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DOAÇÃO DE ÓRGÃOS E TRANSPLANTE HEPÁTICO LAYANE SILVA NOMENCLATURA POSSÍVEL DOADOR: lesão cerebral grave em ventilação mecânica. POTENCIAL DOADOR: quando abre o protocolo de Morte Encefálica (ME). ELEGÍVEL PARA DOAÇÃO: quando confirma o diagnóstico de ME. DOADOR EFETIVO: quando se inicia a cirurgia de remoção. DOADOR COM ÓRGÃOS TX: quando órgãos removidos são transplantados. QUEM SÃO? Os pré-requisitos incluem (1) coma de causa conhecida, (2) coma profundo, de grau 3 na escala de Glasgow, e (3) paciente no ventilador (sem respirar). ONDE ESTÃO? Em unidades que possuem ventiladores mecânicos - UTIs, emergências, salas de recuperação ou unidades de pronto atendimento (UPAs). COMO DETECTAR? Esses pacientes podem ser identificados por (1) via administrativa: controle diário das internações e laudos de TC, e (2) forma ativa: contato diário do coordenador com as unidades que podem gerar esses potenciais doadores, por visita, (mais eficaz) ou por telefone. I. DETECÇÃO DE POTENCIAIS DOADORES INSTITUIÇÕES ATUANTES: responsáveis por gerenciar esse processo. - Centrais Estaduais de Transplante: Centrais de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos (CNCDO), responsáveis pela política de trasplante em seu âmbito. - Organizações de Procura de Órgãos: responsável pela busca ativa por doadores. - Coordenação Hospitalar de Transplante: responsável pela procura de doadores no âmbito hospitalar. O processo doação-transplante consiste em um procedimento médico que visa transformar órgãos de uma pessoa falecida em órgãos transplantáveis A OMS, preconiza também a substituição de termos como: Abordagem: Entrevista familiar Doador cadáver: Doador falecido Morte cerebral: Morte encefálica Morte cardíaca: Morte circulatória Captação: Remoção, retirada ou extração de órgãos Captação: Procura ou obtenção de doadores Doador marginal: Doador limítrofe ou com critérios liberalizados TEMPOS DE ISQUEMIA: se iniciam na remoção do órgão e vão até o término do implante, devem ser minimizados para reduzir a lesão de isquemia e reperfusão e melhorar os resultados dos transplantes, podem ser divididos em: - Tempo de isquemia quente inicial: tempo entre o clampeamento da aorta, no caso do doador falecido, ou da artéria do órgão a ser removido, no caso de transplante com doador vivo, até o início do resfriamento do órgão com o começo da infusão da solução de preservação a 4ºC (0-10 min). - Tempo de isquemia fria: tempo entre o início da infusão da solução de preservação até a retirada do órgão da embalagem onde está preservado para o implante (0-40 h). - Tempo de isquemia quente final ou de anastomose: tempo entre a retirada do órgão da embalagem e início das anastomoses dos vasos sanguíneos até a liberação dos clampes nesses vasos, com a retomada da circulação no órgão (15-90 min). Esse processo inicia com a identificação de um potencial doador e finaliza com o transplante ou armazenamento dos diferentes órgãos ou tecidos removidos, pode durar de 12 a > 72 horas, envolvendo diversos profissionais. O PROCESSO DOAÇÃO-TRANSPLANTE Causas de não identificação: (1) desconhecimento do conceito de ME, (2) falta de credibilidade dos benefícios reais da doação e do transplante, (3) temor de complicações legais, (4) dificuldades logísticas para manutenção do potencial doador e para realização do diagnóstico de ME. BARREIRAS: destacam-se as falhas no reconhecimento ou no diagnóstico da ME, ou na entrevista familiar, ou na manutenção clínica do doador falecido ou contraindicações mal atribuídas, ou seja, inclui fatores como: (1) não identificação de potenciais doadores, (2) dificuldades no diagnóstico de ME, (3) problemas na manutenção do potencial doador, (4) entrevista com familiares mal conduzida e (4) avaliação inadequada do potencial doador. SISTEMATIZAÇÃO DA IDENTIFICAÇÃO DE POSSÍVEIS E POTENCIAIS DOADORES 1. Estabelecer locais em que possíveis doadores normalmente são identificados, todas as unidades hospitalares em que possa haver pacientes em ventilação mecânica invasiva, com ênfase em unidades de pacientes críticos. 2. Identificar e notificar a CIHDOTT e a CNCDO do Estado todos os possíveis doadores que preencham os seguintes critérios: ventilação mecânica; lesão encefálica catastrófica e irreversível de origem conhecida; escala de coma de Glasgow 3; ausência de > 1 reflexos de tronco; e todos os pacientes que preencham os critérios de ME. 3. Estabelecer a frequência mínima para realização da busca: 2 vezes ao dia. 4. Identificar lideranças da UTI e da coordenação de transplante que tenham condições de realizar a sistematização da identificação desses indivíduos - a busca ativa por possíveis doadores pode ser realizada pelo coordenador de transplante, ou, na sua falta, por profissional experiente no manejo do paciente neurocrítico. AVALIAÇÃO CLÍNICA E LABORATORIAL: visa afastar doença, infecciosa ou neoplásica, do potencial doador que possa ser transmitida aos receptores e analisar cada órgão passível de doação para determinar sua viabilidade e classificá-lo. - Tipagem sanguínea: grupo ABO. - Sorologias: anti-HIV, HTLV I e II, HBsAg, anti-HBc-Total, anti-HBS, anti-HCV, VDRL, doença de Chagas, Epstein-Barr, toxoplasmose e CMV - além de sorologia para plasmodium em regiões endêmicas para malária. - Dosagens bioquímicas ao menos a cada 24 h: hemograma completo, eletrólitos (Na, K, magnésio e fósforo), avaliação renal (ureia, creatinina e exame de urina), avaliação hepática (transaminases, GGT, bilirrubinas) e avaliação pancreática (amilase e glicemia). - Doador de pulmão: gasometria arterial com FiO2 a 100% e radiografia de tórax. - Doador de coração: troponina e CK-MB (a cada 24h), eletrocardiograma, ecocardiografia e cateterismo cardíaco (pacientes maiores de 45 anos). - Infecções: mínimo 2 hemoculturas e cultura de urina, além de culturas específicas de topografias com suspeita de infecção. - Neoplasias: beta-HCG em doadores em idade fértil do sexo feminino para avaliação coriocarcinoma. AVALIAÇÃO POR IMAGEM: ECG, Rx de tórax, ecografia abdominal, ecocardiografia, cinecoronariografia e fibroncoscopia. A morte encefálica é uma situação clínica em que, devido a uma lesão irreversível do encéfalo, o paciente apresenta: coma arreativo + apneia + ausência de reflexos do tronco cerebral, ou seja, há perda irreversível da consciência e da capacidade de respirar, esta é confirmada após: 2 testes clínicos com intervalo de tempo, dependendo da idade do potencial doador (6-48 horas), realizados por 2 médicos, não envolvidos com equipes de remoção ou transplante, e um deles neurologista ou neurocirurgião + 1 teste complementar que prove completa inatividade encefálica II. DIAGNÓSTICO DE MORTE ENCEFÁLICA a causa deve ser conhecida e bem documentada por exame de imagem ou laboratoriais para confirmar a irreversibilidade da doença. se for um quadro neurológico de origem não identificada ou gravidade não compatível com achados clínicos, NÃO iniciar protocolo para diagnóstico ME. CAUSAS DE ME: traumatismo crânio encefálico (TCE), acidente vascular encefálico (AVE), encefalopatia anóxica pós-parada cardíaca, tumores e infecções do SNC - estes podem atuar no aumento da pressão intracraniana, perda significativa de massa encefálica e/ou da interrupção do fluxo sanguíneo encefálico. MORTE ENCEFÁLICA x ESTADO VEGETATIVO PERSISTENTE: na ME, há completa e irreversível perda das funções cerebrais e do tronco encefálico, causando a morte do indivíduo, já, no estado vegetativo persistente, pode haver recuperação neurológica em menor ou maior grau. LAYANE SILVA em prematuros, esperar atingirem a IG de 37 semanas e aguardar mais 7 dias para iniciar o protocolo. sendo obrigatória por lei a notificação dos protocolos iniciados de ME à Central de Transplantes Estadual, mesmo que haja contraindicação à doação de órgãos. DIAGNÓSTICO DE ME: 1. Quais profissionais devem fazer o diagnóstico? O diagnóstico deverá ser feito por 2 médicos não membros das equipes de remoção e transplante, sendo 1 deles com título de especialistaem neurologia ou neurocirurgia. 2. Em quais pacientes o diagnóstico deve ser considerado? Considerar em pacientes com > 37 semanas de idade gestacional e maiores de 7 dias de vida, que estejam em coma GLASGOW 3 + PUPILAS FIXAS (sem fotorreação), em ventilação mecânica e que tenham a causa do coma bem definida. IMPORTANTE: o diagnóstico deve ser feito, independentemente da possibilidade de doação de órgãos! O diagnóstico compreende avaliação de pré-requisitos (paciente comatoso no ventilador, coma de causa conhecida - lesão estrutural irreversível), exclusão de fatores de confusão (hipotermia, drogas depressoras do SNC, alterações metabólicas ou endocrinológicas graves) e 2 testes clínicos (reflexo pupilar à luz, reflexo corneano, reflexo vestíbulo-ocular resposta à estimulação em área somática, reflexo oculocefálico, apneia), e uma confirmação gráfica através de 1ou mais exames complementares. 1. Escala de coma Glasgow: identificar precocemente pacientes em coma Glasgow 3 e pupilas fixas (sem fotorreação). 2. Conhecer a causa do coma, que deve ser irreversível. 3. Excluir os fatores de confusão: o exame clínico deve ser feito somente após a correção de alterações que possam mimetizar ME e respeitando o tempo de eliminação de sedativos, mesmo com exame complementar compatível com ME. - Sedação: suspender e aguardar 4-5 vezes a meia- vida para iniciar os testes clínicos. Sódio: manter > 115 e < 160 para diagnóstico de ME. Distúrbios ácido-base: manter pH ≥7,2, se houver distúrbio severo podem haver doenças potencialmente reversíveis que devem ser corrigidas antes de abrir o protocolo. Glicemia: abrir protocolo quando > 54-70 mg/dL e < 300-360 mg/dL, pois valores além desses limites podem alterar o sensório, prejudicando o exame neurológico. se houver impossibilidade de realização de um dos exames, cancela-se o protocolo. - Distúrbios hidroeletoíticos e metabólicos: distúrbios metabólicos graves (valores laboratoriais marcadamente desviados) como alterações glicêmicas, eletrolíticas (sódio, fósforo e cálcio), acidobásicas e insuficiência renal e hepática, podem ocasionar coma. - Temperatura: manter temperatura retal > 35 oC. - Estabilidade hemodinâmica: manter PAM > 60 mmHg e pressão sistólica > 90-100 mmHg. 4. Avisar a família da hipótese de ME e do protocolo que será realizado. 5. Abrir protocolo de ME e realizar os exames neurológicos sempre bilaterais. - Fotomotor: pares II e III (óptico - via aferente e oculomotor - via eferente), deve-se incidir a luz da lanterna no olho, observar tamanho, velocidade e miose pupilar - paciente em ME terá pupilas fixas. - Córneo palpebral: pares V e VIi (trigêmeo e facial), pega-se a gaze/algodão e coloca-se no olho do paciente - se ele fechar o olho o reflexo é positivo. - Óculo cefálico (olhos de boneca): o médico pega a cabeça do paciente e mobiliza-a lateralmente, caso o olho não sigao movimento, ou seja, continue para frente o reflexo é negativo. - Vestíbulo-coclear (calórico): pega-se 50-200 ml de água gelada e joga no ouvido, se o paciente não olhar com os 2 olhos, o reflexo é negativo. se essa gasometria estiver > 55 esse paciente não respirou, só acumulou CO2 (sem troca respiratória), também não há nesse achado o movimento respiratório espontâneo (difícil de perceber). se o paciente entrar em arritmia ou a PA começar a cair não se deve forçar o óbito, nesse momento, interrompe-se o procedimento e ele está positivo para ME. - Reflexo de tosse: pares IX, X e XII (glossofaríngeo, vago e hipoglosso), usa-se o tubo de intubação ou qualquer outro objeto para realizar um incomodo na garganta do paciente, se reflexo positivo, o paciente tenta tossir. - Teste de apneia: reflexo de bulbo, obrigatório, ocorre, primeiramente, a pré-oxigenação do paciente a 100%, com po2 > 200 na gasometria inicial, posteriormente, desconecta-o 8-10min do ventilador mecânico e colhe uma nova gasometria. 6. Notificar a CIHDOTT, OPO ou diretamente a Central de Transplantes Estadual sobre a abertura do protocolo. 7. Esperar entre 6-48 horas e repetir os testes clínicos (intervalo variável de acordo com a idade do indivíduo) - todos testes devem ser repetidos, inclusive a apneia. crianças < 1 ano devem fazer 2 EEGs como exame complementar. 8. Realizar o exame complementar, observando as peculiaridades da faixa etária, entre eles: arteriografia de 4 vasos, doppler transcraniano, EEG, cintilografia e angiotomografia. - Avaliação de fluxo sanguíneo: angiotomografia (usa contraste ou bomba de infusão de contraste), arteriografia (capta imagens dos vasos sanguíneos para verificar obstruções ou dilatações), doppler transcraniano e cintilografia (avalia fluxo sanguíneo nas artérias que nutrem o músculo cardíaco, detectando falhas na irrigação de regiões do coração). - Avaliação de função cerebral: eletroencefalograma (analisa a atividade elétrica cerebral espontânea, captada através de eletrodos colocados sobre couro cabeludo). 9. Comunicar o óbito à família, preencher Declaração de óbito se não tiver causa externa envolvida. III. ENTREVISTA FAMILIAR se não for autorizada a doação: A decisão sobre a doação é dos familiares de 1o ou 2o grau ou cônjuges, estes podem autorizar a doação na presença de 2 testemunhas durante a entrevista familiar, cujas pré-condições são: confirmação do diagnóstico de ME e comunicação prévia do diagnóstico de ME pelo médico plantonista ou assistente aos familiares. Assim, a entrevista visa atenuar a dor e consolar a família sugerindo transformar a tragédia da perda em um ato nobre de doação, e seu resultado depende de fatores como predisposição prévia, atendimento na internação e técnica e habilidades dos entrevistadores. - Comunicar a equipe responsável, que suspenderá a ventilação mecânica. - Evoluir no prontuário o resultado da entrevista. LAYANE SILVA se for autorizada a doação: - Comunicar a Central de Transplantes para encerrar o processo. - Preencher e ler o termo de autorização. - Coletar assinaturas dos familiares responsáveis e das testemunhas. - Enviar o termo de autorização para a Central de Transplantes. Características: atento para comunicações não verbais (postura corporal, contatos visuais e expressões faciais), garantir apoio emocional, possuir habilidades para estabelecer vínculo com a família (escutar, observar, questionar, interpretar e aceitar), estar seguro e passar segurança aos familiares. É o momento em que se concretiza morte do paciente para os familiares, tem como objetivos oferecer ajuda à família enlutada (acolhimento respeitoso, suporte emocional, diminuir a tensão do ambiente hospitalar, esclarecer dúvidas sobre ME, auxiliar nos trâmites do funeral) e a possibilidade da doação de órgãos como ato vonluntário. ENTREVISTADOR: profissionais da área da saúde capacitados para realizar a entrevista, preferencialmente, integrantes de Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT) ou Organização de Procura de Órgãos (OPO), devendo conhecer o processo de doação de órgãos e tecidos e esclarecer dúvidas. MOMENTO DA ENTREVISTA: deve acontecer somente após a comunicação do óbito pelo profissional médico onde se encontra o paciente, disponibilizando o tempo necessário para cada família assimilar a morte e tirar as dúvidas, iniciando a entrevista quando os familiares apresentarem condições emocionais para dialogar e autonomia para tomar decisões. CENÁRIO DA ENTREVISTA: o responsável pela abordagem deve avaliar cada caso detalhadamente, identificando suas características e dos familiares que possam facilitar ou atrapalhar a conversa, entre elas: identificar o familiar com maior poder de decisão e influência de cada núcleo familiar, saber o nome dos familiares e do doador e garantir um ambiente tranquilo e acolhedor. O consentimento familiar é a única forma de autorização para doação de órgãos no Brasil, tem-se que a doação de órgãos e tecidos de pessoas falecidas dependerá “exclusivamente da autorização do cônjuge ou parente maior de idade, obedecida à linha sucessória,reta ou colateral, até o segundo grau, subscrito por 2 testemunhas presentes na constatação da morte”. A avaliação clínica, laboratorial e de imagem do potencial doador visa (1) afastar qualquer doença do potencial doador que possa ser transmitida ao receptor (infecção ou neoplasia) e (2) determinar a viabilidade dos órgãos e tecidos. IV. AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DOADOR V. MANUTENÇÃO DO POTENCIAL DOADOR Deve ser realizada durante todo o processo (identificação do doador até ingresso no centro cirúrgico), visto que a ME implica na imediata e progressiva deterioração das funções orgânicas, além disso, a parada cardíaca por impossibilidade de manter os parâmetros hemodinâmicos ocorre em 24-72 horas, e deve ser evitada pelo monitoramento dos seguintes parâmetros: cardíaco contínuo, saturação de O2, PA, pressão venosa central, equilíbrio hidroeletrolítico, equilíbrio ácido-básico, débito urinário e temperatura corporal. Coração: infartos focais, edema e infiltrado de fibras musculares. Pulmões: perda de integridade do endotélio capilar pulmonar. Rins: necrose celular difusa. Fígado: por apresentar grande reserva fisiológica, é pouco acometido diretamente. Tem como objetivos gerais: manutenção do estado circulatório e metabólico ideais, avaliação e melhoria da função de cada órgão, maximização do número de órgãos para transplante e melhoria da qualidade do enxerto. CONSEQUÊNCIAS DA ME: causa alterações na fisiologia e bioquímica celular dos sistemas orgânicos, com repercussões clínicas importantes (instabilidade hemodinâmica, hipotermia, coagulopatia, distúrbios hormonais, hidroeletrolíticos e imunológicos), é um estado inflamatório que leva a perturbações celulares e moleculares, capazes de afetar a função dos órgãos potencialmente disponíveis para transplante. - Cardiovasculares: extremas elevações da pressão intracraniana, acompanhada da tríade de Cushing (bradicardia, hipertensão arterial e bradipneia) na tentativa de manter a perfusão cerebral, posteriormente, a falência desses mecanismo promove isquemia que, ao atingir a medula, interrompe a atividade vagal, levando a resposta autonômica simpática maciça de curta duração (tempestade autonômica), caracterizada por taquicardia, hipertensão, hipertermia e aumento do débito cardíaco. Por fim, há perda do tônus simpático, com profunda vasodilatação e depressão da função cardíaca, que podem progredir para assistolia em 72 horas, além disso, o aumento das catecolaminas + necrose de miócitos pode causar alterações de condução cardíaca e arritmias e gerar queda na produção de ATP, liberação de radicais livres e manifestações difusas como: - Pulmonares: há aumento da permeabilidade vascular, como resposta às alterações inflamatórias, pode evoluir para edema pulmonar neurogênico, além dsso, a insuficiência ventricular esquerda aguda e reposição volêmica excessiva aumentam a pressão atrial esquerda e a pressão da A. pulmonar, favorecendo transudação e edema. - Endócrinas: perda da capacidade de secreção de vasopressina (diabetes insipidus central), cursando com poliúria e espoliação de eletrólitos, aumento na secreção de renina e aldosterona (retenção de Na), perda do controle termorregulador do hipotálamo levando à hipotermia, disfunção na porção anterior da hipófise com decréscimo da secreção de outros hormônios (cortisol, insulina e hormônios tireoidianos). - Hepáticas: depleção dos estoques de glicogênio e redução da perfusão sinusoidal hepática - pode haver alterações das trasaminases e bilirrubinas. - Distúrbios da coagulação: a lesão do tecido cerebral libera tromboplastina tecidual e outros substratos ricos em plasminogênio que favorecem o desenvolvimento de CIVD. LAYANE SILVA retirar ou substituir sondas e cateteres inseridos em condições não ideiais. interromper tratamentos desnecessários. inserir linhas para monitorização de PA em MMSS. realizar sonda nasogástrica deve ser realizada para esvaziamento do estômago e prevenção de aspiração. realizar ecocardiografia para identificar anomalias estruturais que impossibilitem o transplante e estabelecer a fração de ejeção. realizar cineangiocoronariografia é capaz de detectar patologias que passam despercebidas por outros exames. utilizar a monitorização de parâmetros dinâmicos para avaliar a responsividade do doador a volume, como a variação respiratória da pressão de pulso arterial (Pp) e a variação da pletismografia de pulso (Pplet). realizar exames laboratoriais para controle de gasometria arterial, glicemia e eletrólitos a cada 6 horas,dosagem de creatinina, ureia, enzimas hepáticas, bilirrubinas, CKMB a cada 24h, e controle de hematócrito, hemoglobina, plaquetas, provas de coagulação basais se houver sangramentos. colher urocultura e 2 hemoculturas na abertura do protocolo do ME. radiografia de tórax com volume corrente de 12mL/kg deve ser realizada a cada 24h, ou antes se houver suspeita de piora clínica. CUIDADOS E MONITORIZAÇÃO: o potencial doador deve receber os cuidados de um paciente internado na UTI, devendo aferir: temperatura corporal central, FC por monitorização eletrocardiográficacontínua, PA por cateter arterial, pressão venosa central, saturação de oxigênio arterial e débito urinário. OBJETIVOS TERAPÊUTICOS: - FC: 60 a 120 bpm; - PA média: ≥65 mmHg e <95 mmHg; - PV central: 4-8 mmHg; - Débito urinário: 1 a 3 ml/kg/h; - Temperatura corporal: >35 °C; - PaO2: ≥ 90mmHg; - Saturação de O2 arterial: ≥95%; - PaO2: FiO2 > 300; - Fração de ejeção: >50%; - pH arterial: >7,2; - Glicemia: < 180mg/dl; - Sódio sérico: 130 a 150 mEq/l; - Vasopressores: Dopamina <10 μg/kg/min e Noradrenalina <10 μg/min CONTROLE TÉRMICO: há perda de perfusão arterial no hipotálamo e perda da capacidade de controlar a temperatura corporal, por isso, deve-se aquecer o potencial doador a > 35 ºC (ideal entre 36 ºC e 37,5°C) para prevenir hipotermia através do uso de mantas térmicas, aquecimento do ambiente e do leito, aquecimento de gases no ventilador mecânico e infusão de líquidos aquecidos a 43 ºC. - Locais de aferição: artéria pulmonar, esôfago, nasofaringe e membrana timpânica. - Hipotermia: condutas de reaquecimento, como irrigação gástrica e colônica com soluções cristaloides aquecidas e infusão de cristaloides em veia central a 150-200 mL/h, em 43 ºC. SUPORTE CARDIOVASCULAR E HEMODINÂMICO: deve-se manter a euvolemia e normotensão, otimizar o débito cardíaco a fim de garantir gradientes de pressão de perfusão e fluxo sanguíneo adequados para os órgãos com as menores doses possíveis de drogas vasoativas - avaliar volume (hipotensão), disfunção cardíaca e resistência vascular periférica (vasodilatação). OBJETIVOS TERAPÊUTICOS: - Fração inspirada de O2 < 0.40 - PaO2 ≥80 mmHg - SatO2 ≥95% - PaO2:FiO2 > 300 - PaCO2 de 35 a 40 mmHg - pH Arterial de 7,30 a 7,45 - Volume corrente de 6 a 8 mL/kg - PEEP 8 a 10 cm de H2O - Pressão de platô <30 cm H2O - Prevenção de atelectasias - Manutenção de PVC entre 6–8 mmHg - Manutenção de pressão capilar pulmonar entre 8–12 mmHg - Antibioticoterapia empregar medidas de toalete respiratório e recrutamento alveolar devem ser empregadas para diminuir o risco de atelectasias e infecções. SUPORTE RESPIRATÓRIO: deve ser utilizada ventilação protetora para todos os potenciais doadores com pulmões normais, a fim de evitar formação de atelectasias, facilita oxigenação, diminui o trabalho cardíaco, é sinérgico ao manejo de edema pulmonar e reduz a lesão pulmonar. SUPORTE HEPÁTICO: há mudanças hemodinâmicas agudas no fígado e aumento na produção de citocinas, para isso pode-se usar metilprednisolona. podem ocorrer taquicardia trasitória e hipertensão durante a incisão cirúrgica, que são os medulares que provocam franca estimulação simpática através de respostas vasoconstritoras e estimulação adrenal. controle da temperatura corporal deve ser feito pois há perda de calor por meio das grandes incisões. deve-se utilizar relaxante muscular se houver espasmos e reflexos musculares. manter administração de fluidos durante o ato cirúrgico pois há perda porevaporação e por sangramento decorrente da extensa dissecção dos tecidos com transecção de canais linfáticos e perda de fluidos do terceiro espaço. CONTROLE DA FUNÇÃO PANCREÁTICA: uso de baixas doses de vasopressores e controle glicêmico - a obesidade pode diminui a disponibilidade de órgãos em condições ideiais para transplante. REPOSIÇÃO DE FLUIDOS E CONTROLE DE ELETRÓLITOS: uso de soluções salinas para reposição hídrica e das perdas urinárias, anormalidades nos níveis de sódio, potássio, magnésio, cálcio e fósforo - recomendam-se dosagens eletrolíticas até a cada 6h e tratamento vigoroso das alterações para manter a homeostase do potencial doador. SUPORTE HORMONAL: alternativa nos casos de choque refratários às medidas de reposição volêmica, ao uso de vasopressores e nos casos de hiperglicemia, em função da falência do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal que ocorre após a ME e resulta na depleção das reservas de cortisol, hormônios da tireoide e vasopressina. REMOÇÃO DE ÓRGÃOS: na cirurgia de retirada de órgãos, o suporte cardiopulmonar deve ser máximo até que cada órgão seja preservado e resfriado, assim, a estabilidade hemodinâmica deve ser mantida durante o procedimento. avaliar a viabilidade dos órgãos (sorologia e outros exames, inclusive biópsia). enviar o material para a imunologia. marcar horário da cirurgia e comunicação para as equipes de remoção de órgãos e tecidos e do anestesista para manutenção hemodinâmica do doador na remoção. providenciar o deslocamento das equipes para o hospital do doador e determinar a forma de transporte, se aéreo ou terrestre. selecionar os receptores, se houver viabilidade para o transplante e comunicar as equipes vinculadas. Exige agilidade e organização para garantir rapidez após a autorização familiar nos procesos de cirurgia de remoção dos órgãos e entrega do corpo à familia ou liberação para o IML. Durante a fase de logística deve-se: VI. ASPECTOS LOGÍSTICOS REMOÇÃO APÓS ALOCAÇÃO: órgãos como fígado, coração pulmão e pâncreas devem ser comunicados as equipes antes da remoção, para que elas os removam e implantem, pois esses órgãos são alocados antes da remoção. REMOÇÃO ANTES DA ALOCAÇÃO: inclui rins, tecidos, córneas e pele, nesse caso, as equipes não necessitam ser comunicadas antes da remoção. em caso de transferência do doador para outro hospital para remoção de órgãos, atentar-se para: risco de instabilidade hemodinâmica e até de parada cardíaca, transtorno aos familiares e dificuldades na devolução do corpo. no centro cirúrgico, o coordenador confirma se é o doador, preenchimento completo do Protocolo de Morte Encefálica e Termo de Doação, ausência de contraindicação absoluta nos exames de laboratório e entrega do atestado de óbito ou solicitação de necropsia à família. Sequência de remoção: coração e pulmões, fígado, pâncreas, rins, enxertos vasculares, córnea, pele e outros tecidos. no final da remoção checar a reconstituição do corpo, entregar corpo ao necrotério, comunicar à família a liberação do corpo e agradecer a doação e informar à Central de Transplantes o término do processo. Após definidos o horário (depende da pressa da família, instabilidade do doador e disponibilidade de equipes de remoção) e local da remoção (recomenda-se que seja realizada no hospital do doador), órgãos e tecidos que serão retirados e as equipes designadas para a cirurgia, VII. REMOÇÃO DE ÓRGÃOS E TECIDOS É realizada pela Central de Transplantes do Estado, onde estão armazenadas as listas de espera, sendo os critérios estabelecidos pelo Sistema Nacional de Transplante, baseados na gravidade, compatibilidade imunológica e tempo de espera. VIII. ALOCAÇÃO DOS ÓRGÃOS E TECIDOS Os órgãos são transportados para os hospitais onde os receptores selecionados foram listados e estão sendo acompanhados. IX. TRANSPLANTE Após os transplantes, os pacientes são acompanhados no ambulatório pós transplante e os resultados são encaminhados a cada dois anos para a Central de Transplantes, que os remeterá ao Sistema Nacional de Transplantes (SNT), para recadastramento das equipes. X. ACOMPANHAMENTO Em resumo, o processo funciona da seguinte forma: o potencial doador é identificado pela busca ativa ou via administrativa, são feitos os testes obrigatórios (pares cranianos, apneia e exames complementares), aciona a Central Nacional de Transplantes, que vai realizar a captação dos órgãos e doar para o receptor. o primeiro transplante bem‑sucedido de um rim humano ocorreu em 1954. Início do século XX: Alexis Carrel preparou o cenário para implantação de órgãos em seres humanos, além da troca de pele e de tecido com o desenvolvimento das técnicas vasculares, , descrevendo a anastomose de vasos sanguíneos, possibilitando o implante de órgãos inteiros pela primeira vez. TRANSPLANTE HEPÁTICO envolvimento do canal biliar na colangite esclerosante primária determina o uso da coledocojejunostomia nos pacientes submetidos ao transplante de fígado. para a qual espera-se uma diminuição em função da vacina contra hepatite B que induz a formação de anticorpos que protegerão contra a exposição ao vírus da hepatite B - após transplante, observa-se uma erradicação da doença se acompanhado de terapia efetiva com agentes antivirais e globulina hiperimune. CIRROSE BILIAR PRIMÁRIA: doença hepática colestática autoimune, com lesão inflamatória nos canais biliares, e uma causa crônica da insuficiência hepática, caracterizada por marcadores autoimunes e resposta parcial aos imunossupressores - pode recorrer anos após o transplante, principalmente em mulheres. COLANGITE ESCLEROSANTE PRIMÁRIA: doença autoimune cuja frequência é maior entre os homens, progredindo para um quadro colestático associado à esclerose dos canais biliares intra e extra‑hepáticos, geralmente se associa à colite ulcerativa em 90% dos pacientes e à colangiocarcinoma em < 10% dos pacientes. DOENÇA HEPÁTICA ALCOÓLICA: o abuso crônico do álcool pode causar a fibrose do fígado, levando à cirrose com descompensação clínica, pode estar associada a outros distúrbios crônicos do fígado (Ex.: hepatite C crônica), é exigida a abstinência do álcool após o transplante e por cerca de 6 meses antes do procedimento. ESTEATO-HEPATITE NÃO ALCOÓLICA: há uma pidemia iminente de doença hepática associada a aumento da obesidade e síndrome metabólica no mundo, caracterizada por infiltração de gordura no fígado, com inflamação e subsequentes lesão e fibrose - podem recorrer após o transplante. ATRESIA BILIAR: indicação mais comum de transplante de fígado no paciente pediátrico, é uma preocupação no lactente com icterícia persistente após o nascimento, diagnosticada com biópsia do fígado e ausência de canal biliar extra‑hepático na laparotomia, é tratada com hepatojejunostomia (procedimento de Kasai), mas a colangite pós-Kasai e a ausência de crescimento indicam necessidade de transplante, no qual é necessária a derivação em Y de Roux para drenagem biliar do órgão transplantado. infecções no fígado, como colangite, podem ser exceções a regra. Critérios de Milão/Brasil: similar aos critérios de Milão, mas exclui a contabilização dos nódulos ≤ 2cm, ou seja, em pacientes com múltiplos nódulos, os nódulos com < 2 cm não serão contabilizados, assim, aumentando o n de pacientes. Deve-se analisar pacientes com doença hepática quanto as funções cardíaca, pulmonar e renal para determinar sua candidatura para transplante, exames por uma assistente social ou outro profissional da saúde mental para avaliação psicossocial e determinar a relação risco‑benefício da realização do transplante, mas existem contraindicações: - Relativas: infecções sistêmicas e considerações anatômicas (trombose da veia porta ou trombose completa do sistema portal). - Absolutas: (1) infecções bacterianas e fúngicas descontroladas, (2) insuficiência de outro órgão que não pode ser substituído ou sem expectativa de recuperação, (3) hipertensão portopulmonar quando as pressões da artéria pulmonar persistem > 50 mmHg na presença de resistência vascular pulmonar elevada,(4) síndrome hepatopulmonar quando a PaO2 não mostra aprimoramente com administração de 100% de oxigênio, (5) incapacidade de manter o órgão transplantado por causa do abuso continuado de drogas ou álcool ou da falta de compromisso com os imunossupressores, e (6) CHC metastático (o risco depende do tamanho e número de nódulos de CHC no fígado). CRITÉRIOS DE MILÃO: nódulo > 2 cm, sendo nódulo único < 5 cm ou < 3 nódulos de até 3 cm (cada) - pacientes com esses critérios representam risco de recorrência < 20%, sendo usados para definir candidatos aceitáveis para transplante. Ex.: em um paciente com 4 nódulos, sendo 3 nódulos de 3 cm e 1 nódulo de 1 cm, ele não seria incluído pelo Critério de Milão pois teria que ter no máximo 3 nódulos de até 3 cm, mas ele seria incluído pelos Critérios de Milão/Brasil (CMB), pois esse critério exclui a contabilização de nódulos < 2 cm, assim, consideraríamos apenas os 3 nódulos de 3 cm. II. CONTRAINDICAÇÕES desenvolvimento de esquemas de distribuição e a alocação dos pacientes na lista de espera tornou‑se baseada no binômio necessidade/gravidade. criação de técnicas para ampliar o pool de doadores, entre elas: transplante de fígado dividido (split liver), de fígados de doadores vivos, uso de doadores após a parada cardíaca e utilização de doadores com critérios estendidos. 1958: Francis Moore proferiu: "O transplante hepático é o tratamento de escolha para pacientes com cirrose e descompensação da doença, para aqueles com insuficiência hepática fulminante e com carcinoma hepatocelular." 1963: Thomas Starzl realizou o primeiro transplante de fígado humano em um paciente que sofria de atresia biliar, tinha coagulopatia e não sobreviveu à cirurgia, relatou que: "Nada daquilo que já havíamos realizado para avançar, tinha-nos preparado para a grande dimensão daquela tarefa. Várias horas foram gastas apenas na incisão e para se entrar no abdome. Toda e qualquer parte de tecido que era cortada continha pequenas veias sob um regime de alta pressão que era resultado da obstrução da veia porta devido a doença do fígado. Seus intestinos e estômago estavam comprimidos ao fígado numa massa de cicatriz sangrenta. Para tornar as coisas piores, [relacionado ao paciente] o sangue não coagulava" Anos 1980: ocorreram avanços com introdução clínica da ciclosporina para a imunossupressão no transplante de órgãos sólidos, bem como uso de tacrolimo. BRASIL: 1968: primeiro transplante de fígado realizado na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP), paciente mostrou uma sobrevida de 7 dias, em função do desenvolvimento de infecção e rejeição. 1988: Silvano Raia performou o primeiro transplante intervivos do mundo. Atualmente: 95% dos tranplantes são realizados pelo SUS, o número de doadores é de 13,2 por milhão de hbaitantes, sendo o maior sistema público de transplante do mundo. I. INDICAÇÕES O paciente poderia ser beneficiado com a substituição do fígado? O paciente pode suportar o desafio de uma cirurgia de transplante de fígado? Há insuficiência de um sistema de órgãos adicional? Com o tempo, as indicações foram expandidas para incluir qualquer paciente com risco de vida devido a insuficiência hepática crônica, doença hepática crônica com descompensação aguda, insuficiência hepática aguda e deficiência de enzimas - além de alguns pacientes com tumores hepáticos primários e, raramente, doença metastática.Para candidatura para transplante deve-se analisar fatores como: - comprometimento da função cardíaca ou pulmonar pode contraindicar o paciente como candidato a transplante. - a insuficiência de um sistema de órgãos adicional pode determinar a necessidade de transplantes combinados. LAYANE SILVA pacientes com doença hepática crônica em deterioração tendem a apresentar sinais e sintomas comuns, incluindo coagulopatia, trombocitopenia, perda de massa muscular com desnutrição, ginecomastia, ascite, varizes, encefalopatia e insuficiência renal, que podem causar complicações que envolvem risco de morte. pacientes com ascite são suscetíveis à peritonite bacteriana espontânea, que leva a sepse ou ao desenvolvimento de uma fístula peritoniopleural com comprometimento respiratório. Uma agudização da doença hepática crônica pode ser desencadeada por sepse, sangramento gastrointestinal ou insuficiência renal progressiva, comum em pacientes com doença de Wilson ou hepatite autoimune. erros inatos do metabolismo refletem a falha na produção de enzimas no fígado, são curados com o TxH pela substituição das células hepáticas que tem vias metabólicas competentes, sendo recomendado para doenças sem comprometimento do SNC. Fatores de risco para agressividade na recorrência: idade do doador, tratamento para rejeição aguda (esteroides adicionais ou medicamentos antilinfócitos) e nível de viremia da hepatite C no momento do transplante. INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA FULMINANTE: início agudo da insuficiência hepática com ausência de doença hepática prévia e presença de encefalopatia 8 semanas depois da icterícia (pode progredir para coma), coagulopatia, acidose metabólica e insuficiência renal - assim, há sucesso no transplante quando ocorre reconhecimento precoce e listagem para transplante, evitando edema cerebral, prevenção de infecção e transplante em tempo hábil, alternativamente, pode-se usar o dispositivo de assistência hepática ou transplante de hepatócitos em alguns casos. HEPATITE C E TRANSPLANTE DE FÍGADO: infecção crônica pelo vírus da hepatite C (VHC) é a indicação mais comum para transplantes, podendo ser dividido em 5 sorotipos (mais comum é o genótipo 1), causando um estado de lesão crônica se desenvolve no fígado, com progressão para cirrose e insuficiência hepática em 20% dos pacientes, que recorre após o transplante porque o vírus reside em outros tecidos. HEPATITE B: causa mais comum de doença hepática crônica nas regiões endêmicas (Ásia e África) e causa mais comum da morte decorrente da hepatite no mundo, incidência A decisão quanto a se um paciente é candidato a um transplante, e qual prioridade ele recebe, deve ser determinada pelo déficit relativo de fígados de doadores falecidos, com a evolução dos programas de transplante, os fígados foram alocados aos programas e equipes, e os centros de transplante selecionavam o receptor mais adequado para um doador, as listas de pacientes foram criadas e classificadas de acordo com o tempo de espera e dos órgãos oferecidos à medida que eles subiam para o topo da lista. O atual sistema de distribuição de fígados depende do nível da organização de aquisição local de órgãos, que são compartilhados em base nacional, assim, a prioridade do paciente na lista de espera é baseada em seu estado médico determinado pelo modelo de pontuação da doença hepática de estágio terminal (MELD), que reflete a probabilidade de morte dentro de 3 meses - essa pontuação atribui pontos que refletem a gravidade da doença hepática é baseada na seguinte fórmula, que envolve níveis de bilirrubina e creatinina e a razão normalizada internacional (INR): III. AVALIAÇÃO PRÉ-TRANSPLANTE pacientes com MELD alto no momento do Tx tem sobrevida pior após o Tx. regra “Share 35”: distribuição hepática regional deve ser feita para pacientes com a maior necessidade (MELD > 35), para diminuir o número de mortes na lista de espera. MELD: usada para determinar a distribuição de fígados levou a uma redução no índice de morte dos possíveis receptores na lista de espera, porque permite que os fígados sejam encaminhados aos pacientes mais graves. pacientes com MELD baixa (< 15) tem risco de morte durante a fila de espera é menor do que após o Tx, alocando o fígado a todos aqueles com pontuação mais alta na região antes de permitir o uso local em pacientes com < 15. pacientes mais doentes tem risco levemente maior de resultado pior após o TxH e de que aqueles relativamente saudáveis (MELD < 15) tem resultados piores com o Tx do que se permanecessem na lista de espera. - Exceções MELD: para permitir o transplante, uma exceção é aberta e pontos MELD adicionaissão atribuídos a esses pacientes em situações especiais, destas, as principais são carcinoma hepatocelular (alto percentual), trombose da artéria hepática (complicação comum e deletéria para um enxerto de TxH, ocorrendo dentro de 14 dias após o TxH). "EXCEÇÕES DO MELD" CHILD-PUGH: é usada para avaliar o prognóstico da doença hepática crônica, deve-se lembrar do mnemônico BEATA - Bilirrubina, Encefalopatia, Albumina, Tempo de protrombina e Ascite, assim, classifica-se como Child A se ≥ 5, B se ≥ 7 (se ≥ 8 indica transplante) e C se ≥ 10. A fila de transplantes era cronológica até 2006, ou seja, os pacientes eram classificados por “ordem de chegada” independente do risco de mortalidade, posteriormente, implantou-se o MELD, que avalia a mortalidade em 3 meses, ou seja, a cada 3 meses, o MELD deveria ser repetido por esgotamento de seu “prazo de validade”, visto que o risco do paciente morrer varia com o tempo. Em 2019, o MELD-Na pois notou-se que a hiponatremia era um fator predisponente de mortalidade nesses pacientes, assim, foi incluído o cálculo do sódio junto ao MELD. Houve a alocação de acordo com grupo ABO (uma lista para cada tipo sanguíneo), e a implantação da pontuação especial (20-24-29 pontos a cada 03 meses), ou seja, se o paciente tem alguma condição especial ele entra com 20 pontos, evolui para 24 e depois para 29 a cada 03 meses. Quanto à indicação e a transplantabilidade, tem-se que há pacientes com indicação de Tx mas que não serão capazes de receber o Tx por estarem em quadros muito graves, por isso, o cálculo do MELD deve ser atualizado sempre (de acordo com sua pontuação) - o paciente elegível para Tx, deve ter Child B ≥ 8 e/ou MELD > 15. quanto maior a bilirrubina e mais grave encefalopatia: maior o grau de insuficiência hepática; quanto menor a albumina: menor o grau de produção de proteínas e maior o grau de insuficiência hepática. quanto maior o alargamento de RNI: maior o risco de sangramento, maior a mortalidade e piora da disfunção hepática. quanto maior o grau de ascite: maior o grau de insuficiência hepática – paciente com ascite aumenta 2 pontos na classificação Child-Pugh. pode-se usar bypass venovenoso, no qual o circuito de perfusão do desvio é colocado na V. porta e V.cava inferior (infra‑hepática) do hospedeiro e retornado à circulação venosa central para manter a estabilidade vascular durante a fase anepática. O fígado é colocado de maneira ortotópica: na sua posição nativa dentro do abdome, assim, o procedimento envolve a remoção do fígado do receptor (difícil pela hipertensão portal e da coagulopatia que acompanham a doença hepática crônica) e sua substituição por um enxerto total ou parcial, tem-se que, após a mobilização do fígado, a via biliar é dividida e clampes vasculares são colocados na Vv. cava supra e infra- hepática, porta e A. hepática iniciando a fase anepática (período em que o novo fígado é suturado e o paciente está sem fígado), posteriormente há: - Técnica convencional: anastomose das veia cava supra‑hepática, cava infra‑hepática, porta e artéria hepática em sequência. - Piggyback: técnica que deixa a veia cava do receptor intacta e envolve anastomose entre a veia cava supra‑hepática do doador e a confluência das Vv. hepáticas, assim, a veia cava infra‑hepática do doador é suturada, pode encurtar a fase anepática e tem potencial de estabilidade cardiovascular melhor, porque deixa o fluxo da V. cava intacto. IV. TÉCNICAS CIRÚRGICAS LAYANE SILVA técnica piggyback é necessária para pacientes que recebem o fígado de doador vivo ou transplante de fígado dividido, quando a V. cava do doador não está disponível. essa técnica foi criada para dispensar o uso de circulação extracorpórea, deixando a VCI (veia cava inferior) para o órgão que irá ser transplantado. A fase anepática termina com reperfusão do enxerto, influxo do sangue portal e drenagem pela V. cava, depois o influxo arterial é restabelecido e a drenagem biliar é realizada por meio de coledococoledocostomia ou coledocojejunostomia. Para situações de maior urgência, pode-se lançar mão de outras técnicas além da técnica de piggyback que é mais factível em situações não urgentes, entre elas: I. TRANSPLANTE DE FÍGADO COM FÍGADO BIPARTIDO (split liver): identificação de unidades separadas dentro do fígado com suprimento sanguíneo, drenagem venosa e drenagem biliar únicos, possibilita o uso de 1 fígado de doador falecido aplicado para 2 receptores - normalmente, divide-se entre 1 criança (segmentos 2 e 3 ou 2, 3 e 4 + tronco celíaco que supre a A. hepática esquerda, ramo esquerdo da V. porta e V. hepática esquerda) e 1 adulto (segmentos 1, 4, 5, 6, 7 e 8 ou 1, 5, 6, 7 e 8 + V. cava e A. hepática direita do doador). em geral, o paciente fica um período sem o fígado, o que se torna um risco alto em pacientes com MELD e Child elevado, pelo maior risco de sangramento e aumento de acúmulo de toxinas, por isso, a cirurgia precisa ser rápida. TRANSPLANTE ORTÓPICO: nessa técnica, um enxerto substitui o órgão do receptor, tem sido melhorado com o uso de cirurgias experimentais, mas há dificuldade em função do clampeamento da VCI pela sua localização retrohepática e pela interrupção do retonro venoso do corpo durante a fase anepática. TRANSPLANTE HETEROTÓPICO: o paciente recebe o transplante e mantém o órgão que está doente, adaptando o segundo órgão (Ex.: paciente fica com 2 fígados), mas há uma dificuldade de implementação desta técnica. http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Doen%C3%A7a_hep%C3%A1tica_cr%C3%B4nica&action=edit&redlink=1 LAYANE SILVA o TXH intervivos teve origem no Brasil, rapidamente ganhou adeptos em todo o mundo, consiste em retirar um segmento ou segmentos de um doador aparentado sadio para transplante no receptor com doença hepática terminal - todas essas situações são regulamentadas pela Central Nacional de Transplantes de Órgãos, do Ministério da Saúde. II. TRANSPLANTE HEPÁTICO REDUZIDO: técnica de diminuição do enxerto para beneficiar crianças, ou seja, reduz o fígado de um adulto para colocar em uma criança com atresia das vias biliares. III. TÉCNICA DOMINÓ: utiliza-se um fígado de um receptor doente com síndrome metabólica de complicações tardias em um paciente terminal com taxa de sobrevida mínima, salvando a vida dele e alagando a taxa de sobrevida, posteriormente, esse receptor torna-se doador para doentes em estágio terminal (efeito dominó). IV. TRANSPLANTE INTERVIVOS: realiza-se uma segmentectomia hepática no doador para doentes em estágio terminal, ou seja, o doador tira um segmento e doa para um familiar (com grau de parentesco comprovado) com receptividade compatível (comprovada por diversos testes, como tipagem ABO e imunológico), que deve ser legislada e analisada por uma Comissão de Ética. utilizam-se os segmentos 2 e 3 (linha A) para lactentes e crianças até 5 anos. A operação no doador pode ser realizada por meio de uma incisão na linha média, deve- se dividir o ligamento redondo, que será retraído e mobilizado, seccionar o ligamento triangular esquerdo, individualiza-se a A. hepática esquerda e a V. porta esquerda, ligar e dividir ramificações da V. porta esquerda para os segmentos 1 e 4 e individualizar a V. hepática esquerda, desenhar uma linha de ressecção da orda direita da veia hepática esquerda, atravessando 1 cm à direita do ligamento falciforme até a placa hilar, acomodada acima da V. porta esquerda enquanto entra no segmento 2‑3, seccionar o parênquima hepático com grapeamento e ligadura dos vasos e canais biliares de maior calibre, posteriormente, elevar o segmento 2-3 superiormente e dissecá-lo do segmento 1, deixando o segmento 2-3 isolado com a A. hepática esquerda, V. porta esquerda e V. hepática esquerda, junto com o canal do segmento 2-3. V. COMPLICAÇÕES Os primeiros sinais de que um fígado recém‑implantado está funcionando são melhora da acidose metabólica, normalização dos parâmetros de coagulação e produção de bile em minutos após a reperfussão. - Disfunção primária: condição em que o fígado transplantadonão funciona, rara (< 2%) e fatal sem retransplante, nesse momento, o paciente manterá a disfunção hepática e pode haver uma piora momentânea da função hepática pela adaptação do enxerto. ultrassonografia com Doppler pode ser útil para eliminar a trombose vascular. trombose venosa portal pode causar sangramento gastrointestinal ou coagulopatia e exigir terapia para a hipertensão portal. se precoces representam inflamação ou edema na anastomose e são autolimitadas. estenose anastomótica é tratada com dilatação e colocação de prótese mediante CPRE ou via trans‑hepática percutânea. - Tromboses vasculares: ocorre principalmente na artéria hepática própria, em 2-4% dos procedimentos de transplante adultos, com incidência de 3-4 vezes mais alta em crianças, e, se ocorrer nos primeiros 14 dias após colocação do enxerto, o paciente voltará a fila de transplantes de acordo com aqueles critérios especiais. - Complicações cirúrgicas imediatas: inclui infecção e rejeição, visto que a anastomose vascular pode provocar sangramento e choque hemorrágico. - Complicações biliares (fístula biliar): há alto risco pois a via biliar pode estenosar por ser muito fina (0,5-0,6 cm), pode ser observada logo depois do transplante, ou mais tardiamente, reflete o suprimento sanguíneo comprometido do canal biliar do doador ou receptor. - Outras complicações: sangramento, produção inadequada de fatores de coagulação (função inicial ruim) e reposição inadequada dos fatores no momento do transplante. A necessidade de reoperação em um paciente é determinada por estabilidade cardiovascular, função hepática, presença da síndrome do compartimento abdominal (que pode se manifestar por insuficiência renal aguda ou progressiva) e o total dos produtos sanguíneos usados. A necessidade de imunossupressão diminui com o passar do tempo e a rejeição crônica é incomum, assim, o tratamento inclui uso combinado do inibidor da calcineurina (tacrolimo ou ciclosporina), esteroides (metilprednisolona) e um agente antiproliferativo, cujas complicações incluem HAS, DM e efeitos neurológicos (Ex.: convulsões). VI. IMUNOSSUPRESSÃO ÉTICA E TRANSPLANTE: Equidade: imparcialidade na seleção do receptor Justiça: retribuir ao indivíduo os seus direitos Beneficência: o transplante deve representar um benefício ao paciente Utilidade: fazer o melhor uso de um recurso escasso.
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