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Compra e venda mercantil e outros.docx

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DIREITO EMPRESARIAL II 
Turma 9º 
Profº Fernando Hebert 
Semana 3 
 
COMPRA E VENDA MERCANTIL 
 
A compra e venda terá natureza mercantil quando ambos os 
contratantes (o comprador e o vendedor) forem 
empresários. São seus elementos essenciais: o 
consentimento, a coisa e o preço. 
 
 
 
 
 
a) Consensual: Para a sua constituição é suficiente o 
encontro de vontades do comprador e do vendedor. 
Basta que eles se entendam quanto à coisa e ao preço 
para que o vínculo contratual se aperfeiçoe. 
 
b) Coisa: Pode tratar-se de bem de qualquer espécie, 
ou seja, imóvel, móvel ou semovente (corpóreos e 
incorpóreos); 
 
c) Preço: Valor pago em dinheiro (pagamento em 
moeda corrente nacional, em regra). 
 
 
 
 
 
 
A compra e venda mercantil é um contrato consensual, de 
modo que basta o encontro de vontades para que o contrato 
se repute fechado, aperfeiçoando-se o vínculo contratual. 
 
A partir daí, o comprador assume a obrigação de pagar o 
preço e o vendedor assume a obrigação de transferir o 
domínio (entregar a coisa, objeto do contrato). 
 
Se o primeiro (comprador) não cumpre a sua parte na avença, 
responderá pelo valor devido, além das perdas e danos e 
demais encargos assumidos. 
 
 
 
 
 
 
Se o vendedor não cumpre o seu dever de entrega a coisa, o 
comprador poderá optar entre o direito à indenização por 
perdas e danos e o cumprimento do contrato. 
 
O vendedor também se compromete a responder por vício 
redibitório (441, CC) e pela evicção (447, CC). 
 
a) Vício redibitório: O vício redibitório é o 
defeito oculto que acompanha o objeto 
sem o conhecimento do comprador e que, 
quando se apresenta, o torna impróprio 
para uso e faz diminuir o seu valor. 
 
 
 
 
 
 
b) Evicção: é uma garantia legal ofertada ao 
adquirente, já que se ele vier a perder a 
propriedade, a posse ou o uso em razão de 
uma decisão judicial ou de um ato 
administrativo, que reconheça tal direito à 
terceiro, possa ele recobrar de quem lhe 
transferiu esse domínio, ou que pagou 
pela coisa. 
 
 
 
 
 
 
Via de regra, as despesas da tradição cabem ao vendedor 
(transporte a coisa). Portanto, em princípio, é dever do 
vendedor entregar o bem no estabelecimento do comprador. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FRANQUIA 
 
O contrato de franquia está previsto na Lei 13.966/2019 
(possui apenas 10 artigos) que revogou a Lei 8.955/94. 
 
O Contrato de franquia surgiu nos EUA em 1860 e decorreu da 
percepção dos empresários que era mais viável investir em 
uma empresa já conhecida/consolidada no ramo entre os 
consumidores do que iniciar suas atividades do zero. 
 
 
 
 
 
 
Além disso, era mais vantajoso começar um empreendimento 
com técnicas comerciais já consagradas. Por fim, é vantagem 
também ao franqueador (DONO - PROPRIETÁRIO) porque 
seu produto/marca irá atingir um número maior de 
consumidores sem custos adicionais. 
 
RESUMINDO: .... A franquia é um método seguro para as 
empresas que desejam ampliar suas operações com baixo 
investimento e ainda representam, por outro lado, uma 
grande oportunidade para quem quer ser dono de seu próprio 
negócio. 
 
 
 
 
 
 
MAIS PQ? Na franquia haverá a concessão de um empresário 
a outro, de marcas e produtos, devidamente registradas, já 
perfeitamente conhecidas pelo público e aceitas por sua 
qualidade e preço. 
 
 ENTÃO... A franquia é uma modalidade de negócio que 
envolve a distribuição de produtos ou serviços dentro das 
condições estabelecidas no contrato onde o franqueador 
concede e transfere para o franqueado: marca; tecnologia; 
consultoria operacional; e produtos ou serviços. 
 
 
 
 
 
 
 
Definição legal - CONCEITO: Art. 1º, da Lei nº 13.966/2019; 
 
OS CONTRATOS VÃO TER: 
 
FRANQUEADOR: aquele que detém (proprietário) a marca, 
tecnologia, patente e conhecimentos específicos de negócios, 
e que os disponibiliza, parcial ou totalmente, mediante 
sistema de franquia, para o franqueado. 
 
FRANQUEADO: aquele que aceita utilizar, mediante 
remuneração (royalties) ao franqueador, a oferta específica do 
franqueador para utilizá-lo em seu negócio próprio. 
 
 
 
 
 
NOS CONTRATOS DE FRANQUIA não haverá entre as partes 
um vínculo empregatício, sendo que o FRANQUEADOR 
detém autonomia econômica e jurídica, não sendo, portanto, 
filial do franqueado. Assim, não haverá um vínculo de 
subordinação entre as partes, respondendo cada um por seus 
atos. 
 
QUAIS AS FINALIDADES DO CONTRATO 
 
• Contratação/Autorização para o uso de marca ou outros 
serviços de propriedade intelectual); 
 
 
 
 
 
 
• Contratação do direito de distribuição e produção exclusiva 
ou semiexclusiva de produtos ou serviços. 
 
• Transferência de know-how (conhecimento técnico) do 
franqueador para o franqueado. 
 
INEXISTÊNCIA DA RELAÇÃO DE CONSUMO ENTRE 
FRANQUEADOR E FRANQUEADO 
 
De acordo com o entendimento pacífico da jurisprudência, 
não existe qualquer relação de consumo entre o franqueador e 
o franqueado. 
 
 
 
 
 
IMPORTANTE - CIRCULAR DE OFERTA DE FRANQUIA 
 
Conceito 
 
É uma ESPÉCIE DE PROPOSTA por escrito do franqueador 
que deve ser fornecida ao interessado em implantar o sistema 
de franquia empresarial. 
 
A Circular de Oferta de Franquia deverá ser entregue ao 
interessado/franqueado, no mínimo, 10 (dez) dias antes da 
assinatura do contrato ou pré-contrato de franquia. 
 
 
 
 
 
 
Em suma, essa circular de oferta de franquia traz os dados de 
como funcionará a franquia, os dados essenciais da operação. 
Deverá constar obrigatoriamente na circular de oferta da 
franquia, entre outros detalhes, os balanços e demonstrações 
financeiras da empresa franqueadora relativos aos dois 
últimos exercícios. 
 
PRAZO DE REFLEXÃO – é o prazo para que o candidato a 
franqueado reflita sobre a proposta. A Lei prevê o prazo 
mínimo de 10 dias. 
 
 
 
 
 
 
A EXTINÇÃO do contrato se dá automaticamente quando o 
prazo do contrato se encerra ou a qualquer momento por 
vontade das partes, obedecendo as cláusulas contratuais 
pertinentes ao tema. 
 
Podemos compreender que o contrato de franquia é feito por 
duas partes (FRANQUEADOR e FRANQUEADO) onde o 
primeiro passa ao segundo o direito de uso da marca para 
comercializar produto ou serviço, iniciando-se com o 
recebimento da Circular de Oferta (PROPOSTA) e termina 
quando o próprio contrato determinar ou quando uma das 
partes não quiser mais continuar a fazer parte do sistema, 
 
 
 
 
 
independente do motivo, porém devendo sempre observar as 
sanções rescisórias. 
 
O empresário franqueador, além de licenciar o uso da sua 
marca a outro empresário (franqueado), prestará os serviços 
de organização empresarial, que poderão ser decorrentes de 
três contratos mais usuais: 
 
• contratos de engenharia - engineering: o franqueador vai 
projetar a arquitetura, layout, do estabelecimento do 
franqueado; 
 
 
 
 
 
 
 
• contrato de gerência - management: o franqueador irá 
prestar serviços de gerência e treinamento de funcionários, 
além da estruturação da administração do negócio pelo 
franqueado; 
 
• contrato de marketing: aqui o franqueador irá auxiliar nas 
questões de marketing. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONTRATO DE REPRESENTAÇÃO COMERCIAL 
 
 
O contrato de Representação Comercial é o instrumento pelo 
qual uma das partes - REPRESENTANTE COMERCIAL 
AUTÔNOMO - se obriga, em localidade delimitada, a obter 
(concretizar) pedidos de compra e venda de mercadorias 
fabricadas ou comercializadas pela outra parte - 
REPRESENTADO. 
 
 
 
 
 
 
O representante comercial tem um papel de intermediador 
entre o produto ou serviço da empresa e o consumidor final, 
indo atrás de formar e manter uma clientela para a empresa 
em determinada zona de atuação.Em outras palavras, o contrato de representação comercial 
ocorre quando uma das partes (representante comercial 
autônomo) “se obriga a obter pedidos de compra e venda de 
mercadorias fabricadas ou comercializadas pela outra parte 
(representado)”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
O representante se encarrega de conseguir pessoas para 
compra das mercadorias do representado na região. 
 
Na representação comercial, não há, em regra, vínculo 
societário e/ou empregatício entre o representado e o 
representante comercial autônomo. 
 
 QUAIS SÃO OS PRINCIPAIS ELEMENTOS: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
• Autonomia para organizar suas atividades; 
 
• Delimitação territorial do local onde deve ser prestado o 
serviço; 
 
• Direito do representante à retribuição da zona do serviço 
prestado; 
 
• Exclusividade e independência de ação. 
 
 
 
 
 
 
A Lei n. 4.886/1965, é a legislação aplicável à Representação 
Comercial, sendo que o contrato de representação comercial 
deve ser celebrado por escrito e observar os requisitos do 
artigo 27 da Lei no. 4.886/1965. 
 
EXCLUSIVIDADE - O representante pode ou não ter 
exclusividade de atuação na zona especificada em contrato. 
 
A exclusividade de atuação pode ser total, quando 
unicamente aquele representante poderá atuar na sua zona 
ou parcial, quando algum outro representante também 
poderá atuar na área. 
 
 
 
 
 
 
O prazo da exclusividade, geralmente, perdura pelo prazo 
contratual. Entretanto, o prazo da exclusividade poderá ser 
diferente do prazo do contrato, se encerrando antes. 
 
REMUNERAÇÃO OU RETRIBUIÇÃO - A retribuição nada mais 
é do que a remuneração do representante sobre os negócios 
realizados em decorrência do seu trabalho, a comissão. 
Geralmente fica entre 3% e 5% sobre o total da fatura. 
 
O representante comercial adquire o direito à comissão 
quando for realizado o pagamento dos pedidos. 
 
 
 
 
 
RESCISÃO DO CONTRATO 
 
No contrato de representação por prazo indeterminado, a lei 
prevê a necessidade de aviso prévio de 30 dias para ser 
possível a rescisão sem justa causa, caso o contrato haja 
vigorado por mais de 06 meses. 
 
Contrato com prazo DETERMINADO 
 
A rescisão antecipada do contrato sem justa causa dá ao 
agente direito à indenização (art. 27, §1º da Lei). 
 
 
 
 
 
 
No caso do contrato ser rescindido de forma imotivada, o 
representante fará jus à indenização de 1/12 (um doze avos) 
sobre o total das comissões auferidas durante todo o período 
trabalhado. 
 
RESUMINDO... A representação comercial autônoma é uma 
ferramenta importante no aumento da capacidade de vendas 
da empresa representada, porém, a regulamentação entre os 
direitos e deveres entre representante e representada devem 
ser previstas contratualmente de forma mais específica e 
expressa possível, com a finalidade de reduzir os conflitos 
vindos da atuação de ambos. 
 
 
 
 
 
 
Ex.: representante comercial consegue um atacadista para 
comprar R$ 50 mil da fábrica. Em tal caso, o representante 
fará o pedido e mandará para a fábrica. Quem irá aprovar esse 
pedido será a própria fábrica, ou seja, é o representado. O 
representante é autônomo, mas é o representado quem vai 
decidir. 
 
No caso do representante, haverá apenas a aproximação, pois 
quem celebrará o contrato será o representado, ficando o 
representante comercial de fora da conclusão do negócio. 
 
 
 
 
 
O representante comercial autônomo é empresário, podendo 
ser pessoa física ou pessoa jurídica. 
 
Além disso, o representante comercial autônomo deverá se 
registrar no órgão profissional, que é o Conselho Regional dos 
Representantes Comerciais. Caso seja pessoa jurídica, 
também deverá ser registrado na Junta Comercial. 
 
Atente-se que é vedado que no contrato de representação 
comercial haja a inclusão de cláusula del credere (art. 43). 
 
 
 
 
 
 
A cláusula “del credere” corresponde ao instituto ou 
previsão da parte contratante ou representada descontar 
os valores de comissões ou vendas do representante 
comercial na hipótese da venda ou da transação ser 
cancelada ou desfeita. 
 
 
 
 
 
 
 
CONTRATO DE COMISSÃO MERCANTIL 
 
O contrato de comissão gera um vínculo em que o 
“empresário (comissário) se obriga a realizar negócios 
mercantis por conta de outro empresário (comitente)”. 
 
 Perante terceiros, quem assume a responsabilidade é o 
comissário, não o comitente. Se aplicam, aqui, como base 
normativa, as disposições do Código Civil acerca do contrato 
de comissão (arts. 693 e ss). 
 
 
 
 
 
 
De acordo com o art. 696 do CC: “no desempenho das suas 
incumbências o comissário é obrigado a agir com cuidado e 
diligência, não só para evitar qualquer prejuízo ao comitente, 
mas ainda para lhe proporcionar o lucro que razoavelmente se 
podia esperar do negócio”. 
 
Já seu parágrafo único determina que “responderá o 
comissário, salvo motivo de força maior, por qualquer prejuízo 
que, por ação ou omissão, ocasionar ao comitente”. 
 
Além disso, o comissário tem a obrigação de observar as 
instruções expedidas pelo comitente; e será remunerado por 
 
 
 
 
 
comissão, geralmente um percentual dos negócios que 
entabular. 
 
No contrato de comissão, se houver instruções do comitente 
proibindo prorrogação de prazos para pagamento, ou se esta 
não for conforme os usos locais, poderá o comitente exigir 
que o comissário pague incontinenti ou responda pelas 
consequências da dilação concedida, procedendo-se de igual 
modo se o comissário não der ciência ao comitente dos prazos 
concedidos e de quem é seu beneficiário. 
 
 
 
 
 
 
Ademais, o comissário responde pela insolvência das pessoas 
com quem tratar se agir com culpa. 
 
Todavia, havendo a previsão da cláusula del credere, o 
comissário assumirá a responsabilidade solidária juntamente 
com os terceiros com quem contratar. 
 
Claro que, nesse caso, como o risco de suas operações 
aumenta, ele será ainda mais diligente, e terá, obviamente, 
direito a uma comissão maior. 
 
 
 
 
 
 
A regra está disciplinada no art. 698 do Código: “se do 
contrato de comissão constar a cláusula del credere, responderá 
o comissário solidariamente com as pessoas com que houver 
tratado em nome do comitente, caso em que, salvo estipulação 
em contrário, o comissário tem direito a remuneração mais 
elevada, para compensar o ônus assumido”.

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