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@aryana.rotondano Noções Gerais Conceito❖ É um negócio jurídico em que há um acordo entre as partes, onde haverá limitações da sua função social e da boa-fé objetiva. Além disso, os interesses são contrapostos mas convergem para o mesmo fim,, que irão evidenciar a autonomia das partes para contratar. Conceito de Pablo Stolze e Pamplona "O contrato é negócio jurídico bilateral, por meio do qual as partes, visando atingir determinados interesses patrimoniais, convergem suas vontades, criando um, dever juridico principal, decorrentes da boa-fé objetiva e do superior princípio da função social. Observação Extrai-se desse conceito um dos elementos fundamentais do contrato: A MANIFESTAÇÃO DA VONTADE. Sendo assim, sem o querer humano não há negócio jurídico, não há contrato. Ao analisar o contrato sob o enfoque do Direito Civil - Constitucional, prioriza a conciliação dos interesses contrapostos, garantindo a harmonia e convivência entre as partes e seus interesses. BINÔMIOS PACIFICAÇAO SOCIAL DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO Tais binômios são ínsitos ao contrato. Em um estado democrático de direito, tal qual o Brasil, o contrato deve, ainda, respeitar os seguintes preceitos: Preceitos❖ Respeitar a dignidade da pessoa humana;1) Relativização/flexibilização do princípio da igualdade entre os contratantes;2) Consagrar uma cláusula implícita da boa-fé objetiva - lealdade, confiança, confidencialidade, assistência e informação; 3) Respeitar o meio ambiente;4) Respeitar os valores sociais.5) Natureza Jurídica do Contrato❖ É uma espécie de negócio jurídico. Predomina no Brasil o elemento voluntarista (predomínio da vontade das partes) do contrato. Respeita-se a liberdade de contratar. Acordo de vontades (exprime a formação bilateral do negócio jurídico); e,- Declaração de vontade de cada parte contraente (mútuo consentimento). - Observação O consentimento ou consenso é núcleo do negócio jurídico contratual, formado a partir das vontades livres emitidas pelas partes contraentes. Além de ser um negócio jurídico, no contrato deve se empregar duas acepções: Página 1 de Civil III @aryana.rotondano 1. Princípio do consensualismo Respeita-se a autonomia da vontade. Se o contrato é consensual, significa que há livre iniciativa das partes, respeitada a ordem pública (o que é institucionalizado), a lei, a função social (utilidade econômica, política e religiosa), a moral e a constitucionalização do direito. Liberdade de contratar - há exceções, por exemplo, o seguro obrigatório;a) Liberdade de "com quem contratar" - há exceções, nos serviços que são monopólios estatais (embasa, coelba, correios); b) Liberdade do conteúdo do contrato - há exceções: contrato de adesão; contrato de trabalho (quando a lei estabelece cláusulas). c) Preceitos norteadores do consensualismo 2. Princípio da força obrigatória do contrato Tem seu fundamento no "pacta sunt servanda" - o contrato faz lei entre as partes. A todo contrato é exigido seu cumprimento, para preservar a sua utilidade pública e social. Não se pode exigir seu cumprimento de forma absoluta! Teoria da imprevisão A teoria da imprevisão justifica a resolução ou a revisão de um contrato caso ocorra um acontecimento superveniente e imprevisível que desequilibre a sua base econômica , impondo a uma das partes obrigação excessivamente onerosa. Ex: contrato de financiamentos rurais. 3. Princípio da relatividade subjetiva dos efeitos do contrato Como regra, o contrato só gera efeitos entre as partes, portanto, oponibilidade não é absoluta, mas relativa. Estipulação em favor de terceiro;a) Contrato com pessoa a declarar: promessa de compra e venda, terceirização das empresas de engenharia. b) Excepcionalmente, seus efeitos se estendem: Postura intervencionista do Estado: o estado intervém para regular e equilibrar as relações jurídicas a) Doutrina da função social: Temos que respeitar o bem comum sem atingir a vontade das partes.b) Contrato x propriedade: o contrato nasce da construção da função social da propriedade. Ambos tem utilidade social e econômica. c) Níveis de manifestação da função social (Humberto Theodoro JR):d) d.1) Intrínseco: diz respeito a relação entre as próprias partes. Tratamento idôneo entre as partes, trato ético e moral, compreensão dos deveres gerais e dos deveres conexos. Ex: confiança. d.2) Extrínseco: Diz respeito a relação com a coletividade. Não é somente uma fonte de riqueza, mas de desenvolvimento social. Art. 421 - Análise finalista ou teleológica: buscar sempre o fim, que é o interesse social (bem comum de todos). e) Princípio jurídico indeterminado. 4. Princípio da função social do contrato Página 2 de Civil III @aryana.rotondano 5. Princípio da boa-fé ("bona fides") É uma norma obrigatória. 5.1. Noção de boa-fé Direito Romano: analisava a questão ética e não o aspecto jurídico. A boa-fé foi jurisidicizada a partir do século XIV, com o implemento do comércio e do "jus gentium" - Roma passou a ter uma visão da boa-fé tecnico jurídica. Direito Canônico: A boa-fé para o direito canônico era a ausência de pecados. Direito alemão: a boa-fé traduzida na fórmula "Treu uno glauber" - lealdade e confiança. Tinha que ser observado obrigatoriamente. Delimitação conceitual da boa-fé objetiva Boa-fé subjetiva Boa-fé objetiva Análise de cunho psicológico Fundamentada no comportamento que exige respeito à moral e a observância obrigatória da norma Estado de espírito do indivíduo Observar o comportamento moral e ético do ser humano médio; os valores éticos de determinada ordem social Estado de ânimo Regra de comportamento, de fundo ético e exigibilidade jurídica. Funções da boa-fé objetiva Função interpretativa e da Colmatação: busca extrair da norma o sentido moralmente mais recomendável e mais socialmente útil, interpretando-a e integrando-a (colmatação) ao caso concreto. a) Função criadora de deveres jurídicos anexos; São eles:b) Lealdade e confiança recíprocos: é a fidelidade aos compromissos contratuais assumidos, com respeito aos princípios e regras que norteiam a honra e a probidade; - Assistência: é também chamado de dever de cooperação. Os contratantes devem colaborar para o correto adimplemento da sua prestação principal, em toda sua extensão. - Informação: é uma imposição jurídica e moral de comunicar a outra parte em relação a todas as características e circunstâncias do negócio e, bem assim, do bem jurídico, que é seu objeto, por ser imperativo de lealdade entre os contraentes. - Sigilo ou confidencialidade: dever de não divulgar ou expor informações relativas às partes contraentes. Mesmo que não haja cláusula expressa nesse sentido, a boa-fé objetiva impõe que se observe o dever de sigilo ou confidencialidade entre as partes. - Função delimitadora: visa evitar o exercício abusivo dos direitos subjetivos. Não se admite no contrato a existência de cláusulas leoninas ou abusivas. Ex: cláusula que impossibilita a aplicação da Teoria da imprevisão. c) Página 3 de Civil III @aryana.rotondano Conceito❖ A boa-fé é, antes de tudo, uma diretriz principiológica de fundo ético e espectro eficacial jurídico. Vale dizer, a boa-fé se traduz em um princípio de substrato moral, que ganhou contornos e matiz de natureza jurídica cogente. Boa-fé subjetiva Boa-fé objetiva Análise de cunho psicológico Fundamentada no comportamento que exige respeito à moral e a observância obrigatória da norma Estado de espírito do indivíduo Observar o comportamento moral e ético do ser humano médio; os valores éticos de determinada ordem social Estado de ânimo Observância de deveres jurídicos anexos ou de proteção (lealdade, confiança, assistência) Funções da boa-fé objetiva ❖ a) função interpretativa e de colmatação: O aplicador do direito tem, na boa-fé objetiva, um referencial hermenêutico dos mais seguros, para que possa extrair da norma, objeto de sua investigação, o sentido moralmente mais recomendável e socialmentemais útil. b) função criadora de deveres jurídicos anexos ou de proteção: os deveres são de lealdade e confiança, assistência, informação, confidencialidade ou sigilo. Este rol não é taxativo. A lealdade nada mais é do que a fidelidade aos compromissos assumidos, com respeito aos princípios e regras que norteiam a honra e a probidade. Está implícito na relação jurídica. ▪ O dever de assistência, também conhecido como dever de cooperação se refere a concepção de que, se o contrato é feito para ser cumprido, aos contratantes cabe colaborar para o correto adimplemento da sua prestação principal, em toda a sua extensão. ▪ O dever de informação trata-se de uma imposição moral e jurídica a obrigação de comunicar à outra parte todas as características e circunstâncias do negócio e, bem assim, do bem jurídico, que é seu objeto, por ser imperativo de lealdade entre os contraentes. ▪ O dever de sigilo ou confidencialidade é imperativo lógico da lealdade que deve ser observada entre os contraentes, resguardando direito da personalidade. Mesmo que não haja cláusula proibindo a divulgação de dados da outra parte, pelo princípio da boa-fé objetiva não se deve praticar tais atos. ▪ Página 4 de Civil III @aryana.rotondano c) função delimitadora do exercício de direitos subjetivos: por meio da boa-fé objetiva, visa-se a evitar o exercício abusivo dos direitos subjetivos. Por isso, de uma vez por todas, não se pode mais reconhecer legitimidade ou se dar espaço às denominadas “cláusulas leoninas ou abusivas”. É o exemplo do dispositivo contratual que preveja a impossibilidade de se aplicarem as normas da teoria da imprevisão (da onerosidade excessiva) em benefício da parte prejudicada. Em tal caso, temos convicção de que essa previsão, além de iníqua, viola a função social do contrato e a boa-fé objetiva, por ser inegavelmente abusiva. O princípio da boa-fé deve incidir nas fases pré e pós-contratual. Página 5 de Civil III @aryana.rotondano Início - Fase de puntuação:1) O contrato segue um "iter" ou processo de formação. É quando ocorre as negociações ou tratativas preliminares. Não gera uma obrigação jurídica contratual. É diferente de contrato preliminar(promessa de compra e venda), pois este gera obrigação contratual!! Observação A doutrina, o STJ e o STF predominantes entendem que a fase preliminar pode acarretar responsabilidade civil. Proposta de contratar/policitação:2) Consiste na oferta de contratar que uma parte faz a outra, com vistas a celebração de um negócio jurídico. Para valer e ter força vinculante deverá ser séria e concreta, ainda que verbal. Quem apresenta a proposta é chamado de proponente, ofertante ou policitante. Somente nesse instante, com a junção desses dois elementos (PROPOSTA à ACEITAÇÃO), o contrato estará finalmente formado. Princípio da vinculação ou da obrigatoriedade da proposta❖ a proposta de contratar obriga o proponente ou policitante, que não poderá voltar atrás, ressalvadas apenas as exceções capituladas na própria lei (art. 427 e 428) Exceções:❖ Se o contrato (a não obrigatoriedade) resultar dos termos dela mesma: é o caso do proponente salientar, quando da sua declaração de vontade, que reserva o direito de retratar-se ou arrepender- se de concluir o negócio. Não existe essa possibilidade nas ofertas feitas ao consumidor. a) Se o contrato ( a não obrigatoriedade) não resultar da natureza do negócio: cite-se o exemplo, das propostas abertas ao público, que consideram limitadas ao estoque existente. Pela própria natureza do negócio não é possível que a proposta seja obrigatória. b) Se o contrato (a não obrigatoriedade) resultar das circunstâncias do caso - o juiz estipulará se será ou não obrigatória o cumprimento da proposta. c) Prazo de validade da proposta (art. 428)❖ Observação Pessoas presentes: aquelas que mantêm contato direto e simultâneo uma com a outra, a exemplo daqueles que tratam do negócio pessoalmente, ou que utilizam meios de transmissão imediata da vontade (como o telefone, por exemplo). Observe-se que, em tais casos, o aceitante toma consciência da oferta quase no mesmo instante em que ela é emitida. Conexão direta - (Salas virtuais de comunicação) Pessoas ausentes: aquelas que não mantêm contato direto e imediato entre si, caso daqueles que contratam por meio de carta ou telegrama, Não há conexão. Deixa de ser obrigatória a proposta: I - se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. Considera-se também presente a pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicação semelhante; A resposta ou aceitação tem que ser imediata. II - se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do proponente; Página 6 de Civil III @aryana.rotondano III - se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado; Exemplo: Caio envia correspondência a Tício, propondo-lhe a celebração de determinado contrato, consignando, na própria carta, o prazo de seis meses para a resposta(aceitação). Passam-se os seis meses e a resposta não é expedida. De tal forma, perde a proposta a sua obrigatoriedade. IV - se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a retratação do proponente. Aqui, antes da proposta, ou junto com ela, chega ao conhecimento da outra parte a retratação ou o arrependimento do proponente, caso em que a oferta perderá também a sua obrigatoriedade. Fora dessas hipóteses, a proposta obriga o proponente e deverá ser devidamente cumprida, caso haja a consequente aceitação. Oferta ao público (art. 429)❖ Art. 429. A oferta ao público equivale a proposta quando encerra os requisitos essenciais ao contrato, salvo se o contrário resultar das circunstâncias ou dos usos. Parágrafo único. Pode revogar-se a oferta pela mesma via de sua divulgação, desde que ressalvada esta faculdade na oferta realizada. Se dirige a um número indeterminado de pessoas. Pode haver revogação da proposta desde que seja no mesmo momento em que ela é feita. Consequências jurídicas da morte do proponente❖ O proponente morre antes da celebração do contrato. A posteriori: em se tratando de obrigação fungível e sendo a proposta capaz de se perpetrar, subsiste sua obrigatoriedade. a) Falência: se a o proponente vier a falir antes da aceitação proposta, poderá haver responsabilidade civil. Ele poderá revogar a proposta além de que o próprio aceitante poderá desistir. B) Se a falência for posterior a proposta, há uma possibilidade de desobrigar o proponente, se não houver má-fé. Página 7 de Civil III @aryana.rotondano Conceito❖ A regra geral é que os contratos só devem gerar efeitosentre as próprias partes contratantes, não dizendorespeito, a priori, a terceiros estranhos à relação jurídica contratual. Porém, por meio da estipulação em favor de terceiro, ato de natureza essencialmente contratual, uma parte convenciona com o devedor que este deverá realizar determinada prestação em benefício de outrem, alheio à relação jurídica-base. Estipulante Aquele que estipular o benefício em favor de 3º. Promitente Aquele que deve cumprir com a obrigação estipulada. Beneficiário Aquele que receberá o benefício outorgado pelo estipulante. É estranho à relação jurídica. Possibilidade de exigência da obrigação❖ Tanto o estipulante quanto o beneficiário poderão exigir o cumprimento da obrigação. Conceito de Caio Mário❖ Importante: para o beneficiário exigir o cumprimento da obrigação ele deverá anuir com a mesma, de forma expressa, assumindo as obrigações decorrentes. "Origina-se da declaração de acorde do estipulante e do promitente, com a finalidade de instituir um iuris vinculum, mas com a peculiaridade de estabelecer obrigação de o devedor prestar em benefício de uma terceira pessoa, a qual, não obstante ser estranha ao contrato, se torna credora do promitente". Princípio da Relativização da Subjetividade dos Efeitosdo Contrato❖ Percebe-se, com isso, que o terceiro, estranho ao negócio, será por ele afetado, situação esta que excepciona a regra geral da relatividade dos efeitos do contrato. Exemplo: seguradora (promitente) estipula com o segurado (estipulante) que deverá pagar ao terceiro (beneficiário) o valor devido a título de indenização. Lei Seca❖ Art. 436. O que estipula em favor de terceiro pode exigir o cumprimento da obrigação. Parágrafo único. Ao terceiro, em favor de quem se estipulou a obrigação, também é permitido exigi-la, ficando, todavia, sujeito às condições e normas do contrato, se a ele anuir, e o estipulante não o inovar nos termos do art. 438. Art. 437. Se ao terceiro, em favor de quem se fez o contrato, se deixar o direito de reclamar-lhe a execução, não poderá o estipulante exonerar o devedor. Art. 438. O estipulante pode reservar-se o direito de substituir o terceiro designado no contrato, independentemente da sua anuência e da do outro contratante. Parágrafo único. A substituição pode ser feita por ato entre vivos ou por disposição de última vontade. 4 4 Página 8 de Civil III @aryana.rotondano Natureza jurídica❖ É um negócio jurídico eficacial, pois busca a responsabilidade civil pelo descumprimento da obrigação. Conceito❖ É um negócio jurídico em que a prestação acertada não é exigida do estipulante, mas sim de um terceiro, estranho à relação jurídica obrigacional, o que também flexibiliza o princípio da relatividade subjetiva dos efeitos do contrato. Exclusão da responsabilidade❖ Como regra, aquele que prometeu, responderá por perdas e danos. No tocante à exclusão da responsabilidade, o legislador consagrou no parágrafo único, art. 439, CC, que a cônjuge promitente não responderá por perdas e danos, inclusive quando o negócio depender de sua anuência. Exemplo❖ É a situação em que Caio promete a Tício que sua esposa (de Caio, não de Tício), com quem é casado em comunhão universal de bens, irá transferir um imóvel para si. Ora, a responsabilidade civil de Caio, pelo descumprimento da prestação por sua esposa, acabará recaindo no patrimônio desta, o que seria uma situação de responsabilização de terceiro que não fez parte da relação jurídica obrigacional. Se Caio promete a Tício que o Professor Geraldo irá ministrar aulas em um curso preparatório para concursos, caso o ilustre propedeuta não realize tal tarefa, é óbvio que, não tendo participado da avença ,não poderá ser compelido a fazê-lo. Diferente situação haverá, todavia, quando o terceiro, nominado originalmente pelo estipulante, se comprometer diretamente à prestação, pois, aí, a obrigação será própria dele, conforme se verifica do art. 440: “Art. 440. Nenhuma obrigação haverá para quem se comprometer por outrem, se este, depois de se ter obrigado, faltar à prestação”. Contudo, pode haver uma responsabilidade solidária do estipulante original, mas isso dependerá da manifestação expressa. Lei seca❖ Art. 439. Aquele que tiver prometido fato de terceiro responderá por perdas e danos, quando este o não executar. Parágrafo único. Tal responsabilidade não existirá se o terceiro for o cônjuge do promitente, dependendo da sua anuência o ato a ser praticado, e desde que, pelo regime do casamento, a indenização, de algum modo, venha a recair sobre os seus bens. Art. 440. Nenhuma obrigação haverá para quem se comprometer por outrem, se este, depois de se ter obrigado, faltar à prestação. 4 44 Página 9 de Civil III @aryana.rotondano Conceito❖ É uma promessa de prestação de fato de terceiro, que será o titular dos direitos e das obrigações decorrentes do negócio jurídico, caso aceite a indicação realizada. Segundo ORLANDO GOMES: "Trata-se de contrato no qual se introduz a cláusula especial pro amico eligendo ou pro amico electo, pela qual uma das partes se reserva a faculdade de nomear quem assuma a posição de contratante. A pessoa designada toma, na relação contratual, o lugar da parte que a nomeou, tal como se ela própria houvesse celebrado o contrato. O designante sai da relação sem deixar vestígios. Em suma, o contraente in proprio nomeia terceiro titular do contrato” Caso não exercite a cláusula ou o indicado recuse a nomeação, ou seja insolvente (pessoa tem mais dívidas do que condições para quitá-las), disso desconhecendo a outra parte, permanece o contrato somente eficaz entre os contratantes originários (art. 420). Efeitos:❖ Ex Tunc, retroativos. Exemplo: compromisso de compra e venda. Observação Contrato com pessoa a declarar é diferente da cessão de posição contratual. Lei seca❖ Art. 467. No momento da conclusão do contrato, pode uma das partes reservar-se a faculdade de indicar a pessoa que deve adquirir os direitos e assumir as obrigações dele decorrentes. Art. 468. Essa indicação deve ser comunicada à outra parte no prazo de cinco dias da conclusão do contrato, se outro não tiver sido estipulado. Parágrafo único. A aceitação da pessoa nomeada não será eficaz se não se revestir da mesma forma que as partes usaram para o contrato. Art. 469. A pessoa, nomeada de conformidade com os artigos antecedentes, adquire os direitos e assume as obrigações decorrentes do contrato, a partir do momento em que este foi celebrado. Art. 470. O contrato será eficaz somente entre os contratantes originários: I - se não houver indicação de pessoa, ou se o nomeado se recusar a aceitá-la; II - se a pessoa nomeada era insolvente, e a outra pessoa o desconhecia no momento da indicação. Art. 471. Se a pessoa a nomear era incapaz ou insolvente no momento da nomeação, o contrato produzirá seus efeitos entre os contratantes originários. 4 Página 10 de Civil III @aryana.rotondano Conceito❖ É também chamado de "pré-contrato", "compromisso" ou "promessa de contrato". Não se há de confundir contrato preliminar com a negociação preliminar. Esta última se refere à fase de puntuação, que não gera vínculo jurídico entre as partes, muito embora possa gerar responsabilidade civil. Pablo Stolze e Rodolfo Pamplona Contrato preliminar é uma avença através da qual as partes criam em favor de uma ou mais delas a faculdade de exigir o cumprimento de um contrato apenas projetado. Exemplo❖ O exemplo mais comum desse tipo de promessa é a de compra e venda (promessa de compra e venda),a qual, quando devidamente registrada no Cartório de Imóveis350, produz eficácia real, facultando aopromitente comprador, se for necessário, recorrer à ação de adjudicação compulsória para a concre- tização do seu direito. Natureza jurídica❖ contrato preliminar é um negócio jurídico, na medida em que consiste em uma declaração de vontade, emitida em obediência aos seus pressupostos de existência, validade e eficácia, com o propósito de produzir efeitos admitidos pelo ordenamento jurídico, pretendidos pelo agente. Classificação❖ Exigibilidade Retratabilidade Onerosa ou gratuita Unilateral: faculdade que somente uma das partes terá para exigir o cumprimento do contrato. Ex: promessa de doação. 1ª posição (Serra Lopes) - não é exigível por ser um ato de mera liberalidade da parte. 2ª posição (Washington de Barros) - é exigível por ser um negócio jurídico que vincula as partes. Só cabe nos contratos bilaterais. Se retratar do negócio desistindo dele, ou de alguma cláusula. Estabelece o direito de quaisquer das partes inserir no contrato a possibilidade de se retratar do negócio. Onerosidade: compreende uma prestação e uma contraprestação. Bilateral: faculdade que todas as partes tem de exigir o cumprimento das cláusulas contratuais. Gratuita: não há uma contraprestação. 4 Página 11 de Civil III @aryana.rotondano Conceito❖ São defeitos ocultos, não aparentes que diminuem o valor ou prejudicam a utilização da coisa recebida por força de um contrato comutativo. Esse defeito deve preexistir à tradição do negócio. Requisitos❖ Existência de um negócio comutativo (ato translativo da posse e da propriedade);a) Defeito ou vício existenteno momento da tradição;b) Diminuição do valor ou prejuízo em relação a utilização da coisa. c) Observação Esses requisitos são cumulativos!! Consequências jurídicas da verificação dos vícios redibitórios❖ a) rejeitar a coisa, redibindo o contrato (via ação redibitória): pode pleitear perdas e danos também( se o alienante conhecia o vício da coisa). Se não o conhecia, somente restituirá o valor recebido mais as despesas do contrato. b) reclamar o abatimento no preço (via ação estimatória ou quanti minoris). Essas ações são chamadas de ações edilícias, e são alternativas. O adquirente somente pode utilizar de uma ou da outra (concurso de ações). Prazo para propositura das ações edilícias❖ Primeiramente, frise-se que, por se tratar de ações que têm por conteúdo, nitidamente, o exercício de direitos potestativos, os prazos, em questão, são decadenciais, e não prescricionais. I - 30 DIAS - bens móveis (contado da entrega efetiva); II - 1 ANO - bens imóveis (contado da entrega efetiva). Observação Se o adquirente já estiver na posse do bem, os prazos acima são reduzidos pela metade, contado a partir da alienação. Conhecimento do vício após a tradição❖ O prazo será contado a partir do momento em que o adquirente tiver ciência do defeito, até o prazo máximo de 180 dias, se a coisa for móvel, e de um ano, se for imóvel. Cláusula de garantia❖ Em tal circunstância, enquanto estiver em curso o prazo de garantia contratual, a garantia legal estarás sobrestada, paralisada, ou seja, não correrá prazo decadencial algum em desfavor do adquirente. Todavia, verificado o defeito, o adquirente, por imperativo da boa-fé objetiva, deverá denunciá-lo (noticiá-lo) ao alienante, nos 30 dias seguintes ao descobrimento, sob pena de decadência. Se ele não informar, perderá o direito de garantia legal. 44 Página 12 de Civil III
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