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ANA DANS MED9 GRU SANGRAMENTOS DE PRIMEIRA METADE DA GESTAÇÃO 1. ABORTAMENTO OMSà Interrupção da gravidez antes de atingida a viabilidade: - < 20 semanas - < 500g ou < 16,5cm Complicação mais frequente da gravidez - 1 em cada 4 mulheres terá 1 Ab espontâneo na vida 4a causa de mortalidade materna no Brasil (≠ países desenvolvidos) Complicação de Ab = 3a causa de ocupação de leitos obstétricos no Brasil CLASSIFICAÇÃO: Quanto à cronologia: - Precoce (80%): ≤ 12 semanas - Tardio: 13a – 20a semana Quanto à intenção a) Espontâneo: Clinicamente reconhecido na população geral: 10-15% Alta sensibilidade do beta-HCG à é magnitude da perda gestacional após implantação (atraso seguido de “menstruação” aumentada) - 60 - 75% dos ovos fertilizados são abortados FATORES DE RISCO - Idade materna (> 35 anos) - Número de Ab anteriores CAUSAS: - Anormalidades cromossômicas (50-80%) - Doenças maternas b) Provocado: 1 milhão / ano no Brasil - Maioria de forma insegura - Custo: 30 milhões de reais / ano (SUS) 22% brasileiras de 35-39 anos residentes em áreas urbanas já provocaram aborto - < Nível de escolaridade - Independente de religião Questão de saúde pública Seguro x Inseguro FORMAS CLÍNICAS DE ABORTAMENTO: Quadros diferentes, condutas diferentes a) Ameaça de Abortamento Existem perspectivas quanto à evolução da gravidez Clínica: – Sangramento (pequeno) + dor (cólicas leves) – Sangue coletado ou pequeno sangramento ativo – Colo impérvio – Útero compatível com o atraso Conduta: - Expectante: sintomáticos, orientações - não requer internação - repouso relativo e abstinência sexual durante a perda sanguínea - retornar se é sangramento (metade acaba evoluindo para Ab) ANA DANS MED9 GRU b) Abortamento Inevitável Não compatível com prosseguimento da gestação – Sangramento (mais abundante, de cor viva) + dilatação cervical – Sangramento profuso que compromete a hemodinâmica da paciente (mesmo se colo impérvio) Útero compatível com IG Conduta: - Precoce: Expectante, Esvaziamento uterino - Tardio: misoprostol para esvaziamento uterino + Curetagem c) Abortamento Incompleto Eliminação parcial do ovo Forma clínica mais frequente Clínica: – Sangramento (principal sintoma) – Dor em cólica (expulsão do conteúdo refratário) – Colo pérvio – + frequente > 8a semana – Útero < esperado para IG Conduta: esvaziamento uterino (farmacológico ou mecânico) d) Abortamento Completo Eliminação integral do ovo Evolução natural do Ab incompleto Clínica: – Diminuição ou parada do sangramento – Diminuição ou parada das cólicas Conduta: - monitorizar sangramento - orientações e) Abortamento Retido Concepto permanece na cavidade uterina sem vitalidade Regressão de sinais gravídicos Útero < esperado para a IG Colo impérvio Conduta: - Ab retido tardio: misoprostol (expulsão do feto) + CTG - Ab retido precoce – Conduta expectante: Maioria evolui com expulsão em 3 semanas – Esvaziamento uterino: AMIU, CTG uterina, Misoprostol - Retenção > 4 semanas: coagulograma Caso opte por esvaziamento mecânico: misoprostol 400mcg via vaginal 3-6h antes para amolecimento do colo Explicar vantages e desvantagens, riscos, complicações de cada método f) Abortamento Infectado Morbi-mortalidade materna Quase sempre resulta de Ab inseguro ANA DANS MED9 GRU Clínica depende do grau de evolução: Sangramento em geral não é profuso: aguado, escuro, lavado de carne, com odor fétido Endométrio e miométrio -Sintomas de Ab incompleto - BEG, febre discreta - Dor moderada à mobilização do colo e palpação abdominal Peritônio pélvico - Comprometimento do estado geral, febre mais elevada - Dor mais intensa àdefesa, peritonite (difícil palpar útero) - Colo pérvio, doloroso à mobilização - saída de conteúdo purulento Sepse Agentes: flora dos sistemas genital e gastrointestinal (maioria polimicrobiana) – E. Coli – Enterococcus ssp, Peptoestreptococcus ssp – Estreptococos beta-hemolíticos – Clostridium perfringens Conduta: antibioticoterapia + remoção do foco infeccioso Associações comuns: - Penicilina (ou ampicilina) + gentamicina + metronidazol - Clindamicina + gentamicina - Clindamicina + ceftriaxone g) Abortamento Habitual ≥ 3 perdas espontâneas consecutivas < 20 semanas (excluindo-se gestação molar e ectópica) – American Society of Reproductive Medicine (2013): ≥ 2 perdas gestacionais Fatores de risco: - idade materna avançada - número de Ab anteriores Incidência de 2 perdas: 5% casais tentando conceber 3 ou mais perdas: 1% Causas pincipais: - Genéticas - Auto-imunes - Doenças endócrinas - Insuficência cervical ANA DANS MED9 GRU Conduta nos Abortamentos: Orientação – Ameaça de Ab – Ab completo Esvaziamento uterino (farmacológica e / ou mecânica) – Ab inevitável – Ab incompleto – Ab retido – Ab infectado Conduta no Ab Precoce: Conduta Expectante – Ab retido e incompleto 1o T – Sucesso em até 80% casos – Orientações rigorosas Tratamento Médico (misoprostol) - encurtar tempo de expulsão - Orientar quanto aumento de sangramento e cólicas - Pode ser necessária complementação cirúrgica Tratamento cirúrgico (esvaziamento uterino) - Hemorragia, instabilidade hemodinâmica, infecção, anemia, coagulopatia, doença cardiovascular - Aspiração intrauterina é preferível à curetagem (CTG) - Dilatação ou preparo cervical com misoprostol prévio Conduta no Ab Tardio: Ovo desenvolvido Cavidade uterina volumosa e paredes finas e amolecidas Presença de partes ósseas fetais à risco de perfuração no esvaziamento cirúrgico Misoprostol (ou ocitocina) para eliminação do feto Esvaziamento uterino (curetagem) se expulsão não completa Esvaziamento uterino – Farmacológica Esvaziamento Mecânico: ANA DANS MED9 GRU 2. GESTAÇÃO ECTÓPICA Implantação e desenvolvimento do ovo ocorrendo fora da sede normal (cavidade uterina) Principal causa de mortalidade materna no 1o T 6-13% óbitos durante o ciclo gravídico puerperal Aumento incidência (DIPA, reprodução assistida, tabaco) 1-2% países industrializados Recorrência: 15% após 1 episódio; > 25% após 2 ou mais episódios Localização: a) Gestação Ectópica Tubária Diagnóstico precoce (pré-ruptura): β-HCG e USG-TV - Tríade clássica: dor abdominal + sangramento genital + atraso menstrual - Exame clínico pouco elucidativo - diminui risco de ruptura e melhora o sucesso de condutas conservadoras Ruptura: Principal sintoma: dor (lancinante) Hemoperitônio - Náuseas / vômitos - Irritação peritoneal - Irritação diafragmática: dor escapular Hipovolemia: aumenta FC, diminui PA, palidez Útero pouco aumentado e amolecido Grito de Douglas (sinal de Proust): dor à palpação do fundo de saco posterior Tumoração anexial palpável (50% casos) ANA DANS MED9 GRU b) Gestação Ectópica Ovariana Diagnóstico geralmente no intra-operatório Ruptura frequente c) Gestação Ectópica Abdominal Geralmente não progride Se progride: – Placenta se implanta em qualquer lugar – suboclusão – Dor abdominal excessiva aos MF – Superficialidade do feto à palpação USG: útero vazio e comprimido por feto / placenta d) Gestação Ectópica Cervical Colo aumentado e congesto, com tumoração dolorosa (em tonel) Útero em formato de ampulheta: cav uterina vazia, colo com massa heterogênea e) Gestação Ectópica em Cicatriz de Cesárea Rara: aumenta incidência (1/1800 a 1/2216 gestações) Risco de ruptura uterina USG à cavidade uterina e canal cervical vazios, visualização do SG embebidona cicatriz ANA DANS MED9 GRU f) Gestação Ectópica Intersticial (cornual) 4,7% ectópicas Elevada morbidade – Cirurgias mutiladoras: risco de ruptura uterina em próxima gestação – 2.2% mortalidade materna Tratamento da gestação tubária: Cirurgia: padrão Clínico medicamnetoso: metotrexate (MTX) - Quimioterápico: Antagonista do ácido fólico - inativa síntese de purinas e pirimidinas - inativa a síntese do DNA celular - impede a multiplicação celular Expectante: Muitas ectópicas evoluem para Ab tubário e reabsorção, sem sangramento importante e sem ruptura > segurança para conduta expectante, sem riscos de QT: - QC estável - com desejo reprodutivo - baixos títulos iniciais de beta-HCG (< 2mil) - declínio dos mesmos em 48h Contraindicações: - Instabilidade - Recidiva na mesma tuba - Impossibilidade de seguimento Tratamento das ectópicas de localização atípica: cornual, cicatriz de cesária, cervical Emergência à histerectomia (cornual: ressecção cornual) Feto vivo à MTX local Feto morto à MTX sistêmico ANA DANS MED9 GRU Gestação Heterotópica Intra-uterina + ectópica 1 / 30 mil gestações espontâneas Após é FIV / indução: até 1 / 500 gestações 1% casos de ectópica pós-FIV Orientações pós-ectópica: Futuro reprodutivo – Tratamento clínico não afeta a permeabilidade tubária – Altos níveis de beta-HCG tratados clinicamente à maior risco de obstrução tubária – MTX não afeta a reserva ovariana – Orientar quanto a possibilidade de recorrência Se Rh negativo, CI negativo à Imunoglobulina anti-Rh/D 3. DOENÇA TROFOBLÁSTICA GESTACIONAL] Espectro de condições caracterizadas por anomalia proliferativa do tecido trofoblástico. Relacionado com fertilização aberrante. Formas clínicas distintas, geralmente evolutivas (Ewing, 1910): – mola hidatiforme – mola invasora – coriocarcinoma Marcador tumoral: β-HCG Países desenvolvidos: 1 a cada 1000 – 1500 gestações América Latina /Ásia: 1 / 12 – 1 / 500 gestações - Brasil: 1 a cada 200 - 400 gestações Estágios histológicos: ≠ estágios histológicos à ≠ propensões para regressão, invasão, metástase e recorrência. Formas benignas (podem evoluir para NTG - neoplasia trofoblática gestacional) – Mola hidatiforme completa (MHC) – Mola hidatiforme parcial (MHP) Formas malignas (NTG) – Mola invasora (MI) – Coriocarcinoma – Tumor trofoblástico do sítio placentário – Tumor trofoblástico epitelióide a) Mola hidatiforme completa (MHC) Forma mais comum de DTG Macro: vesículas à vilosidades coriais com intensa degeneração hidrópica de estroma vilositário Feto, cordão e membranas sempre ausentes ANA DANS MED9 GRU b) Mola Hidatiforme Parcial (MHP) Presença focal de vesiculas na placenta + concepto e/ou membranas ovulares Alta taxa de óbito intra-uterino Menor propensão a progressão para NTG Manifestações clínicas: Beta-HCG e USG-TV à diagnóstico precoce (antes do surgimento dos sintomas) Atraso menstrual Sangramento vaginal – de repetição – intensidades variáveis Útero > esperado para a IG Cistos tecaluteínicos Hiperemese Hipertireoidismo pré-eclâmpsia < 20a semana Eliminação de vesículas hidrópicas pela vagina ANA DANS MED9 GRU Tratamento da mola hidatiforme: Esvaziamento uterino + seguimento pós-molar Esvaziamento uterino: aspiração intra-uterina (vácuo) = técnica de escolha < risco de perfuração uterina e infecção < risco de permanência de restos molares Rh negativo à Ig anti-Rh após esvaziamento (trofoblasto expressa Ag Rh) > 40 anos, prole constituída à considerar histerectomia – NTG pós-molar em 53% pacientes com 40-49 anos – Principalmente se beta-HCG inicial >175mil MUI/mL – HTA elimina risco de invasão local, mas não previne metástase: necessário seguimento pós-molar Seguimento pós-molar: β-HCG semanal até normalização por 3 semanas consecutivas Mensal por 6 meses, após Contracepção - Logo após esvaziamento, durante todo o seguimento - Anticoncepcional hormonal oral: seguro e não aumenta risco de NTG Na alta do seguimento, se deseja gestação: - Ácido fólico - USG 8a – 10a semana - β-HCG 6 semanas após término de qualquer tipo de gravidez Curva de regressão anormal do beta-HCG à NTG – Platô por 3 semanas consecutivas (D1, D7, D14 e D21) – Ascensão: aumenta beta-HCG em ≥ 10% por 2 semanas consecutivas (D1, D7 e D14) Exame clínico completo USG-TV, RX tórax Se metástase pulmonar ou se coriocarcinoma: RNM cérebro e abdome Neoplasias Trofoblásticas Gestacionais (NTG) a) MOLA INVASORA (MI) Invasão do miométrio – confinada ao útero Raramente alcançam locais extrauterinos b) CORIOCARCINOMA Após Gestação normal = 25% casos – 1/150 mil gestações Após MHC = 50% casos – 1/40 MHC Após Ab / ectópica = 25% casos – 1/ 15 mil Ab/ectópicas Forma de NTG mais agressiva: invasão vascular precoce e metátases generalizadas Futuro reprodutivo: Remissão espontânea da MH: 98-99% chance de gravidez normal subsequente 1-2% chance de nova DTG (risco pequeno, mas 4-50x> população geral) Recomedação: aguardar 6 meses* para nova gestação (1 ano)
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