclusão do Livro Didático, a partir dos autores consultados e da análise dos exemplos de diferentes organizações sustentáveis deduzimos que a opção pela sustentabilidade empresarial se constitui, atualmente, em uma estratégia fundamental não apenas para o sucesso de um negócio, modificando-o completamente sua estrutura e atuação, mas também para a própria continuidade. 7 INtrODuçãO Objetivos do Livro Didático » Entender a importância do desenvolvimento sustentável nos dias atuais e sua relação com o mundo dos negócios. » Refletir sobre como as organizações precisaram se ajustar a um novo paradigma ecológico repensando sua filosofia de fazer negócios e adotando políticas e sistemas gerenciais pautados na busca da sustentabilidade. » Apresentar o perfil do novo consumidor, mais consciente e focado nas práticas de organizações mais socialmente responsáveis. » Analisar o empreendedorismo sustentável, oriundo das novas demandas sociais e ambientais, como uma prática de negócios de muita rentabilidade e possibilidades de lucro para as empresas no séc. XXI. » Compreender conceitos e práticas relativas ao marketing ecológico, a ecoeficência e a valoração ambiental bem como seus principais desafios e efeitos dentro e fora das organizações que visam a sustentabilidade. 9 Apresentação Este primeiro capítulo visa contextualizar as discussões sobre negociação sustentável examinando o novo paradigma ecológico vigente e como este impactou as organizações não apenas na forma de realizar negócios, mas de existir enquanto organização. Ela irá mostrar como Líderes do mundo inteiro tem buscado entender como procurar e aplicar a sustentabilidade nos seus negócios, como uma exigência tanto de um novo mercado como de um novo consumidor, mais consciente e exigente destas práticas, quanto da urgência imposta por uma crise ambiental gravíssima. Veremos também nesse primeiro capítulo alguns conceitos elementares e fundamentais para a compreensão do que seja uma negociação sustentável tais: como desenvolvimento, desenvolvimento sustentável, responsabilidadeambiental e sustentabilidade em seus diferentes âmbitos e desafios. Aprenderemos que a empresa que efetivamente deseja fazer negócios sustentáveis precisa ir além das aparências e incorporando uma série de mudanças estruturais e estratégicas pautadas no cuidado com os impactos ambientais que decorrentes de seu negócio. Essa não é uma tarefa simples, mas a cada dia se torna um imperativo abrindo novas oportunidades de trabalho para quem deseja atuar nessa área. Desta forma, vamos aos pontos essenciais que serão analisados neste primeiro momento: Objetivos: Esperamos que, após o estudo do conteúdo deste capítulo, você seja capaz de: » Compreender o que é desenvolvimento. » Conhecer a história do modelo de desenvolvimento sustentável, seus desafios e exigências. » Entender o novo paradigma ecológico organizacional vigente. » Relacionar a sustentabilidade com o mundo dos negócios. » Perceber a sustentabilidade como um fator estratégico para empresas que pretendem se destacar no mercado atual. 1CAPÍTULOO NOVO PArADIGMA AMBIENtAL 10 CAPÍTULO 1 • O NOVO PArADIGMA AMBIENtAL Figura 1. Fonte: <https://encryptedtbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GctCIm226yA_IwDEOIEFrtE YDvyir7KdxZD92LIfIP5jT4hc5BGM> Examinando Alguns Conceitos-Chave Começaremos nossas reflexões sobre Negócios sustentáveis a partir do exame de alguns conceitos-chave como Negócio, Desenvolvimento Sustentável e Sustentabilidade. A ideia de negócio vai muito além de uma transação comercial ou barganha. Sua etimologia remete ao latim “negocium” (atividade difícil e trabalhosa; aquilo que não é lazer). Trata-se de um processo de comunicação interativo entre duas ou mais partes que se encontram para realizar algum tipo de acordo na qual ambas as partes alcancem um resultado satisfatório. Isso pode se referir tanto a um processo de compra e venda de produtos e/ou serviços quanto a resolução de algum tipo de conflito. Em uma organização privada o negócio reflete a razão de ser da empresa estando muitas vezes presentes na missão adotada em termos do papel que desempenha junto aos seus clientes e demais interessados (mercado). Vejamos agora outros conceitos importantes: Desenvolvimento Sustentável e Sustentabilidade. Em 1987, durante a Assembleia Geral das Nações Unidas, a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD) apresentou ao mundo uma Agenda Global para Mudanças que ficou conhecida como o Relatório “Our Common Future” (Nosso Futuro Comum), coordenado pela então primeira-ministra da Noruega: Gro Harlem Brundtland (foto acima) que tinha como meta a orientação dos diferentes países do globo em direção ao Desenvolvimento Sustentável ou Autossustentável. O título escolhido para nomear o relatório, se referindo a um futuro “nosso e comum”, já expressava a essência de seu conteúdo, ressaltando a realidade de estarmos todos num mesmo planeta (nave-mãe), consequentemente sob as mesmas pressões e dificuldades, e no qual somente por meio da soma de esforços seria possível obter resultados favoráveis. 11 O NOVO PArADIGMA AMBIENtAL • CAPÍTULO 1 Saiba mais Informações complementares: A CMMAD foi criada na Assembleia Geral da ONU em 1983, realizando um extensivo trabalho de pesquisa e estudos sobre a situação ambiental e econômica do planeta num período de 5 anos (1983-1987). A Comissão foi formada por 21 membros, oriundos de diferentes países, em diferentes estágios de desenvolvimento. Gro-Brundtland patrocinou reuniões em diferentes partes do mundo, inclusive em SP, para se discutir problemas ambientais gerais e específicos, bem como suas soluções desde a Conferência de Estocolmo (1972). (CARVALHO, 2001) A compreensão do que seja desenvolvimento sustentável exige que examinemos também esses dois conceitos separadamente: “Desenvolvimento” e “Sustentabilidade” Iniciamos pelo termo desenvolvimento. A ideia “desenvolver”, sugere a ação de “desembrulhar” e, portanto, de ampliar algo. Trata-se, na verdade, de termo que que faz referência a muitos campos e assuntos bastante diversificados tais como: desenvolvimento humano, desenvolvimento rural, desenvolvimento econômico, desenvolvimento sustentável, etc. Nesse sentido, o termo desenvolvimento possui uma enorme quantidade de vertentes. De um modo geral, desenvolvimento pode ser entendido como um processo, uma forma de evolução, ou seja, algo pequeno que se torna grande, algo que sofre mudanças, algo que se transforma dentro de um processo evolutivo. O desenvolvimento sempre é considerado um processo evolutivo, deixando claro que a conotação para o termo dentro do contexto é sempre positivo; sempre indicando uma passagem de um estágio inferior a um estágio superior. O conceito do termo está ligado a uma série de coisas e de situações várias (pessoas, fenômenos etc.). Durante muito tempo, como denuncia Furtado (1996) o desenvolvimento foi entendido meramente como um processo de acumulação de capital impulsionado pelo avanço tecnológico, o economista deu muito pouco, ou mesmo nenhuma, atenção aos efeitos da acumulação de capital no plano cultural e muito menos com relação a seus impactos no meio físico. Vista como “comodditie” a natureza não ocupava qualquer preocupação aos economistas naquele período. Rejeitando essa forma puramente economicista, de se pensar o desenvolvimento, Pedro Demo (1983), entende que o não significa apenas “a sociedade que cresce, mas aquela que cresce para ser mais habitável” (Demo, 1983: 154). Isto é, o desenvolvimento só tem sentido, na medida em que colabore (direta ou indiretamente) para uma melhoria da qualidade de vida da população, sendo impossível a possibilidade de compreendê-lo apenas como crescimento econômico, já que este, visto apenas como uma unidade isolada, não representa um avanço em termos de qualidade de vida. Nesse sentido, a missão fundamental do desenvolvimento é precisamente a promoção humana em todos os níveis (CARVALHO, 2002). Seguiremos em nossas reflexões analisando o conceito de sustentabilidade: 12 CAPÍTULO 1 • O NOVO PArADIGMA AMBIENtAL O termo sustentabilidade foi cunhado pela primeira vez em 1713 por Carlowitz, que o empregou para caracterizar uma técnica de uso do solo que garantisse durante um longo período, rendimentos para a produção florestal (CARVALHO, 2001). Figura 2. Fonte: <http://www.dinamicambiental.com.br/blog/wp-content/uploads/2014/02/1-entenda-gestao-ambiental-influencia- desenvolvimento-sustentavel.jpg> Lançando mão de um termo originário da ecologia natural: a sustentabilidade - usado para denominar a “tendência dos ecossistemas à estabilidade, à homeostase, ao equilíbrio dinâmico, baseado na interdependência e complementaridade das formas vivas diversificadas” (HERCULANO, 1992: 13) - e combinando este à noção de desenvolvimento, a CMMAD, quis mostrar a importância de uma correção dos modelos e estratégias de desenvolvimento até então empregadas no mundo, de forma a garantir um melhor padrão de vida que se “sustentasse” ao longo dos séculos. Embora alguns autores achassem que os termos em si eram contraditórios, a apropriação trabalha com a ideia de que “equilibrado” não significa “estacionado”, mas em constante movimento, ou melhor, em sucessivas ações para se manter em equilíbrio; o que anularia a possibilidade de referências a uma situação de “equilíbrio”, como uma situação de “imobilidade”. A utilização do conceito em si, não é uma ideia original, já que o próprio Relatório do Clube de Roma muito antes, também já havia utilizado, literalmente, o termo sustentável, ao defender a importância do desenvolvimento de um sistema mundial sustentável capaz de satisfazer as necessidades materiais básicas de todos os habitantes do planeta (MEADOWS, 1972). No entanto, apesar deste e outros estudos já terem considerado não só a questão das limitações externas da capacidade de resistência dos recursos do planeta, mas também as necessidades internas das necessidades humanas; o Relatório Brundtland, comoSaiba mais Informações complementares: O Clube de Roma é uma ONG, formada em 1968 por cientistas, políticos e industriais com o objetivo de analisar os limites do crescimento econômico levando em conta o crescimento da população e o uso crescente de recursos naturais. Foram pioneiros em alertar que existem limites para a demanda de recursos planetários sendo necessário respeitar a finitude. 13 O NOVO PArADIGMA AMBIENtAL • CAPÍTULO 1 também é conhecido, merece destaque pelo mérito de apresentar ao mundo - a partir de um exaustivo trabalho conjunto e interdisciplinar de pesquisa - uma proposta nova e atualizada de desenvolvimento social e econômico que procurava “atender as necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das gerações futuras atenderem suas próprias necessidades” (BRUNDTLAND, 1991: 46), sublinhando as interconexões existentes entre economia, tecnologia, política e sociedade; e chamando atenção da comunidade internacional para a importância “da adoção de uma nova postura ética, caracterizada pela responsabilidade tanto entre as gerações, como entre os membros contemporâneos da sociedade atual” (BRÜSEKE, 1995: 33). A noção mais atual de sustentabilidade o define como um conceito sistêmico associado de quatro ideias chave: socialmente justo; economicamente viável; ecologicamente correto ou ambientalmente equilibrado e culturalmente aceito. Poderíamos representar estes 4 pilares da seguinte forma: Figura 3. CULTURALMENTE ACEITO ECOLOGICAMENTE CORRETO ECONOMICAMENTE VIÁVEL V SOCIALMENTE JUSTO V Fonte: (autoria própria) A proposta do Desenvolvimento Sustentável é sem dúvida a mais conhecida proposta de desenvolvimento que tenta aliar crescimento e equilíbrio ecológico, sendo inclusive, a mais divulgada na imprensa e até mesmo na academia, tornando-se uma espécie de “denominador comum no discurso político internacional, na área diplomática e nas atividades educacionais e legislativas” (ALMEIDA Jr., J., 1993: 43). Entidades internacionais como a UNESCO e o Banco Mundial, adotaram-na para marcar uma nova filosofia do desenvolvimento que combina eficiência econômica, justiça social e prudência ecológica (BRÜSEKE, F., 1995). Para muitos autores, a adequação “sustentável” em si, teria a vantagem de já trazer a marca da multirreferencialidade, levando em consideração outros adjetivos como “integrado”, “equilibrado” ou “endógeno”, e acrescentando a estes o princípio de “equidade entre gerações”, aliado a questão dos valores que se agregam ao termo “sustentável”. 14 CAPÍTULO 1 • O NOVO PArADIGMA AMBIENtAL Supondo uma transformação progressiva da economia e da sociedade, ou melhor, pretendendo uma “nova ordem internacional” a proposta do Desenvolvimento Sustentável é endossada como aquela que implica num processo onde a exploração de recursos, a direção dos investimentos, as mudanças institucionais e a orientação do desenvolvimento tecnológico se harmonizariam para reforçar o potencial presente e futuro e garantir a satisfação das necessidades e as aspirações futuras da humanidade (BRUNDTLAND, 1991), compreendendo um duplo comprometimento com os seres humanos e a ambiência (CARVALHO, 2001). Entretanto, sua aplicabilidade e consequente possibilidade de sucesso não são tarefas fáceis, já que requerem, segundo a Comissão Brundtland, uma complexa sustentação de diferentes sistemas interligados e dependentes: um sistema político que assegure a efetiva participação dos cidadãos no processo decisório; um sistema econômico capaz de gerar excedentes e know-how técnico em bases confiáveis e constantes; um sistema social que possa resolver as tensões causadas por um desenvolvimento não-equilibrado; um sistema de produção que respeite a obrigação de preservar a base ecológica do desenvolvimento; um sistema tecnológico que busque constantemente novas soluções e um sistema administrativo flexível capaz de autocorrigir (BRUNDTLAND, 1991: 70). Para refletir Isso implica em um montante substancial de recursos a serem dispendidos para a sustentação do equilíbrio entre esses sistemas e os subsistemas a eles relacionados, o que na maioria dos casos, especialmente para os países em desenvolvimento se constitui numa barreira considerável. Além do custo financeiro, existe uma série de outros fatores que com certeza, também interferem nesse processo, como a falta de conscientização política devido os elevados índices de analfabetismo em muitos países; as graves desigualdades sociais e ainda as relações desfavoráveis do comércio internacional, tendo em vista o fato de que os países detentores dos produtos manufaturados e tecnologia avançada (valor mais alto de mercado) terem sempre maior poder de barganha do que os demais países que negociam com matérias-primas. O impasse para aplicabilidade do Desenvolvimento Sustentável, por meio de projetos exequveis, está justamente na resolução dessas dificuldades, que não devem ser encaradas como restrições irremovíveis, mas como desafios a serem superados. Agora que examinamos os conceitos-chaves anteriores, fica mais fácil entender a ideia de negócio sustentável, ou seja, um tipo de negociação comercial pautada na sustentabilidade. Uma forma de fazer negócios que se preocupe com os possíveis impactos negativos na cadeia produtiva social ou ambiental. O que implica tanto em aplicar a sustentabilidade em todas as etapas do negócio (desde a aquisição de matéria-prima, por exemplo, até a comercialização do produto final) e a rejeição de qualquer negociação que venha trazer qualquer tipo de prejuízo ambiental. Atenção Como veremos fazer negócios sustentáveis envolve a adoção de um planejamento estratégico no qual a preocupação socioambiental ocupa, de fato, um foro privilegiado. Não se trata apenas de ter um discurso ambiental ou uma espécie de marketing verde. Para fazer um negócio sustentável a empresa precisa ser realmente sustentável, isto é, priorizar uma responsabilidade socioambiental de modo que a atuação sustentável da empresa perpasse todos os níveis organizacionais desde a estratégia até a operação. 15 O NOVO PArADIGMA AMBIENtAL • CAPÍTULO 1 Figura 4. Fonte: <https://www.creditooudebito.com.br/10-motivos-para-investir-empresas-sustentaveis/> O Novo Paradigma Ecológico: Ao longo da última década do século XX, frente aos alertas de ambientalistas, pesquisadores e estudiosos, todas as nações passaram a dedicar uma atenção cada vez maior aos impactos ambientais causados pelo homem, principalmente a alguns fatores comprovados como o aquecimento global, declínio dos ecossistemas, o aumento da poluição e à urbanização descontrolada. A princípio julgou-se que essa preocupação com o meio ambiente não passaria de mais um modismo, um discurso ecológico sem maiores consequências, mas a verdade é que a prudência ecológica nas organizações, antes tida como alternativa e opcional, hoje se tornou fundamental e imperativo estabelecendo assim um novo paradigma (LAVILLE, 2009). Para satisfazer aos anseios e às necessidades de um mercado cada vez mais exigente, é preciso produzir e para tal é necessário obter dos recursos naturais o insumo necessário. O ambiente natural na forma de recurso tornou-se a mola propulsora dessa prática mercadológica. Entretanto, durante muito tempo, os efeitos gerados por esta prática, no que diz respeito à dimensão socioambiental, estiveram em segundo plano ou não, sendo levada em consideração ou sendo minimizada em função dos lucros passíveis de obtenção. Até a década de 1970, a preocupação efetiva com as questões ambientais se restringia ao mero cumprimento de normas de poluição determinadas pelos órgãos reguladores, sendo notório o distanciamento entre as atividades econômicas e as políticas voltadas para a proteção ambiental (SILVA FILHO; SICSÚ, 2003). Gradativamente, conforme a sociedade foi se tornando consciente da necessidade de preservar o meio ambiente, as organizações foram se sentindo mais pressionadas para quesuas atividades econômicas sejam desenvolvidas de uma maneira mais racional e ecologicamente correta. Exigente, o mercado consumidor tende cada vez mais a selecionar melhor os produtos que consome em função da responsabilidade social das empresas que os produzem. Aos poucos vai se constituindo uma nova realidade na postura do mundo empresarial na qual as decisões de âmbito produtivo precisavam levar em conta diferentes aspectos socioambientais (VIRTUOSO, 2000). 16 CAPÍTULO 1 • O NOVO PArADIGMA AMBIENtAL Com o passar do tempo e uma maior conscientização do mercado, as empresas foram não apenas percebendo essas mudanças, mas também assumindo um novo papel como agentes dessa transformação em prol da defesa da sociedade e do meio ambiente. É nesse momento que ganha força o chamado “ambientalismo empresarial”, que surge como pretendente a promotor do desenvolvimento sustentável, avançando em direção à produção industrial limpa e, consequentemente, ao equacionamento da problemática industrial relativa ao meio ambiente (LAYRARGUES, 2000). O reconhecimento do valor da inclusão da variável ambiental no planejamento das empresas, independente das suas áreas de atuação e local no qual se encontram instaladas, foi se tornando cada vez mais presente, especialmente pelos resultados que tal inclusão proporcionava as organizações. De forma concreta a busca por uma sustentabilidade empresarial permite que a organização reduza custos de produção: tanto os diretos (diminuição de desperdícios de matérias- primas e recursos como água e energia) como os indiretos oriundos de sanções e indenizações por danos ao meio ambiente ou à saúde de funcionários e da população que tenham proximidade geográfica com as unidades de produção da empresa. Isso para não falar em descontos com o imposto de renda e os ganhos com o marketing que as ações de sustentabilidade empresarial podem vir a significar (DIAS, 2009). Não é sem motivo, que atualmente a responsabilidade socioambiental das empresas tem de modo crescente se tornando um critério básico das organizações que pretendem vencer e se consolidar nesse novo mercado. Figura 5. Fonte: <http://www.amplatitude.com.br/timthumb.php?src=images/artigos/empresa-sustentavel-2efcd. jpg&w=1068&h=640&a=t> Em sintonia com o novo desenho organizacional e a nova filosofia ambiental presente nas organizações, autores como Porter e Linde (1995) no conhecido artigo “Ser Verde é Ser Competitivo”, sustentam que melhorar a performance ambiental e aumentar a competitividade são operações virtualmente sinônimas. Porter e Kramer (2006), por sua vez, defendem que a 17 O NOVO PArADIGMA AMBIENtAL • CAPÍTULO 1 incorporação da variável ambiental nos processos de gestão organizacional tem se convertido em uma necessidade para as empresas, mesmo as que inexplicavelmente não queriam atuar e cumprir com as obrigações perante a sociedade. É fato que ainda existem empresas que baseiam suas atividades apenas no aumento de capital e no consumo de recursos, pois se acomodaram a entender essa lógica como único motivo de existência da empresa e tais recursos como inesgotáveis, o que sabemos não ser verdade. Contudo, é inegável reconhecer que o grau de consciência ecológica empresarial se elevou consideravelmente tendo em vista o impacto da crise ambiental para a Economia e para a sociedade como um todo, as regulamentações ambientais, as mudanças exigidas por parte de investidores e consumidores sustentavelmente exigentes e, de modo particular, a certeza do papel das empresas tanto na geração da crise como na possibilidade de seu enfrentamento. A tabela a seguir apresenta uma espécie de linha de tempo sobre mudança de pensamento empresarial ao longo das décadas, no qual é possível constatar a mudança de uma total despreocupação com as questões ambientais, passando por uma visão mais reativa até chegar enfim a adoção de medidas preventivas com um grau de comprometimento com a sustentabilidade como até então nunca havia se visto. tabela 1. Evolução da mentalidade empresarial DÉCADAS 50 60 70 80 90 00 10 Finalidade do Gerenciamento Conhecimento das questões ambientais Controle da Poluição Prevenção da poluição Responsabilidade Empresarial Inexistência de responsabilidades responsabilidade setorizada responsabilidade integrada Métodos de Controle Contaminação dos recursos naturais No fim da linha de produção Análise do ciclo de vida das atividades Atitude Empresarial Aumento da produtividade, sem se preocupar com a poluição reativa, em busca de adequação às normas Proativa Fonte: Adaptado de Silva Filho e Sicsú (2003) Nota-se que diante do novo cenário mundial, consciente das necessidades ambientais, empresas e indústrias precisaram se ajustar a um novo paradigma, adotando políticas e sistemas gerenciais em que pudessem elaborar planos de ação preventivos e corretivos de possíveis acidentes. Ela favorece ainda o entendimento que este processo ocorreu de forma lenta, muito influenciada pela competitividade de mercado, pela necessidade de um gerenciamento mais eficiente e pela incessante busca de redução de custos em um mercado cada vez mais concorrido e globalizado. Ser sustentável passou a ser uma questão estratégica de competitividade e sobrevivência no mercado. 18 CAPÍTULO 1 • O NOVO PArADIGMA AMBIENtAL Vejamos alguns exemplos: Gigantes como a Companhia Algar Telecom incentiva os colaboradores às práticas sustentáveis e expande este conceito de sustentabilidade para os clientes internos. Por exemplo, os funcionários – em grande campanha interna – convenceram seus clientes (90 mil) a receber a fatura de telefone por e-mail, economizando papel. Os que aderissem à iniciativa ganhavam minutos adicionais. Grandes bancos, como o Bradesco e o Itaú estão investindo pesado nessa direção. O Bradesco já possui uma gestão de crédito de carbono pronta para ser oferecida aos seus clientes, ou consultorias que lidam com ecossistemas ameaçados e até mesmo áreas indígenas. Projetos de efeito ambiental positivo, aquecedores solares e/ou certificação ambiental são bem cuidados e trabalhados por uma diretoria específica do banco Bradesco, que chega a analisar os benefícios dos impactos ambientais do projeto, via satélite. O Itaú, por sua vez, lançou um fundo de investimento multimercado de capital protegido ligado ao mercado de créditos de carbono. O produto tem como referência a variação do Barclays Capital Global Carbon Index Excess Return Euro (BGCI) indicador que monitora a performance de créditos de carbono via contratos futuros negociados no mercado europeu Fonte: <https://exame.abril. com.br/economia/como-investir- creditos-carbono-504670/> A Google, já há algum tempo destina seus esforços numa cultura de desenvolvimento sustentável global. Em 2011, a empresa investiu cerca de Us$ 168 milhões de dólares em uma torre isolada num deserto da Califórnia (foto acima) com o objetivo de gerar 392 megawatts de eletricidade nos próximos 25 anos, o suficiente para manter cerca de 90 mil carros elétricos funcionando por esse mesmo tempo. Isso porque na Google, sustentabilidade é considerada um valor central (Revista Época, abril de 2011). Poderosas organizações como a Microsoft (começou desde o 1o de julho de2012 um vasto programa interno da companhia para neutralizar a sua pegada de carbono), Unilever (planos até 2020 para reduzir a metade das emissões de gases de seus produtos) e Nike (planos para eliminação de todos os componentes químicos em cadeia produtiva, também até 2020). O varejo também não fica de fora do movimento da sustentabilidade nos negócios. E o principal modelo é o Walmart. Todos os fabricantes serão forçados a dar informações sobre seus processos de produção, estão criando até 2014, um índice próprio de impacto ambiental, para exigir informações dos fabricantes, analisar, dar uma nota e colocar ao lado da etiqueta do preço, no supermercado. Em termos de geração de emprego a questão da sustentabilidadetambém merece destaque. No seu relatório anual sobre as tendências mundiais do emprego, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima que, “apesar de uma recuperação moderada do crescimento da produção” esperada para este ano e para 2014, “a taxa de desemprego deverá aumentar de novo e o número de desempregados no mundo crescerá 5,1 milhões em 2013, ultrapassando 202 milhões” A chamada economia verde - modelo de negócio em que as atividades são realizadas de acordo 19 O NOVO PArADIGMA AMBIENtAL • CAPÍTULO 1 com padrões de sustentabilidade, com baixo nível de impacto ambiental – deve empregar um total de 2,3 milhões de pessoas até 2015. (TRIGUEIRO, 2010). Sintetizando Vimos até agora que: » O entendimento do que seja uma Negociação Sustentável exige que o entendimento de alguns conceitos básicos como Negócio, Sustentabilidade, Desenvolvimento e Desenvolvimento Sustentável. » Entendemos a emergência de um novo Paradigma Ecológico Empresarial fruto de uma nova compreensão do papel estratégico que as organizações na crise ambiental vigente frente a um novo mercado e um novo consumidor mais exigente e mais consciente. » Compreendemos que a negociação sustentável é uma forma diferenciada de fazer negócios equilibrando lucratividade e sustentabilidade e que ela só é possível quando a organização resolve de fato ser sustentável não apenas no discurso, mas na sua forma de existir enquanto estrutura e funcionamento. 20 Apresentação Cada vez mais cresce o número de organizações que tem buscado a sustentabilidade como princípio e meta organizacional revendo os métodos, processos e estratégias de forma a equilibrar lucratividade e valorização socioambiental. Diferentes organizações têm buscado identificar oportunidades empreendedoras sustentáveis de forma que estas possam ser integradas na sua estratégia de negócio, estabelecendo assim condições favoráveis para elevarem sua vantagem competitiva fortalecendo sua marca, conquistando novos clientes e parceiros e aproveitando as novas oportunidades de empreendedorismo sustentável. Podemos dividir esse capítulo em duas partes: Na primeira vamos analisar não apenas os motivos pelos quais várias empresas têm buscado se tornar sustentáveis bem como conhecer os principais fatores históricos que a partir do ano de 1999 tiveram um impacto decisivo na adoção desse novo perfil organizacional. O lançamento do Dow Jones Sustainability Global Index –DSSGI (Índice de Sustentabilidade Global) como primeiro indicador da bolsa sobre a performance de empresas líderes em sustentabilidade e a criação do Programa Global Compact (Pacto Global) no qual empresas multinacionais foram convidadas a se engajar voluntariamente na via do desenvolvimento sustentável são exemplos claros de que como o final dos anos 1990 representa uma mudança de mentalidade empresarial. Outros índices como: o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), financiado pelo International Finance Corporation (IFC), e as diretrizes CERES para Relatórios de Sustentabilidade, apenas corroboram para mostrar como a caminho da sustentabilidade empresarial passou a ser valorizado no mercado de forma irreversível. A segunda parte do capítulo é dedicada à ética ambiental como princípio que deve nortear e integrar as negociações sustentáveis independente do tipo de negócio. Ela é definida como um conjunto de princípios de caráter imperativo, mediante os quais devem ser regidas todas as interações existentes entre o homem e a multiplicidade de biomas existentes. Na negociação ambiental ela favorece o comprometimento entre as partes negociadoras com a sustentabilidade e a preservação ambiental tanto quanto como a busca da lucratividade. 2 CAPÍTULO EM BuSCA DA SuStENtABILIDADE EMPrESArIAL 21 EM BuSCA DA SuStENtABILIDADE EMPrESArIAL • CAPÍTULO 2 Objetivos » Conhecer os principais motivos que levaram as empresas a uma corrida pela sustentabilidade a partir do final dos anos 1990. » Refletir sobre os desafios de uma organização que pretende ser sustentável. » Entender o que é etica ambiental e como esta serve como norteador para as negociações sustentáveis. Vale a pena ser uma Empresa Sustentável? Para responder a pergunta deste primeiro subtítulo é preciso entender o que é afinal uma empresa sustentável. Em linhas gerais podemos afirmar que uma empresa é sustentável quando ao mesmo tempo que gera lucro tanto para os acionistas, protege o meio ambiente e melhora a vida das pessoas com que mantém interações (SAVITZ, 2007). Historicamente, essa modalidade de organização pautada em uma gestão sustentável, ética e transparente é bem recente. Sua história começa mais precisamente na década de 1990 do século XX quando esse novo paradigma ecológico foi se consolidando. Foi nesse momento que a Organização das Nações Unidas (ONU) declara 1990 como o Ano Internacional do Meio Ambiente. Dois anos depois se dá a Rio-92 ou Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), oficialmente denominada “Conferência de Cúpula da Terra”. A reunião contou com representantes de 182 países e 103 chefes de estado, aprovando cinco acordos oficiais internacionais: A Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento ou Carta do Rio; A Declaração das Florestas; Convenção – Quadro sobre Mudanças climáticas, A Convenção sobre Biodiversidade e principalmente a Agenda 21 que visava apresentar, como o próprio nome sugere, uma agenda de ação (planejamento) para que todos os países pudessem se encaminhar para a implementação de um modelo de desenvolvimento inovador: o Desenvolvimento Sustentável (CARVALHO, 2002). Como já vimos o Desenvolvimento Sustentável foi apresentado ao mundo pela primeira vez em 1983 pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento da ONU que propôs um modelo de desenvolvimento onde os âmbitos econômico e ecológico fossem integrados. Em 1987 o Relatório Brundtand, apresentando essa nova e hoje difundida forma de desenvolvimento: o Desenvolvimento Sustentável, ou seja, aquele que visa atender as necessidades do presente sem comprometer as necessidades das gerações futuras. Esse conceito e a busca de sua aplicabilidade a partir de uma Agenda 21 Global (A21G) e diferentes Agendas 21 Locais (A21L) promoveu um impacto significativo no âmbito empresarial. Líderes do mundo todo buscaram meios de aplicar esse modelo na forma de gerir suas empresas e fazer negócios frente às exigências de um mercado também mais consciente e competitivo. 22 CAPÍTULO 2 • EM BuSCA DA SuStENtABILIDADE EMPrESArIAL Vejamos alguns desses impactos de forma concreta no mundo empresarial dentro e fora do Brasil. No ano de 1997 foi criado o Conselho Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) por um grupo de empresários atentos às mudanças e oportunidades trazidas por esse novo modelo de desenvolvimento. Reunindo hoje mais de 70 dos maiores grupos empresariais do país (como o Grupo Gerdau, a Coca-Cola, a GE, bancos Bradesco, Itaú e Santander, Shell, Amil, Votorantim, dentre outros). Em seu site, o CEBDS é definido como sendo uma “associação sem fins lucrativos que promove o desenvolvimento sustentável nas empresas que atuam no Brasil por meio da articulação junto aos governos e a sociedade civil além de divulgar os conceitos e práticas mais atuais do tema” (CONSELHO BRASILEIRO PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL, 2016, s/p) Segundo Laville (2009), o ano de 1999 marca um divisor de águas no campo da sustentabilidade empresarial uma vez que as empresas não apenas passaram a adotar a sustentabilidade como um valor, mas também passaram a entender a contribuição que estas poderiam dar para a construção de um mundo mais humano e sustentável tomando a iniciativa e assumindo um lugar de liderança a favor de práticas e buscas de soluções nessa área. Foi nesse ano que o Secretário das Nações Unidas Koffi Annan durante a realização do Fórum de Davos apresentou o Programa “Global Impact” (Impacto Global)no qual empresas multinacionais eram convidadas a se engajar voluntariamente na via do desenvolvimento sustentável independente da promulgação de leis governamentais respeitando os princípios da Declaração Universal dos Direitos Humanos, dos critérios básicos da Organização Mundial do Trabalho (OIT) e do que estabelece a Agenda 21. Beneficiando-se da visibilidade e apoio da ONU, o Programa foi apoiado por cinquenta grandes corporações multinacionais como a Shell, a Basf, a Dupont, a Nike, Unilever, Novartis e outras. Atualmente, o número de empresas a ele associadas se aproxima de cinco mil defendendo os princípios da Global Impact em suas ações e em seus princípios norteadores. Além do Global Impact, Laville (2009) destaca outros exemplos dessa mudança de paradigmas no âmbito empresarial como: » Os princípios diretores para empresas multinacionais da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) cuja segunda versão, elaborada em julho de 2000, foi adotada pelo governo de diferentes países, inclusive o Brasil. Dentre estes princípios, destacam-se as recomendações relativas ao emprego, relações trabalhistas, ao meio ambiente, a luta contra a corrupção, ao interesse dos consumidores, a ciência, a tecnologia, dentre outras; » O livro Verde da Comissão Europeia sobre a Responsabilidade Social das Empresas, publicado em 2001, se propõe a promover um espaço europeu para a responsabilidade social das empresas detalhando temas como a gestão de recursos humanos e a inclusão de critérios sociais nos relatórios de desenvolvimento sustentável; 23 EM BuSCA DA SuStENtABILIDADE EMPrESArIAL • CAPÍTULO 2 » O lançamento do Dow Jones Sustainability Global Index (DSSGI), também no ano de 1999, como o primeiro indicador da bolsa sobre a performance de empresas líderes em sustentabilidade em âmbito global aumentando a credibilidade do tema no mundo dos negócios influenciando outras instituições financeiras como a FTSE (ligada ao Financial Times e a Bolsa de Londres) que também criou em 2001 um indicador próprio o FTSE4Good baseado em quatro índices (Inglaterra, Europa, EUA e Mundo) pautados em convenções internacionais como o CERES, o Global Compact e os princípios diretores da OCDE. Sobre o índice Dow Jones Sustentability Global, o site esclarece que reflete os esforços da empresa em integrar a Sustentabilidade em todas as áreas prioritárias da sua cadeia de valor, em todas as Unidades de Negócio e em todos os lugares no qual opera, sendo, portanto, um claro exemplo da preocupação crescente das empresas com a sustentabilidade <http://www.sustainability- indices.com>. Vale destacar que as empresas que constam deste Índice, indexado à bolsa de Nova Iorque, são classificadas como as mais capazes de criar valor para os acionistas por meio de uma gestão dos riscos associados tanto aos fatores econômicos, como ambientais e sociais. Além destas iniciativas, muitas outras poderiam ser mencionadas como a multiplicação dos Fundos Éticos ou Fundos de Investimento Socialmente Responsáveis; a multiplicação de Códigos de Conduta e Normas voluntárias de centenas de empresas cadastradas inclusive na Câmara Internacional do Comércio, tanto por parte de grandes empresas, como a Odebrecth, ou por parte de instituições como a CERES de Boston (EUA) uma organização sem fins lucrativos, criada em 1999, que visa mobilizar investidores, empresas, lideranças e grupo de interesse público para construir em rede uma economia global comprometida com o propósito de acelerar e expandir a adoção de práticas de negócios sustentáveis e busca de soluções para construir uma economia global saudável. Os princípios da CERES, por exemplo, propõe um Código de Conduta em dez pontos: a. Proteção da Biosfera (eliminação progressiva de toda substância que possa vir a causar danos ambientais ao ar, água, terra e seus habitantes); b. Utilização sustentável dos recursos naturais, quer sejam ou não renováveis; c. Redução e Reciclagem de resíduos; d. Economia de energia e melhoria da eficiência energética; e. Redução de riscos (particularmente em relação à saúde, ao meio ambiente, a segurança, aos funcionários, consumidores, entre outros.); f. Segurança de produtos e serviços (inclusive quanto à informação aos consumidores sobre formas de uso e riscos); g. Recuperação do meio ambiente (incluindo a compensação dos danos causados àterra e às pessoas); 24 CAPÍTULO 2 • EM BuSCA DA SuStENtABILIDADE EMPrESArIAL h. Informação do público (diálogo com as partes interessadas); i. Comprometimento da direção; j. Realização de auditorias e publicação de relatórios (segundo as diretrizes CERES adaptadas a diferentes tipos de empresas e setores específicos). Para alcançar seus objetivos, a CERES trabalha com as principais empresas, investidores, grupos de interesse público, líderes, políticos e outros atores económicos para promover soluções sustentáveis que reduzam as emissões de carbono e outros poluentes, proteger os recursos naturais vitais, como o abastecimento de água, garantir a segurança e condições de trabalho para funcionários e reduzir a nossa dependência dos combustíveis fósseis durante a transição para uma economia de energia limpa <http://www.ceres.org.br>. Em 1997, a CERES criou a Global Reporting Initiative (GRI) cujo objetivo é definir diretrizes globalmente aplicáveis na preparação de Relatórios de Sustentabilidade adotada por cerca de 1.000 organizações, em todo o mundo. A elaboração deste tipo de relatório de sustentabilidade é uma oportunidade de refletir e internalizar o tema, além divulgar sua própria visão, desafios e resultados econômicos, sociais e ambientais em prol da sustentabilidade (GLOBAL REPORTING, 2016). No âmbito da América Latina foi criado em 2005, o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) financiado pelo International Finance Corporation (IFC) do Banco Mundial. Seu objetivo foi o de buscar e criar um ambiente de investimento compatível com as demandas de desenvolvimento sustentável da sociedade contemporânea e estimular a responsabilidade ética das corporações. Trata-se de uma ferramenta para análise comparativa da performance das empresas listadas na BM&F Bovespa sob o aspecto da sustentabilidade corporativa, baseada em eficiência econômica, equilíbrio ambiental, justiça social e governança corporativa. Além disso, ela amplia o entendimento sobre empresas e grupos comprometidos com a sustentabilidade, diferenciando-os em termos de qualidade, nível de compromisso com o desenvolvimento sustentável, equidade, transparência e prestação de contas, natureza do produto, além do desempenho empresarial nas dimensões econômico-financeira, social, ambiental e de mudanças climáticas. Dentre as empresas que compõem esse índice destacam-se: Acesita, Eletropaulo, Itaú, Banco do Brasil, Gerdau, Suzano, Localiza, Petrobrás, CEMIG, Aracruz, Natura, Embraer, Perdigão, DASA, COPEL, dentre outras (LAVILLE, 2009). A lógica do desenvolvimento economicista desvinculado da variável socioambiental era de que seria necessário “sacrificar” parte do capital e do lucro da empresa em função dos valores que ela quer defender. No novo paradigma o desempenho político-econômico da empresa é incrementado pelos valores que defende e a imagem causada em função destes no mercado. Ou seja, o investimento em sustentabilidade empresarial pode não apenas reduzir custos com desperdícios de água e energia ou com o pagamento de multas ambientais, por exemplo, como também pode levar ao aumento e fidelização de consumidores ou ainda a que esta eleve seu 25 EM BuSCA DA SuStENtABILIDADE EMPrESArIAL • CAPÍTULO 2 valor na bolsa de valores. Nesse sentido, poderíamos falar tanto da sustentabilidade do negócio quanto do negócio da sustentabilidade. A pertinência econômica da sustentabilidade a elevaram ao patamar de estratégica do ponto de vista financeiro. A descoberta dessa realidade fez com que houvesse uma verdadeira corrida pela sustentabilidadeempresarial, levando muitas empresas a repensar suas estratégias de negócio, seus impactos diretos e indiretos, sua logística operacional no sentido de incluir a sustentabilidade e assim conquistar as vantagens que ela poderia trazer por meio das certificações e de outros instrumentos. Bueno (2009) apud Gomes e Oliveira (2012), resume os principais motivos que levam as empresas a adotarem práticas de sustentabilidade empresarial. » Os recursos naturais (matérias-primas) são limitados e estão sendo fortemente afetados pelos processos de utilização, exaustão e degradação, estando assim cada vez mais escassos, caros ou legalmente mais protegidos; » A demanda por produtos cultivados ou fabricados de forma ambientalmente compatível crescem mundialmente, os consumidores, mais exigentes, tendem a dispensar produtos e serviços que agridem o meio ambiente. » Exigência de certificação ambiental por parte dos compradores, em particular, importadores nos moldes da ISO 14.000, ou mesmo certificados ambientais específicos. (concessão do Selo Verde). Além desses fatores indiscutíveis, como adverte Tachizawa (2011), é válido destacar ainda, que as organizações que tomarem decisões estratégicas integradas à questão ambiental e ecológica conseguirão significativas vantagens competitivas no mercado, que vão desde a valorização de suas ações ao fortalecimento de sua marca como será analisado em um capítulo posterior. Outra forma de impactar positivamente no mercado e que se torna uma prova inegável da busca da sustentabilidade empresarial é a certificação. Os selos de certificação ambiental, ou selos verdes, atendem exigências específicas, trazendo credibilidade e transparência ao consumidor, além de agregar valor ao marketing verde da empresa. Figura 6. Fonte: <http://www.ecodesenvolvimento.org/noticias/estudos-revelam-que-selos-verdes-confundem> 26 CAPÍTULO 2 • EM BuSCA DA SuStENtABILIDADE EMPrESArIAL A conquista de um selo verde agrega valor à organização e revela que seu comprometimento ambiental vai além do discurso ecológico. Além disso, ela traz benefícios tanto para o planeta quanto para a própria organização que passa a aproveitar melhor seus recursos e evitar todo tipo de desperdício de água e energia elétrica, aperfeiçoando assim seus processos e reduzindo custos prejudiciais para a organização e, principalmente, para o meio ambiente. Todavia, apesar de todas essas vantagens, muitas organizações ainda utilizam o discurso ecológico como uma cortina de fumaça, uma espécie de camuflagem que traduz apenas um discurso verde bonito, mas com pouca efetividade na organização. Paul Hawken, autor do best-seller “A Ecologia do Comércio” denuncia claramente que: “tudo o que vimos fazendo até o presente momento é raspar na superfície o verdadeiro problema. Colocando um bandaid verde”. Segundo Hawken (apud TRIGUEIRO, 2010) o que precisa e tem de ser mudado é o DNA corporativo, a essência da empresa, sua maneira de pensar, de funcionar, de existir no mercado. Somente a partir dessa mudança essencial a empresa terá condições reais de fazer negócios sustentáveis a partir de uma moeda de troca na qual seus dois lados (Economia e Ecologia) saiam ganhando, ou melhor, todos saiam ganhando. Nessa discussão sobre o que parece mas nem sempre é, cabe uma discussão sobre o desafio da Ética Ambiental. O Desafio da Ética Ambiental Uma negociação sustentável é indubitavelmente uma relação pautada na ética seja ela do mundo dos negócios, seja no âmbito ecológico. Não existe sustentabilidade sem ética. Além disso, nunca é demais lembrar que o sucesso ou o fracasso de uma organização está diretamente ligado ao comportamento ético, independente de sua área de atuação. Assim sendo que tal examinarmos melhor o conceito de ética e como este se encontra na base do que hoje entendemos como crise ambiental? Inicialmente, não podemos ignorar que estamos diante de um conceito tão importante como complexo. Existem diferentes conceituações do que seja ética e o tema se complica ainda mais quando consideramos as diferenças entre ética e moral. Pierre Weil define ética como sendo o “conjunto de valores que levam o homem a se comportar de modo construtivo e harmonioso, pois são os valores que determinam as opiniões, atitudes e comportamentos das pessoas” (WEIL, 2000:133). Nesse sentido, não é exagero afirmar que a ética exerce uma profunda influência na qualidade de vida, no desenvolvimento sociocultural, assim como nas relações que a humanidade desenvolve com a natureza da qual faz parte. Importante É necessário esclarecer que a adesão a um selo ambiental por parte de uma organização é totalmente voluntária, não existindo nenhuma lei sequer que estabeleça a obrigatoriedade de uma certificação dessa natureza. No entanto, vale destacar que apostar na adesão de um selo de sustentabilidade é uma a forma mais eficaz de um empreendimento revelar suas intenções de negociação ambiental mantendo assim a competitividade no mercado atual. 27 EM BuSCA DA SuStENtABILIDADE EMPrESArIAL • CAPÍTULO 2 A Filosofia pode nos trazer pistas interessantes para examinarmos mais profundamente o conceito de ética. Vejamos o que podemos aprender com um dos filósofos mais importantes da história sobre esse assunto. Diante da hipocrisia da sociedade ateniense, Sócrates pensava na ética não como uma especulação abstrata, mas como a única força transformadora, capaz de trazer a felicidade a ambos: Sociedade e Indivíduo. Contudo, ele mesmo concordava que uma das maiores dificuldades para se avançar neste terreno era justamente a definição de termos. Como chegar aos valores absolutos que guiariam o homem nos caminhos da ética? Sócrates não dá uma resposta absoluta, antes propõe um método para se chegar à resposta, demolindo as visões correntes, mostrando quão ilusórias eram as certezas, abalando as convicções arraigadas pelos questionamentos implacáveis não apenas neste terreno, mas também em outras questões. Segundo Gomes (2000), “A mais profunda garantia da sua ética é justamente este potencial autorreconstrutivo da verdade quando vista sem os véus das aparências e vaidades, um conhecimento capaz de, por si só, tornar o homem mais sábio e melhor” (s/p.). Discussões à parte, hoje é notório perceber o distanciamento existente entre os avanços conquistados no plano da ciência e da técnica de um lado e o avanço no terreno da ética de outro, este último bastante distanciado do primeiro em termos de proporção, intensidade e velocidade. Esse abismo, na verdade, é um velho conhecido da grande maioria dos estudiosos que se debruçaram sobre a temática da ética e da moral no meio tecnocientífico, uma vez que se trata de uma realidade que tem sua origem já há algumas centenas de anos, tendo seu ápice na lógica cartesiana e no utilitarismo baconiano. A maior parte das questões recentes de ordem ética com as quais temos nos defrontado – que incluem desde os problemas relativos à bioética (clonagem, transplante e venda de órgãos, produção de organismos geneticamente modificados) até os testes de bombas atômicas na China, na Índia e no Paquistão – tem raízes nesses preceitos no qual o homem foi e continua sendo iludido para se enxergar como “medida de todas as coisas”. Numa busca desenfreada pela acumulação de riquezas, representada pelos ícones do lucro e da mais-valia, a dimensão social do desenvolvimento técnico-científico foi durante anos e anos secundarizada e descartada, só vindo a ser recuperada muito recentemente, na segunda metade de nosso século, pela pressão de grupos internacionais; de uma minoria de cientistas e pesquisadores conscientes; e da própria população civil organizada (na qual as ONGs vão assumir um papel fundamental); que começaram a pressionar a própria razão científica quando em nome desta era permitido explorar, oprimir e destruir. A apropriação e o uso dos recursos ambientais não escaparam a essa lógica mercadológica, consumista e destrutiva,onde possuir e dominar sempre foram palavras de ordem, marcando de forma profunda as relações entre homem e meio ambiente na história. Como aponta Boff (1996), explicitando o engodo, o sonho do crescimento ilimitado produziu o subdesenvolvimento de dois terços da humanidade, a exaustão dos sistemas vitais e a desintegração progressiva do equilíbrio ambiental. Por isso, podemos concluir que a crise socioambiental, reflexo da própria crise civilizatória com a qual nos deparamos, foi antecipada, sem dúvida alguma, por uma grave crise de ética. A 28 CAPÍTULO 2 • EM BuSCA DA SuStENtABILIDADE EMPrESArIAL ausência de uma postura ética técnico-científica que pudesse ordenar as ações do homem sobre a natureza, baseada no respeito mútuo entre esses dois elementos (no reconhecimento tanto da dignidade humana quanto do valor da natureza), ajuda-nos a compreender melhor como o caos supracitado pode alcançar níveis de tal ordem prejudiciais à própria continuidade da vida no planeta. Não é por acaso que a origem da palavra ética, advinda da raiz grega ethos (costume), é a mesma e refere-se ao local no qual o homem vive, mora ou passa grande parte de seu tempo. Ética e Moral Retomando as discussões sobre ética, outros filósofos além de Sócrates também levantaram discussões bastante interessantes. Platão sonha com uma sociedade ideal na qual não praticar o bem torna-se uma impossibilidade tal a extensão das instituições que eliminam a vida privada e favoreceriam a prática da ética. Aristóteles, por sua vez, propõe o que, de certa forma, pode ser compreendido como um caminho contrário. Para ele, a lei deve ser capaz de compreender as limitações do ser humano, aproveitar-se das suas paixões e instintos, e produzir instituições que promovam o bem e reprimam o mal (GOMES, 2000). Nota-se, então, que em Platão a ética surge da própria vivência social que, norteada por um conjunto de valores básicos, permitiria sua existência como algo socialmente construído. Já, para Aristóteles, a ética é resultado do cumprimento de algo que está acima de qualquer tipo de vivência ou arranjo social: a lei. Esta distinção é fundamental para que possamos entender melhor as diferenças entre ética e moral. Embora tradicionalmente utilizados como termos sinônimos, muitas vezes até de forma aleatória, ética e moral possuem nítidas distinções. Enquanto a moral é concreta e diz respeito ao nível individual, prático e prescritivo; a ética é mais social, teórica e virtual, se constituindo como um campo de análise filosófica voltada para o estudo dos fundamentos e validação de comportamentos socialmente reconhecidos e estimulados (KRÜGER, 1998). Nesse sentido, a moral se referiria ao conjunto de prescrições admitidas numa época e sociedade determinada, e o esforço devido para se conformar a estas prescrições e segui-las; ao passo que a ética seria a doutrina dos costumes, tendo como objeto de estudo, a qualificação de condutas em termos do que é bom ou mau (LALANDE, 1996; MORA, 1998; ABBAGNANO, 1998). Muitos autores concordam com esta diferenciação, definindo moral como “um conjunto de prescrições destinadas a assegurar uma vida em comum de forma harmoniosa”, e ética como “a avaliação normativa das ações e do caráter de indivíduos e grupos” (JAPIASSU; MARCONDES, 1996: 93). Todavia, mesmo aceitando com reservas essa distinção no plano teórico, é necessário entender que, na prática, as questões concernentes à moral e à ética estão inteiramente imbricadas, sendo, portanto, difícil precisar uma separação mais rígida entre os dois conceitos. A moral fornece o conteúdo a ser avaliado pela ética que, por sua vez, a alimenta estabelecendo, pelo seu julgamento, que tipo de ação ou pensamento seria moral ou amoral. 29 EM BuSCA DA SuStENtABILIDADE EMPrESArIAL • CAPÍTULO 2 Ética Ambiental O movimento ecológico tem afirmado a necessidade de uma Ética que tome princípios universais de regulamentação da inter-relação do homem com o meio, pois o ser humano é o único capaz de afirmar essa diretriz, criando meios de uma relação equilibrada com a natureza. Pereira (2008) define Ética Ambiental como um: “conjunto de princípios de caráter imperativo, mediante os quais devem ser regidas todas as interações existentes entre o homem e a multiplicidade de biomas existentes.” (p.197.). Em linhas gerais podemos definir a ética ambiental como o estudo da conduta do ser humano a partir de valores relativos à sustentabilidade ambiental. A ética ambiental é uma nova área de especialização das ciências ambientais, que resulta da abordagem interdisciplinar da temática ambiental a partir de diferentes aspectos políticos, econômicos, culturais e sociais. Segundo Graf e Figueiredo (1999) esse conceito serve particularmente como forma de aclarar as contradições entre o modelo político econômico dominante e os critérios socioambientais. Na ótica desses autores, a análise de critérios socioambientais para a tomada de decisões na área ambiental é um assunto complexo uma vez que pressupõe: uma abordagem democrática e essencialmente interdisciplinar, que seja capaz de lidar com informações variadas. Nesse âmbito, a disponibilidade de dados técnicos quantitativos é diminuta e de considerável grau de incerteza. A correta interpretação dos cenários socioambientais depende da inserção dos aspectos qualitativos e subjetivos. Mais do que isso, esses critérios devem ser discutidos pela sociedade afetada, face à impossibilidade de uma valoração absoluta que permita uma comparação direta entre diferentes influências ambientais (p.3). Uma vez que isso exige tempo e trabalho o que acontece na prática, de fato, segundo denúncia da autora é que as decisões são pautadas apenas a partir de critérios político-econômicos sendo os critérios socioambientais relegados a um segundo plano. A consequência desse tipo de atitude se reflete diretamente na limitação do trabalho de Gestão Ambiental e na ausência de expressividade dos resultados oriundos de processos de decisão autoritários e centralizadores devido à falta de vinculação com os anseios da sociedade. Face à necessidade de uma análise mais detalhada dos critérios ambientais aplicados aos instrumentos de gestão e de políticas ambientais a discussão dos aspectos éticos envolvidos é mais do que necessária. Especialmente quando percebemos que a prática da ética ambiental, presente no discurso empresarial e governamental, é quase que inexistente nas atividades produtivas. 30 CAPÍTULO 2 • EM BuSCA DA SuStENtABILIDADE EMPrESArIAL Para Graf e Figueiredo (1999) o grande problema é que: O direcionamento do desenvolvimento ainda é pautado por critérios economicistas, e por corrupção e autoritarismo na política, sendo que os critérios ambientais e sociais são inexistentes ou periféricos. Para que o sistema produtivo seja realmente direcionado para a sustentabilidade socioambiental, faz-se necessário uma ruptura real com esse modelo (p.4) Examinemos essa questão no âmbito da gestão ambiental: Ainda aprendendo com Graf e Figueiredo (1999) esses autores denunciam que a prática do gestor ambiental ainda é marcada por uma visão tradicional na qual este profissional atua prioritariamente nos mecanismos de remediação dos impactos socioambientais decorrentes dos processos produtivos. As propostas atuais de remediação baseiam-se na lógica da adoção de soluções tecnológicas como forma singular de solução de problemas ambientais (paradigma tecnicista). No campo da Gestão Ambiental aplicada aos setores produtivos, essa lógica da remediação se apresenta basicamente a partir de duas vertentes: uma referente aos impactos ambientais dos processos de produção e outra referente aos impactos associados aos produtos e suas influências na sociedade (em termos de utilização e pós-utilização). O problema é que esse paradigma tecnicista aplicado à gestão ambiental ainda vigente apresenta claros sinais de esgotamento em função dos efeitos adversos a ele relacionados,pois uma vez que a adoção pontual de tecnologias de remediação fatalmente implica a geração de novos impactos, frequentemente mais intensos do que os originais. Na prática a Gestão Ambiental desenvolvida a partir de mecanismos preventivos ainda é bastante recente e precisa ser mais estimulada. Vejamos o exemplo apresentado por Graf e Figueiredo (1999) ao esclarecer que grande parte das tecnologias de remediação ambiental representam, apenas, a substituição de alguns problemas ambientais por outros, ou sua transferência para outras regiões. podemos tomar a adoção de lavadores de gases, que transformam a poluição do ar em poluição da água. Faz-se necessário, então, o aprimoramento do tratamento da água. Supondo que este tratamento seja eficaz, o que na prática não se verifica, são gerados resíduos sólidos, que necessitam de tratamento (p.6) Em resumo, muitas vezes as soluções propostas pela remediação não apenas não resolvem o problema como também podem fazer com que os impactos ambientais se perpetuem e se multipliquem. Trata-se, portanto, na maioria das vezes de soluções paliativas que adiam os efeitos mascarando a origem do problema. Existem ferramentas da Gestão Ambiental como a chamada Avaliação do Ciclo de Vida do Produto (ACV) que favorecem detectar impactos ambientais na dinâmica produtiva como um todo (desde 31 EM BuSCA DA SuStENtABILIDADE EMPrESArIAL • CAPÍTULO 2 a extração ou compra de matéria-prima até sua pós-utilização) e não apenas análises restritivas ao processo industrial. Este o tipo de ferramenta em sintonia com uma proposta ética ambiental mais ampla que procura enxergar os impactos ambientais a partir de uma ótica mais holística e, portanto, mais completa e integrada. O Gestor Ambiental deve estimular a ética ambiental dentro e fora das organizações, alertando de forma técnica e embasada para a necessidade de mudanças significativas nos padrões de produção, consumo e destino adequado do excedente e os riscos de práticas não sustentáveis. Estimulando práticas sustentáveis como a adequação das escalas de produção, avaliação do ciclo de vida do produto, seleção de tecnologias apropriadas às condições ambientais e aos ecossistemas locais, sem mencionar os critérios dos possíveis impactos que esta possa vir a gerar. Ética na Negociação Segundo Andrade et. al. (2007) existe muita discussão quanto até que ponto se está agindo de maneira ética ou não em uma tomada de decisão e negociação. Vejamos como ele fundamenta tal afirmação: Por exemplo, quando alguém pergunta até que limite se pode chegar em uma tomada de decisão e negociação, e não se diz a ele o verdadeiro limite, para ter maior espaço de barganha, até que ponto esse comportamento pode ser considerado ético e quando ele passa a ser antiético? Evidentemente, isso depende muito dos valores das pessoas envolvidas na tomada de decisão e negociação e do ambiente no qual elas estão inseridas. (p.40) No caso de uma negociação sustentável os valores envolvidos são claramente definidos em termos da promoção da sustentabilidade aliada a lucratividade. Neste sentido, é preciso ter a ética e a transparência como princípios norteadores dessa negociação abandonando qualquer tipo de prática e estratégia de negociação contrária a esses valores. Somente desta forma pautado no respeito mútuo e na valorização ambiental é possível negociar sem temer possíveis efeitos negativos para o meio ambiente e ainda promover a edificação de uma sociedade mais justa, democrática e sustentável. 32 CAPÍTULO 2 • EM BuSCA DA SuStENtABILIDADE EMPrESArIAL Sintetizando » É crescente o número de organizações que tem buscado a sustentabilidade como princípio e meta organizacional, especialmente, a partir dos anos 90 com a realização da Rio 92 e a criação do Programa Global Impact e do Índice Dow Jones de Sustentabilidade Global. » Além destas iniciativas, muitas outras poderiam ser mencionadas como a multiplicação dos Fundos Éticos ou Fundos de Investimento Socialmente Responsáveis; a multiplicação de Códigos de Conduta e Normas, voluntários de centenas de empresas cadastrados inclusive na Câmara Internacional do Comércio como prova de que as organizações têm caminhado em direção à sustentabilidade empresarial. » A CERES criou a Global Reporting Initiative (GRI) cujo objetivo é definir diretrizes globalmente aplicáveis na preparação de Relatórios de Sustentabilidade adotada por cerca de 1.000 organizações, em todo o mundo. » Os selos de certificação ambiental, ou selos verdes, atendem exigências específicas, trazendo credibilidade e transparência ao consumidor, além de agregar valor ao marketing verde da empresa. » Apesar de todas essas vantagens, muitas organizações ainda utilizam o discurso ecológico como uma cortina de fumaça, uma espécie de camuflagem que traduz apenas um discurso verde bonito, mas com pouca efetividade na organização. » Uma negociação sustentável é indubitavelmente uma relação pautada na ética seja ela do mundo dos negócios, seja no âmbito ecológico. Não existe sustentabilidade sem ética. » A crise socioambiental deve ser entendida como um reflexo da própria crise civilizatória com a qual nos deparamos, foi antecipada, sem dúvida alguma, por uma grave crise de ética. » A Ética Ambiental pode ser definida como um conjunto de princípios de caráter imperativo, mediante os quais devem ser regidas todas as interações existentes entre o homem e o meio ambiente. » A Gestão Ambiental desenvolvida a partir de mecanismos preventivos ainda é bastante recente e precisa ser mais estimulada. » O Gestor Ambiental deve estimular a ética ambiental dentro e fora das organizações, alertando de forma técnica e embasada para a necessidade de mudanças significativas nos padrões de produção, consumo e destino adequado do excedente e os riscos decorrentes de práticas não sustentáveis. 33 Apresentação Neste capítulo iremos nos deter sobre um dos temas fundamentais para as empresas que pretendem se comprometer a serem sustentáveis e a partir daí conduzirem seus negócios de forma sustentável: A Ecoeficiência. De uma forma geral, a Ecoeficiência pode ser compreendida como processo organizacional que direciona os investimentos e o desenvolvimento de tecnologias para gerar valor ao acionista, minimizar o consumo de recursos e ainda eliminar o desperdício e a poluição. Ao longo de nosso capítulo iremos entender a importância da estratégia da Ecoeficiência na Negociação Sustentável, suas exigências e seus efeitos benéficos para a organização e para o meio ambiente. Veremos também que para ser ecoeficiente a empresa necessita adotar um planejamento ambiental estratégico que inclua um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) no qual as ações ambientais são continuamente revisadas e aperfeiçoadas. Esse planejamento deve incluir ações estratégicas para que uma organização seja considerada ecoeficiente, tais como: a redução do consumo de materiais com bens e serviços; redução do consumo de energia como bens e serviços; redução da dispersão de substâncias tóxicas; a intensificação da reciclagem dos materiais; maximização do uso sustentável de recursos renováveis; prolongação da durabilidade dos produtos e ainda agregação de valores aos bens e serviços. Essas mudanças são gradativas e exigem investimento por parte das organizações verdadeiramente comprometidas com esse ideal. Objetivos do capítulo » Aprender mais sobre o conceito de ecoeficiência enquanto filosofia e processo de gestão que se refere a entrega de produtos e serviços com preços competitivos que satisfazem as necessidades humanas e fornecem qualidade de vida ao mesmo tempo em que reduzem os impactos ecológicos. 3 CAPÍTULO A ESTRATÉGIA DA ECOEFICIÊNCIA E SEuS EFEItOS 34 CAPÍTULO 3 • A ESTRATÉGIA DA ECOEFICIÊNCIA E SEUS EFEITOS » Compreender o papel da adoção de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) como uma das principais medidas no sentido de promover a ecoeficiência favorecendo a reduçãode impactos ambientais, menor gasto de energia e aumento do valor agregado dos produtos. » Refletir sobre algumas das principais práticas e metas da Ecoeficiência bem como os fatores de sucesso para empresas que almejam ser ecoeficientes. » Conferir alguns exemplos de empresas que investiram em ecoeficiência e não se arrependeram tendo excelentes resultados no mercado. Os Caminhos da Ecoeficiência Figura 7. Fonte: <http://www.forumdaconstrucao.com.br/conteudo.php?a=23&Cod=2076> Para Almeida (2002), a ecoeficiência diz respeito a uma filosofia de gestão empresarial pela qual as empresas tornam-se mais competitivas, inovadoras e responsáveis ambientalmente sem a necessidade de abandonar suas atuais atividades, bastando que, medidas de economia e performance ambiental sejam incorporadas de forma integrada às suas atividades. A máxima da ecoeficiência é produzir mais com menos energia, ou seja, respeitando o princípio da sustentabilidade. No Brasil, este conceito vem ganhando força a partir da criação de inúmeras instituições de pesquisa em parceria com instituições governamentais e a iniciativa privada, com a missão de promover o desenvolvimento sustentável no meio empresarial por meio do conceito de ecoeficiência. Segundo a rede World Business Council for Sustainable Development (WBSD), representada no Brasil pelo Conselho Empresarial Brasileiro de Desenvolvimento Sustentável – CEBDS, o termo “Ecoeficiência” foi criado em 1992, na obra Changing Course, sendo mais difundido durante a Conferência Eco-92 como uma forma das organizações implementarem a Agenda 21 no setor privado por meio de uma gestão comprometida e voltada para a sustentabilidade resultante da prestação de serviços e de comercialização de bens não apenas de boa qualidade, mas voltada para uma redução progressiva dos impactos ambientais, durante o seu ciclo de vida, até que alcance um nível sustentável para o planeta (CEBDS, 2016). 35 A ESTRATÉGIA DA ECOEFICIÊNCIA E SEUS EFEITOS • CAPÍTULO 3 Outro motivo pelo qual a ecoeficiência tem assumido um papel cada vez mais importante nas estratégias de gestão ambiental das organizações diz respeito à legislação ambiental vigente. Pressionadas por uma legislação mais rigorosa e pelo aumento de custos com o uso dos recursos naturais, um número cada vez maior de empresas tem superado o paradigma que prevaleceu até a década de 1980 de que meio ambiente e competitividade seriam variáveis antagônicas (VILELA; DEMAJOROVIC, 2006). Segundo Dodic’s et al. (2010), Ecoeficiência é um conceito promovido pelo Business Council for Sustainable Development e envolve a entrega de produtos e serviços com preços competitivos que satisfazem as necessidades humanas e fornecem qualidade de vida ao mesmo tempo em que reduzem os impactos ecológicos e a intensidade de recursos, de acordo com a capacidade estimada da Terra. Em outras palavras refere-se à adoção de ações que permitem o oferecimento de produtos e serviços a preços justos ao mesmo tempo em que reduzem o impacto ambiental negativo associado à sua produção. Isso implica claramente em fundir dois elementos que vimos conversando deste o circuito inicial: negociação sustentável e práticas sustentáveis. A Ecoeficiência também pode ser entendida como um processo organizacional. Para Helminen (2000) apud Anacleto et al.(2012) ela representa um processo que direciona os investimentos e o desenvolvimento de tecnologias para gerar valor ao acionista, minimizar o consumo de recursos e ainda eliminar o desperdício e a poluição. Neste sentido, o contínuo avanço tecnológico vem propiciando mudanças em processos e produtos que conciliam o aumento da eficiência econômica e ambiental das empresas, no entanto, ainda que o discurso empresarial atual reconheça a gestão ambiental como ferramenta primordial para a sustentabilidade dos empreendimentos no cenário contemporâneo, tal preocupação tem se concentrado no setor industrial (VILELA; DEMAJOROVIC, 2006). Como destaca o site do Conselho Empresarial Brasileiro de Desenvolvimento Sustentável - CEBDS (2016), as principais metas da ecoeficiência são: » Reduzir o consumo de materiais com bens e serviços; » Reduzir o consumo de energia (intensidade energética) com bens e serviços; » Reduzir a dispersão de substâncias tóxicas; » Intensificar a reciclabilidade de materiais; » Maximizar o uso sustentável de recursos renováveis; » Elevar a qualidade dos produtos e serviços ofertados; » Prolongar a durabilidade dos produtos; » Agregar valor aos bens e serviços. 36 CAPÍTULO 3 • A ESTRATÉGIA DA ECOEFICIÊNCIA E SEUS EFEITOS Nessa ótica, este conceito promove uma aproximação a eficiência dos recursos que leva à produtividade e lucratividade com a responsabilidade ambiental. Contudo, para que o setor empresarial brasileiro consolide de forma definitiva a cultura da ecoeficiência, é preciso incorporar as médias, pequenas e microempresas. Afinal, esse segmento representa 99% dos 5,6 milhões de empresas do país constituindo-se na base da fonte de geração de emprego. Inseri-lo no contexto da sustentabilidade sempre foi uma preocupação do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (ALMEIDA, 2005). Dentre as muitas práticas de ecoeficiência poderíamos exemplificar: » Adoção de Fontes Alternativas de Energia: elas permitem economia e são renováveis, oferecendo baixo impacto ambiental. Dentre algumas possibilidades poderíamos citar: a energia eólica, a solar e o biogás (gases de decomposição de resíduos orgânicos). » Tratamento de Resíduos Sólidos: uma empresa ecoeficiente deve fazer o máximo para reduzí-los, reciclá-los e reutilizá-los sempre que possível. » Prática da Compostagem: trata-se de um conjunto de técnicas que têm como objetivo estimular a decomposição de materiais orgânicos. Ao utilizar esse procedimento, a empresa está não apenas realizando a reciclagem de todo o lixo orgânico. » Substituição de Equipamentos Não Sustentáveis: considerando que as máquinas de produção são simultaneamente essenciais como também são os responsáveis por boa parte dos problemas ambientais de uma empresa. Substituir os equipamentos por outros que resultam em menos agressão ambiental é uma atitude ecoeficiente. A utilização de equipamentos de fechamento automático durante a utilização de água são um excelente exemplo de equipamento que ajuda a economizar e reduzir a escassez de água. » Criação e Adoção de Políticas de Reflorestamento: o desmatamento é um dos grandes transtornos causados por diversas indústrias ao longo dos anos, e o replantio é uma necessidade geral. Trata-se de uma estratégia praticamente obrigatória para indústrias de móveis e de celulose, uma vez que são estas as que mais se beneficiam do reflorestamento. » A Criação e Adoção de Políticas Sociais: ações de ecoeficiência também podem e devem ser estender para a comunidade em torno da empresa. É possível envolver a sociedade na busca pelo desenvolvimento sustentável, contando com um esforço conjunto e ao mesmo tempo estabelecendo uma relação de confiança entre a empresa e o público. Atenção Este último item envolve também a promoção práticas de educação ambiental que conscientize e mobilize os consumidores para um uso mais racional dos recursos naturais e energéticos através de panfletos/livretos, palestras, propagandas, entre outros. 37 A ESTRATÉGIA DA ECOEFICIÊNCIA E SEUS EFEITOS • CAPÍTULO 3 O CEBDS (2016) também destaca quatro fatores de sucesso para as companhias que buscam a ecoeficiência: » Ênfase no Serviço ao Consumidor: Focando não somente quais produtos oferecer, mas também os serviços disponíveis ao consumidor. Deste modo, as companhias criam novas oportunidades de entregar aplicações que agregam mais valor. » Ênfase na Qualidade de Vida: O sucesso das companhias no futuro estará cada vez mais focado nos produtos e serviços que atendam às necessidades reais, e não aquelas criadas. » Uma Visão do Ciclo de
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