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1 Thalia Feitosa| TUT 13 Gastroenterologia | Livro |Aula 3 A dor abdominal tem apresentações variadas, grande número de diagnósticos diferenciais e uma extensa variação de quadro clínico, ela se comporta de forma diferente a depender gênero e idade, entre outros. A sua origem pode ser desde etiologias benignas e autolimitadas até doenças que podem colocar a vida em risco. HISTÓRIA DO PACIENTE Alguns pontos chaves na história do paciente: o Idade o Tempo de evolução e modo de instalação da dor o Características da dor o Duração dos sintomas o Localização e irradiação da dor o Sintomas associados e sua relação com a dor o Náusea, vômitos e anorexia o Diarreia, constipação ou outras alterações no ritmo intestinal o História menstrual CLASSIFICAÇÃO ETIOLÓGICA As causas mais comuns de dor abdominal à admissão são apendicite aguda, dor abdominal inespecífica, dor de origem urológica e obstrução intestinal. A maioria dos pacientes que se apresenta com dor abdominal aguda evolui com processo autolimitado. Contudo, é importante lembrar que a intensidade da dor não necessariamente mantém correlação direta com a gravidade da doença subjacente. O caso mais evidente de “abdome agudo” talvez não exija intervenção cirúrgica, enquanto a mais discreta das dores abdominais pode anunciar uma lesão que deve ser solucionada com urgência. Todo paciente com dor abdominal de início recente necessita de investigação precoce completa e diagnóstico preciso. DOR ORIGINADA NO ABDOMEN Inflamação no peritônio parietal Contaminação bacteriana Apêndice perfurado ou outra víscera perfurada Doença inflamatória pélvica Irritação química Úlcera perfurada Pancreatite Mittelschmerz Obstrução mecânica de víscera oca Obstrução dos intestinos delgado ou grosso Obstrução da árvore biliar Obstrução ureteral Distúrbios vasculares Embolia ou trombose Ruptura vascular Obstrução por compressão ou por torção Anemia falciforme Parede abdominal Torção ou tração do mesentério Traumatismo ou infecção nos músculos Distensão das superfícies viscerais, p. ex., por hemorragia Cápsulas hepática ou renal Inflamação Apendicite Febre tifoide Enterocolite neutropênica ou “tiflite” DOR REFERIDA DE ORIGEM EXTRA-ABDOMINAL Cardiotorácica Infarto agudo do miocárdio Miocardite, endocardite, pericardite Insuficiência cardíaca congestiva Pneumonia (especialmente lobos inferiores) Embolia pulmonar Pleurodinia Pneumotórax Empiema Doença esofágica, incluindo espasmo, ruptura ou inflamação Genitália Torção de testículo CAUSAS METABÓLICAS Diabetes melito Uremia Hiperlipidemia Hiperparatireoidismo Insuficiência suprarrenal aguda Febre familiar do Mediterrâneo Dor abdominal Índice História do paciente Classificação etiológica Mecanismos da dor abdominal Abordagem ao paciente Diagnóstico diferencial 2 Thalia Feitosa| TUT 13 Gastroenterologia | Livro |Aula 3 Porfiria Deficiência do inibidor da C1 esterase (edema angioneurótico) CAUSAS NEUROLÓGICAS E PSIQUIÁTRICAS Herpes-zóster Tabes dorsalis Causalgia Radiculite por infecção ou por artrite Compressão medular ou de raiz nervosa Transtornos funcionais Transtornos psiquiátricos CAUSAS TÓXICAS Saturnismo Envenenamento por animais ou insetos Picada da aranha viúva-negra Picadas de cobra MECANISMOS DESCONHECIDOS Abstinência de narcóticos Intermação MECANISMOS DA DOR ABDOMINAL INFLAMAÇÃO DO PERITÔNIO PARIETAL A dor causada pela inflamação do peritônio parietal tem caráter constante e incômodo, localizando-se diretamente sobre a área inflamada, sendo possível estabelecer a sua referência exata, uma vez que é transmitida pelos nervos somáticos que inervam o peritônio parietal. A dor da inflamação peritoneal sempre é agravada por compressão ou por alterações na tensão do peritônio, alterações essas produzidas por palpação ou por algum movimento, como a tosse ou o espirro. OBSTRUÇÃO DE VÍSCERAS OCAS A obstrução intraluminal classicamente desencadeia dor abdominal intermitente ou em cólica que não é tão bem localizada quanto a dor produzida por irritação do peritônio parietal. DISTÚRBIOS VASCULARES Um equívoco frequente é considerar que a dor causada por distúrbios vasculares intra-abdominais tenha caráter súbito e catastrófico. Determinados processos de doença, como embolia ou trombose da artéria mesentérica superior ou ruptura iminente de aneurisma da aorta abdominal, podem certamente estar associados a dor intensa e difusa. Porém, com igual frequência, o paciente com obstrução da artéria mesentérica superior se apresenta apenas com dor difusa e leve, contínua ou em cólica, 2 ou 3 dias antes do aparecimento de colapso vascular ou de achados de inflamação peritoneal. PAREDE ABDOMINAL A dor com origem na parede abdominal é habitualmente constante e incômoda. Movimento, postura ereta prolongada e compressão acentuam o desconforto e o espasmo muscular associado. ABORDAGEM AO PACIENTE São poucos os distúrbios abdominais que exigem intervenção cirúrgica tão urgente a ponto de ser necessário abandonar uma abordagem sistemática, independentemente do quanto o paciente esteja enfermo. Apenas os pacientes com hemorragia intraabdominal exsanguinante (p. ex., ruptura de aneurisma) devem ser levados imediatamente à sala de cirurgia, mas, nesses casos, são necessários apenas alguns minutos para avaliar a natureza crítica do problema. Nos casos de dor abdominal aguda, o diagnóstico é prontamente definido na maioria dos casos, enquanto o sucesso é menos frequente em pacientes com dor crônica. A SII é uma das causas mais comuns de dor abdominal, devendo-se sempre tê-la em mente. A localização da dor pode auxiliar a restringir o diagnóstico diferencial, entretanto, a sequência cronológica de eventos na história do paciente é, com frequência, mais importante do que a localização da dor. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL POR LOCALIZAÇÃO QUADRANTE SUPERIOR DIREITO Colecistite Colangite Pancreatite Pneumonia/empiema Pleurite/pleurodinia Abscesso subdiafragmático Hepatite Síndrome de Budd-Chiari EPIGÁSTRICA Doença ulcerosa péptica Gastrite DRGE Pancreatite Infarto do miocárdio Pericardite 3 Thalia Feitosa| TUT 13 Gastroenterologia | Livro |Aula 3 Ruptura de aneurisma aórtico Esofagite QUADRANTE SUPERIOR ESQUERDO Infarto esplênico Ruptura esplênica Abscesso esplênico Gastrite Úlcera gástrica Pancreatite Abscesso subdiafragmático QUADRANTE INFERIOR DIREITO Apendicite Salpingite Hérnia inguinal Gravidez ectópica Nefrolitíase Doença inflamatória intestinal Linfadenite mesentérica Tiflite PERIUMBILICAL Apendicite inicial Gastrenterite Obstrução intestinal Ruptura de aneurisma aórtico QUADRANTE INFERIOR ESQUERDO Diverticulite Salpingite Hérnia inguinal Gravidez ectópica Nefrolitíase Síndrome do intestino irritável Doença inflamatória intestinal DOR DIFUSA NÃO LOCALIZADA Gastrenterite Isquemia mesentérica Obstrução intestinal Síndrome do intestino irritável Peritonite Diabetes Malária Febre familiar do Mediterrâneo Doenças metabólicas Transtorno psiquiátrico Referência: Harrison Clínica Médica, 2019
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