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Introdução ➤ Perimenopausa: caracterizada por irregularidade dos ciclos menstruais (flutuação hormonal) com alterações endócrinas acompanhadas de sintomas como, por exemplo, fogachos, ressecamento vaginal e distúrbios do sono; ➤ Menopausa: cessação permanente dos períodos menstruais por tu meses consecutivos de amenorreia, marcando, portanto, o fim do período reprodutivo (menacme). → Considerada precoce antes dos 40 anos; tardia após os 52 anos; ➤ Climatério: período de transição com gradativo declínio funcional dos ovários, normalmente dos 35 aos 65 anos; é considerado uma endocrinopatia, na qual o manuseio clínico se impõe; ➤ Com a idade, há depleção dos folículos ovarianos, com consequente falência funcional dos ovários, apesar de existir influência do eixo hipotálamo-hipófise, culminando com a interrupção definitiva dos ciclos menstruais; ➤ A glândula adrenal mantém a produção de hormônio masculino, da mesma forma transformado em estrona e estradiol. Ao lado do estroma cortical ovariano, essas são as únicas fontes de produção de estrogênio após a menopausa, que fica bastante aquém da produção que ocorre na fase reprodutiva; Sintomas e efeitos da menopausa Cérebro e sistema nervoso central ➤ Receptores estrogênicos localizados nos neurônios são importantes para o suprimento do fluxo sanguíneo cerebral, provavelmente por mecanismo semelhante ao que ocorre nas artérias coronárias, ligando-se aos receptores endoteliais, promovendo liberação de óxido nítrico e consequente vasodilatação. ➤ Os sintomas da perimenopausa são em grande parte de natureza neurológica e são indicativos de interrupção em vários sistemas regulados por estrogênios, incluindo termorregulação, sono, ritmo circadiano e afetam vários domínios da função cognitiva; ➤ As ondas de calor podem perdurar entre 1 e 5 min e são decorrentes de instabilidade vasomotora por variação no centro termorregulador hipotalâmico, sugerindo alterações no metabolismo das catecolaminas. O declínio dos níveis de estrogênio e de inibina B, bem como o aumento dos níveis de FSH explicam em parte esse distúrbio de termorregulação, o qual está associado a alterações dos neurotransmissores cerebrais e da reatividade vascular periférica. São descritas como súbita sensação de calor na parte superior do corpo, seguida por diaforese e arrepio de frio, também são mencionadas sudorese noturna, palpitações, cefaleias e vertigens; → Os níveis de estrogênio não diferem entre mulheres sintomáticas e assintomáticas; Alterações urogenitais ➤ Síndrome geniturinária da menopausa: irritação, secura e queimação genital, sintomas sexuais por falta de lubrificação (desconforto, dor, prejuízo na função) e sintomas urinários de urgência, disúria e infecções recorrentes. ➤ A infecção urinária é mais frequente no período pós-menopausa, sendo a infecção vaginal, o resíduo pós-miccional e a deficiência imunológica creditados ao hipoestrogenismo os fatores que mais contribuem para que ocorra; Climatério Geriatria Alterações do tecido conjuntivo ➤ Atrofia e conteúdo colágeno da pele e dos ossos reduz-se pela deficiência estrogênica, contribuindo para o envelhecimento e a formação de rugas na pele devido ao aumento de extensibilidade e perda da elasticidade; → As mudanças no colágeno são atenuadas pela reposição estrogênica Osteoporose pós-menopáusica ➤ Caracterizada por perda de massa óssea com deterioração da microarquitetura do tecido ósseo, resultando em fragilidade dos ossos e, consequentemente, aumentando o risco de fraturas; → A deficiência estrogênica é o mais importante fator de risco para o desenvolvimento da osteoporose; ➤ Ocorre problema de remodelação óssea, com aumento da reabsorção e aumento na atividade dos osteoclastos, à medida que os osteoblastos deixam de exercer sua função reparadora; ➤ Os benefícios da reposição hormonal são tanto maiores quanto mais precocemente for iniciado o tratamento e mesmo doses baixas são benéficas; ➤ A densitometria óssea é o mais importante recurso para monitorar a massa óssea durante o tratamento. → Nos quadros de maior perda óssea deve ser considerada a associação de outros fármacos a Terapia Hormonal (TH) (ex.: bifosfonatos → variedade mais utilizada é o alendronato de sódio, administrado em uma tomada semanal em dose de 70mg ou diária em dose de 10mg) → Moduladores seletivos dos receptores estrogênicos (SERM) atuam como agonista do estrogênio em certos locais do corpo e como antagonistas em outros. Ex: raloxifeno – agonista com os estrogênios nos ossos e no sistema cardiovascular e tem função antagonista do útero e na mama, produz aumento na densidade mineral óssea (DMO) e tem moderado efeito benéfico sobre o perfil lipídico; Alterações cardiovasculares ➤ Efeito cardioprotetor do estrogênio que, uma vez perdido, aumenta a predisposição às doenças relacionadas com o sistema cardiovascular, principalmente a doença arterial coronariana (DAC); Diagnóstico ➤ Suspeita-se de perimenopausa quando, na faixa etária entre 45 e 50 anos, começam a ocorrer irregularidades no ciclo menstrual, como polimenorreia, hipermenorreia e espaniomenorreia, associadas ou não aos sintomas típicos do climatério; ➤ A investigação complementar é indispensável, tanto para o diagnóstico, como para o acompanhamento das pacientes em TH. ➤ A bateria básica de exames inclui: → Análises laboratoriais – hemograma completo, glicemia em jejum, ureia, creatinina, colesterol total e frações e urina; → Densitometria óssea → Colposcopia e colpocitologia oncótica: nenhum tratamento hormonal deve ser iniciado sem a realização prévia de colpocitologia oncótica. Se houver suspeita de neoplasia, é mandatória a investigação complementar antes da TH; → Mamografia de alta resolução ou digital – exame obrigatório antes do início da reposição hormonal, tendo por objetivo afastar a possibilidade de neoplasia, deve ser anualmente repetida; → USG transvaginal – procedimento indispensável que possibilita a avaliação do endométrio uterino. O achado de hiperplasia endometrial indica a realização de histologia endometrial por meio de biopsia por histeroscopia, aspiração ou curetagem; Tratamento ➤ Instituição de medidas gerais, visando modificar hábitos de vida, controlar fatores de risco e, quando necessário, dar suporte psicoterápico; ➤ Vitaminas chamadas de antioxidantes e o ácido fólico, associado ou não a vitamina B6 ou B12, não devem ser prescritos; ➤ A TH deve ser indicada para eliminar ou aliviar os sintomas decorrentes do hipoestrogenismo. → Não foram estabelecidas contraindicações absolutas para a TH (há contraindicações relativas); Esquemas utilizados ➤ Apresentações disponíveis incluem: estrogênios isolados, estrogênio e progestágeno associados, moduladores seletivos dos receptores de estrogênio e gonadomiméticos (como a tibolona); ➤ Esquema ideal e a melhor via de administração (sistêmica, transdérmico ou creme vaginal) devem ser sempre individualizados: → A não passagem hepática reduz os riscos metabólicos; → Oral tem maior risco de tromboembolia e aumento de triglicerídeos; → Mulheres histerectomizadas, em geral, não há necessidade da reposição de progestágenos; ➤ Efeitos adversos possíveis são náuseas, edema, ganho de peso, retenção hídrica, alterações de humor, sangramento e sensibilidade nas mamas ➤ Terapias não hormonais têm sido utilizadas contra os sintomas vasomotores da menopausa para mulheres que não querem fazer uso de hormônio ou que têm contraindicação (ex.: paroxetina em baixas doses); ➤ Sem oposição a TH tem sido associada ao desenvolvimento do câncer de endométrio, sendo necessária a adição de um progestógeno ao estrogênio para anular esse efeito; REFERÊNCIA: FREITAS, Elizabete Viana de etal. Tratado de Geriatria e Gerontologia. 4.a. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.
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