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1 11. A EDUCAÇÃO DO SÉCULO XVI http://slideplayer.com.br/slide/327275/ A Idade Média – período compreendido entre o início do século V até meados do século XV – não pode ser considerada como mil anos de trevas, pois, hoje, ainda nos orientamos por determinados valores surgidos com célebres pensadores como Santo Tomás de Aquino (1227-1274), Santo Anselmo (1033- 1109), Santo Agostinho (354-430), Abelardo (1079- 1142), Averroés (1126-1198), Guilherme de Ockam (1300- 1349) e muitos outros que contribuíram com os seus conhecimentos, independentemente de estarem ou não sob influência da Igreja. Temos de reconhecer que muitas ideias inovadoras floresceram e muitas outras foram para a fogueira da Inquisição, justamente por defenderem essas ideias. O termo Renascimento surge para designar o período que antecede a Idade Moderna. AULA 11 2 Prosseguindo seus estudos, você conhecerá o milagre humano, o Renascimento, o período de transição da Idade Média para a Idade Moderna. Não vamos nos alongar, pois esperamos que você procure mais literatura sobre o assunto. Nos propomos apenas a fazer uma introdução para que você possa entender os processos educacionais modernos. No Renascimento, foram revividos todos aqueles intelectuais da antiguidade, desaparecidos no período medieval. O advento da nova classe comerciante emergente, a burguesia, saída dos burgos formados nas cercanias das cidades por antigos servos que, com seu trabalho, compravam sua liberdade e a de suas cidades, desobrigando-se da obediência aos senhores feudais, faz surgir um novo homem, cujo valor se encontra não mais na família ou na linhagem, mas no prestígio resultante do seu esforço e capacidade de trabalho. Como você vai ver, esse é o terreno onde germinaram as novas ideias. Os fatores que contribuíram para o despontar do Renascimento foram: a decadência da Escolástica; a descoberta das obras da antiguidade, até então desconhecidas ou conhecidas apenas em traduções imperfeitas; a descoberta da imprensa por Gutenberg, em 1445, na Alemanha; a tomada de Constantinopla pelos turcos, o enriquecimento da Europa e a proteção dispensada às artes e às letras pelos príncipes e homens de fortuna. E quais foram as consequências desses fatores para a educação? Resultou na reformulação dos ideais e dos conteúdos das obras educacionais. Toda ação educativa deveria consistir, essencialmente, num esforço de se traduzir, no estilo de vida individual e social, a inspiração formativa que se atribuía à literatura antiga, tornando-se os homens tanto mais perfeitos quanto mais latinizados. Quanto ao conteúdo, era a educação humanista constituída, principalmente, dos estudos linguísticos baseados nas antiguidades clássicas, consubstanciados na Filologia, a nova ciência que foi um produto da época e cujo estudo deveria conduzir à eloquência. Além dessas consequências já conhecidas, o Renascimento propiciou a chamada Reforma Protestante, que veio a tornar ainda mais radical a cisão contra a unidade espiritual do Ocidente. Acrescidos a essas consequências, a quebra da disciplina eclesiástica e a corrupção moral e religiosa, interesses políticos estimulados 3 pela cobiça dos bens da Igreja e a própria agitação social, provocada pela pregação luterana, aceleraram esse movimento de Reforma. O seu maior representante foi Martinho Lutero (1483- 1546), monge alemão da ordem dos agostinianos. A essência da doutrina luterana é o racionalismo individualista, segundo o qual toda a verdade religiosa tem como único fundamento a consciência individual, formada no livre exame das Escrituras. Na segunda metade do século XVI e no século XVII, verificou-se uma reintensificação das atividades educativas da Igreja. Isso foi, principalmente, consequência do Concílio de Trento, realizado de 1545 a 1563. 12. EDUCAÇÃO NOS SÉCULOS XVII E XVIII https://pt.slideshare.net/mariliabogea/metodologia-da-educao-infantil A pedagogia do século XVII sofreu uma influência das duas correntes filosóficas, a empírica com Francis Bacon (1561-1626) e a racionalista com John Locke (1632- 1704). O primeiro apregoava que o conhecimento era proveniente da experiência, das percepções sensoriais. Dessa forma, cumpre empregar o método indutivo, pelo qual AULA 12 4 os fatos particulares são objeto de agrupamento, de experimentação e comprovação, para chegar aos conceitos gerais, isto é, ao conhecimento. O primeiro dos inovadores realistas foi Wolfgang Ratke (1571-1635), que cuidou de introduzir na educação teórica a prática das ideias de Bacon. Outro educador, John Locke, acreditava que a inteligência humana, devidamente preparada por um treino adequado, poderia conduzir o homem à conquista de todas as verdades, o que lhe permitiria estabelecer-se da melhor forma de vida. Atribui-se a Locke o desenvolvimento de um novo conceito de educação intelectual, o conceito de educação como disciplina. Outro famoso educador era João Amós Comênio (também conhecido como Comenius). Sua pedagogia prescrevia que o ensino levasse em conta a evolução mental do aluno. Para atender a essa exigência, deveria a escola desenvolver primeiramente a intuição sensível, depois a memória, as ideias abstratas, e, por último, a capacidade de julgar. No século XVIII, o naturalismo pedagógico, resultante do iluminismo procurou libertar o pensamento da repressão dos monarcas terrenos e do despotismo sobrenatural do clero. É nesta época que se percebe a preocupação com a educação infantil. A criança não é mais uma miniatura do adulto, ela vive num mundo próprio que precisa ser compreendido. Iluminados - pessoas ligadas ao “Movimento das Luzes”. Provenientes do movimento filosófico “Iluminismo”, também conhecido como “Século das Luzes”, na França, Alemanha e Inglaterra do século XVIII. Iluminismo - se caracterizava pela defesa da ciência e da racionalidade crítica, contra a fé, a superstição e o dogma religioso. É mais do que movimento filosófico tendo uma dimensão libertária, artística e política. Os iluministas consideravam que o homem poderia se emancipar através da razão e do saber, ao qual todos deveriam ter livre acesso. Para Rousseau, toda a educação da criança devia surgir a partir do desenvolvimento livre da sua própria natureza. A criança não é um adulto em miniatura, tem uma natureza que lhe é própria, com interesses e tendências peculiares, que devem ser explorados como ponto de partida, a fim de se criar ambiente propício ao seu desenvolvimento. Segundo o educador naturalista, toda criança já nasce boa. A sociedade é que a corrompe. Não se deve usar as coações 5 sociais, os hábitos afastados da lei natural. O único instrumento que pode dar resultado é a liberdade bem regulada. A educação deveria ser tão fortemente social quanto individual, baseando-se nas diferenças individuais e preparando a criança para a vida. A partir de Rousseau, a educação passa a gravitar em torno da criança, e os maiores pedagogos que se seguiram, Jean Henri Pestalozzi (1746-1827), Johann Friedrich Herbart (1776-1841) e August Wilhelm Friedrich Fröebel (1782-1852) são marcados por esse naturalismo romântico. Pestalozzi foi o maior gênio, a figura mais nobre da educação e fundador da primeira escola primária popular. Suas ideias repercutiram na educação e na pedagogia moderna de modo extraordinário. Sofreu influência de Emmanuel Kant (1724-1804), Herbart, Johann Fichte (1762-1814) e Fröebel. Como Rousseau, Pestalozzi não expôs suas idéias pedagógicas por forma sistemática. Segundo o educador, a educação tem finalidade própria: a humanização do homem, o desenvolvimento de todas as manifestações da vida humana levada à maior plenitude e perfeição. Não deve a educação mover-se em atmosfera abstrata, irreal, mas há de partir das circunstâncias reais, imediatas do homem. Reconhece constantemente o valorda educação religiosa, só que, para ele, sem caráter dogmático e confessional. 6 13. EDUCAÇÃO NO SÉCULO XIX http://dhynes.pbworks.com/w/page/8944954/A%20Educa%C3%A7%C3%A3o%20Nacional%20no%20Seculo%20X IX A Revolução Industrial iniciada nos fins do século anterior se desenvolve com mais intensidade e exige uma mão-de-obra especializada. Daí surge a necessidade de que a educação se estenda a todos. Nos fins do século XVIII, surgem, na Alemanha, grandes filósofos e escritores preocupados com a educação, pertencentes às correntes idealista e neohumanista da pedagogia. Também influenciado por Pestalozzi, a educação com base na psicologia começará a despontar através de Herbart (1776-1841). O ponto fundamental estabelecido em sua obra educacional é a base da unificação do desenvolvimento e da vida mental. Derivou da filosofia sua concepção de educação como derivou da ética a finalidade. O objetivo da educação é ético. O trabalho único e total da educação pode ser resumido no conceito – moralidade; esta é a primeira sentença da Representação Estética. Segundo Herbart, a função imediata da instrução é AULA 13 7 proporcionar ideias ao espírito, estabelecer suas exatas relações, combiná-las ou impregná-las com a boa vontade ou simpatia que conduzirão à ação moral. A influência herbartiana revela-se mais uma forte acentuação da importância da instrução, e consequentemente da técnica escolar, especialmente da exposição da lição, do que no espírito geral como no caso de pestalozzianismo. Realmente, ele resumiu seu sistema e indicou sua influência ao dar ênfase ao professor e ao processo de instrução que acabou por influenciar os novos educadores do século XX. É preciso também dar ênfase ao objetivo da educação, que segundo Herbart, seria o ético. O valor da liberdade interna seria a harmonia entre a volição ou desejo e a compreensão e convicção de outro. Segundo o educador, a moralidade depende da boa vontade e do conhecimento. Outro educador que se destacou nesse período foi o idealizador dos jardins de infância, Fröebel (1782-1852). Considerava que o desenvolvimento da criança dependia de uma atividade espontânea (o jogo), uma atividade construtiva (trabalho manual) e um estudo da natureza. Valorizava a expressão corporal, o gesto, o desenho, o brinquedo, o canto e a linguagem. Dá um significado mais profundo à utilização dos dons e às atividades concretas da escola. Acentua os princípios de auto atividade como método pelo qual se processa o desenvolvimento. Segundo Fröebel, a educação não é uma preparação para um estado futuro. A vida em que a criança pretende entrar não é a vida do adulto, mas a vida que o rodeia. A educação encontra seu significado no processo, não em alguma condição remota que só existe através da imaginação. O objetivo da educação é o desenvolvimento, o processo da educação é o desenvolvimento. A escola para Fröebel é o lugar onde a criança deve aprender as coisas importantes da vida, os elementos essenciais da verdade, da justiça, das relações causais e outras semelhantes; não as estudando, mas vivendo-as. Fröebel afirma que a escola tem uma função social, ao lado da função individual: o desenvolvimento das energias do menino e da consciência do grupo e da coletividade. A escola, porém, há de parecer-se o mais possível com a vida; nela devem reinar também a atividade e a liberdade. 8 14. EDUCAÇÃO NO SÉCULO XX http://slideplayer.com.br/slide/1873186/ O pensamento educacional do presente é, largamente, uma síntese das ideias herbartianas e froebelianas, nas quais as últimas estão mais de acordo com o pensamento filosófico, psicológico e científico dominante. Procura resumir os movimentos dos últimos tempos e reorganizar e relacionar os princípios essenciais de cada movimento, num todo harmonioso. Existe uma tendência cada vez maior de universalizar a educação pela cooperação de todos os países, cooperação que, respeitando o sentido nacional, chegue a estabelecer uma educação pública de alcance universal. AULA 14 9 Destaca-se no mundo contemporâneo a tendência pedagógica reformadora, sintetizada no movimento da “educação nova”. É uma tentativa de mudar o rumo da educação tradicional, intelectualizada e livresca. Por escolas novas entendem-se as escolas inspiradas nas primeiras escolas inglesas que se iniciam na Europa por volta de 1890; as escolas experimentais, do tipo pedagógico e técnico que se originaram nos EUA, principalmente por influência da “escola universitária” de John Dewey (1859-1952), em 1896; as escolas ativas, de caráter essencialmente metodológico, inspiradas pelos criadores dos métodos de educação como Maria Montessori (1870-1952), Ovide Decroly (1871-1932), ambas em 1907 ou a de Miss Parkhurst, de 1918; as escolas de ensaio e reforma, de tipo oficial, que abarcam várias instituições dentro de um sistema escolar. Os métodos que primeiro surgiram na educação nova acentuaram o caráter individual do trabalho escolar, como o método montessoriano até alcançar um método mais coletivo, como é o caso de Decroly. Assim, a evolução do método caminhou do aspecto individual ao coletivo e social. Os principais métodos da escola nova são: • Métodos de trabalho individual: Montessori, Mackinder, Plano Dalton; • Métodos de trabalho individual-coletivo: Decroly, Sistema de Winnetka, Plano Howard; • Métodos de trabalho coletivo: o de projetos, o de ensino sintético, técnica Freinet; • Métodos de trabalhos por grupos: de equipes, Cousinet, Plano Jena; • Métodos de caráter social: as cooperativas escolares, a autonomia dos alunos, comunidades escolares. O mundo atual convive com uma multiplicidade de movimentos educacionais, influenciados pelos gregos antigos, os iluministas, naturalistas, pragmatistas, racionalistas, entre outros. A sociedade atual vivencia essa diversidade de movimentos pedagógicos, buscando através de inovadores métodos de ensino a solução dos problemas humanos. 10 15. EDUCAÇÃO NO SÉCULO XXI https://joaodemeira.wikispaces.com/06+Educa%C3%A7%C3%A3o+do+S%C3%A9culo+XXI+- +Professores+e+Alunos+do+S%C3%A9culo+XXI Diante de tantas crises paradigmáticas, o mundo traz à tona algumas reflexões pedagógicas, advindas das ocorrências sociais, políticas, econômicas e ambientais que foram iniciadas no final dos anos 80. Vivemos a civilização do conhecimento, da ciência e da tecnologia que agoniza, pede socorro diante do cenário de violências e barbárie que se instala nos corações dos homens. E qual seria o papel da educação nesse contexto? Qual seria o papel da educação na era da informação? Quais são as perspectivas para esse terceiro milênio? AULA 15 11 Convivemos com o tradicional e o novo com as teorias idealistas, realistas, sociais, existenciais e caminhamos para uma educação universal, sustentável e planetária. As novas tecnologias que surgem, vem permitindo a difusão do conhecimento através, principalmente, da internet. Convivendo com essas tecnologias, outras perspectivas, tais como holismo e a complexidade do real, sustentadas por Pierre Weil, Edgar Morin, Basarab Nicolescu, entre outros, defendem uma educação que pretende restaurar a totalidade do sujeito, valorizando a sua iniciativa, a sua criatividade, valorizando o micro, a complementaridade, a convergência, a complexidade. 16. PERÍODO MODERNO https://www.institutomillenium.org.br/artigos/educacao-para-o-seculo-xxi/ Duas instituições educativas, em particular, sofreram uma profunda redefinição e reorganização na Modernidade: a família e a escola, que se tornaram cada vez mais centrais na experiência formativa dos indivíduos e na própria reprodução (cultural, ideológica e profissional) da sociedade. As duas instituições chegaram a cobrirtodo o arco da infância – adolescência, como “locais” destinados à formação das jovens gerações, segundo um modelo socialmente aprovado e definido. A família, objeto de uma retomada como núcleo de afetos e animada pelo “sentimento da infância”, que fazia cada vez mais da criança o centro-motor da vida familiar, elaborava um sistema de cuidados e de controles da mesma criança, que AULA 16 12 tendiam a conformá-la a um ideal, mas também a valorizá-la como mito, um mito de espontaneidade e de inocência, embora às vezes obscurecido por crueldade, agressividade etc. Os pais não se contentavam mais em apenas pôr filhos no mundo. A moral da época impõe que se dê a todos os filhos, não só ao primogênito, e no fim dos anos seiscentos também as filhas, uma preparação para a vida. A tarefa de assegurar tal afirmação é atribuída à escola. Ao lado da família, à escola: uma escola que instruía e que formava que ensinava conhecimentos, mas também comportamentos, que se articulava em torno da didática, da racionalização da aprendizagem dos diversos saberes, e em torno da disciplina, da conformação programada e das práticas repressivas (constritivas, mas por isso produtoras de novos comportamentos). Mas, sobretudo, uma escola que reorganizava suas próprias finalidades e seus meios específicos. Uma escola não mais sem graduação na qual se ensinavam as mesmas coisas a todos e segundo processos de tipo adulto, não mais caracterizada pela “promiscuidade das diversas idades” e, portanto, por uma forte incapacidade educativa, por uma rebeldia endêmica por causa da ação dos maiores sobre os menores e, ainda, marcadas pela “liberdade dos estudantes”, sem disciplina interna e externa. Com a instituição do colégio (no século XVI), porém, teve início um processo de reorganização disciplinar da escola e de racionalização e controle de ensino, através da elaboração de métodos de ensino/educação que fixavam um programa minucioso de estudo e de comportamento, o qual tinha ao centro a disciplina, o internato e as “classes de idade”, além da graduação do ensino/aprendizagem. Também é dessa época a descoberta da disciplina: uma disciplina constante e orgânica, muito diferente da violência e autoridade não respeitada. A disciplina escolar teve raízes na disciplina religiosa; era menos instrumento de exercício que de aperfeiçoamento moral e espiritual, era buscada pela sua eficácia, como condição necessária do trabalho em comum, mas também por seu valor próprio de edificação. Enfim, a escola ritualizava o momento do exame atribuindo-lhe o papel crucial no trabalho escolar. O exame era o momento em que o sujeito era submetido ao controle máximo, mas de modo impessoal: mediante o controle do seu saber. Na realidade, o exame agia, sobretudo como instrumento disciplinar, de controle do sujeito, como instrumento de conformação. 13 17. AS REVOLUÇÕES BURGUESAS NO SÉCULO XVIII https://joaodemeira.wikispaces.com/05+Educa%C3%A7%C3%A3o+do+S%C3%A9culo+XXI+- +Salas+de+Aula+do+S%C3%A9culo+XXI A educação no século XVIII foi marcada pelas revoluções burguesas ocorridas na Europa, pois a concepção burguesa de mundo e a própria configuração socioeconômica decorrente dessas revoluções requeria a expansão da escola. Vejamos como isso aconteceu. De um lado, a sociedade europeia assistia ao nascimento da fábrica e, portanto, de novas relações de trabalho que passaram a ter as cidades como palco, suplantando o modo de vida feudal, concentrado no campo. A nova forma de produção, mecanizada, rápida, baseada na ciência, na divisão social do trabalho, ia deixando para trás a antiga aprendizagem artesanal que vigorou desde a Idade Média como única forma popular de instrução. O nascimento da fábrica gerou espaço para o surgimento da moderna instituição escolar pública. Além disso, começou a declinar a influência católica na educação, processo crescente no século XIX, e um sinal dessa tendência foi a supressão da ordem dos jesuítas. A esse conjunto de mudanças inauguradas pela revolução industrial, que consolidou o modo de produção capitalista no mundo Ocidental, damos o nome de mudanças estruturais, isto é, que ocorreram na base produtiva da sociedade. E foram AULA 17 14 essas mudanças que engendraram uma nova concepção de vida em sociedade, na qual a educação ocupava lugar importante. Além disso, podemos afirmar que no século XVIII desenvolve-se uma imagem nova da pedagogia moderna: laica, racional, científica, orientada para valores sociais e civis, crítica em relação a tradições, instituições, crenças e práticas educativas, empenhada em reformar a sociedade, sobretudo a partir da vertente educativa, conforme escreveu esse mesmo autor. Trata-se de uma pedagogia crítico-racionalista que, elaborada segundo ideais burgueses, se espalha por toda a Europa. Essa é a pedagogia do Iluminismo. Mas ele próprio adverte para o fato de que o século XVIII não pode ser compreendido em sua integridade somente pelo Iluminismo, ou seja, existiu também a oposição a essa corrente, conforme assinalamos a respeito da resistência católica na Itália. É importante observarmos que, no século XVIII, as teorias mais avançadas sobre educação foram elaboradas na França, país que, em contraste com sua efervescente criação filosófica, foi pouco ativo nas iniciativas práticas para transformar a escola. A seguir, abordaremos esses dois aspectos da educação da época: 1) a elaboração das teorias inovadoras no século XVIII, que tiveram como principal berço o solo francês; 2) as iniciativas práticas pela expansão escolar nesse século. 15 18. JEAN-JACQUES ROUSSEAU: O “PAI” DA PEDAGOGIA CONTEMPORÂNEA http://slideplayer.com.br/slide/1785632/ É consenso entre os estudiosos que Rousseau foi uma das personalidades mais destacadas da história da educação, a figura que a influenciou de modo decisivo e radical, o autor que executou a virada mais explícita da sua história moderna. Diferentemente de Comenius, Pestalozzi ou Fröebel, não foi propriamente educador, mas suas ideias pedagógicas influenciaram decisivamente a educação moderna. Para Manacorda (1989), ele revolucionou totalmente a abordagem da pedagogia, privilegiando a interpretação “antropológica”, isto é, focalizando o sujeito, a criança, e dando um golpe feroz na abordagem epistemológica, centrada na reclassificação do saber e na sua transmissão à criança, mas não deixou de ser contraditório ao conceber a educação tal como está exposta na sua obra-prima, Emílio ou Da Educação. As frequentes contradições, a rejeição à sistematização conceitual e a permanente vinculação entre as ideias e conflitos pessoais vividos pelo autor tornam difícil uma exposição sintética de sua obra. Entretanto, é possível destacar os temas dominantes de seu pensamento: relações entre natureza e sociedade, moral fundada na liberdade, primazia do sentimento sobre a razão, teoria da bondade natural do AULA 18 16 homem e doutrina do contrato social. Dois aspectos ocupam o centro da reflexão filosófica de Rousseau: em primeiro lugar, não é a razão, mas o sentimento o verdadeiro instrumento do conhecimento; em segundo lugar, não é o mundo exterior o objeto a ser visado, mas o mundo humano. Ambos os aspectos implicam na passagem da atitude teórica para o plano da valorização moral. Dessa forma, o traço mais significativo de seu pensamento passa a residir nos caminhos práticos que ele procurou apontar para o homem alcançar a felicidade, tanto no que se refere ao indivíduo quanto no que se relaciona à sociedade. No primeiro caso, formulou uma pedagogia, que se encontra em Emílio; no segundo, teorizou sobre o problema político e escreveu o Contrato Social. Assim, política e pedagogia estão estreitamente ligadas em Rousseau: uma é pressuposto e complemento daoutra, e juntas tornam possível a reforma integral do homem e da sociedade, reconduzindo-a para a recuperação da condição natural. 19. DUAS EXPERIÊNCIAS CONCRETAS ENTRE O SÉCULO XVIII E XIX http://fundacaotelefonica.org.br/noticias/viagem-a-escola-do-seculo-xxi-livro-mostra-que-inovar-na-educacao-e- possivel/ A expansão escolar na Europa vinha ocorrendo desde longa data, mas de forma lenta e desigual. A partir do século XVI, com as reformas religiosas iniciadas na Alemanha, países ao leste deram uma arrancada inicial nessa direção. Já na França, o impulso se deu muito mais tarde, com a revolução burguesa de 1789. A Inglaterra, por sua vez, começou a vivenciar a pressão por educação escolar com o processo de revolução industrial que requeria trabalhadores pelo menos alfabetizados. Esse AULA 19 17 processo acelerou a universalização da escola, o que exigiu novos métodos de ensino, pois a escola deixava de ser destinada a poucas crianças e jovens. Dessa forma, a própria didática sofreu profundas mudanças no século XIX, na medida em que passou a ser elemento fundamental no processo de expansão da escolarização e não foi por acaso que os dois fatos novos da pedagogia – o ensino mútuo e as escolas infantis – nascessem exatamente na Inglaterra industrializada. É importante compreendermos que a expansão escolar, iniciada séculos antes, irá se consolidar na segunda metade do XIX, quando, finalmente, o interesse pela instrução como elemento de valorização de uma nação se torna evidente aos olhos dos governantes Esses números confirmam a nossa análise segundo a qual a consolidação da escola e a sua expansão para as camadas populares resultaram de uma longa trajetória de lutas. A propósito, observemos no excerto citado, a respeito da alta escolaridade nos EUA, que o contingente alfabetizado era referente à “população branca”, uma vez que no sul daquele país, no final do século XIX, eclodiram fortes obstáculos que se expressaram na violência contra a escola para negros e contra os seus professores. 18 20. O ENSINO MÚTUO http://slideplayer.com.br/slide/1230655/ No final do século XVIII, enquanto a França vivia os turbulentos anos da revolução, firmava-se na Inglaterra uma nova iniciativa educacional promovida por particulares: o chamado ensino mútuo ou monitorial, no qual adolescentes instruídos diretamente pelo mestre, atuando em tarefas como auxiliares ou monitores, ensinavam, por sua vez, outros adolescentes, supervisionando a conduta deles e administrando os materiais didáticos. A sistematização didática rigorosa e a difusão tendo em vista um plano nacional de instrução popular começou por obra do pastor anglicano Andrew Bell (1753-1832), que a partir de 1789 dirigiu, na Índia, uma escola para os filhos de soldados europeus, e de Joseph Lancaster (1778- 1836), membro do grupo religioso “quaker”, que abriu em Londres uma escola para crianças pobres. As duas iniciativas deram origem ao conflito de interpretações. Lancaster propunha uma educação religiosa aconfessional (sem vínculo com uma determinada crença), enquanto o anglicano Andrew Bell defendia uma educação no espírito da Igreja oficial, anglicana, e que acabou prevalecendo. Apesar das rivalidades, a iniciativa do ensino mútuo espalhou-se rapidamente por obra de Lancaster, tanto na Inglaterra como em todo o mundo de AULA 20 19 língua inglesa: em 1806 já existiam centros de ensino mútuo em Nova Iorque, na Filadélfia, em Boston e, em seguida, em Serra Leoa, na África do Sul, na Índia e na Austrália. Em 1811, na Inglaterra contavam-se quinze escolas com trinta mil alunos. Embora sem sucesso, também o Brasil importou o método lancasteriano, adotado pelo Estado oficialmente a partir de 1820. Voltemos, porém, à Inglaterra, onde, do ensino elementar masculino, logo o método se estendeu para o feminino, para a educação de adultos e para as escolas de nível superior. Percebemos, assim, que se tratava de uma tendência inglesa baseada na iniciativa privada que emergia perante a tendência alemã e napoleônica baseada na iniciativa estatal do absolutismo esclarecido. Ou seja: a difusão da educação escolar em um país pioneiro na revolução industrial não foi empreendida por uma política estatal e nem mesmo dotada das condições ideais, como professores formados, salas por grupos etários, etc., mas sim pela iniciativa privada e pelo método de ensino mútuo, o que demonstra que na história da educação a universalização foi um processo difícil. O ensino mútuo instruía até mil alunos com um só mestre, frente aos cinquenta, em média, instruídos nas classes tradicionais. Os alunos, divididos em colunas segundo o mérito e o aproveitamento, eram confiados a monitores supervisionados por um mestre que, além de vigiar essas divisões, examinava duas ou três vezes por semana cada classe, assistindo às repetições dirigidas pelos monitores. A nova prática do ensino mútuo teve a vantagem de associar leitura e escrita, mas não modificou os antigos procedimentos didáticos com sua sequência de silabar e soletrar. Por outro lado, a disciplina de inspiração “meio militar e meio industrial” era acompanhada por um sistema contínuo de avaliação do aproveitamento, além do comportamento. A competição era o princípio ativo dessas escolas que solicitavam a participação do aluno, embora extrínseca a este, e não aplicavam punições físicas, mas mantinham o grave defeito do excesso de espírito militarista e de mecanicidade na didática, ou seja, a iniciativa privada na expansão escolar revelou-se tão austera quanto a estatal. Apesar desses defeitos, o ensino mútuo, com todos os seus limites, foi uma resposta prática ao perpétuo medo dos conservadores, o medo de que a instrução pudesse perturbar o Estado. 20 ATIVIDADES DE FIXAÇÃO Questão 01 a) reconhecer que todo aluno tem a capacidade de aprender e neste sentido o educador é o responsável final pelo processo de aprendizagem dos alunos. b) considerar que o aluno traz poucos conhecimentos para a escola e neste sentido o educador deve planejar sua aula de maneira detalhada. c) possibilitar que o aluno entre em contato com diversas técnicas de produção de conhecimento, para que possam ser desenvolvidas habilidades procedimentais. d) considerar o aluno como centro do processo educativo, sendo o educador o facilitador das aprendizagens a serem desenvolvidas pelos alunos. e) proporcionar conhecimento profissionalizante a todos os alunos para integrar a instituição educativa à sociedade. Questão 02 De acordo com as ideias e concepções teóricas de Libâneo, um ponto de convergência das teorias sociocríticas é a) a busca de novos modelos e referências para avançar na investigação sobre os processos psicológicos e a cognição. b) a relação pedagógica como mediação da formação social e política, o que acarreta uma crença de que a função primordial da escola é a transmissão cultural. 21 c) a ideia de escola mais informal, centrada na valorização de elementos experienciais, fortuitos, da convivência social. d) a negação dos efeitos do currículo oculto e do contexto da ação educativa nos processos de ensino e aprendizagem, inclusive para submeter os conteúdos a uma análise ideológica e política. e) a concepção de educação como compreensão da realidade para transformá-la, com o objetivo de construir novas relações para superação de desigualdades sociais e econômicas. Questão 03 A compreensão e valorização das funções sociais da escrita é uma aprendizagem que deve acontecer desde os primeiros momentos da chegada da criança à escola e deve continuar até o final de sua formação estudantil. O professor orientará seus alunos para a compreensão e a valorização dos diferentes usos e funções da escrita, em diferentes gênerose suportes, quando ler em voz alta a) histórias, notícias, propagandas, trazendo para a sala de aula textos escritos de diferentes gêneros, em diversos suportes ou portadores, fazendo uso da escrita com diferentes finalidades, envolvendo os alunos. b) histórias que tenham mais ilustrações do que textos escritos, trazendo para sala de aula exercícios grafo-motores como copiar o próprio nome e fazer uso da escrita individual ou coletiva de diferentes textos. c) histórias, notícias, propagandas, trazendo para a sala de aula diferentes tipos de textos e atividades de escrita com textos de memórias, músicas, listas e nomes envolvendo os alunos. d) textos de memórias, músicas, quadrinhas e propor atividades com exercícios grafo- motores como copiar o próprio nome e usar textos escritos de diferentes gêneros e com diferentes suportes, fazendo uso da escrita com a finalidade de ler para aprender. Questão 04 Há situações sociais que requerem planejamento do que e como falar. A escola pode desenvolver as capacidades necessárias para se ter sucesso nestas circunstâncias, a partir de proposta como 22 a) produção escrita de um texto para publicação no mural da escola, debates na comunidade escolar e extraescolar, produção escrita de uma carta ao leitor para ser publicada na revista de circulação nacional, apresentação em eventos escolares que envolvam outras turmas e outros turnos, escrita de um folheto informativo sobre a dengue, por exemplo. b) realização de entrevistas com pessoas da comunidade escolar e extraescolar, produção de jornais escritos, debates e entrevistas na TV e no rádio, escrita de uma carta ao leitor para ser publicada em revistas de circulação nacional, apresentação em eventos escolares que envolva a turma da sala de aula (jograis, entrevistas,etc). c) criação de jornais falados, entrevistas e debates na TV e rádio, realização de entrevistas com pessoas da comunidade escolar e extraescolar, escrita de uma carta ao leitor para ser publicada em revistas de circulação nacional, produção escrita de um folheto informativo sobre a importância da vacina contra a raiva. d) simulação de jornais falados, entrevistas e debates na TV e rádio, realização de entrevistas com pessoas da comunidade escolar e extraescolar, apresentação em eventos escolares que envolvam outras turmas e outros turnos (festas, desfiles, sorteios, torneios esportivos), campanhas públicas de convencimento a serem efetivados pelos alunos junto a outras turmas e outros turnos, nas vizinhanças da escola e em outros bairros. Questão 05 A inclusão escolar, que visa a reverter o percurso de exclusão de qualquer natureza e ampliar as possibilidades de inserção de crianças, jovens e adultos em escolas regulares, tem sido defendida em conferências, convenções e documentos internacionais. A Declaração de Salamanca, em 1994, propôs a escola inclusiva como aquela a) aberta às diferenças, na qual as crianças, jovens e adultos devem aprender juntos, independentemente de suas características, origens, condições físicas, sensoriais, intelectuais, linguísticas ou emocionais, econômicas ou socioculturais. b) na qual se desenvolva uma pedagogia centrada no professor e capaz de educar as crianças com diferentes necessidades, reordenando o trabalho pedagógico para as classes que irão receber estas crianças com suas características, origens, condições 23 físicas, sensoriais, intelectuais, linguísticas ou emocionais, econômicas ou socioculturais. c) que reconhece e responde às diversas necessidades de seus alunos, assegurando um currículo capaz de educá-los em espaços criados exclusivamente para os alunos com necessidades educacionais especiais, reordenando e adaptando o trabalho pedagógico para as classes que acolherão as crianças com estas características. d) que tem como princípio o direito incondicional à escolarização de todos os alunos em espaços educativos diferenciados; para isso a escola deve transformar-se para receber estes alunos e isto deve constar no Projeto Político-Pedagógico da escola, construído pela equipe gestora. Questão 06 A compreensão e valorização das funções sociais da escrita deve ter inicio a) somente a partir do Ensino Fundamental II, quando os alunos já possuem um mínimo de conhecimento sobre a escrita. b) na chegada da criança à escola e continuar até o final de sua formação, o que facilita a aprendizagem da leitura e escrita. c) somente a partir do Ensino Médio, quando os alunos já possuem condições para compreensão deste tipo de relação com a escrita. d) na família das crianças, uma vez que é função dos pais introduzir a criança ao mundo letrado e incentivar o uso da escrita. Questão 07 (...) a educação existe exatamente porque o homem é um ser gregário (...). Enquanto processo de formação humana, a educação é a única maneira pela qual é assegurada a continuidade da espécie, que assim consegue dominar a natureza e imprimir nela sua presença e sua maneira de ver o mundo. O texto adaptado acima, de autoria de Walter Garcia, remete ao elemento presente na relação professor-aluno que se denomina a) incentivo. b) apoio pedagógico. c) motivação. d) estimulação. 24 e) interação. Questão 08 A sociedade contemporânea tem passado por rápidas transformações, exigindo do cidadão constantes movimentos de adaptação. No âmbito educacional, as mudanças também chegaram alterando modos de pensar e de ensinar. A interação entre duas ou mais disciplinas, podendo ir da simples comunicação à integração recíproca de conceitos fundamentais e princípios metodológicos é denominada a) interdisciplinaridade. b) transposição didática. c) multidisciplinaridade. d) multiculturalismo. e) multirreferencialidade. Questão 09 Observe a charge: Considerando as características do desenvolvimento da criança e de suas necessidades psicossociais, podemos concluir que ela satiriza o(a) a) educação dos tempos modernos. b) horário do pequeno executivo. c) agenda de uma criança de classe média alta. d) falta de respeito com o estado natural de ser criança. e) necessidade de ocupar todo o tempo de uma criança.