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Aspectos radiográficos da coluna vertebral

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Medicina Veterinária – Mariana de Campos – Clínica complementar ao diagnóstico I 
 
PRINCIPAIS ASPECTOS ANATÔMICOS 
C7, T13, L7,S3 Cc variáveis 
 
 Discos intervertebrais - funcionam como “coxins” 
(pontos de apoio) lubrificados que previnem o 
desgaste do osso das vértebras no decorrer dos 
movimentos da coluna espinal. O núcleo pulposo, é 
muito hidratado e absorve as pressões como se 
fosse uma almofada, protegendo as vértebras 
contra impactos. 
 Ligamentos 
 Vascularização 
 Nervos 
 Medula espinhal – faz parte do SNC. Responsável 
por conduzir informações de diversas partes do 
organismo para o cérebro e deste para outras 
regiões, sendo responsável também pelos atos 
reflexos. A coluna vertebral protege a medula. 
Devemos lembrar que a medula precisa de 
comunicação com o meio externo – a comunicação 
acontece nos forames intervertebrais 
 
1. Corpo vertebral 
2. Processo transverso 
3. Processo espinhoso 
4. Espaço intervertebral (aqui se localiza o disco 
intervertebral) 
5. Forame intervertebral – “cabeça do cavalo” 
6. Processos articulares 
 
OBS: A região toracolombar é onde há mais problemas, já que 
essa região tem que aguentar mais impacto sem muita 
sustentação 
 
Nunca devemos realizar um RX de coluna sem antes um bom 
exame físico e neurológico antes. Já que através do exame 
físico e neurológico é onde vemos exatamente onde está a 
lesão e usamos o RX apenas para fechar ou descartar 
diagnósticos – Muitos veterinários pedem RX de coluna total 
o que é errado, sai muito caro, pois precisa de muitas 
projeções e essa atitude indica que o veterinário não realizou 
o exame físico e não sabe exatamente onde está a lesão 
Devemos lembrar que a dor que o animal sente pode dar um 
falso positivo para hérnia de disco, pois o animal fica 
tencionado diminuindo todos os espaços intervertebrais 
Toda imagem de RX olhamos apenas para o centro da imagem 
radiográfica, os cantos da imagem radiográfica geralmente 
são mais desfocados e difíceis de enxergar patologias 
 
Projeções radiográficas de coluna: lateral e ventrodorsal 
 
 
 
Medicina Veterinária – Mariana de Campos – Clínica complementar ao diagnóstico I 
 
Exemplo de um exame mal posicionado: dá para ver as 2 
costelas: 
 
Exemplo de um exame bem posicionado: as costelas ficam 
sobrepostas: 
 
 
MIELOGRAFIA 
Exame contrastado da medula espinhal – avalia o espaço 
subaracnóide (tamanho e forma da medula) 
Hoje em dia a mielografia está em desuso, pois há exames 
mais novos como tomografia e ressonância 
Mielografia e tomografia apenas fazemos quando precisamos 
localizar a lesão para operar, caso contrário não realizamos o 
exame 
- Anestesia geral 
- Punção do espaço subaracnóide (onde se localiza o liquor) 
pode ser feita nesses 2 lugares: 
 Cervical: cisterna magna – o mais seguro e mais 
usado 
 Lombar: L5-L6 – não é muito utilizado, pois essa 
região há muita inervação 
Quando um animal chega de algum trauma não dá para realizar 
a mielografia de imediato, devemos administrar corticoide e 
antiinflamatórios para diminuir o inchaço da medula, pois com 
ela aumentada o contraste não passaria e se precisar depois 
realizar o exame, pois muitas vezes com antiinflamatórios e 
corticoides os movimentos do animal já voltam não sendo mais 
necessário a mielografia 
Contraste iodado não iônico: 
Iopamiron 300 0,3-0,5 ml/kg 
Omnipaque 300 0,3-0,5 ml/kg → 9ml (máximo) 
Contra indicações: 
 Trauma agudo 
 Infecções cutâneas: estaríamos injetando sujidades 
e bactérias na circulação 
 Quando procedimento cirúrgico não é considerado 
Efeitos adversos: 
 Convulsões, apneia, piora neurológica, hipertermia, 
meningite, morte 
Convulsões durante a mielografia é devido ao aumento da 
pressão intracraniana. A apneia durante o exame é quando 
algo dá errado na aplicação e atinge o bulbo respiratório 
 
Ventroflexão de cabeça para aplicar o contraste, esse 
movimento “abre” o espaço para facilitar o exame - quando 
sair líquido (líquor) está no lugar correto 
 
 
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Sempre elevar a cabeça do animal, para o contraste não ir 
para o cérebro 
No exame radiográfico o normal/fisiológico é o contraste 
chegar ao final da coluna (região lombosacra) sem nenhuma 
interrupção: 
 
Compressão medular: só conseguimos afirmar quando o 
exame é contrastado ou tomografia/ressonância 
 
DESVIOS DE EIXO 
Cifose: desvio dorsal 
Lordose: desvio ventral 
Escoliose: desvio lateralizado 
Cifose e lordose são mais comuns em quadrúpedes 
Escoliose só enxergamos em VD 
 
 
 
DOENÇAS DEGENERATIVAS 
Doença degenerativa do disco intervertebral (discopatia) 
Espondilose deformante 
 
DISCOPATIAS 
Herniações: 
Raças condrodistróficas → Hansen tipo I 
Raças não condrodistróficas → Hansen tipo II 
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- Trauma 
- Fatores mecânicos (quanto menos fontes de 
estresse/pressão melhor – subir, descer escadas, ficar em 
posição bipedal) e anatômicos 
O disco intervertebral nas regiões lateral e ventral são mais 
espessas que a região dorsal (que é mais fina) 
 
HANSEN TIPO I 
Raças condrodistróficas (Dachshund - corpo longo e patas 
curtas, buldogues etc) 
O rompimento do anel fibroso ocorre na parte mais fina 
(dorsal) gerando compressão da medula (hérnia de disco) 
 
 
 
Quando enxergamos a hérnia assim é porque já está 
calcificado 
O que gera a dor é a compressão medular 
No RX não conseguimos classificar hansen tipo I ou tipo II, a 
não ser que dê a “sorte” de achar um calcificado 
 
 
 
HANSEN TIPO II 
Raças não condrodistróficas 
É quando não rompe o anel fibroso e sim quando há protusão, 
o material não vai para o meio externo, mas gera compressão 
Devemos lembrar que tanto o tipo I ou tipo II são ruins e geram 
dor ao animal 
Uma Hansen tipo II pode se tornar Hansen tipo I 
 
 
 
ESPONDILOSE DEFORMANTE (BICO DE PAPAGAIO) 
Espôndilo = coluna vertebral 
Deformante = está deformando, pois começa a nascer ossos 
nele → osteófitos em corpo vertebral = chamado de 
Espondilose Deformante 
Osteófito na articulação = chamamos de osteófito 
Osteófito no corpo vertebral = chamamos de espondilose 
deformante 
 
Essa patologia pode ser: 
 Idiopática 
 Secundária a instabilidade entre as vértebras 
Proliferação nas margens dos corpos vertebrais 
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- Ventrais + comum 
- Laterais + comum 
- Dorsais 
 
 
Osteófitos se unindo (esse é o “objetivo” da patologia – 
doença mais crônica) – quando chega nesse ponto o animal 
fica com restrições de movimento 
 
DOENÇAS DEGENERATIVAS 
- Osteoartrose 
 
 
DOENÇAS CONGÊNITAS/ DESENVOLVIMENTO 
ESPONDILOMIELOPATIA CERVICAL CAUDAL 
(síndrome wobbler) 
Estenose do canal vertebral cervical caudal (C5, C6, C7) – 
animais tetraplégicos 
Comum em dobermann (maior que 2 anos de idade) e cães de 
grande porte e gigante 
É um distúrbio neurológico, caracterizado pela compressão em 
medula espinhal cervical 
Instabilidade do corpo vertebral dá origem hérnia Hansen tipo 
II e hipertrofia do ligamento flavo 
Alterações degenerativas: 
 Má formação de processos articulares e 
degeneração das faces articulares – instabilidade 
 Protusão do disco cervical (hansen tipo II) por 
estreitamento do espaço intervertebral 
 Hipertrofia do ligamento flavo e cápsula articular 
(compressão dorsal) 
 
Diagnóstico: 
Exame radiográfico simples e contrastado 
Projeções radiográficas: LL, VD e sob estresse (flexionada, 
estendida e tracionada) → uma vértebra normal 
independente da movimentação não se mexe 
 
SUBLUXAÇÃO ATLANTOAXIAL 
A C2 o normal é cobrir pelo menos metade de C1 – atlas e 
áxis 
Ligamentos e processo odontoide seguram C1 e C2 – o 
processo odontoide é o único que conseguimos ver alterações 
no RX 
É a ventroflexãoexcessiva da cabeça = stress articular 
(espaço muito grande entre C1 e C2) 
Compressão medular em região atlantoaxial 
Cuidado na manipulação C1 e C2 soltos!!!! Nesse caso a 
anestesia para posicionamento não é indicada, a dor é 
importante como parâmetro 
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A mielografia não é indicada, porque seria necessário a 
ventroflexão de cabeça para realização do procedimento 
Se o processo odontoide está normal o problema é em 
ligamento, o que no RX não é possível enxergar 
 Subluxação atlantoaxial adquirida (traumática): 
fratura de odontóide ou processo espinhoso do axis 
ou ruptura de ligamentos 
 
 Subluxação atlantoaxial congênita ou de 
desenvolvimento: incidência (animais de pequeno 
porte com menos de 1 ano) 
 
Diagnóstico: 
Exame radiográfico simples 
Projeções lateriais (sobreposição) 
Aumento do espaço entre o arco dorsal e o processo 
espinhoso (4 a 5mm) 
Angulação do axis em relação ao atlas 
Fratura do PO ou rotação do terço final do axis indicando 
ausência do PO 
 
 
HEMIVÉRTEBRAS 
Ossificação incompleta/união incompleta dos centros de 
ossificação – é uma alteração congênita 
Hemivértebras é uma das grandes causas de desvio de coluna 
Mais comum na região torácica 
Aspecto de cunha ou trapézio 
Raça mais acometida: bulldog/Pug 
Pode haver sintomatologia neurológica ou não 
 
Todas as vértebras são retângulos “certinhos” e aparecem 
algumas em formato diferente como um triângulo 
 
 
INSTABILIDADE LOMBOSSACRA (síndrome da cauda equina) 
Deslocamento ventral da epífise cranial de S1 em relação a 
epífise caudal de L7 – diminui canal vertebral (compressão de 
nervos) 
Espondilose deformante L7-S1 
S1 desloca ventralmente e comprime aos nervos (cauda 
equina) → futuramente começará a aparecer bicos de 
papagaio → animais assim andam com a “bunda/parte 
traseira caída”, pois quando acontece isso ele alinha as 
vértebras 
OBS: L7 começa em osso coxal 
No exame pegamos a cauda do animal e a levantamos nisso 
terá compressão 
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DISCOESPONDILITE 
Infecção do disco e das vértebras contíguas (secundário) 
Causas: hematógena, corpos estranhos, complicações pós 
cirúrgicas em coluna 
Staphylococcus sp, Brucella canis → agente infeccioso 
começa a destruir o disco intervertebral e vértebras também 
como consequência gera aumento do espaço intervertebral, 
já que a parte óssea está sendo destruída (fase aguda) 
Quando começar a proliferar até haver junção dos corpos 
vertebrais é a fase crônica 
 
Mais comum em regiões torácica e lombar 
 
NEOPLASIA 
Pouco frequente 
Neoplasias ósseas: primárias ou metastáticas (principalmente 
de tumores de mama) 
Processo lítico, proliferativo ou misto 
Massas na região devido a neoplasias geram 
paralisia/compressão 
 
Aspecto radiográfico: Osteólise, proliferação desorganizada

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