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CASO PRÁTICO - Laboratório de Direito Privado Na condição de advogado (a) do autor, você é intimado a se manifestar quanto a contestação do réu. Ao ter acesso aos autos, você percebe que, ao redigir a contestação, o advogado (a) do réu: 1) Não trouxe fatos novos, não juntou documentos e não apresentou preliminares. 2) Ao se manifestar quanto as fatos e fundamentos jurídicos do primeiro pedido, apresentou argumentos que não se conectam aos fatos trazidos na inicial, com frases que terminam no meio e sem apresentação de hipóteses normativas. 3) Ao se manifestar quanto as fatos e fundamentos jurídicos do segundo pedido, provavelmente se equivocou e, logo após o título do capítulo, juntou aos autos uma receita de bolo que deveria estar também procurando na internet enquanto elaborava a peça; QUESTÕES: a) Posta esta situação, na condição de advogado (a) do autor, como você se manifestaria? Haveria obrigatoriedade de o juiz abrir vista dos autos ao autor para réplica? b) E se você fosse contratado pelo réu após perceber que o outro advogado havia cometido erros tão graves, o que você faria e como orientaria seu cliente? CONCLUSÃO: a) A peça contestatória apresentada pela parte contrária não trouxe nenhuma preliminar contida no artigo 337 do Código de Processo Civil, tão pouco alegou quaisquer fatos impeditivos, modificativos ou extintivos do direito do autor, bem como não requereu pela produção de provas documental. Assim, o advogado do autor, em razão das condições da contestação apresentada pelo réu, deve requerer ao juiz o julgamento antecipado do mérito, nos termos do artigo 355 do Código de Processo Civil – tanto cabendo a hipótese de alegação pelo inciso I do mencionado artigo, pois não há mais a necessidade de produção de novas provas; quanto pelo inciso II, dado que a contestação apresentada pelo réu de forma incompleta presumir-se-á como revelia. Dessa forma, conforme disposição legal, não há obrigatoriedade do magistrado de ouvir o autor para a réplica, vide artigo 350 CPC. b) Na hipótese de ter sido contratado outro patrono para a parte ré em razão dos equívocos cometidos pelo outrora advogado, o conselho para o réu seria: Primeiramente, não há de falar em “conserto” da peça contestatória (termo técnico: emenda a contestação), pois na área processualista cível há o princípio da concentração da defesa, isto é, todos os fatos aptos a ser defendidos devem ser apresentados na contestação. Portanto, os erros cometidos pelo antigo advogado geraram a presunção da veracidade dos fatos alegados pelo autor. Todavia, essa presunção da verdade dos fatos não é absoluta, podendo o juiz na sentença julgar a ação improcedente, mesmo que os fatos sejam relativamente presumidos verdadeiros. De igual modo, mesmo que não se possa mais alterar a presunção da verdade dos fatos, é lícito ao réu participar ativamente nos autos, nos termos do parágrafo único do artigo 346 do Código de Processo Civil e também a Súmula 231 do Supremo Tribunal Federal, para alegar quaisquer questões diferentes do núcleo duro que foi formado sobre os fatos. Essa interferência ativa do réu no processo pode ser para produção de novas provas a seu fator, alegando a subsunção de fato novo, mostrando ao juiz que a norma jurídica que se aplica no caso concreto é outra diferente da qual o autor alegou ser aplicável ao caso, assim, podendo o juiz aplicar outro direito sobre o fato. Não obstante, poderá ainda o réu indicar ao juiz a existência de qualquer uma das hipóteses de preliminares elencadas nos incisos do artigo 337 do CPC, nos termos do parágrafo 5º do mesmo artigo, que excetuadas a convenção de arbitragem e a incompetência relativa, deverão ser conhecidas de ofício pelo magistrado e não precluem, ainda que não alegadas na contestação.
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