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A multiterritorialidade do espaço contemporâneo Minimal, Land Art, Richard Serra/ Site Especific • ESPAÇO • 1) Renascimento - construção do quadro como janela do mundo • através da perspectiva x concepção cosmológica medieval • - o sentido aristotélico do espaço como lugar é explodido, passando o homem a poder pensar o espaço como infinito – a perspectiva permite pensar o espaço de maneira abstrata. • Espaço Plástico Renascentista X Espaço Plástico Moderno (A busca da autonomia da arte e a pureza das linguagens na arte moderna • 2) arte moderna - o quadro como objeto bidimensional, como superfície plana que constitui e apresenta o mundo; evidenciados os meios de cada linguagem picasso_folha de música e guitarrapablo picasso_ 3) arte contemporânea - espaço com múltiplas dimensionalidades • a obra contemporânea não existe como objeto fechado e isolado no espaço. Ao romper com a autonomia modernista a obra redefine seu lugar, sua integração com outros suportes e linguagens, afirmando um campo de articulações entre matéria, pensamento e espaço. • - A multiterritorialidade do olhar contemporâneo: a afirmação de um espaço heterogêneo em contraposição ao espaço homogêneo da modernidade Espaço homogêneo: Malevith e Mondrian X Espaço Heterogêneo: Minimal, Smithson, De Maria, Serra, Christo "Espaço como praxis" - espaço em diálogo ativo com coisas e pessoas que ele contem, em todas suas ramificações • No início dos anos 60 a minimal introduz essa fissura ao estabelecer uma relação direta com o lugar que agora é tomado como um todo social que a obra começa a contrariar. A escala monumental e a intromissão das formas no espaço circundante e a sua interação com a arquitetura força o espectador a considerar o ambiente em que elas estão colocadas, o contexto da estrutura. MINIMAL • - Primary Strutures, título de uma exposição no Jewisch Museum/Ny • - nomenclatura: minimalismo como movimento x poética e sensibilidade minimalista • características: racionalidade, reducionismo, escala grande, serialidade (modulação), fabricação industrial, interação com o ambiente(literalidade), estrutura/processo, formas neutras e geométricas, percepção fenomenológica, espaço social • - diferença entre serialidade pop e minimalista • - a minimal critica, como a pop, a expressividade do expressionismo abstrato; agora o autor é quase residual, não tem marcas pinceladas, nada. Fabricação Industrial • - relação direta com o lugar: não são transportáveis. O lugar é tomado como um todo social que a obra começa a contrariar. Tony Smith • - arquiteto trabalhou antes com Frank Lloyd Wright • - culto ao inexpressivo • - escala monumental - espectador é levado a buscar resíduos na uniformidade dessas vastas formas, no fato de que elas são grande o suficiente para bloquear outros objetos da nossa vista • - percepção como totalidade que constitui a obra: a percepção possui um meio de ação que se desenrola • Questão da Escala • - o tipo de escala que age como conteúdo não é simplesmente um problema de tamanho e proporção, é função do modo como as formas aparecem para expandir-se e continuar além de suas limitações físicas, agindo agressivamente no espaço em torno delas. A intromissão dessas formas no espaço circundante e a sua interação com a arquitetura força o espectador a considera (perceber) o ambiente em que elas estão colocadas, o contexto da estrutura. Die, 1962, by Tony Smith. https://www.google.com/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Fwww.researchgate.net%2Ffigure%2FDie-1962-by-Tony-Smith_fig5_328252903&psig=AOvVaw3tlgp-USrKByaXF-Qy5x1c&ust=1651161955713000&source=images&cd=vfe&ved=2ahUKEwjqv_vfz7T3AhXfR7gEHbljARoQr4kDegUIARCGAg Donald Judd (1928-1994) • - pexiglás, aço inoxidável, fórmica, alumínio, ferro galvanizado • - blocos regulares colocados entre espaços iguais • - visava destacar caráter físico; identidade do objeto coincidia com o material que o constituía • - caráter não referencial, sem ilusões ou alusões • - fileira vertical: pode ser considerado como segmento de alguma coisa contínua • - visibilidade total • - o espectador faz experiência de sua própria percepção donald judd.sem título • Sol Lewitt(1928/2007) • - precursor da arte conceitual • - não é tão obcecado pelos materiais quanto Judd • - as suas elegantes estruturas retilíneas exploram o contraste entre a ordem conceitual e a desordem visual( • - as séries de Sol Lewitt partem de um lugar pré- estabelecido onde o artista constrói uma garde de alumínio que se eleva do chão nas sucessivas etapas até formar praticamente todo o espaço • - as estruturas eram fabricadas por companhias indústriais conforme suas especificações. Carl Andre (1928) • - para ele a obra de arte ideal seria a estrada; repetir o ato que constitui a obra • - 64 pieces of copper - peça instalação - característico da minimal; a escultura feita para uma situação fisíca particular • - dispõe blocos ou tijolos de cimento ou placas de aço pré-fabricadas, um ao lado da outra indicando um lugar, algo rente ao chão. Robert Morris(1931- 2018) • - enfatiza a natureza da estrutura colocando uma luz dentro dela e fazendo dois cortes em lados opostos através dos quais a luz pode ser vista • - usa uma mesma forma, apresentando-a em diferentes posições, ou seja, mostrando as suas diversas percepções • - tanto Morris quanto Judd pretendem que seus trabalhos sejam considerados uma só coisa, que sejam percebidos como um todo. Dan Flavin(1933- 1996) • - compra prontas as luminárias fluorescentes; uso do tubo iluminado como unidade básica de sua arte; Flavin explora o material, a luz, a cor e o espaço como única entidade. ; as esculturas são apresentadas de forma estática, não se interessa por movimentos ou mudanças em luminosidade • - de início arrumadas verticalmente nas paredes, depois começa modular espaços instalando suas barras radiantes coloridas nos cantos, ao mesmo tempo que as construia em "estruturas de barreiras" que se sustentavam sozinhas Conclusão: • - Morris e Juud - duas intenções se conjugam: a de colocar o espectador em presença de uma totalidade percebida imediatamente e ade provocar nele a experiência da sua própria percepção • - Carl Andre - se propõe a convidar o espectador a repetir o ato se constituir a obra • - Sol Lewitt - de fazer o espectador encontrar na obra a idéia que a engendra • - todos procuram uma participação mais ativa do espectador • - querem dar à obra uma função de um instrumento a serviço de uma experiência ou de uma ação • - intervenção/inteiração com o lugar. A obra é feita especificamente para um local; questiona o "espaço" institucional da arte e a própria noção de objeto de arte. SERRA • - a partir de 1966 alguns artistas reagiram contra o aspecto rígido das estruturas primárias, dentre eles está Serra • - PQ Serra não é minimalista? - • - em 1967 compôs uma lista de verbo que especifica os processos que envolvem o fazer da escultura(to roll, to store, to shorten, to cut, to bend). Após fazer sua lista descobre a enorme flexibilidade do chumbo como suporte para as ações que estava projetando • - seus materiais foram primeiro o chumbo liquido que se solidifica, os tecidos emborrachados, o chumbo em folhas laminadas ou placas: o comportamento do material torna-se aqui o processo que determina o aspecto da obra. Pra ele a ação da mão deve responder a este processo; ambos devem permanecer visíveis para serem refeitos mentalmente pelo espectador HM 10 La Dance 260x390 • - Casting - o chumbo derretido era espalhado ou fundido no ângulo formado entre o chão e a parede; quando endurecia ficava sem o molde e espalhado pelo chão e outra fundição era feita até chegar ao número desejado. Casting refere-se a esse processo, através da interpretação literal do verbo fundir. Serra declara sua independênciada escultura tradicional(a de fundir ou reproduzir uma forma derretendo metal num molde). esse processo era ativo não só para o artista, mas ao vermos podemos reconstruir o processo envolvido no "Fazer da peça" HM 10 La Dance 260x390 PROP PIECES • - em 1968 em soma às ações to cast, to roll, Serra usou o chumbo para acionar outra relação transitiva: to prop • - uma folha de chumbo era sustentada na parede por outra folha de chumbo bem enrolada. Fazendo isso Prop dependia ainda da parede como fundo e ainda exposta à mesma crítica feita à Casting e Tearing • - mas o que ela se diferenciava dos outros era no processo de formar o trabalho: não era aplicado aos materiais do objeto, ou seja, uma força externa para deixar sua marca para que ele então falasse • - no Prop o processo era uma função da relação entre dois elementos da peça, tensionando um contra o outro num contínuo trabalho de elevação. • É nessa tensão constantemente renovada que ativa o objeto a cada momento que Serra localizou sua vocação especial como escultor • - Serra volta-se para as propriedades físicas da escultura, seu peso e materiais, apresentando-os de uma maneira não ilusionística em relação aos princípios construtivos para que possam ser captados • Site specific - Sítio específico- não implica que um trabalho é achado em um lugar particular. Como o trabalho se apresenta e o que significa depende da configuração do espaço em que é realizado. Se alguns objetos forem arranjados do mesmo modo em uma outra localização será um outro trabalho. ex: Serra • A intervenção/inteiração com o lugar questiona o "espaço" institucional da arte e a própria noção de objeto de arte. Rosalind Krauss crítica elasticidade do termo escultura adotado pelos críticos do modernismo, e sugere o campo ampliado como uma expressão apta para resolver as novas concepções espaciais que surgem nos anos 60. • Agora a praxis não é definida em relação a um determinado meio de expressão (escultura), mas sim em relação a operações lógicas dentro de um conjunto de termos culturais para o qual vários meios possam ser usados. 1970/80 - trabalhos em grande escala • - as grandes estruturas de aço dos anos 70 e 80 trouxeram uma nova dimensão ao envolvimento do espectador na escultura de Serra; elas alteram e redefinem a percepção do espaço do espectador • - como as peças do trabalho podem ser vistas de qualquer ponto, requerem um tempo gasto: andando, olhando, antecipando e lembrando. Às peças mudam de configuração a cada passo do espectador, fazendo-o consciente dessa relação dos trabalhos com si próprio e com o espaço que ocupam HM 10 La Dance 260x390 Land Art • > não tem mais obra no sentido tradicional, mas o trabalho como lugar considerando a topografia como parte integrante da obra • > confrontação direta com a realidade exterior; tirar o trabalho de arte das galerias e criá-los através da intervenção no ambiente natural • > Robert Smithson, Walter de Maria, Michael Heizer, Carl Andre, Richard Long. • - está ligada às condições particulares dos EUA, sobretudo os desertos do oeste • - projeto de tal tamanho e com materiais tão anticonvencionais que impedia a apresentação em museus e galerias • - trabalhos incolecionáveis, a não ser em fotografias ou desenhos • - 1968 - exposição Earthworks - Galeria Dwan - com trabalhos de Michael Heizer, Robert Smithson( mostrou 5 cointainers com 140 minerais) • - 1969 - 1a exposição em Museu - Earth Art - Museu da Universidade de Cornell; Oppenheim, Smithson; pedra, grama e outros materiais naturais foram mostrados • - em 1968, Walter de Maria depositou uma enorme quantidade de terra dentro de uma galeria, cobrindo-lhe o piso • - Robert Smithson, Michael Heizer, Carl Andre, Richard Long se interessaram pelo potencial escultórico das escavações de onde retiravam terra, cascalho e pedras • - não tem mais obra no sentido tradicional, trabalha com o ambiente • - querem uma confrontação direta com a realidade exterior; tirar o trabalho de arte das galerias e criá-los através da intervenção no ambiente natural • - afirmação da solidão com a natureza e forças da natureza • - ênfase na documentação e processo(ligado a arte conceitual) • - o que há de novo, já que desde Duchamps já havia a dessacralização da arte? Agora se trata de intervir, não mais de recolher. Não há produção de um objeto, mas uma interferência. Ao invés de tirar o objeto do contexto se tira o indivíduo do contexto • - fim da relação personalizada do indivíduo consumindo uma obra, uma vez que rompe com a cadeia que faz do espectador um consumidor • - a escala muito grande coloca o dilema da arte e da técnica; matéria bruta onde o sujeito intervém • - os trabalhos só podiam ser apreciados de bem alto, no ar, pelo tamanho gigantesco e pelos lugares isolados onde eram feitos • - ato poético solitário ROBERT SMITHSON(1938/73) • - 68 Site/ Non site • - 68/73 - earthworks • Spiral Jetty, 1970 • - é a obra mais conhecida da Land Art; compunha-se de pedras atiradas nas águas do Great Salt Lake em Utah e tinha 450m de comprimento; implica numa progressão geométrica e aproveita as propriedades físicas do lugar(alta densidade de sal que dá à agua um tom vermelho e promove uma cristalização nas bordas do trabalho) • - a evidência fenomenológica do Spiral Jetty deriva não só da aparência visual do lago, mas também do que se chama sua disposição mitológica. A existência de um grande lago de sal no meio do continente pareceu por séculos ser um enigma da natureza. Os primeiros habitantes da região procuravam uma explicação para isso através de mitos. Um deles era que o lago era originalmente ligado ao Pacífico através de um caminho subterrâneo. Usando a forma do espiral para imitar ou dar forma a essas histórias, Smithson incorpora o mito no espaço do trabalho • - o mais importante é ser inacessível; difícil de olhar, pois só pode ser visto do ar. Mas a realidade do trabalho é que existe independente do espectador • - reintroduz a relação local/escultura até fazer da escultura um local, um lugar no qual a ocupação comporta uma dimensão temporal evidente • - Spiral Jetty - alegoria da impossibilidade humana • - 73 - morre em seu último projeto Amarillo Ramp; o trabalho será acabado por Richard Serra SITE • - durante os anos sessenta a ideia de um trabalho de arte como um ambiente foi elaborada no fato de que muito mais que olhá-lo, o espectador deveria habitá-lo • - uma figura chave nesse desenvolvimento foi Robert Smithson, que formulou a distinção entre Site, um lugar particular ou localização no mundo, e o Nonsite, uma representação na galeria do lugar na forma de material transportado • - é importante fazer essa distinção porque enquanto Smithson e outros artistas da Land Art como Michael Heizer, Nancy Holt, James Turrell e Walter de Maria estavam operando em lugares que não galerias, seus trabalhos permaneciam dependentes da estrutura interpretativa gerada pelo sistema de galeria. • - implícito em ambas terminologias de Smithson e em sua enumeração de polaridades está a ideia que um trabalho, muito mais que ocupar um espaço designado, constituiu o lugar. • Smithson lança mão de meios diverso -objetos, mapas, desenhos, fotografias e filmes; criou uma obra dialética, relacionando o dentro e o fora, o natural e o urbano, arte e ciência, arte e história, o fixo e o móvel, a forma e o informe sintetizados no Site e Nonsite que resumia sua preocupação em lidar com a entropia das matérias e contextos. Smithson estava interessado em operar na passagem das coisas, com sua capacidade de transformação, sua potência móvel. Uma escultura monumental podia ser construída no deserto, mas rastros ou fragmentos dessa escultura podiam ser trazidos para dentro de uma galeria com outra formalização, sem trair o conceito de trabalhoexterior. Ao contrário ambos pertecem à mesma matriz conceitual • - quando Smithson faz Spiral Jetty as fotos e filmes passam a fazer parte constituintes do trabalho Walter de Maria • - "Las Vegas Piece", 1969. Nevada; uma linha de 1 milha desenhada no deserto de Nevada. Sua idéia inicial era proibir a fotofrafia para obrigar o espectador a ir ao local para experimentá-lo • - Lightning Fied(1967/Novo México)- poética do sublime • o irredutível complexo de trabalho, lugar e a experiência de ambos no tempo pelo espectador. Localizado no deserto do Novo México, o trabalho compreende varas de aço verticais colocadas dentro de uma área de de 1 milha por 1 km. O comprimento das varas varia com o terreno de maneira que seus cumes formam um só plano que poderia até mesmo servir de base para uma placa de vidro imaginária. • Michael Heizer • - intervenção na morfologia da natureza • - Displaced, Replaced Mass, 1969, Silver Springs, Nevada; • - mais do que qualquer outro ambiente os lagos secos da California e nevada direcionam a mente na contemplação da duração: tempo percebido como indivisível nas palavras de Bergson, tempo sem medidad e desumano • - muitos trabalhos (sobretudo aqueles em fio) são fotografados ano após anos até desaparecer • - "O homem nunca vai criar nada realmente grande em relação ao mundo - apenas em relação ao seu próprio tamanho", Heizer • - Double negative - envolveu a remoção de 24000 toneladas de pedras e areia; consiste em duas fendas, cada uma com 400 pés de profundidade e 100 pés de comprimento, cavadas no topo de duas mesas(forma geológica horizontal limitada por todos os lados por escarpas, geralmente abruptas), localizadas uma em oposição à outra, separadas por uma garganta. Devido ao seu enorme tamanho e a sua localização, o único meio de experimentar o trabalho é estar dentro dele. Mas ainda que seja simétrico e tenha um centro(o ponto central da garganta que separa as duas fendas), este tem uma conformação que impede que o ocupemos. Só podemos estar em um dos espaços da fenda e olhar(pressupor) para a outra Sítio específico • não implica que um trabalho é achado em um lugar particular nem que é este lugar. Como o trabalho se apresenta e o que significa depende da configuração do espaço em que é realizado. Se alguns objetos forem arranjados do mesmo modo em uma outra localização será um outro trabalho. ex: Serra • - Minimal relação com o meio físico onde se dá sua observação, na conexão com o espaço da experiência. O sentido do objeto nasce no e do espaço público, instituindo um contágio; conceito de instalação. A obra minimalista não era uma obra feita em ateliê e depois transportada para a geleria; a relação com o local era estrutural; a participação do espectador na obra de arte • - land arte escultura como lugar - trabalhos específicos de seus Sites, considerando a topografia como parte integrante da obra • especific sites - Serra • - instalação, como o arranjo de coisas dentro de um ambiente de galeria que sobrepõe e/ou interfere na própria atividade de expor. • - a predominância de instalações em sítios não artísticos continua a ser uma das principais preocupações dos artistas. • "Espaço como praxis" - espaço em diálogo ativo com coisas e pessoas que ele contem, em todas suas ramificações • - procedimentos que ativam os significados potenciais ou reprimidos de um lugar específico, que opõe espaço e tempo real contra dimensões imaginativas de midias eletrônicas; que questionam verdades culturais refletidas em padrões de coleção, aprendizado e exibição em espaços privilegiados de arte; e relacionam o espaço social no qual operam com o sentido do público, do privado, e do comunitário achado na linguagem da arquitetura. • A ativação do lugar, ou contexto da intervenção artística sugere uma leitura localizada e muito específica do trabalho e ela se relaciona não apenas com a arte e seus limites, mas com a contínua aproximação, ou mesmo fusão entre arte e vida. A instalação representa assim, o desejo do artista de estender a área de ação do studio para o espaço público. • A arte contemporânea opera a partir dessa abertura realizada pelos trabalhos da minimal, land art e os site specific de Serra. É daí que se desenvolve tanto a concepção de instalação como de intervenção urbana, também chamada de arte pública. • Instalação foi um termo usado nos últimos vinte anos para descrever um tipo de arte que rejeitava a concentração em um objeto em favor das relações entre um número de elementos ou interações entre coisas e seus contextos. • A predominância de instalações em sítios não artísticos continua a ser uma das principais preocupações dos artistas. A ativação do lugar, ou contexto da intervenção artística sugere uma leitura localizada e muito específica do trabalho e ela se relaciona não apenas com a arte e seus limites, mas com a contínua aproximação, ou mesmo fusão entre arte e vida. Estabelece-se um espaço como práxis, um espaço em diálogo ativo com coisas e pessoas que ele contem, em todas suas ramificações através de procedimentos que ativam os significados potenciais ou reprimidos de um lugar específico • - Intervenção em espaço comum: a cidade. Atuando em projetos coletivos ou individuais, intervêm na indefinição e na contaminação de fronteiras entre arte, política, ética, pensamento e afeto. Comunicando-se pela internet, interrogam, experimentam abrem mundos inesperados no mundo. Experimentações que se inscrevem na rede de relações sociais, interferindo em sua dinâmica. Muitas vezes o artista se torna um mediador social que ativa o convívio, ou um etnógrafo de pequenas estratégias de territorialização . Sob nomes de intervenção urbana, arte participativa, colaborativa, coletivos, práticas relacionais e contextuais. Alexandre Vogler Campanha 4 graus Rio de Janeiro, 2004 Projeto Atrocidades Maravilhosas - Concepção de Alexandre Vogler 20 artistas ocupando pontos específicos das cidades com cartazes lambe-lambe Iniciado no Rio de Janeiro em 2000 Felipe Barbosa ‘Pega’ Nelson Felix Exposição 4 cantos • Em trabalhos posteriores, Felix explora formas e relações por meio de organismos animais e vegetais. Em Grande Budha (1985), garras de metal são introduzidas no tronco de uma árvore à medida que ela cresce. O procedimento, de inegável aparência agressiva, permite que seja acentuado o processo de crescimento da árvore, que normalmente passaria despercebido. Constrangido por uma força não natural, o tronco da árvore oferece uma imagem do que ocorre quando se pretende controlar um elemento da natureza. Grande Buda, 1985 arvore e latão • Na exposição Mesas (1995), realizada na Galeria Luisa Strina, em São Paulo, são reunidas seis mesas talhadas em granito, que, de móveis cotidianos, assumem outro caráter, aproximando-se da aparência de altares. Sobre elas, são depositados moldes realizados com base em seu corpo, nos quais são imersas, em azeite, glândulas endócrinas fundidas em ferro. Uma dessas mesas, muito pesada, é suspensa no teto de forma a roçar levemente as plantas dormideiras - que se fecham ao menor contato -, colocadas no solo. • A obra faz referência a um estado de iminente transformação e à interações entre a natureza e os objetos culturais. Nelson Felix reforça a sensação de estranheza em suas obras com a reunião de elementos familiares e outros não usuais. Tanto em Grande Budha quanto em Mesas, o artista leva à extrema radicalidade a percepção da forma aberta no espaço. Lajes (1997), • apresentada na exposição “Arte Cidade” a cidade e suas histórias, o deslocamento de três lajes de uma construção no centro de São Paulo cria outro ritmo no espaço arquitetônico, explorando relações entre equilíbrio e instabilidade. • A consciência da totalidade do espaço é assim também trabalhada em relação à arquitetura.
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