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SGSO para Provedores de Serviços de Aviação Civil (PSAC) Módulo 4 – Política e Objetivos de Segurança Operacional 1 SGSO PARA PROVEDORES DE SERVIÇOS DE AVIAÇÃO CIVIL (PSAC) MÓDULO 4 POLÍTICA E OBJETIVOS DE SEGURANÇA OPERACIONAL SGSO para Provedores de Serviços de Aviação Civil (PSAC) Módulo 4 – Política e Objetivos de Segurança Operacional 2 Política e Objetivos de Segurança Operacional 1 Objetivos Ao final desta Módulo, você será capaz de: • Identificar o compromisso da alta direção da organização com a segurança operacional; • Reconhecer a política de segurança operacional estabelecida pela alta direção; • Reconhecer os objetivos de segurança operacional; • Identificar na organização as responsabilidades dos demais envolvidos com a segurança operacional; • Identificar os principais itens que compõem um Plano de Respostas à Emergências (PRE); e • Reconhecer a necessidade da documentação do SGSO. Agora que já estudamos os conceitos fundamentos de segurança operacional, já vimos o que é um SGSO e conhecemos a sua estrutura, vamos discorrer um pouco sobre a política e os objetivos de segurança operacional que irão nortear dentro da organização a implantação dos principais processos voltados para a manutenção da segurança das operações. Para tanto, falaremos sobre o compromisso da alta direção da organização com a segurança operacional, sobre a responsabilidade primária dos demais envolvidos, bem como sobre o conteúdo do Plano de Resposta à Emergências, ao final dando destaque para a importância de formalizar e documentar todos os processos estabelecidos. A principal referência utilizada nesse módulo é o Safety Management Manual (Doc. 9859) da ICAO, quarta edição (ICAO, 2018). Outras referências também foram utilizadas, e serão indicadas ao longo do texto. SGSO para Provedores de Serviços de Aviação Civil (PSAC) Módulo 4 – Política e Objetivos de Segurança Operacional 3 2 Introdução Planejar significa criar um plano para otimizar a chance de alcançar um determinado objetivo. Assim, para que o gerenciamento da segurança operacional produza os resultados esperados, é preciso planejamento. O planejamento está relacionado a preparação, organização e estruturação dos objetivos de uma organização e é uma importante tarefa de gestão. Assim, o primeiro passo para criar um ambiente favorável para o gerenciamento da segurança operacional é o compromisso da alta direção da organização. Para concretizar esse compromisso, é preciso então estabelecer as diretrizes estratégicas para produzir os resultados esperados. Além disso, só podemos atingir os objetivos que desejamos quando todos os envolvidos conhecem com clareza os limites de suas responsabilidades com relação à segurança operacional. Considerando os conceitos fundamentais de segurança operacional que vimos no módulo 2, vamos agora conhecer um pouco mais sobre as políticas e objetivos que orientam o planejamento e a implantação de um Sistema de Gerenciamento da Segurança Operacional (SGSO). 3 Política de Segurança Operacional O primeiro passo para a implantação de um Sistema de Gerenciamento da Segurança Operacional (SGSO) efetivo é o compromisso da alta direção da organização com a segurança das operações. Esse compromisso está relacionado ao reconhecimento da segurança operacional como um valor e uma prioridade dentro da organização. A manifestação desse compromisso é o que chamamos de política de segurança operacional. Essa política irá nortear a implementação do SGSO e os comportamentos esperados de todos os funcionários com relação à segurança operacional. A política de segurança operacional pode ter muitas formas, mas geralmente é um documento escrito que descreve os princípios gerais da operação do SGSO e que deve: SGSO para Provedores de Serviços de Aviação Civil (PSAC) Módulo 4 – Política e Objetivos de Segurança Operacional 4 Além dos itens anteriores, a organização pode incluir outras diretrizes que considere importante para o gerenciamento da segurança operacional e que ajudem a desenvolver uma cultura positiva de segurança operacional como por exemplo: • esclarecer que os relatos voluntários são estimulados e que não resultam em punições – a não ser nos casos de negligência ou violação de procedimentos; e/ou • declarar que o gestor da organização é o responsável primário pela segurança operacional. A seguir, apresentamos um exemplo de política de segurança operacional, retirada do Manual de Gerenciamento da Segurança Operacional do projeto “SGSO para Todos” (Figura 1) para uma organização de manutenção (RBAC 145). SGSO para Provedores de Serviços de Aviação Civil (PSAC) Módulo 4 – Política e Objetivos de Segurança Operacional 5 Figura 1 - Exemplo de política de segurança operacional (SGSO para Todos) Como outro exemplo prático, apresentamos abaixo um modelo de termo de política de segurança operacional, voltado para os operadores aéreos (Figura 2). SGSO para Provedores de Serviços de Aviação Civil (PSAC) Módulo 4 – Política e Objetivos de Segurança Operacional 6 Figura 2 - Exemplo de política de segurança operacional para operadores aéreos MODELO DE TERMO DE POLÍTICA DE SEGURANÇA OPERACIONAL PARA OPERADORES AÉREOS A segurança operacional é a primeira prioridade em nossas atividades. Estamos comprometidos com a implementação, o desenvolvimento e a melhoria das estratégias, os sistemas e os processos de gerenciamento da segurança operacional para garantir que todas as nossas atividades de aviação mantenham o mais elevado nível de desempenho da segurança e atendam aos padrões nacionais e internacionais. Nosso compromisso é: a) Elaborar e difundir uma cultura positiva de segurança operacional em todas as nossas atividades de aviação, a qual reconheça a importância e o valor do gerenciamento eficaz da segurança operacional; b) Definir com clareza, para todo o pessoal, suas responsabilidades pelo desenvolvimento e cumprimento da estratégia e do desempenho da segurança operacional; c) Minimizar os riscos associados às operações até que eles sejam tão baixos quanto o razoavelmente praticáveis; d) Garantir que os sistemas e serviços fornecidos externamente que tenham impacto sobre a segurança de nossas operações atendam aos padrões de segurança operacional exigidos pelos regulamentos; e) Desenvolver e melhorar ativamente nossos processos de gerenciamento da segurança operacional para adequá-los aos padrões mundiais; f) Cumprir, e sempre que possível, superar as normas e exigências legais e legislativas; g) Garantir que todo o pessoal receba informações e treinamentos adequados e apropriados sobre segurança operacional, necessários para o desempenho de suas atividades; h) Garantir recursos para a implementação da política e da estratégia de segurança operacional da organização; i) Medir o desempenho da segurança operacional em relação aos objetivos e/ou metas estabelecidas; j) Alcançar os níveis mais elevados de desempenho da segurança operacional em todas as nossas atividades de aviação; k) Melhorar continuamente nosso desempenho da segurança operacional; e l) Realizar revisões no processo de gerenciamento da segurança operacional, garantindo que as medidas adotadas sejam relevantes e alcancem os objetivos propostos. SGSO para Provedores de Serviços de Aviação Civil (PSAC) Módulo 4 – Política e Objetivos de Segurança Operacional 7 Vale lembrar, que para que a política de segurança operacional produza os resultados esperados, o comprometimento com a segurança deve ser demonstrado através de ações e decisões gerenciais. Por isso, é importante que a política seja incorporada tanto pela equipe da gestão quanto pelo pessoal-chave (operacional) da organização e que a políticaseja divulgada e compreendida por todos os membros da organização. 4 Objetivos de Segurança Operacional Considerando a política de segurança operacional estabelecida, a organização precisa definir os seus objetivos de segurança operacional. Esses objetivos estão relacionados com o nível de desempenho da segurança operacional almejado, e indicam o direcionamento da organização para a concretização da sua política. Você saberia identificar quais são esses objetivos? Vejamos abaixo: ❑ Formar a base para o monitoramento e medição do desempenho da segurança operacional; ❑ Refletir o compromisso da alta direção em melhorar continuamente o desempenho global do SGSO da organização; ❑ Ser comunicados para toda a organização; e ❑ Ser periodicamente revisados para assegurar que continuam relevantes e apropriados para a organização. Por esta razão, os objetivos devem ser criados de maneira a representar compromissos com ações concretas e factíveis que servirão de referência tanto para priorização de recursos quanto para medição do desempenho da segurança operacional da organização. Outro aspecto importante é que eles devem ser descritos de modo a possibilitar seu desdobramento em planos de ação com tarefas, prazos, indicadores, metas e SGSO para Provedores de Serviços de Aviação Civil (PSAC) Módulo 4 – Política e Objetivos de Segurança Operacional 8 responsáveis. Além disso, eles devem ser mensuráveis e compatíveis com a complexidade da organização. A organização ao definir seus objetivos, deve avaliar as seguintes questões: ✓ Os elementos, sistemas e processos necessários ao gerenciamento eficaz da segurança operacional estão presentes, adequados e eficazes? ✓ Os elementos, sistemas e processos necessários ao gerenciamento eficaz da segurança operacional estão suficientemente integrados entre si? ✓ Quais são as maiores fraquezas ou vulnerabilidades da organização? ✓ Do ponto de vista operacional, quais são os principais perigos a que a organização está exposta? E ainda, em decorrência dessas avaliações, os objetivos de segurança operacional podem estar associados, a iniciativas como: o Implementação de programas específicos relacionados à segurança operacional (programa de gerenciamento da fadiga humana, programa Line Operations Safety Audit (LOSA), Programa de Redução de Runway Excursion, etc.); o Redução ou manutenção da taxa de certos tipos de erros ou ocorrências; o Fornecimento de treinamentos específicos sobre segurança operacional (além dos mínimos previstos em regulamentos) a tripulantes, mecânicos, despachantes etc.; o Aprovação para retorno ao serviço de produtos efetivamente aeronavegáveis; o Aquisição ou atualização de equipamentos, ferramentas ou sistemas de suporte a atividades ligadas à segurança operacional. Para ilustrar o processo de definição de objetivos, leia o exemplo a seguir: SGSO para Provedores de Serviços de Aviação Civil (PSAC) Módulo 4 – Política e Objetivos de Segurança Operacional 9 A organização deve evitar estabelecer objetivos de segurança operacional exclusivamente em termos de redução ou manutenção da taxa de acidentes aéreos. Ações dessa natureza são puramente reativas e somente são eficazes quando a taxa de acidentes já é suficientemente alta (o que raramente é o caso quando cada operador é avaliado isoladamente). Também vale ressaltar que confiar exclusivamente na taxa de acidentes como indicativo do melhor nível de segurança operacional pode gerar a falsa impressão de que a organização é segura só porque não houve acidentes num certo período. Formas mais eficazes de estabelecer os objetivos de segurança operacional envolvem concentração de esforços na eliminação ou mitigação de deficiências sistêmicas ou condições latentes que contribuem para os acidentes. Quando os objetivos são associados a prazos, surgem as metas. As metas indicam uma medição do desempenho da segurança operacional, que está ligado ao cumprimento dos objetivos e à concretização da política da empresa. Aqui temos outro exemplo de objetivos de segurança operacional e uma possível meta associada: Um operador aéreo identificou as fases de aproximação e pouso dos voos como uma grande preocupação a ser tratada pelo SGSO. Ainda, por meio dos processos de gerenciamento de risco, definiu como prioridade o tratamento das aproximações não estabilizadas em aeroportos sem disponibilidade de ILS. Um objetivo de segurança operacional relacionado ao caso poderia ser: “Nos próximos 3 anos, reduzir em 50% o número de aproximações não estabilizadas por 1000 operações em aeroportos sem disponibilidade de ILS”. Como consequência, poderia ser criado um plano de ação envolvendo: desenvolvimento de novos procedimentos de aproximação e pouso no SOP; inclusão dos novos procedimentos nas rotinas de treinamento em simulador de voo; monitoramento das aproximações e pousos em aeroportos sem disponibilidade de ILS pelo programa de análise e acompanhamento de dados de voo; etc. Exemplo SGSO para Provedores de Serviços de Aviação Civil (PSAC) Módulo 4 – Política e Objetivos de Segurança Operacional 10 O objetivo principal do Sistema de Gestão da Segurança Operacional na empresa é garantir que as atividades de manutenção de produtos aeronáuticos sejam desenvolvidas de maneira a atingir e manter ou melhorar o nível aceitável de desempenho da segurança operacional da aviação civil. O objetivo específico é reduzir o número de produtos aeronáuticos autorizados para retorno ao serviço em condições não seguras, de maneira sustentável e dentro dos padrões de certificação da empresa. Para a consecução desses objetivos, são definidas as seguintes metas: 1. Nos próximos três anos, reduzir para um valor inferior a 5% a média anual do percentual de artigos envolvidos em dificuldades em serviço após retorno ao serviço; (...) Mas aqui cabem alguns questionamentos: Quem são os responsáveis por implementar esses objetivos? Quais são as pessoas envolvidas na execução das metas definidas? Para responder a essas perguntas, no próximo item vamos tratar da responsabilidade primária acerca da segurança operacional. 5 Responsabilidade primária acerca da segurança operacional Segundo o Safety Management Manual, o termo “accountability” se refere àquelas obrigações que não podem ser delegadas enquanto o termo “responsabilidade” se refere a funções e atividades que podem ser delegadas. No PSOE-ANAC, esse elemento foi internalizado como “responsabilidade primária acerca da segurança operacional”. Quando falamos de responsabilidade primária, estamos tratando de uma dimensão da responsabilidade diferente da responsabilidade funcional do Gestor Responsável. Ou seja, independentemente de outras funções, o Gestor Responsável terá a responsabilidade de prestar contas (do inglês accountability), em nome da organização, para a implementação e a manutenção do SGSO. Assim, a responsabilidade primária está associada ao provimento de recursos para garantir o funcionamento e a integridade do SGSO. Dependendo do tamanho e complexidade da organização, o Gestor Responsável pode ser: SGSO para Provedores de Serviços de Aviação Civil (PSAC) Módulo 4 – Política e Objetivos de Segurança Operacional 11 ✓ O presidente ou Chief Executive Officer (CEO); ✓ O presidente do conselho de administração; ✓ Um dos sócios ou administradores; ou ✓ O proprietário. As obrigações e responsabilidades do Gestor Responsável devem incluir, mas não necessariamente se limitar a: A organização deve igualmente identificar as responsabilidades de prestação de contas de todos os membros da direção sobre a segurança operacional, independentemente de outras funções desempenhadas. Essas responsabilidades, bem como as responsabilidades funcionais e atribuições de segurança operacional devemser documentadas e comunicadas em toda a organização, e devem incluir uma definição dos níveis de gestão com autoridade para tomar decisões relacionadas a tolerabilidade dos riscos de segurança operacional assumidos nas operações. SGSO para Provedores de Serviços de Aviação Civil (PSAC) Módulo 4 – Política e Objetivos de Segurança Operacional 12 Cada gestor de departamento ou pessoa responsável por uma área ou unidade funcional deve ter um grau de envolvimento com o SGSO do PSAC, em adição às responsabilidades específicas sobre a operação das respectivas áreas ou unidades. Este envolvimento passa pela tomada de decisões e avaliação da tolerabilidade aos riscos que circundam a operação da organização. Certamente os gestores de setores diretamente ligados às operações da organização terão um nível maior de responsabilidade do que os gestores de setores de áreas meio, como RH, administrativo ou jurídico. Por fim, a organização deve se responsabilizar pelo desempenho de segurança operacional dos produtos ou serviços fornecidos por empresas subcontratadas ou terceirizadas. É responsabilidade da organização garantir que os seus próprios requisitos de desempenho de segurança operacional sejam atendidos pelos subcontratados. Desta maneira, é essencial que o SGSO interaja da melhor forma possível com os sistemas de segurança operacional dos subcontratados. Essa interface deve tratar da identificação de perigos, da avaliação de riscos, do desenvolvimento de estratégias de controle de riscos, e dos processos de garantia da segurança operacional, que vamos estudar nos próximos capítulos. 6 Designação do pessoal-chave de segurança operacional É fundamental para a efetiva implementação e funcionamento do SGSO a designação de uma pessoa encarregada da sua operação de rotina. A função dessa pessoa pode receber diferentes nomes em diferentes organizações, mas, para os propósitos deste material, será usado o termo genérico “gestor de segurança operacional”. O gestor de segurança deve ser o responsável pela implementação e manutenção do SGSO da organização. Ele também deve assessorar o Gestor Responsável e os demais gerentes em matéria de segurança operacional. Dentre as obrigações e responsabilidades do gestor de segurança operacional dentro do SGSO podemos citar: SGSO para Provedores de Serviços de Aviação Civil (PSAC) Módulo 4 – Política e Objetivos de Segurança Operacional 13 ❑ Gerenciamento da implementação do SGSO em nome do Gestor Responsável; ❑ Condução e facilitação da identificação de perigos e da avaliação de riscos à segurança operacional; ❑ Monitoramento das ações corretivas e avaliação de seus resultados; ❑ Fornecimento de relatórios periódicos sobre o desempenho da segurança operacional da organização; ❑ Gerenciamento dos registros e da documentação de segurança operacional; ❑ Planejamento e facilitação do treinamento de segurança operacional; ❑ Fornecimento de assessoria independente sobre questões de segurança operacional; ❑ Monitoramento das questões e preocupações de segurança operacional na indústria de aviação e o respectivo impacto nas operações da organização; ❑ Coordenação e comunicação (em nome do Gestor Responsável) com as autoridades de aviação civil no Brasil e com os demais órgãos governamentais, se necessário, sobre questões relacionadas à segurança operacional; e ❑ Coordenação e comunicação (em nome do Gestor Responsável) com organizações internacionais sobre questões relacionadas à segurança operacional. O gestor de segurança operacional pode trabalhar sozinho ou trabalhar com uma equipe, em função do tamanho da organização e da natureza e complexidade de suas Para cumprir com suas responsabilidades e funções dentro do SGSO, o gestor de segurança operacional deve ter: • Acesso direto ao Gestor Responsável e ao pessoal da alta direção; • Acesso aos dados e às informações sobre qualquer aspecto relacionado à segurança operacional do PSAC; e • Autonomia administrativa para avaliar, auditar e investigar qualquer setor ou processo relacionado à segurança operacional do PSAC. SGSO para Provedores de Serviços de Aviação Civil (PSAC) Módulo 4 – Política e Objetivos de Segurança Operacional 14 operações. Independentemente disso, as funções do gestor de segurança operacional e sua eventual equipe devem ser as mesmas. O gestor de segurança operacional deve também ter acesso direto aos demais gerentes ou seus representantes (nos casos dessas áreas possuírem pontos focais dedicados a questões de segurança operacional). Em linhas gerais, a discussão de temas ligados à segurança operacional e a avaliação do desempenho da organização devem ocorrer no âmbito de grupos formais específicos, como os Comitês ou Comissões de Segurança Operacional (CSO), fóruns estratégicos e os Grupos de Ações de Segurança Operacional (GASO), dependendo do regulamento aplicável à organização. Quando necessário, o CSO deve ser um comitê de alto nível, presidido pelo Gestor Responsável e composto pela alta direção, incluindo os gerentes dos departamentos que são diretamente responsáveis pelo desempenho das atividades operacionais e demais áreas administrativas relevantes. O gestor de segurança operacional deve participar do comitê em uma função consultiva. Cabe ao CSO lidar com questões estratégicas ligadas às políticas, à alocação de recursos e ao monitoramento do desempenho da organização, podendo se reunir com pouca frequência, salvo se circunstâncias excepcionais ditarem o contrário. Assim, são responsabilidade do comitê: ✓ Monitorar a efetividade da implementação do SGSO; ✓ Monitorar se as ações corretivas estão sendo adotadas em tempo hábil; ✓ Monitorar o desempenho de segurança operacional em função da política e objetivos de segurança operacional da organização; ✓ Monitorar a efetividade dos processos de gerenciamento da segurança operacional da organização; ✓ Monitorar a efetividade da supervisão da segurança operacional dos prestadores de serviço; ✓ Garantir que recursos apropriados sejam alocados para se atingir o desempenho de segurança operacional desejado; e SGSO para Provedores de Serviços de Aviação Civil (PSAC) Módulo 4 – Política e Objetivos de Segurança Operacional 15 ✓ Conceder orientação estratégica ao Grupo de Ação de Segurança Operacional e às demais áreas da organização. Uma vez que as estratégias tenham sido desenvolvidas pelo CSO, sua implementação deve ocorrer de forma coordenada por toda a organização. Isso pode ser feito por meio da criação do Grupo de Ação de Segurança Operacional (GASO). O GASO deve ser composto pelos gerentes de linha e por representantes do pessoal operacional e ser presidido pelo gestor de segurança operacional (GSO). Quando necessário, o Grupo de Ação deve lidar com questões táticas específicas da implementação do SGSO, conforme direcionamento do CSO. Assim, caberia ao GASO: ✓ Supervisionar o desempenho da segurança operacional dentro das áreas operacionais da organização e garantir que as apropriadas atividades de gerenciamento de riscos sejam realizadas com a participação do pessoal, quando necessário; ✓ Coordenar a implementação das estratégias de controle dos riscos e garantir que existam procedimentos satisfatórios para a coleta de dados de segurança operacional e para o envio de sugestões e críticas por parte do pessoal operacional; ✓ Avaliar os impactos na segurança operacional relacionados com a introdução de novas tecnologias ou mudanças operacionais; ✓ Coordenar a implementação de planos de ações corretivas e assegurar a adoção das medidas em tempo hábil; ✓ Revisar a efetividade das recomendações de segurança operacional anteriores; e ✓ Supervisionar as atividades de promoção da segurança operacional e garantir o fornecimento aos profissionais das adequadas oportunidadesde participação nas atividades de gerenciamento da segurança operacional. SGSO para Provedores de Serviços de Aviação Civil (PSAC) Módulo 4 – Política e Objetivos de Segurança Operacional 16 Os fóruns de discussão sobre assuntos de segurança operacional são exigidos em alguns regulamentos dependendo do tipo e complexidade do operador. Porém, mesmo que não haja obrigação regulamentar aplicável à sua organização, é importante ter em mente que para um gerenciamento da segurança operacional efetivo, é preciso que os envolvidos se reúnam peridicamente e discutam sobre os assuntos relacionados à segurança operacional. Fique atento aos estudos! Além das atividades cotidianas, a organização deve estar preparada para enfrentar emergências que podem acontecer durante a execução de suas atividades. Para isso, é preciso planejar e coordenar com todas as partes envolvidas, o que veremos no próximo item. 7 Coordenação do Plano de Resposta à Emergência Uma emergência é uma situação não planejada ou um evento que requer uma ação imediata. A coordenação do Plano de Resposta à Emergência (PRE) está relacionada ao planejamento de atividades no período em que a organização vivencia uma situação de emergência operacional. No PRE devem ser definidos os procedimentos a serem adotados no caso de uma emergência, visando garantir o retorno das operações. As obrigações relacionadas a elaboração de um PRE estão estabelecidas em regulamentos específicos, cabendo a cada organização implementar os requisitos aplicáveis as suas operações. Uma resposta à emergência bem-sucedida deve começar com um planejamento efetivo. Por sua vez, o PRE deve fornecer a base para uma abordagem sistemática ao gerenciamento dos assuntos da organização após um evento significativo não planejado (na pior das hipóteses, um grave acidente). Assim, podemos dizer que o objetivo do PRE é garantir a: ❑ Delegação de autoridade de emergência; SGSO para Provedores de Serviços de Aviação Civil (PSAC) Módulo 4 – Política e Objetivos de Segurança Operacional 17 ❑ Atribuição de responsabilidades de emergência; ❑ Documentação dos processos e procedimentos de emergência; ❑ Coordenação dos esforços de emergência interna e externamente à organização; ❑ Continuação segura das operações, enquanto a crise é gerenciada; ❑ Identificação proativa de todos os possíveis eventos ou cenários de emergência e suas ações mitigadoras correspondentes; e ❑ Identificação das condições que deflagram a desativação da situação de emergência e o consequente retorno às operações normais. Para que seja efetivo, o PRE deve: ❑ Ser apropriado ao tamanho e complexidade da organização; ❑ Ser revisado e atualizado periodicamente; ❑ Ser regularmente testado por meio de exercícios; ❑ Conter uma rápida referência aos detalhes de contato do pessoal relevante; ❑ Incluir listas de verificação e procedimentos relevantes a situações de emergência específicas; e ❑ Ser facilmente acessível a todo o pessoal relevante e a outras organizações, quando aplicável. No caso de aeroportos, para fins de preparação para lidar com emergências que possam ocorrer no sítio aeroportuário não é exigido um PRE, mas sim um PLEM (Plano de Emergências). Os requisitos específicos para a elaboração de um PLEM estão definidos do RBAC 153. Para acessar um exemplo de PLEM voltado a aeródromos com processamento anual de passageiros inferiores a 200.000, acesse: http://www.anac.gov.br/assuntos/setor-regulado/aerodromos/srea/downloads/plem- slsb-classe-i-simplificado-exemplo-fluxogramas-editaveis.doc Atenção! http://www.anac.gov.br/assuntos/setor-regulado/aerodromos/srea/downloads/plem-slsb-classe-i-simplificado-exemplo-fluxogramas-editaveis.doc http://www.anac.gov.br/assuntos/setor-regulado/aerodromos/srea/downloads/plem-slsb-classe-i-simplificado-exemplo-fluxogramas-editaveis.doc SGSO para Provedores de Serviços de Aviação Civil (PSAC) Módulo 4 – Política e Objetivos de Segurança Operacional 18 8 Documentação do SGSO Para a implantação de um SGSO, é preciso também que todos os requisitos, procedimentos, responsabilidades, processos e metodologias estejam devidamente documentadas e que os resultados desses processos estejam devidamente registrados. Para facilitar a comunicação, a manutenção e o gerenciamento internos do sistema, a organização precisa desenvolver um Manual de Gerenciamento da Segurança Operacional (MGSO). Vamos estudar os requisitos específicos deste manual no módulo 9 do curso. Por enquanto é importante apenas que você compreenda que a documentação e os registros do sistema são elementos que contribuem com o gerenciamento da segurança da sua organização. Os registros do SGSO devem incluir, por exemplo: o Relatos de perigos e ocorrências; o Avaliações de risco concluídas ou em andamento; o Relatórios das auditorias e investigações internas; o Evidências da promoção da segurança operacional; o Certificados dos treinamentos de segurança operacional; o Atas ou memórias das reuniões do CSO e GASO; o Indicadores de desempenho de segurança operacional e gráficos associados. A documentação do SGSO inclui ainda a guarda e manutenção dos registros que evidenciam a existência e operação contínua do SGSO. 9 Resumo Neste módulo vimos que o compromisso da alta direção da organização é de suma importância na implantação de um Sistema de Gerenciamento da Segurança Operacional (SGSO). Esse compromisso deve ser devidamente documentado e comunicado em toda a organização e deve ser refletido em objetivos que orientem os resultados de segurança operacional. Além disso, aprendemos que todos os gestores e demais funcionários tem um papel importante quando tratamos da segurança operacional e que as SGSO para Provedores de Serviços de Aviação Civil (PSAC) Módulo 4 – Política e Objetivos de Segurança Operacional 19 responsabilidades e atribuições dessas pessoas devem ser estabelecidas de maneira clara. Vimos também que é importante estar preparado para enfrentar as emergências que podem acontecer no dia a dia da organização. E por fim, que para implantar um SGSO é preciso documentar todos os seus processos e manter os registros associados a segurança operacional. No próximo módulo, vamos falar sobre o Gerenciamento de Riscos à Segurança Operacional. Atividade Chegamos ao fim deste Módulo. Vamos agora fixar o que aprendemos sobre Política e Objetivos de Segurança Operacional. Para tanto, retorne à página inicial do curso e realize o exercício, respondendo corretamente as questões. Até o próximo Módulo... SGSO para Provedores de Serviços de Aviação Civil (PSAC) Módulo 4 – Política e Objetivos de Segurança Operacional 20 10 Referências BRASIL. ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil). Instrução Suplementar nº 145.214- 001, Revisão B. Brasília: ANAC, 2018. BRASIL. ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil). Instrução Suplementar nº 119-002, Revisão D. Brasília: ANAC, 2012. ICAO (International Civil Aviation Organization). Safety Management Manual (SMM): Doc. 9859 AN/474. 4rd ed. Montreal: ICAO, 2018. Safety Management International Collaboration Group (SM-ICG). SM ICG SMS Evaluation Tool. SM-ICG, 2013. SKYBRARY. Safety Policy. SGSO para Provedores de Serviços de Aviação Civil (PSAC) Módulo 4 – Política e Objetivos de Segurança Operacional 21
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