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Caderno - Civil (família)

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1
Direito Civil V
Direito das Famílias
1.	Introdução
Atualmente o Direito das Famílias é entendido como o ramo do Direito Privado que disciplina as relações formadas na vida familiar. Conforme Cristiano Chaves , essas relações “podem ter origem no casamento, na união estável, na família monoparental (comunidade de ascendentes e descendentes) e em outros núcleos fundados no afeto e na solidariedade.”.
O conceito de família revela-se extremamente complexo, possuindo aspectos psicológicos, jurídicos, patrimoniais e sociais diversos, nesse sentido Pablo Stolze afirma que “não é possível apresentar um conceito único e absoluto de Família, apto a aprioristicamente delimitar a complexa e multifária gama de relações socioafetivas que vinculam as pessoas, tipificando modelos e estabelecendo categorias."
O Código Civil, de 2002, no seu Livro IV da Parte Especial, aborda o Direito de Família, por meio dos arts. 1.511 a 1.783, regulamentando o casamento (celebração, validade, dissolução), a união estável e as relações recíprocas de natureza pessoal e patrimonial entre cônjuges ou companheiros, pais e filhos e parentes, abrangendo, também, os institutos da tutela e curatela, por serem conexos com o direito de família. 
O Direito das Famílias organiza-se em:
 a) direito matrimonial das famílias (dizendo respeito ao matrimônio e seu regramento afetivo); 
b) direito convivencial das famílias (abrangendo o instituto da união estável e das demais entidades não casamentárias); 
c) direito parental das famílias (regulamenta as relações de parentesco e da filiação, decorrentes de origens diversas,); 
d) direito assistencial das famílias (que regulamenta as relações de assistência entre os componentes de uma mesma família), como no caso de obrigação alimentar, guarda, tutela, curatela e medidas específicas de proteção ao menor. 
Na acepção lata, família abrange os cônjuges, companheiros, os filhos, os parentes na linha reta e na colateral até o quarto grau e os afins (parentes do cônjuge ou do companheiro) na linha reta e na colateral até o segundo grau (art. 1.591/1595 CC). 
No sentido restrito, de considerar como família os pais e os filhos, independente do estado civil (arts. 1.511, 1.513, 1.567, 1.716 e 1.723, CC e 226, § 3º da CF) ou a formada por apenas um dos pais e seus descendentes (família monoparental ou unilinear). 
Atualmente, podemos considerar as seguintes espécies de família, de livre escolha da parte interessada, sem intervenção do estado: 
a) família matrimonial, advinda do casamento;
 b) família não-matrimonial: constituída fora do casamento (união estável e famílias monoparentais); 
c) família adotiva: constituída pelo vínculo de adoção; d) família substituta: que se configura pela guarda, tutela (art. 28 do ECA); e) família homoafetiva, formada por pessoas do mesmo sexo.
Com relação à família homoafetiva, ainda não há no ordenamento jurídico em vigor regulamentação do casamento civil e da união estável entre pessoas do mesmo sexo, mesmo admitindo o artigo 226 da Constituição Federal outras formas de constituição de família, além da advindo do casamento. Tal dispositivo legal, em seus diversos parágrafos, é apenas exemplificativo. Assim, outras formas de entidades familiares não matrimonializadas poderão existir, a exemplo da família homoafetiva.
A união homoafetiva é uma entidade familiar, a qual é resguardada por garantias, tendo em vista o princípio da igualdade. A esse respeito, o Superior Tribunal de Justiça , demonstra por diversas decisões o reconhecimento da entidade familiar.
De outra forma, as famílias hoje são plurais, não mais restritas às advindas do casamento, como no caso da união estável, da família monoparental, da família homoafetiva e em outros núcleos fundados no afeto e na solidariedade.
Cada vez menos a família tem origem no casamento, prevalecendo o afeto, sobre qualquer convenção ou formalidade. Atualmente, o que une as pessoas é o amor e a vontade livre.
1.1 Legislação extravagante
O conteúdo do Direito das Famílias é muito amplo, se dividindo em direito matrimonial (casamento), direito convivencial (união estável), direito parental (parentesco, filiação, adoção, poder familiar e alimentos), direito assistencial (guarda, tutela, curatela e medidas específicas de proteção ao menor).
Toda a amplitude do direito de família não se restringe a codificação civil, “toda a normatização jurídica, persiste em vigor uma série de leis que não foram expressamente derrogadas nem trazem dispositivos que se incompatibilizam com o Código Civil ”. O direito de Família se baseia também por diversas legislações extravagantes, senão vejamos:
	DECRETO-LEI
	DESCRIÇÃO
	3.200/1941
	Dispõe sobre a organização e proteção da família, autorizando o casamento de colaterais de terceiro grau.
	LEI/ANO
	DESCRIÇÃO
	765/1949
	Dispõe sobre o registro civil de nascimento;
	1.110/1950
	Regula o reconhecimento dos efeitos civis do casamento religioso;
	1.542/1952
	Dispõe sobre o casamento dos funcionários da carreira de diplomacia com pessoa de nacionalidade estrangeira;
	3.764/1960
	Estabelece rito sumaríssimo para retificações no registro civil;
	4.121/1962
	Dispõe sobre a situação jurídica da mulher casada (Estatuto da Mulher Casada);
	5.478/1968
	Dispõe sobre a ação de alimentos e dá outras providências;
	5.891/1973
	Altera normas sobre exame médico na habilitação do casamento entre colaterais de terceiro grau;
	6.015/1973
	Dispõe sobre os Registros Públicos e dá outras providências;
	6.515/1977
	Regula os casos de dissolução da sociedade conjugal e do casamento, seus efeitos e respectivos processos, e dá outras providências;
	6.880/1980
	Dispõe sobre o Estatuto dos Militares;
	8.009/1990
	Dispõe sobre a impenhorabilidade do bem de família;
	8.069/1990
	Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), e dá outras providências;
	8.560/1992
	Regula a investigação de paternidade dos filhos havidos fora do casamento e dá outras providências;
	8.971/1994
	Regula o direito dos companheiros a alimentos e à sucessão;
	9.263/1996
	Regula o § 7º do art. 226, CF/88, que trata do planejamento familiar, estabelece penalidades e dá providências;
	9.278/1996
	Regula o § 3º do art. 226, CF/88;
	10.050/2000
	Altera o art. 1.611 da Lei 3.071/1916 (CC), estendendo o benefício do § 2º ao filho necessitado portador de deficiência.
Vale ressaltar que as Leis Extravagantes são de suma importância para a regulamentação de atos que embora praticados pela sociedade, ainda não foram codificados, como, por exemplo, o procedimento para a adequação da identidade de gênero com o nome e sexo do transgênero, através da retificação dos registros civis.
1.2	Extensão familiar na contemporaneidade 
A família não deve ser entendida como unicamente aquela advinda do matrimônio. Principalmente o direito das famílias, que é inclusivo, deve incorporar, de imediato, as constantes mudanças comportamentais, sem falsa moralidade, pena de exclusão, de marginalização, de diversas pessoas unidas pelo afeto.
As instituições da família são amplas, já que abrange todas as pessoas que estejam ligadas pelo vínculo da consanguinidade ou da afinidade, inclusive há entendimentos que incluem até mesmo terceiros como membro da família, como empregados domésticos.
Na acepção lata, família abrange os cônjuges, companheiros, os filhos, os parentes na linha reta e na colateral até o quarto grau e os afins (parentes do cônjuge ou companheiro) na linha reta e na colateral até o segundo grau (CC, arts. 1.591 a 1595). 
No sentido restrito, de considerar como família os pais e os filhos, independente do estado civil ou a formada por apenas um dos pais e seus descendentes (família monoparental ou unilinear). 
Assim, atualmente é possível considerar como espécies de família, de livre escolha da parte interessada, sem intervenção do estado: 
a)	família matrimonial, advinda do casamento; 
b)	família não-matrimonial: constituída fora do casamento (união estável e famílias monoparentais); 
c)	família adotiva: constituída pelo vínculo de adoção;d)	família substituta: que se configura pela guarda, tutela; 
e)	família homoafetiva, formada por pessoas do mesmo sexo. 
Contudo, não podemos limitar as instituições familiares as acima aludidas, considerando que, como conclui Nelson Rosenvald e Cristiano Chaves, “em face do reconhecimento da pluralidade das possibilidades familiares, decorrente de preceito constitucional, impõe-se destacar um caráter tão somente didático na referida divisão estrutural, não se negando um conteúdo mais amplo e abrangente ”.
1.4	Natureza do direito das famílias
Considerando que o Direito das Famílias está regulado no Código Civil, podemos concluir, de imediato e de forma prática, que a sua natureza é privada, não obstante várias de suas leis sejam de ordem pública, isto é, irrevogáveis por vontade das partes. Assim e ainda que se observe certa intervenção estatal e a relação familiar ser protegida por normas de ordem pública, tais fatos não retiram a natureza privada deste importantíssimo direito. Ademais, temos que analisar dois dispositivos legais para concluirmos que a natureza jurídica do Direito é de direito privado. O primeiro, art. 226 da Constituição Federal, dispõe que a família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. Porém, o art. 1.513 do Código Civil aduz que é defeso a qualquer pessoa, de direito público ou privado, interferir na comunhão de vida instituída pela família, consagrando o princípio da liberdade.
Portanto e apesar da forte proteção do Estado, o direito das famílias é ramo do direito privado, não obstante a maioria de suas normas serem cogentes ou de ordem pública. Assim e pelo princípio da liberdade, todos podem escolher livremente a forma de família de sua preferência, adotar filhos e escolher o regime de bens etc. Feita a escolha, a família estará submetida às normas cogentes, de interesse público, que, na verdade, são mais deveres, do que direitos, como acontece, por exemplo, com o poder familiar, hoje chamado de autoridade parental. 
É, ainda, o direito de família personalíssimo, portanto, intransferível, intransmissível por herança e irrenunciável. Ninguém pode transferir ou renunciar sua condição de marido ou de filho, por exemplo.
2. Princípios do direito de família
Princípios são de suma importância no estágio atual do direito, principalmente no que diz respeito às Famílias, a exigir interpretações mais elásticas das leis, mormente no que tange ao encampamento do princípio do afeto. Assim e em várias ocasiões as leis poderão estar em desacordo com os princípios e, por conseguinte, devem ser desprezadas. Os princípios são sempre atuais e receptivos às mudanças sociais.
Há no direito das famílias os princípios constitucionais e os gerais, como bem explica Maria Berenice “os princípios constitucionais vêm em primeiro lugar e são as portas de entrada para qualquer leitura interpretativa do direito. Dispõem de primazia diante da lei, sendo os primeiros a ser invocados em qualquer processo hermenêutico”, já os princípios gerais condizem a “preceitos extraídos implicitamente da legislação pelo método indutivo e cabem ser invocados quando se verificam lacunas da lei”.
2.1	Princípio da livre união 
As normas legislativas estabelecem deveres e direitos aos seus destinatários, o que não retira a manifestação de vontade, a livre escolha dentro do que é legalmente permitido.
As pessoas são livres e possuem autonomia quanto as suas escolhas. Assim, as intervenções estatais somente devem existir “quando fundamentadas, mormente numa interpretação sistemática dos preceitos constitucionais, levando-se em conta os interesses de outras pessoas, dotadas de igual liberdade”. 
A livre união dos futuros cônjuges é corolário do princípio constitucional da liberdade. É através da vontade que se decide com quem estabelecer uma união, o melhor momento para se firmar a instituição familiar, a decisão sobre pole.
2.2	Monogamia como princípio
Um dos deveres conjugais é a fidelidade, dever este exigido pelo Código Civil em seus artigos 1566, I e 1724. Entretanto, tal dever pode ser desprezado, se houver consentimento das pessoas envolvidas. Assim, tal princípio está em questionamento, no momento presente, considerando que também já é admitida a família poliafetiva e considerando que já existem pessoas vivendo em união estável com mais de um homem ou mais de uma mulher. E estas pessoas poderão querer converter, por permissão constitucional, estas uniões em casamento. 
Assim o princípio monogânico significa que a pessoa casada não poderá casar-se novamente, salvo se for viúva ou divorciada. 
Ressalta-se que o adultério, então previsto pelo artigo 240 do Código Penal foi, em atrasada hora, revogado, considerando que era o cúmulo do conservadorismo entender a infidelidade, além de ilícito civil, também como crime. 
O Código Civil (CC, 1727) faz previsão de relações extraconjugais na tentativa de coibir o concubinato, mas a família advinda do concubinato não pode deixar de ser assistida pelo Estado. Afinal, a Constituição garante igualdade entre os filhos advindos ou não da relação conjugal.
Ressaltamos que consideramos, ao contrário do que diz o Código Civil, o concubinato, ou seja, a união entre pessoas impedidas de se casar, também como entidade familiar, em razão do princípio do afeto. 
A monogamia há que ser entendida como uma regra que proíbe relações simultâneas, advindas do matrimônio, como forma de proteger confusões patrimoniais. Além disso, esclarece Maria Berenice , “o estado tem interesse na mantença da estrutura familiar, a ponto de proclamar que a família é a base da sociedade. Por isso, a monogamia é considerada função ordenadora da família.”. 
Entretanto, não pensamos assim. Primeiro, considerando que em razão de proteção de patrimônio não se pode desprezar o princípio do afeto; não se pode desprezar a polifamília e nem também a possibilidade de várias uniões estáveis. Todas estas famílias, independentemente do título, de monogâmica ou poligâmica, também são a base da sociedade e carecem de proteção e não de repelência do Estado. 
Enfim, a monogamia é adotada pela maioria dos países, eis que entendem que a entrega mútua só é possível no matrimônio monogâmico. Contudo, deve-se observar que toda discussão acerca da monogamia diz respeito a regras e não a princípio, pois este não é sinônimo daquele. Assim, o mais adequado é considerar a monogamia como regra e não como princípio.
A monogamia é impedimento apenas no casamento, uma vez que a união estável admite relações simultâneas.
Diferença entre Concubinato e União Estável:
Concubinato: É a união de pessoas de sexos diversos ou não, que estão impedidas de se casarem.
União Estável: É a união de pessoas de sexos diversos ou não, que não estão impedidas de se casarem.
Consideramos concubinato como união estável, devido ao afeto. (opinião do professor)
2.3	Princípio da solidariedade
O Princípio da Solidariedade abrange tanto o afeto quanto às questões patrimoniais. O princípio da solidariedade, como afeto, é encontrado principalmente na Constituição Federal e é um dos objetivos fundamentais para a mantença da família.
Em decorrência ao afeto, a solidariedade deve abranger também o patrimônio, considerando que um dos componentes da família poderá necessitar de assistência financeira.
O artigo 1.695, do Código Civil, determina que “são devidos os alimentos quando quem os pretende não tem bens suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença, e aquele, de quem reclamam, pode fornecê-los, sem desfalque do necessário ao seu sustento.
O princípio da solidariedade exige amparo efetivo entre os membros necessitados da família, que pode traduzir em alimentos, mesmo que seja a ex-companheira. Para tanto, basta o binômio necessidade/possibilidade, como demonstra decisão do egrégio Tribunal de Justiça ao determinar que o ex-companheiro prestasse alimentos a ex-companheira pelo dever de solidariedade.
Assim, a entidade familiar é constituída também pelo princípio da solidariedade que pode ou não condizer a auxílio financeiro, aindaque seja desfeito o vínculo.
2.4	Princípio da igualdade
No direito de família é primordial a adoção do Princípio da Igualdade, sendo amplamente protegido pela Constituição Federal e pelo Código Civil.
Foi respeitando o princípio da igualdade que a instituição do artigo 227, §6º, da Constituição Federal, garantiu que todos os filhos são iguais, independente se advierem da entidade matrimonial ou não, ou seja, não importa a origem do filho, este deve ter tratamento igual aos outros, mesmo se advier de adoção.
O princípio da igualdade sepultou a família patriarcal, na qual prevalecia o entendimento do homem, num verdadeiro monólogo, já que a mulher praticamente não tinha voz neste ditatorial família. A partir da Constituição Federal de 1988 há igualdade jurídica entre marido e mulher e, por conseguinte, também entre os companheiros. Portanto, ambos os conviventes decidem o destino da família, através do consenso. Prevalecendo divergências, a questão deverá ser judicializada.
Nota-se, por conseguinte, que o princípio da igualdade jurídica não mais admite o patriarcado. As decisões devem ser tomadas de comum acordo e uma não pode ser superior à outra, independentemente do sexo.
2.5	Princípio da dignidade da pessoa humana
A Constituição Federal prevê um dos mais importantes princípios, que faz com que outros tantos derivem dele, ao determinar que a dignidade da pessoa humana é um dos fundamentos da República Federativa do Brasil, constitutivo, por conseguinte, do Estado Democrático de Direito.
A dignidade é um conjunto de direitos e deveres que garantem o mínimo que toda pessoa humana necessita para existir.
Como o Direito das Famílias não se trata da pessoa humana em sua individualidade, o princípio aqui abordado é essencial no seio familiar, já que se trata de garantia de existência mínima dentro da entidade familiar. É o que nos ensina Maria Berenice ao afirmar que o “direito das famílias está umbilicalmente ligado aos direitos humanos, que têm por base o princípio da dignidade da pessoa humana, versão axiológica da natureza humana”.
Os diversos direitos das famílias somente podem coexistir pela funcionalidade da dignidade da pessoa humana, pois é através desse que a igualdade, solidariedade, afetividade, etc., podem nascer em meio ao direito.
2.6 Princípio da afetividade
O afeto é a razão do direito das famílias. Sem afeto não é correto falar em entidades familiares. Afeto é amor, carinho, querência. É uma construção diária e pode, se não regado constantemente, acabar. Portanto, não é correto manter uma família, na ausência de afeto, apenas por comodismo ou para que não haja perda patrimonial. 
A ausência de afeto no seio familiar é causador de inúmeros infortúnios, tais como abstinência sexual, agressões verbais e físicas, enfim, permanente desrespeito de um cônjuge ou companheiro com relação ao outro. 
Assim e na ausência de afeto o melhor caminho é o divórcio, o desfazimento da sociedade conjugal que, de fato, já não existe mais, em prol de ambos e até mesmo dos próprios filhos. 
Evidentemente que não concordamos que este princípio tem relação direta com o parentesco por afinidade, primeiro considerando que cônjuge ou companheiro não são parentes e, depois, considerando ainda que este parentesco surge da simples união entre os cônjuges ou companheiros, exista ou não afeto. Parentesco por afinidade é antes de tudo uma construção legal. 
2.7 Princípio da pluralidade
O correto é falar, após a Constituição de 1988, em Direito das Famílias, eis que o casamento deixou de ser a única entidade familiar. Várias outras foram encampadas e outras surgirão, em razão dos demais princípios, acima aludidos, com destaque para o princípio do afeto e também da liberdade dos cônjuges ou companheiros, isoafetivos ou heteroafetivos. 
Ressalte-se que a Constituição Federal, em seu artigo 226, encampou outras entidades familiares apenas como exemplo, ou seja, deixando, pelos demais princípios acima aludidos, possibilidades para o advento de outras espécies de famílias. 
Antes da Constituição de 1988 prevalecia o princípio do singularismo, já que apenas a união advinda do casamento era considerada e o concubinato era marginalizado e rotulado de puro, se não existisse impedimento entre os concubinos, e impuro, quando havia impedimentos, para fins de casamento, entre eles.
A discussão do fim do concubinato era realizada na Vara Cível através da ação de dissolução de sociedade de fato c/c com partilha de bens. Ora, se não existia lei encampando o concubinato, o mais correto era, por analogia, seria aplicar as leis do matrimônio e não, por puro preconceito e conservadorismo, a lei da sociedade de fato. 
Ressalta-se a questão era tão séria que na partilha de bens era necessário a prova de esforço comum. Não provado tal esforço, não haveria partilha. Foi assim que, principalmente as mulheres, que não trabalhavam fora do lar, acabaram fazendo um pedido sucessivo, de indenização por serviços domésticos prestados.
É por tal razão que chamamos o direito antes da Constituição de 1988 de cínico, conservador e atrelado fortemente à religião, eis que o casamento era sacralizado e em nome desta entidade o homem casado era blindado, protegido, a ponto de o filho nascido de um relacionamento extraconjugal não poder discutir a paternidade, enquanto persistisse o casamento do pai dele. 
3. Direito matrimonial
É o direito que regula o matrimônio, ou seja o casamento.
3.1 Noções gerais sobre o matrimônio
Atualmente e pelo princípio da liberdade, a escolha é livre quanto à forma de constituição de família. As pessoas são livres para escolher a instituição familiar, da tradicional a mais moderna.
Existe uma pluralidade de entidades familiar, mas nem sempre foi assim. O casamento era a única forma de constituição familiar, instituição essa “patrimonial, heterossexual, hierarquizada, patrimonializada e matrimonializada.
O casamento deixou de ser a única forma de constituição familiar com o advento da Constituição Federal de 1988, a qual adotou valores e princípios, como da liberdade, igualdade, dignidade da pessoa humana, dentre outros.
O casamento pode ser visto pela perspectiva religiosa, civil ou por ambas. É importante salientar que, civilmente, o casamento não condiz simplesmente à definição arcaica de ser união formal entre duas pessoas de sexo diferente.
Como nos ensina Cristiano Farias e Nelson Rosenvald o conceito arcaico do casamento foi totalmente modificado, inicialmente pelo fato do casamento ser “comunhão de vida entre pessoas humanas, independentemente da procriação”. Além disso, o casamento não pode ser mais visto como indissolúvel, já que são previstos a separação e o divórcio. Por fim, a grande influência religiosa foi superada, pois vivemos em um país laico, “não sendo possível conectar o casamento civil às exigências e às formalidades (ou mesmo às finalidades) típicas da sua estrutura religiosa.”. 
3.2.	Capacidade para o casamento
Pelo art. 1.517 a idade núbil é de dezesseis anos. Entretanto, não se pode olvidar que a maioridade civil é alcançada aos 18 (dezoito) anos, salvo emancipação. Portanto, o filho com mais de 16 anos e menos de 18 anos pode se casar, desde que ambos os pais ou seus representantes legais consintam, por ser o menor pessoa relativamente incapaz.
Portanto, consentido os pais ou os representantes legais não precisa da intervenção judicial e a questão será resolvida no momento da habilitação. Ressalta-se que até à celebração do casamento podem os pais, tutores ou curadores, revogar a autorização (art. 1.518 do CC). 
Entretanto, pode acontecer de apenas um dois pais ou ambos não concordar com o casamento. No caso de apenas um não concordar, o filho, assistido pelo concordante, proporá ação de suprimento de vontade contra o pai discordante.
No caso de ambos os pais não concordarem, a ação de suprimento de vontade será proposta pelo filho contra ambos. Neste caso e face à colisão de interesse, deverá ser, por exigência do artigo 72, do Código de Processo Civil, nomeado curador à lide. 
Não se tratade mero requerimento de jurisdição voluntária, considerando que há pretensão resistida por parte de um ou ambos os pais (art. 1.519 do CC). Nota-se que, suprido o consentimento pelo juiz, o casamento necessariamente e por determinação legal (art. 1.641, III, do CC) será celebrado sob o regime de separação obrigatória de bens. 
Pelo art. 1.520, excepcionalmente será permitido o casamento de quem ainda não alcançou a idade núbil, ou seja, de quem tenha menos de dezesseis anos, para evitar a imposição ou cumprimento de pena criminal ou em caso de gravidez. Na verdade, não há mais permissão para casamento, de quem ainda não tenha a idade nupcial, para evitar a imposição ou cumprimento de pena criminal. Assim, a permissão é somente para os casos de gravidez. 
Portanto e se a filha grávida, com menos de 15 anos de idade, pretende se casar e se ambos os pais concordam, neste caso basta mero requerimento de suprimento de idade, eis que a questão necessariamente deverá ser judicializada. Na hipótese de ambos os pais não consentirem, deverá ser proposta ação de suprimento de vontade contra ambos e requerimento de suprimento de idade, com nomeação de curador à menor. Caso um dos pais apenas não consita, este será réu na ação de suprimento de vontade e a menor será representada pelo pai concordante. 
No caso de suprimento de idade necessariamente o casamento será celebrado sob o regime de separação total de bens (art. 1.641, III, do CC).
OBS: Não existe mais a ação de suprimento da idade, menores de 16 (dezesseis) anos não podem se casar.
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3.3.	 Conceito e fins do casamento
O casamento é a relação jurídica solene, entre pessoas de sexo divergente ou não, com a finalidade de constituição de família e que terá a direção conjunta de ambos os cônjuges. Assim, tem as seguintes finalidades: 
a) Instituição da família matrimonial: por opção do próprio casal que, inclusive, poderá escolher outra forma de família, a exemplo da união estável; 
b) Procriação dos filhos: consequência lógico-natural do casamento. Porém, não é da essencialidade do casamento a existência de filhos. Não são raros os casais sem filhos e tal fato em nada afeta o casamento. Pessoas em idades avançadas ou que, em razão de doenças, não podem procriar não estão impedidas de se casar. Porém, a lei exige aptidão física dos nubentes, eis que, regra geral, só permite o casamento de pessoas acima de 16 (dezesseis) anos e também faculta a sua anulação diante da impotência de um dos cônjuges para a prática do ato sexual; 
No caso da ciência de um dos conjugues da impossibilidade de ter filhos e não avisa ao companheiro que casou-se com esta finalidade, gera anulação deste casamento.
c) Prestação do auxílio mútuo: consequência da convivência em comum entre os cônjuges. Desta convivência surgirão também adversidades que, através do afeto e do diálogo, deverão ser superadas pelos cônjuges;
d) Estabelecimento de deveres entre os cônjuges, patrimoniais ou não: assim têm os cônjuges o dever legal, de caráter patrimonial, de prover, na proporção dos rendimentos do seu trabalho e de seus bens, a manutenção da família, exigência do artigo 1.568 do CC. Como dever não-patrimonial, temos o da fidelidade recíproca; o do respeito e consideração mútuos (CC, art. 1566, I e V); e) Educação da prole: exercido conjuntamente pelos pais, através do poder familiar (autoridade parental), que seria mais corretamente se chamasse dever familiar dos pais. Com efeito, os pais têm o dever de criar, educar e assistir os filhos, material e psicologicamente (art. 1.634 do CC e artigo 22 do ECA);
f) Atribuição do nome ao cônjuge (art. 1.565, § 1º do CC) e aos filhos: hoje consequência da igualdade de direitos e deveres, tanto o homem como a mulher podem (faculdade) utilizar o nome do outro. Antes do atual Código Civil, somente a mulher podia, com o casamento, usar o nome do marido.
3.4. Natureza jurídica do casamento
Há duas correntes acerca da natureza jurídica do casamento, a contratualista e a institucionalista. 
O casamento como contrato tem origem no direito canônico, que via como fundamental na celebração das núpcias o consentimento dos nubentes. A intervenção do sacerdote, na formação do vínculo matrimonial, era secundária. Essa corrente considera o casamento como contrato civil, regido pelas normas comuns a todos os pactos, e que se aperfeiçoará com o simples consentimento dos nubentes. Entretanto, dentre desta própria corrente há os que afirmam ser o casamento um contrato especial ou sui generis, posto que tem regras próprias no que tange à capacidade dos contraentes, aos vícios de consentimento e aos efeitos. 
Na verdade e face ao disposto no art. 1.535 do Código Civil, os teóricos que considera o casamento apenas como contrato restaram enfraquecidos, eis que, por esse aludido dispositivo legal, não basta a afirmação dos nubentes de que pretendem se casar por livre e espontânea vontade. Há necessidade de que o juiz de paz declare efetuado o casamento, nos termos ditados pelo artigo antes citado. Sem essa declaração não há casamento.
Já a concepção institucionalista, vê o casamento como instituição social que advém da vontade das partes. Entretanto, as normas, os efeitos e forma encontram-se preestabelecidos pela lei. Não podem as partes desprezar os ditames legais, por vontade própria. Portanto, os nubentes são livres para escolher o seu parceiro, decidir se vai casar ou não. Porém, realizado o matrimônio, já em consonância com o Direito das Famílias, os direitos e deveres, a forma de resolver a sociedade ou o vínculo conjugal, os direitos e deveres dos cônjuges, a autoridade parental, após o nascimento do filho, incidem imediatamente e não podem ser derrogados ou modificados pelo casal. 
Diante da liberdade inicial em escolher o casamento, como forma de entidade familiar, o momento próprio para celebração das núpcias, o regime de bens, salvo nos casos em que a separação total é obrigatória, bem como, após a celebração das núpcias, a incidência imediata das leis que regem o Direito de Família, surge a doutrina eclética ou mista. Assim, é o casamento para esses teóricos um ato complexo, por ser contrato na formação, ao prevalecer, até então, a vontade dos nubentes, e instituição no conteúdo, com a império da lei. 
Entretanto, entendemos que hoje o casamento é sem dúvida alguma um contrato, considerando que, com a dissolubilidade do vínculo, agora a qualquer momento e sem necessidade de motivação, não é correto falar mais em entidade. Aliás, entender o casamento como um contrato, ajuda na sua necessária dessacralização.
Natureza jurídica do casamento: CONTRATO
3.5	Caracteres do casamento
a) Liberdade de escolha: Os nubentes possuem liberdade de escolha e não há mais a exigência da diversidade de sexos, para que exista casamento, desde o momento em que a família isoafetiva foi reconhecida como entidade familiar pelo Supremo Tribunal Federal. Nota-se que a Constituição Federal permite, no seu art.226, § 6º, a conversão da união estável em casamento. 
A sociedade atual evoluiu ao entender que a relação homoafetiva é uma entidade familiar. Para tanto, não se pode entender como requisito para eficácia de casamento a diversidade de sexos. 
O Egrégio Superior Tribunal de Justiça também entende que a união de pessoas do mesmo sexo, não anula o casamento por si só.
b) solenidade: A segunda característica do casamento é a solenidade do ato nupcial, já que o casamento exige celebração em consonância com a lei. Como bem esclarecem os professores Renata Barbosa e Walsir Edson , “têm-se o processo de habilitação dos nubentes e a publicação dos editais, a realização da cerimônia e, por último, a sua inscrição no registro público.”.
A Lei nº 6.515/77 (Lei do divórcio) trouxe a característica da dissolubilidade do vínculo matrimonial, que, entretanto, poderia ser dissolvido somente por uma única vez. Foi após a Constituição Federal de 1988 que a dissolubilidade passou a ser ilimitada. (consequênciaacumulo de sogro e sogra)
c) união exclusiva: Por fim, é também característica ainda do matrimônio a união exclusiva, já que no atual sistema jurídico brasileiro não permite a poligamia, a qual corresponde a união matrimonial simultânea com mais de duas pessoas, sendo ou não do mesmo sexo. A fidelidade conjugal é exigida pelo art. 1.566, I, do Código Civil, sendo, portanto, um dever do casamento. Contudo, com a Emenda Constitucional nº 66 de 2010, não é mais correto se discutir a culpa pelo fim do relacionamento.
3.6.	 Esponsais ou promessa de casamento
Esponsais ou noivado é, na verdade, promessa recíproca que fazem as pessoas de se casarem, futuramente. Portanto, devem assumir esse compromisso duas pessoas, de sexos diferentes ou não, que não estejam impedidas de se casarem. Tem por finalidade possibilitar melhor conhecimento entre os nubentes para que a instituição casamento não seja apenas uma aventura ou uma aposta que poderá dar certo ou não. É, pois, um ato preparatório do matrimônio. 
A dúvida, desde a Lei de Casamento Civil de 1890, do Código Civil de 1916 e do atual, já que tais legislações deixaram de regulamentar o assunto, é se o rompimento de tal promessa de casamento enseja consequência jurídica, isto é, permite o ajuizamento da ação indenizatória de perdas e danos. 
Porém e pelo artigo 186 do Código Civil (culpa aquiliana ou extracontratual) há que se entender que é possível o ajuizamento da ação de indenização por perdas e danos, desde que presentes todos os seguintes requisitos:
a)	Promessa de casamento: concretizada diretamente pelos próprios noivos. Era comum, num passado não muito distante, pais assumirem, até mesmo sem a anuência dos filhos, futuros casamentos de suas proles. Neste caso, nenhuma responsabilidade há com relação ao filho, que não fez promessa alguma. Porém, se o fez diretamente e uma vez presentes os demais requisitos adiante aludidos, deverá o nubente arcar com as consequências deste ato. Para comprovar a existência de promessa de casamento, todos os meios de provas são admitidos, inclusive prova testemunhal;
b)	Recusa de cumprir a promessa esponsalícia: tal requisito pode ser comprovado expressa ou tacitamente. Ex.: o noivo contrai outro noivado ou viaja, por longo período, perdendo contado com a noiva; 
c)	Ausência de motivo justo: a recusa, para dar ensejo à indenização, há que ser imotivada ou oca. Os motivos que permitem o noivo desfazer promessa de casamento, sem arcar com indenização alguma, são os oriundos de culpa grave por parte do outro nubente, tais como: erro essencial, infidelidade, sevícia, injúria grave ou abandono. Também a culpa leve (prodigalidade, condenação por crime desonroso, situação econômica ou social diversa da apresentada, aversão ao trabalho, falta de honestidade etc) ou levíssima (mudança de religião, grave enfermidade, ruína econômica que ponha em risco a estabilidade matrimonial etc) permite o rompimento do noivado, sem direito à indenização; 
d)	Existência de dano: na atualidade e uma vez presentes os requisitos anteriores, apenas os danos morais são suficientes para o ajuizamento da ação indenizatória pelo nubente prejudicado. É admissível que o nubente, com o desfazimento do noivado, tenha depressão, além do constrangimento que tal fato poderá acarretar a ele, perante a comunidade em que vive, dissabor esse que aumenta à medida que se aproxima da data do casamento. Existindo também danos materiais (gastos com o preparo de documentos, preparação da cerimônia, enxoval, perda do emprego, por exigência do noivo etc), nada impede que haja cumulação de pedidos, em uma única ação, na Vara Cível, posto que o Juiz de Família é competente para dirimir apenas questões envolvendo casamento e estado de pessoas. Os noivos ainda não são uma família.
Ação indenizatória por rompimento de noivado sendo a causa remota o noivado e a causa próxima a não indenização do prejuízo.
Pelo artigo 546 do Código Civil o inadimplemento doloso ou culposo dos esponsais por parte de um dos noivos acarreta também a devolução dos presentes trocados, das cartas e dos retratos, eis que, “se tiver havido doação feita em contemplação de casamento futuro, só ficará sem efeito se o casamento não se realizar”.
Direito parental. 
 Parentesco no nosso ordenamento jurídico:
 a) parentesco por consanguinidade: vinculo estabelecido entre as pessoas que descendem de um mesmo tronco ancestral;
c) afinidade: relação estabelecida entre um cônjuge e os parentes do outro; “o parentesco por afinidade limita-se aos ascendentes, aos descendentes e aos irmãos do cônjuge ou companheiro”
.b) adoção: estabelecido entre o adotante e filho adotivo, com previsão no ECA (Lei nº 8.069/90), com relação aos menores de 18 anos.
 
O cálculo é o mesmo no parentesco por afinidade, ou consanguinidade.
3.7. Impedimentos matrimoniais e causas suspensivas
O Código Civil, sob o nome de impedimento, proíbe que as pessoas aludidas nos incisos I a VII do artigo 1.521 se casam. É enfático: “não devem casar”. O casamento, se celebrado em desobediência a este dispositivo legal é considerado nulo. Já o artigo 1.523 do Código Civil tem consequências menos drásticas, ao sugerir que “não devem casar” as pessoas mencionadas nos incisos I a IV daquele dispositivo legal. Neste caso, estamos diante das chamadas causas suspensivas que, se desrespeitadas, implicará na aplicação automática do disposto no artigo 1.641, inciso I, do Código Civil, ou seja, o casamento será celebrado sob o regime de separação obrigatória de bens e, em alguns casos, permitirá a anulação do casamento, se ausente a capacidade matrimonial. 
Com os impedimentos ou as causas suspensivas evitam-se uniões que afetem a prole, a ordem moral ou pública ou interesses de terceiros, já que o casamento tem consequência imediata em toda a sociedade. Assim, impedimento matrimonial é a ausência de requisitos para casamento que, se mesmo assim celebrado, ensejará a propositura de ação de nulidade. 
Os impedimentos envolvem causas relacionadas à instituição da família e à estabilidade social. Assim, podem ser opostos por qualquer interessado e pelo Ministério Público, como representante da sociedade, até o momento da celebração do casamento (art. 1.522, do CC).
As causas suspensivas, estatuídas no interesse de um dos nubentes, procura preservar a livre manifestação do consentimento. Assim, podem ser causas de anulabilidade do casamento (art. 1550 do CC) e, se não anulado, o casamento convalidará e o regime de bens será o de separação obrigatória. Tem legitimação para propor a ação de anulação de casamento o cônjuge prejudicado, representante legal ou ascendente. 
Não há que se confundir incapacidade para casamento com impedimento matrimonial. O impedido de se casar não é incapaz de contrair casamento. A incapacidade se refere à vontade e à idade núbil (CC, arts. 1.517 a 1.520). Ex.: o genro, divorciado, não pode se casar com a sogra, em razão do laço de parentesco por afinidade, que é para sempre. Porém, poderá se casar com outra mulher. Tem ele capacidade para tanto. Porém, o menor de 11 (onze) anos não tem aptidão para se casar com pessoa alguma. É incapaz. A incapacidade é geral, enquanto o impedimento circunstancial, isto é, existe apenas nos casos ditados pelo Código Civil. O impedido não tem legitimação para casar-se, embora seja capaz para o matrimônio.
A causa suspensiva da celebração do matrimônio era denominada, pelos doutrinadores do Código Civil anterior, de impedimento impediente ou meramente proibitivo ou, ainda, de impedimento suspensivo. Porém, não é correto confundir a causa suspensiva como espécie de impedimento, posto que não proíbe casamento, mas apenas adverte os nubentes que não devem casar-se, sob pena de sofrer sanção (CC, art. 1.641, I). 
Em se tratando de matrimônio de estrangeiro no Brasil, de aplicar-se a norma brasileira, quanto aos impedimentos e às formalidades de celebração (art. 7º, § 1º da LICC). No tocante às causas suspensivas, antes chamadas de impedientes, de aplicar-se o estatuto pessoal (a lei doestrangeiro). Assim, se a lei nacional do estrangeiro não prescrever que, se não observadas as causas suspensivas, o regime será o de separação obrigatória de bens, não haverá para ele tal sanção.
· Impedimentos: 
São distribuídos em três categorias pelo atual Código Civil:
Impedimentos resultantes de parentesco (CC, art. 1.521, I a V), que têm a seguinte subdivisão:
a) Impedimento de consanguinidade: existe para evitar núpcias incestuosas e a imoralidade no ambiente familiar, bem como em razões de ordens biológicas ou eugênicas (taras fisiológicas, defeitos psíquicos, malformações somáticas etc); 
Portanto e pelo art. 1.521, I, do Código Civil “não podem casar: os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil”. Ex.: não podem contrair matrimônio pai com filha, bisavô e bisneta. De ressaltar-se que na linha reta o impedimento vai até o infinito. Assim, abrange todo e qualquer grau de parentesco da linha reta, advindo ou não do casamento. 
A proibição do matrimônio por consanguinidade abrange os irmãos, unilaterais ou bilaterais e os demais colaterais até o 3º grau (tios e sobrinhos) inclusive (art. 1.521, IV, CC). 
Entretanto, acerca do impedimento entre colaterais de 3º grau, de ressaltar-se que, nos termos dos arts. 1º e 3º do Decreto-lei nº 3.200/41, poderá haver casamento entre tio e sobrinha se dois médicos, nomeados pelo juiz, atestarem a sanidade dos requerentes, afirmando não ser inconveniente, sob o ponto de vista da saúde de qualquer deles e da prole, a realização do casamento. Assim, através de simples requerimento de jurisdição voluntária, o juiz poderá permitir o casamento entre tios e sobrinhos. Tal Decreto foi recepcionado pelo atual Código, por ter a natureza de lei especial e face ao disposto no art. 2.043 do Código Civil, que não o revogou expressamente. 
b) Impedimento de afinidade: estabelecido no art. 1.521, II, do Código Civil ao determinar: “Não podem casar os afins em linha reta”. Parentesco por afinidade é o estabelecido em virtude do casamento entre um dos cônjuges e os parentes do outro. Assim, o pai do cônjuge é parente por afinidade do outro cônjuge (sogro e nora). O irmão do cônjuge é parente afim do irmão do outro cônjuge (cunhado). 
A afinidade só é impedimento matrimonial quando em linha reta. Portanto, não podem se casar sogra e genro, sogro e nora, padrasto e enteada, madrasta e enteado ou qualquer outro descendente do marido (neto, bisneto) nascido de outra união, embora tenha sido dissolvido o casamento que originou a afinidade. É que, pelo artigo 1.595, § 2º do Código Civil, “na linha reta, a afinidade não se extingue com a dissolução do casamento ou da união estável”. Por conseguinte, não pode o viúvo casar com a mãe ou filha de sua falecida mulher; da mesma forma não pode o filho casar com a mulher de seu pai. 
O impedimento de afinidade extingue-se na linha colateral. Portanto, com o desfazimento do vínculo conjugal não há que se falar mais em cunhadio. Assim, o viúvo poderá casar-se com a irmã de sua finda mulher. 
c) Impedimento de adoção: pelo artigo 1.521, I, do CC, não podem casar os ascendentes com os descendentes de vínculo ou parentesco civil (CC, art. 1.593). Portanto, o adotante não pode contrair matrimônio com a adotada e vice-versa. Já o artigo 1.521, III, do CC, proíbe o casamento entre o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem foi cônjuge do adotante, por razões morais. O artigo 1.521, V, proíbe-se casamento do adotado com o filho do adotante, que terá, na família, a posição de irmão do adotado. 
Tal impedimento fica resolvido no de consanguinidade se aplicarmos o artigo 227, § 7º, da Constituição Federal e artigo 1.626, parágrafo único, do Código Civil, a proibir qualquer discriminação entre os filhos. 
Impedimento de vínculo (art. 1.521, VI): que deriva do princípio da monogamia. Assim, enquanto não dissolvido o vínculo matrimonial por morte, anulação, nulidade de casamento ou divórcio, não poderá haver segundo casamento;
Impedimento de crime: pelo artigo 1.521, VII não podem casar o cônjuge sobrevivente com o condenado como delinquente no homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte. Evidentemente que tal dispositivo diz respeito apenas ao homicídio doloso. No culposo não há intenção alguma de matar um consorte para casar com o outro.
· Causas suspensivas :
a) Estabelecidas com o escopo de evitar a confusio sanguinis: e a confusão de patrimônios, na hipótese de segundas núpcias, ou no interesse do nubente, presumivelmente influenciado pelo outro.
Assim, para evitar confusão de patrimônios, proíbe o Código Civil, no artigo 1.523, I, o casamento de viúvo ou viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer o inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros. O viúvo ou viúva que desrespeitar tal dispositivo legal sofrerá as seguintes sanções: celebração do segundo casamento sob o regime de separação de bens (CC, art. 1.641, I) e hipoteca legal de seus imóveis em favor dos filhos (CC, art. 1.489, II). Porém, se provada a inexistência de prejuízo aos herdeiros (CC, art. 1.523, parágrafo único), tais sanções deixarão de ser aplicadas. 
b) Para evitar a confusão de sangue, proíbe o Código Civil, no artigo 1.523, II, o casamento de viúva ou de mulher cujo matrimônio se desfez por ser nulo ou por ter sido anulado, até 10 meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade e do vínculo conjugal, salvo se antes de findo esse prazo provar a inexistência da gravidez ou parir algum filho (CC, art. 1.523, parágrafo único). Tal dispositivo legal quer evitar a incerteza da paternidade. Imaginemos a viúva, três meses depois da morte do primeiro marido, convolando núpcias. Porém, no 7º meses desse segundo casamento nasce um filho. Dúvida resta acerca da paternidade, se o falecido ou do segundo marido. A violação desse preceito acarreta a obrigatoriedade do regime de separação de bens (art. 1.641, I, do CC).
Também para evitar confusão de patrimônio da antiga com o da nova sociedade conjugal, não deve casar o divorciado enquanto não homologada ou decidida a partilha dos bens do casal (CC, art. 1.523, III), sob pena de ter de se adotar o regime obrigatório de separação de bens (CC, art. 1.641, I), salvo se demonstrar que não haverá qualquer dano ao ex-cônjuge (CC, art. 1.523, parágrafo único). 
c) Para evitar fraude do tutor: O artigo 1.523, IV, do Código Civil afirma que não podem casar “o tutor ou curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as respectivas contas”. Evita-se, com tal norma, que o administrador dos bens do incapaz possa encontrar no casamento um meio de se ver livre da prestação de contas, judicialmente, se dilapidou o patrimônio daquela que estava em poder dele. Violado esse preceito, a consequência também será a obrigatoriedade do regime de separação de bens (CC, art. 1.641, I), salvo comprovação de inexistência de prejuízo para o tutelado ou curatelado (CC, art. 1.523, parágrafo único).
Oposição dos impedimentos matrimoniais e das causas suspensivas
Opor impedimentos matrimoniais é permitir que a pessoa legitimada a tanto leve ao conhecimento do oficial perante o qual se processa a habilitação ou do juiz que celebra a solenidade, a existência de um dos impedimentos previstos nos artigos 1.521 ou das causas suspensivas do art. 1.523 do Código Civil. 
Assim, os impedimentos (art.1.521, inciso I a VII do Código Civil), por interessar à coletividade, podem ser suscitados,:
- Ex officio pelas seguintes pessoas: oficial do registro civil; 
- Pelo juiz de paz ou por quem presidir à celebração do casamento (CC, art. 1.522, parágrafo único);
- Pelo Ministério Público. 
- Também qualquer pessoa maior e capaz poderá apresentar, até o momento de celebração do casamento, declaração escrita, com sua assinatura, anexando as provas do fato que alegar (CC, arts. 1.522 e 1.529). Caso o oponente, que deverá ser maior ecapaz, não puder instruir a oposição com as provas, deverá indicar o lugar onde existam ou possam ser obtidas (CC, art. 1.529, parte final).
As causas suspensivas (art. 1.523, I a IV) interessam exclusivamente à família. Portanto, tem legitimação para ofertá-las: 
- Os parentes, em linha reta (ascendentes ou descendentes), de um dos nubentes, por consanguinidade ou afinidade; 
- Pelos colaterais, em segundo grau (irmãos e cunhados), por consanguinidade ou afinidade (art. 1.524, CC). Neste caso, com a oposição deverá haver comprovação de parentesco do oponente com uma ou ambas as partes. 
As causas suspensivas podem ser ofertadas durante o processo de habilitação. Assim, com a publicação dos proclamas, os interessados, acima aludidos, podem opô-las no prazo de 15 dias (CC, art. 1.527). 
Os impedimentos podem ser opostos até o momento da celebração das núpcias (CC, art. 1.522). Nesta hipótese, a autoridade, que preside ao ato, suspende-o, de imediato, sem examinar se a oposição é regular ou irregular e se o impedimento é procedente ou não. 
Processamento da oposição: o oficial do Registro Civil receberá a declaração escrita do impedimento ou causa suspensiva, se apresentadas com os requisitos legais. Após, dará ciência do fato aos nubentes, ou a seus representantes legais, indicando os fundamentos, as provas, e, se o impedimento não foi ofertado de ofício, o nome do oponente (CC, art. 1.530) para que requeiram prazo razoável para fazer a prova contrária ao fato alegado e promover as ações civis e criminais contra o oponente de má-fé (CC, art. 1.530, parágrafo único). Depois, o oficial do Registro Civil remeterá os autos a juízo. Produzidas as provas pelo oponente e pelos nubentes, no prazo de 10 dias, com ciência do Ministério Público, e ouvidos os interessados e o órgão do Ministério Público, em 5 dias, o juiz decidirá em igual prazo, se a oposição procede ou não (Lei 6.015/73, art. 67, § 5º). Entretanto, esta decisão não faz coisa julgada. Assim, se julgado improcedente o pedido de oposição, nada impede que o assunto seja reexaminado na ação de nulidade baseada no mesmo impedimento. 
Nota-se que, pelo art. 1.530, parágrafo único, do Código Civil, o oponente poderá sofrer ações civis ou criminais, se agiu, ao ofertar a oposição, de má-fé. Assim, deverá reparar os danos morais ou patrimoniais que causar com seu comportamento leviano (art. 186, do C).
3.8. Formalidades preliminares à celebração do casamento
O casamento é ato burocrático, considerando que o Estado exige o cumprimento de diversas etapas, que antecedem às núpcias, evitando, com tais exigências, principalmente a celebração de casamentos nulos. Assim, será através do procedimento de habilitação que os nubentes, se vencerem todas as etapas, receberam a autorização para o casamento. 
Etapas:
* Habilitação
A habilitação é um procedimento que se encontra narrado na Lei dos Registros Públicos (Lei 6015/73, arts. 67 a 69). Vários documentos serão apresentados para que os nubentes demonstrem que estão habilitados para o ato nupcial. Esse ato transcorre perante o Oficial de Registro Civil do domicílio dos nubentes e, caso sejam domiciliados em locais distintos, do Registro Civil de qualquer um deles, pena de nulidade relativa do ato (art. 1525, 1550, IV, 1560, II e 1554).
Os noivos deverão apresentar requerimento subscrito por eles ou por procurador (art 1525/CC) e, se ambos ou algum deles forem analfabetos, será assinado a rogo, com duas testemunhas. 
Com efeito, determina o art. 1525 do CC: “O requerimento de habilitação para o casamento será firmado por ambos os nubentes, de próprio punho, ou, a seu pedido, por procurador, e deve ser instruído com os seguintes documentos:”.
Documentos:
I – certidão de nascimento ou documento equivalente.
Essa exigência é fundamental não apenas para comprovação da idade núbil dos 16 anos (art. 1517/CC), mas também para identificar o estado e a qualificação dos nubentes, verificando-se se estão sujeitos ao poder familiar (autoridade parental), tutela ou curatela ou, ainda, se incide a restrição do art. 1641, II/CC, no caso de um dos noivos ser maior de 70 anos.
II – autorização por escrito das pessoas sob cuja dependência legal estiverem, ou ato judicial que a supra.
O processo de habilitação dos menores de 18 anos deve incluir a prova de emancipação ou a anuência de seus pais ou tutor.
Para as pessoas que ainda não atingiram a idade de 18 anos é necessário o consentimento de ambos os pais e, se analfabetos, autorizarão com assinatura a rogo. Na hipótese de divergência entre os pais, poderá qualquer um deles recorrer ao judiciário para solução da questão (Parágrafo único, do art. 1631/CC).
III – declaração de duas testemunhas maiores, parentes ou não, que atestem conhecê-los e afirmem não existir impedimento, que os iniba de casar.
O documento aqui referido busca atestar a idoneidade dos nubentes e de suas declarações. Seu valor é relativo, considerando que pode ser facilmente obtido. Aliás, é comum, no momento de habilitação, os noivos serem testemunhas entre si, apesar de sequer conhecerem. 
Essa exigência está na hora de acabar. O leigo não tem conhecimento de todos os impedimentos. O legislador, através desta exigência, acaba forçando a prática de crime. 
IV – declaração do estado civil, do domicílio e da residência atual dos contraentes e de seus pais, se forem conhecidos.
Residindo os noivos em diferentes circunscrições do registro civil, os editais de casamento deverão ser publicados em ambos os locais.
Para que os nubentes não fraudem o procedimento, informando domicílio diverso do verdadeiro, no intuito de fugir da oposição de impedimentos, o Ministério Público poderá requerer a juntada de atestado de residência firmado por autoridade policial. 
V- certidão de óbito do cônjuge falecido, de sentença declaratória de nulidade ou de anulação de casamento, transitada em julgado, ou do registro da sentença do divórcio.
A regra visa evitar a consumação de matrimônio de pessoas já casadas.
No caso de sentença de divórcio proferida no estrangeiro, deverá ser apresentada a respectiva certidão, com a devida homologação pelo STJ., para que o nubente divorciado em seu país de origem possa casar-se novamente no Brasil.
IV -Certificado do exame pré-nupcial: O exame pré-nupcial apenas será exigido quando os nubentes forem colaterais de terceiro grau (tio e sobrinha, tia e sobrinho). Os noivos devem requerer ao juiz a nomeação de dois médicos que atestem sua sanidade e a conveniência, para eles e sua futura prole, das núpcias a serem contraídas. Sem o exame o casamento é nulo. 
Publicidade nos órgãos locais
art. 1527 “Estando em ordem a documentação, o oficial extrairá o edital, que se afixará durante 15 (quinze) dias nas circunscrições do Registro Civil de ambos os nubentes, e, obrigatoriamente, se publicará na imprensa local, se houver.” 
Os documentos poderão ser apresentados pelos nubentes ou por procurador. Feito isso, o oficial lavrará os proclamas do casamento através de edital que, durante 15 dias, ficará afixado em local ostensivo do edifício onde se realizam os casamentos.
Esse procedimento é uma forma de convocação para que qualquer cidadão possa opor algum dos impedimentos matrimoniais, na forma do art. 1529/CC.
art. 1527, § único, “A autoridade competente, havendo urgência, poderá dispensar a publicação.”
A publicação é feita em jornal oficial e, facultativamente, em um jornal de grande circulação. Porém, comprovando-se urgência para a realização do casamento, o juiz poderá, após ouvir o Ministério Público, dispensar a publicação do edital. Como hipóteses de urgência de considerar grave enfermidade, parto iminente, viagem inadiável etc.
Caso alguém oponha algum impedimento ou causa suspensiva, o oficial do registro dará aos nubentes, ou a seus representantes, nota da oposição. Os noivos, então, irão requerer prazo para produção de provas contrárias à alegação e para ajuizamento das ações cabíveis contra o oponente de má-fé.
Autorização para a celebração do casamento
Não ocorrendo oposição algumano prazo de 15 dias, o oficial expedirá certidão, declarando que os nubentes estão habilitados para casar dentro de 90 dias. Decorrendo os 90 dias, sem que haja casamento, todo o processo de habilitação deverá ser repetido (arts. 1531 e 1532/CC).
Vislumbrando o interesse social é que o nosso Código prevê a necessidade de registro dos editais em cartório e fornecimento de certidões a quem as solicitar. Nesse mesmo sentido, o art. 1526 dá ao Ministério Público o encargo de fiscalizar as habilitações e homologá-las, se observadas as exigências legais. 
Pelo parágrafo único do art. 1.526 do CC, existindo impugnação da habilitação pelo oficial, pelo Ministério Público ou de terceiro, a habilitação se3rá submetida ao juiz.
Por fim, ressaltamos que, de acordo com o art. 1512, § único/CC, a habilitação, o registro e a primeira certidão serão isentos de selos, custas e emolumentos, para as pessoas cuja pobreza for declarada. 
3.9. Celebração do casamento 
· Formalidades essenciais da cerimônia nupcial: 
Ao casamento, ato eminentemente formal, deve ser dada a devida publicidade, tudo em razão de sua repercussão social e da necessidade de preservar o consentimento dos nubentes.
Assim, determina o art. 1533 do CC que “Celebrar-se-á o casamento, no dia, hora e lugar previamente designados pela autoridade que houver de presidir o ato, mediante petição dos contraentes, que se mostrem habilitados com a certidão do art. 1531.”
- O juiz de paz do local em que se de processou a habilitação é o competente para celebração.
- O art. 1534/CC recepciona a necessidade da publicidade no momento da celebração do casamento, na sede do cartório. Entretanto, prevê a possibilidade de sua realização em edifício publico ou particular, caso em que as portas deverão permanecer abertas para que não haja obste à alegação de impedimentos. 
- Duas testemunhas deverão estar presentes no ato, porém, se a celebração se der extracartório ou se algum dos contraentes não souber ou não puder escrever, o número deve subir para quatro. 
- Pelo art. 1535 do CC “Presentes os contraentes, em pessoa ou por procurador especial, juntamente com as testemunhas e o oficial do registro, o presidente do ato, ouvida aos nubentes a afirmação de que pretendem casar por livre e espontânea vontade, declarará efetuado o casamento...”.
- Não há forma prescrita em lei para exteriorização da vontade dos noivos, deverá ser clara e indubitável, não se admitindo mero silêncio. 
Ocorrerá a suspensão da celebração se houver oposição séria de impedimento ou retratação do consentimento prestado pelos pais, tutores ou curadores e ainda nos casos do art. 1538/CC.
Assim, o art. 1538 “A celebração do casamento será imediatamente suspensa se algum dos contraentes: I – recusar a solene afirmação de sua vontade; II – declarar que esta não é livre e espontânea; III – manifestar-se arrependido.”.
Mesmo que se trate de piada de ou que, logo após, o nubente manifeste sua vontade de recomeçar a cerimônia esta só poderá ser celebrada no outro dia, em razão da solenidade do ato. 
Após o consentimento dos nubentes, o juiz proferirá os dizeres do art. 1535, parte final, declarando os noivos casados. A partir deste momento o casamento estará consumado e de nada valerá o arrependimento. 
- Finalizando as formalidades do casamento, lavrar-se-á assento no livro de registro, assinado pelo presidente do ato, pelos cônjuges, testemunhas e oficial do registro, que conterá todas as informações arroladas no art. 1536, I a VII/CC.
Em razão do que diz o art. 1543, § único/CC, que admite a prova do casamento por outros meios, a falta de lavratura do assento não invalida o matrimônio.
· Casamento por procuração
Pelo art. 1542 do CC “O casamento pode celebrar-se mediante procuração, por instrumento público, com poderes especiais.”.
Tendo em vista a solenidade do ato é que se exige que a procuração aqui referida se faça por instrumento público. Os poderes devem ser especiais, indicando o nome da pessoa com quem o outorgante vai consorciar-se. 
A eficácia do mandato é limitada a 90 dias (art. 1542, § 3º/CC). É indiferente o sexo do procurador. Nada impede que o outorgante, enquanto não concluída a cerimônia, participe dela pessoalmente. Se a procuração estabelecer o regime de bens, amplia-se o objeto do mandato para que se firme também o pacto antenupcial. 
Há discussão na doutrina se ambos os nubentes podem ser representados por um mesmo procurador. Entretanto, na ausência de proibição legal para tanto, não vemos nenhum obstáculo para que o mandato seja lavrado por ambos os nubentes a apenas um procurador. 
O mandato pode ser revogado até o momento da celebração e somente por instrumento público (art. 1.542 § 4 do CC).
Pelo art. 1542, § 1º, do CC, “A revogação do mandato não precisará chegar ao conhecimento do mandatário, mas, celebrado o casamento sem que o mandatário ou o outro contraente tivessem ciência da revogação, responderá o mandante por perdas e danos.”. 
Portanto, revogada a procuração, sem que o outorgado ou o outro contraente tenha conhecimento da revogação, o casamento é anulável, respondendo o outorgante por perdas e danos. 
Entretanto, o art. 1.542, § 1º, do CC há que ser compreendido com o disposto no art. 1550, V, também do CC, considerando que o casamento, ocorrida a hipótese do art. 1.542 § 1º, do CC é anulável, desde que não sobrevindo coabitação entre os cônjuges.
O Código Civil não traz solução para o caso de um casamento ser realizado após a extinção do mandato, por morte do mandante, estando de boa-fé o mandatário por ignorar o fato e o outro cônjuge. 
Nesse caso, não é correto aplicar, analogicamente, o disposto no art. 1550, V, do Código Civil. Com a morte do mandante, antes do casamento, cessa o mandato (art. 682, II, do CC). Assim, não há manifestação de vontade e o ato é inexistente. 
· Casamento sob moléstia grave e casamento nuncupativo
Vimos e insistimos que o casamento é ato solene (é por tal razão que vários preferem viver em união estável) e que deve seguir um ritual demorado, da habilitação até à celebração das núpcias. A partir de agora vamos verificar que, em alguns casos, estas formalidades podem ser quebradas, no todo ou em parte. 
Assim é que o art. 1539 do CC afirma que, “No caso de moléstia grave de um dos nubentes, o presidente do ato irá celebrá-lo onde se encontrar o impedido, sendo urgente, ainda que à noite, perante duas testemunhas que saibam ler e escrever.”.
O art. 1539 contempla a hipótese do estado de saúde grave de um ou de ambos os nubentes. A urgência do ato dispensa os atos preparatórios da habilitação e proclamas. 
Não sendo possível o comparecimento da autoridade competente, o substituto legal realizará a cerimônia. Neste caso, o oficial do registro poderá ser nomeado ad hoc pelo presidente do ato. O oficial nomeado ad hoc lavrará termo avulso, que dentro de cinco dias será levado ao registro, perante duas testemunhas. A prova do casamento urgente é a certidão do termo avulso transcrito no registro.
Já o artigo art. 1540 permite que, “Quando algum dos contraentes estiver em iminente risco de vida, não obtendo a presença da autoridade à qual incuba presidir o ato, nem a de seu substituto, poderá o casamento ser celebrado na presença de seis testemunhas, que com os nubentes não tenham parentesco em linha reta, ou, na colateral, até o segundo grau.”
O casamento do art. 1540, também denominado in extremis vitae momentis, é forma especial, que se dá em razão da urgência e por falta de tempo. A diferença entre o disposto no art. 1.539 e no artigo 1.540 é que no primeiro há doença grave, sem iminente risco de vida. 
Há, nesse caso, até a possibilidade de dispensa da autoridade para presidir o ato, caso em que se deve obedecer ao disposto no art. 1540/CC. 
Celebrado este casamento, chamado de nuncupativo, dentro de dez dias as testemunhas deverão comparecer espontaneamente (ou se recusarem serão intimadas) diante da autoridade judicial para declararem que foram convocadas pelo enfermo; que este parecia em risco de vida, mas consciente de seusatos; e que presenciaram as declarações livres e espontâneas dos contraentes de se tornarem marido e mulher. 
A autoridade judiciária irá averiguar se os contraentes poderiam ter se habilitado na forma regular, ouvindo o Ministério Público e os interessados em 15 dias. Verificada a idoneidade dos cônjuges, a autoridade decidirá e, depois de transitada em julgado a decisão, o juiz mandará registrá-la no livro respectivo. Os efeitos desse casamento retroagirão à época da celebração.
O processo homologatório será dispensado se, recuperado o enfermo, este comparecer e ratificar o casamento diante da autoridade competente.
· Casamento perante autoridade diplomática ou consular
Esclarece art. 7º, § 2º, LINDB “O casamento de estrangeiros poderá celebrar-se perante autoridades diplomáticas ou consulares do país de ambos os nubentes.”.
Nessa hipótese, os noivos devem possuir a mesma nacionalidade. A forma do ato será a prescrita pelo direito estrangeiro, enquanto os efeitos serão os da legislação brasileira, sendo que, não será possível a transcrição deste tipo de casamento no cartório do Registro Civil brasileiro.
E pelo art. 18 da LINDB, “Tratando-se de brasileiros, são competentes as autoridades consulares brasileiras para lhes celebrar o casamento...” 
Para essa possibilidade, ambos os nubentes devem ser brasileiros e a lei local deve reconhecer os efeitos civis da celebração. Deverão ser registrados em 180 dias contados da volta de um ou de ambos os cônjuges ao Brasil, no cartório de seu respectivo domicílio ou, em sua falta, no 1º Ofício da Capital do Estado que passarem a residir (art. 1544/CC). A volta não significa mera passagem, mas sim retorno com o intuito de permanência. Entretanto, de entender-se tal exigência como mera formalidade. A falta de registro do casamento, no estrangeiro, na forma aqui mencionada não significa que o brasileiro não está casado. 
Também não é correto entender-se que, se o brasileiro casar-se no estrangeiro, segundo a lei do país escolhido para o casamento, que não está casado e, portanto, pode livremente casar-se no Brasil. Na verdade, mesmo casado no estrangeiro, segundo a lei do país escolhido, o estado civil destes brasileiros é o de casado. O mesmo acontece com o estrangeiro, casado no seu país de origem, que venha a residir no Brasil. O estado civil dele é também o de casado. Evidentemente que, no caso de divórcio, poderá a ação ou requerimento ser proposto no Brasil, segundo nossas leis. 
No caso de anulação e de nulidade de casamento, celebrado no estrangeiro, fora da embaixada ou do consulado, neste caso de aplicar-se a lei do país em que celebrado o casamento e não a do Brasil, caso a discussão seja aqui enfrentada, em razão de o casal agora estar aqui residindo.
· Casamento religioso com efeitos civis
No Brasil temos como regra que o casamento é regido pelas leis civis, mas é possível que o casamento religioso tenha efeitos civis, não havendo distinção entre a modalidade de religião, ou seja, o efeito civil do casamento religioso é com relação a todas as religiões e não há, por conseguinte, reserva de mercado à Igreja Católica, como chegou a entender alguns, numa leitura míope da Constituição. 
Assim e na verdade não é preciso casar no religioso e também no civil, como é da tradição brasileira. Basta dar efeito civil ou casamento religioso. Evidentemente que, se o casamento for apenas o religioso, sem efeito civil, estamos diante de uma união estável e não de casamento.
Ressaltamos como paradoxo a exigência de algumas Igrejas, de que primeiro você case no civil, para depois poder casar naquela religião. Na verdade, tal exigência é descabida e inviabiliza a conversão permitida pela lei civil. Urge que os religiosos repensem tal atitude! 
Portanto e pelo art. 1515 do CC “O casamento religioso, que atender às exigências da lei para a validade do casamento civil, equipara-se a este, desde que registrado no registro próprio, produzindo efeitos a partir da data de sua celebração.”.
Habilitados, dentro do prazo decadencial de 90 dias (art.1516/CC), o interessado requererá o registro do casamento ao oficial do Registro Civil, tudo conforme os arts. 71 a 75 da Lei dos Registros Públicos.	
 A lei também possibilita a habilitação posterior à celebração religiosa, desde que os nubentes apresentem ao oficial de registro os documentos exigidos e a prova do casamento religioso. Reunida a documentação, os editais serão publicados e, não havendo oposição de impedimentos, será lavrado o devido termo. Tal registro produzirá efeitos que retroagirão à data da celebração do casamento.
Portanto, o efeito civil ao casamento religioso poderá ocorrer mediante prévia habilitação ou, não existindo ou se ultrapassado o prazo de validade de 90 (noventa) dia da habilitação, poderá, posterior ao casamento, ser feita a habilitação e pleitear o efeito civil. 
3.10. Provas do casamento
Pelo art. 1543 do Código Civil, “O casamento celebrado no Brasil prova-se pela certidão do registro”. E pelo § único deste artigo, “Justificada a falta ou a perda do registro civil, é admissível qualquer outra espécie de prova.”.
Assim e analisando esse citado artigo, podemos falar em:
· Provas diretas	
O casamento é comprovado, de forma direta, pela certidão do registro, que é prova específica. 
Existem também outras provas diretas, mas supletivas, utilizadas no caso de perda ou destruição dos livros de registro cartoriais (ex: certidão de óbito constando que o de cujus era casado, declarações de testemunhas, certidão de proclamas, passaporte etc).
Em um primeiro momento deve-se justificar a falta ou perda do registro, para depois provar a existência do ato nupcial.
O casamento celebrado no exterior prova-se de acordo com a lei do local da celebração. Para que o documento estrangeiro produza efeitos no Brasil, deve ser autenticado de acordo com as leis consulares, sendo as formalidades dispensadas se não houver no Brasil representação diplomática do lugar de celebração do matrimônio. De outro modo, se o casamento foi realizado entre brasileiros, perante autoridade consular ou diplomática, a prova será a certidão do assento no registro do consulado.
· Provas indiretas
 Excepcionalmente, a lei brasileira permite a prova indireta do casamento, qual seja: a posse do estado de casado. Para tanto, exige-se que a mulher use o nome do marido, que ambos tratem-se como casados e que a sociedade lhes conheça a condição de cônjuges (nomen, tractatus, fama). 
A posse de estado de casado não é peremptória para provar a existência do casamento, devendo vir permeada de circunstâncias que a confirmem. 
O ordenamento traz esta exceção para as hipóteses de cônjuges que não possam manifestar sua vontade e de falecimento de cônjuges nesse estado, em benefício da prole comum.
Para que a presunção do casamento se realize é preciso que os pais tenham falecido ou que não possam manifestar sua vontade, que tenham vivido na posse do estado de casados, que exista prole comum e que inexista certidão de registro que ateste ter um dos pais contraído casamento anteriormente. 
Somente os filhos podem alegar essa posse de estado, depois da morte dos pais. 
E pelo art. 1546 do CC, “Quando a prova da celebração legal do casamento resultar de processo judicial, o registro da sentença no livro do Registro Civil produzirá, tanto no que toca aos cônjuges como no que respeita aos filhos, todos os efeitos civis desde a data do casamento.”. 
Assim, a existência do casamento pode ser comprovada por meio requerimento, não havendo divergência entre os interessados, ou, havendo discordância entre eles, por intermédio de ação declaratória de existência de casamento, com efeito retroativo. 
Causa remota: casamento
Causa próxima: discordância do outro em requerer a reconstrução do registro.
O art. 1547 esclarece que, “Na dúvida entre as provas favoráveis e contrárias, julgar-se-á pelo casamento, se os cônjuges, cujo casamento se impugna, viverem ou tiverem vivido na posse do estado de casados.”
É a admissão do princípio in dúbio pro matrimonio, isto é,produzida as provas e ainda existindo dúvida se foi o não celebrado, de se admitir o requerimento ou o pedido declaratório de existência de casamento. 
3.11 Efeitos não jurídicos do matrimônio
O casamento produz inúmeras consequências que se projetam no meio social, nas relações pessoais e econômicas dos cônjuges e nas relações pessoais e patrimoniais entre pais e filhos, dando origem a direitos e deveres, disciplinados por normas jurídicas. Tais consequências correspondem aos efeitos jurídicos do casamento.
	
Esses efeitos, com base nos efeitos que acarretam, são divididos em três classes: social, pessoal e patrimonial; as quais serão examinadas a seguir.
· Efeitos sociais
O casamento gera efeitos que têm repercussão em toda a sociedade. O principal deles é a constituição da família matrimonial (de acordo com o art. 226, §§ 1o e 2o da Constituição Federal e art. 1.513 do CC).
Outro efeito social advindo do casamento é a emancipação do cônjuge menor de idade, tornando-o plenamente capaz, como se houvesse atingido a maioridade (art. 5o, § único, II, do CC); estabelece o vínculo de afinidade entre cada consorte e os parentes do outro (art. 1.595, §§ 1o e 2o, do CC); e confere aos cônjuges o estado de casados, fator de identificação na sociedade.
Ressalta-se que, relação à união estável, não há que se falar em emancipação, continuando os conviventes com o mesmo estado civil. Assim, apenas o vínculo de afinidade, com relação aos efeitos sociais, é que se aplica também à união estável.
· Efeitos pessoais
Direitos e deveres de ambos os cônjuges
Com o casamento, nascem, automaticamente, para os cônjuges, situações jurídicas que impõem direitos e deveres recíprocos, reclamados pela ordem pública e pelo interesse social e que não são avaliados pecuniariamente.
- A fidelidade mútua, por exemplo, é um dever moral, encampando pelo jurídico (art. 1.566, I, do CC), que decorre do caráter monogâmico do casamento. Consiste na abstinência, por parte de cada consorte, de praticar relações sexuais com terceiros, de modo que a liberdade sexual fica restrita ao casamento. Evidentemente que tal fato interessa exclusivamente aos cônjuges que podem até mesmo acordar de maneira contrária, direta ou indiretamente, considerando que é possível dispensar o dever de fidelidade no próprio pacto antenucpcial ou, então, não tomando o cônjuge nenhuma atitude, mesmo sabendo da infidelidade perpetrada pelo outro. Pode também haver o perdão e a vida conjugal continuar, normalmente. Portanto, estamos diante de um questão íntima do casal, a exigir menos juízos de valores de terceiros. 
- O casamento também instaura, entre os cônjuges, a vida em comum no domicílio conjugal, já que requer a coabitação que, por sua vez, exige comunidade de existência (arts. 1.511 e 1.566 do CC).
- Cabe aos cônjuges, ainda, fixar o domicílio familiar, com exceção da possibilidade de quaisquer deles recorrerem ao juiz, em caso de deliberações que os prejudique (arts. 1.569 e 1.567, parágrafo único do CC). Além disso, cada consorte tem a obrigação de proteger o outro na sua integridade física ou moral.
- A coabitação consiste no estado de pessoas, de sexos diferentes ou não, que moram juntas e convivem sexualmente. Quanto a esse dever, dois aspectos fundamentais podem ser destacados: o fato de os consortes viverem juntos e o imperativo de prestarem, mutuamente, contato íntimo, e praticarem sexo, chamado impropriamente de débito conjugal (direito-dever do marido e de sua mulher de realizarem entre si o ato sexual). Impropriamente chamado de débito conjugal, eis que não é correto analisar o direito de família em similitude com o direito das obrigações. Porém, a abstinência sexual poderá ser também mácula a um dos deveres advindos do casamento. 
Também a coabitação e o relacionamento sexual podem ser negociados entre o casal. Para evitar qualquer questionamento, melhor colocar, no pacto antenupcial, cláusulas a este respeito ou, se entender que tal fato pode ser constrangedor ao casal, em razão da publicidade, pode até mesmo ser objeto de negociação, através de documento particular, entre o casal, a ser apresentado no momento próprio. 
Os cônjuges devem viver sob o mesmo teto, denominado legalmente de domicílio conjugal. Com base no art. 1.569 do CC, tem-se que o domicílio será escolhido por ambos, mas um pode ausentar-se para atender a encargos públicos, ao exercício da profissão ou a interesses particulares relevantes.
O abandono injustificado do lar, ou seja, a infração injustificada do dever de coabitação constitui injúria grave e implica ofensa à honra, à respeitabilidade, à dignidade do outro consorte. Nesse caso, o cônjuge abandonado, querendo, pode interpelar judicialmente ou extrajudicialmente ao outro cônjuge, convidando-o a retornar ao lar, pena de incorrer nas sanções legais.
Outro dever existente entre os cônjuges é a mútua assistência, que se circunscreve aos cuidados pessoais nas moléstias, ao socorro nas desventuras, ao apoio na adversidade e ao auxilio constante nas vicissitudes da vida, envolvendo, apesar de não ser consenso entre os doutrinadores, também o fornecimento de elementos materiais. Neste dever, podem ser apontados os deveres implícitos de respeito e consideração mútuos, que abrangem a sinceridade, a honra, o zelo e a dignidade em relação à família, a não-violação da correspondência epistolar, o respeito à privacidade, dentre outros. A violação dos deveres de mútua assistência e de respeito e consideração mútuos constituem injúria grave.
· Igualdade de direitos e obrigações entre marido e mulher
Com o casamento os cônjuges tornam-se titulares de uma série de direitos e deveres, que pertencem igualmente a ambos (art. 226, § 5o, da Constituição Federal) e devem ser exercidos conjuntamente.
Nesse contexto, destaca-se o exercício da direção da sociedade conjugal. Tendo como objetivo a harmonização do interesse comum da família, a direção da sociedade conjugal cabe a ambos os cônjuges que, para exercê-la, devem ter em vista o interesse comum do casal e dos filhos. Desapareceu, portanto, a idéia de chefe de família, presente no CC de 1916, em que se observava a predominância marital. A esposa passa a ter posição de sócia e não de subalterna, sendo colaboradora na chefia dessa sociedade. Fala-se, portanto, em isonomia conjugal dos deveres e direitos entre os cônjuges, bem como no exercício desses direitos. Assim, caso o direito decisório de um dos cônjuges seja apresentado de maneira abusiva, mesquinha ou nociva ao outro, este poderá reclamar a intervenção judicial. Do mesmo modo, pode-se recorrer ao juiz, quando houver divergência entre os consortes, em questões de interesse do casal e dos filhos. Vale destacar-se que há casos excepcionais em que um dos cônjuges poderá exercer com exclusividade a direção da família, conforme disposição do art. 1.570, do CC.
Ambos são também responsáveis pela colaboração nos encargos da família, de modo que lhes cabe, na proporção de seus bens e rendimentos do trabalho, a manutenção da família, velar pela direção do lar, atender ao funcionamento material, cuidar da educação dos filhos e do padrão moral familiar (vide arts. 1.565, 1.567 e 1.568 do CC). Assim, marido e esposa possuem o poder doméstico, competindo a cada um a função de administrar a comunidade doméstica, prestando ou dirigindo os serviços domésticos (arts. 1.643 e 1.644, CC).
Com o casamento, qualquer dos nubentes poderá adotar o sobrenome do outro ou conservar o nome de solteiro (art. 1.565, § 1o do CC). Contudo, não lhe é permitido tomar o patronímico do consorte e abandonar o próprio, já que apenas pode acrescentar, optativamente. Tal opção deve constar na certidão de casamento. E entendemos que não é mais possível exigir que, em razão do divórcio, o cônjuge volte a usar o nome de solteiro, posto que não há mais separação no direito brasileiro e também não é correto falar em cônjuge culpado. Assim, é direito potestativo do cônjuge, mesmo com a dissolução do casamento, continuar usando o nome que do ex-cônjuge. 
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