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1 UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCO NA INDÚSTRIA METAL MECÂNICA José Jari Martins Orientador: Prof. Uerley Magalhães Franchi Resumo Muitos são os riscos nas quais os trabalhadores estão expostos dentro da indústria metalúrgica e metal mecânica. Relacionar os riscos o qual é exposto um trabalhador da indústria metal mecânica, não é uma tarefa fácil, devido à grande variedade de segmentos deste tipo de atividade. O objetivo deste trabalho é mostrar, através de técnicas já conhecidas, como identificar e classificar os riscos, seu potencial para afetar o trabalhador. Também mostrar exemplos de APR que podem ser utilizados para minimizar ou eliminar o risco e garantir a integridade física do trabalhador. Também será visto, a relação dos riscos com as normas regulamentadoras bem como as recomendações das mesmas. Apesar de toda a tecnologia desenvolvida nas indústrias em geral, ainda existem muitos riscos e muitas exposições dos trabalhadores aos perigos. Por isso a importância cada vez maior de haver profissionais buscando a formação na área de segurança e área médica. Palavras-Chaves: Análise Preliminar de Risco. Normas Regulamentadoras. Metal mecânica. 2 ABSTRACT Many are the risks at which workers are exposed within the metallurgical and metalworking industry. Relating the hazards which an employee of the metalworking industry is exposed to is not an easy task due to the wide variety of segments of this type of activity. The objective of this work is to show, through already known techniques, how to identify and classify the risks, their potential to affect the worker. Also show examples of APR that can be used to minimize or eliminate risk and ensure the worker's physical integrity. It will also be seen, the relation of the risks with the regulatory norms as well as the recommendations of the same ones. Despite all the technology developed in industries in general, there are still many risks and many exposures of workers to hazards. Therefore, the increasing importance of professionals seeking training in the area of safety and medical area. Key Words: Preliminary Risk Analysis. Regulatory Standards. Metal mechanics. José Jari Martins Orientador: Prof. Uerley Magalhães Franchi 3 1 INTRODUÇÃO Após a revolução industrial, os acidentes nas indústrias se intensificaram devido a modernização das máquinas. Com o advento da máquina a vapor e da eletricidade, houve um significativo aumento de produtos industrializados. Os trabalhadores para sustentarem suas famílias passavam muitas horas em seus locais de trabalho chegando ao esgotamento físico e mental, devido ao pouco salários que recebiam. No Brasil não foi diferente. Não havia muita preocupação com o trabalhador e sua integridade física. Somente a partir de 1934 inicia-se um projeto de lei para prevenção de acidentes do trabalho. Em 1943 o governo estende as outras classes operários as medidas de proteção ao trabalho, sendo que neste ano o ministério do trabalho lançou as bases da Campanha Nacional de Prevenção de Acidentes do trabalho. A medida que as indústrias evoluíram tecnologicamente, exigindo maior capacitação do trabalhador, aumentaram também os riscos do trabalhador aos perigos inerentes aos processos produtivos. Com esta exposição aos riscos, vem também o aumento significativo dos acidentes. Foi necessário então, criar medidas que oferecessem ao trabalhador maior segurança e reduzissem o mesmo aos riscos. Em 1978 foram aprovadas as Normas Regulamentadoras (NR), que tem como objetivo assegurar que as empresas e empregados, busquem garantir a segurança e a integridade física nos ambientes de trabalho. Além disso, instituem- se os procedimentos básicos de boas práticas trabalhistas, no que diz respeito a aspectos técnicos da saúde. Na indústria metalúrgica e metal mecânica, muitos são os acidentes ainda computados devido aos riscos e exposição do trabalhador, seja em máquinas ou em outros processos produtivos. É de fundamental importância a aplicação dos procedimentos das normas regulamentadoras, afim de que os trabalhadores não sejam expostos aos riscos, e os perigos aos acidentes sejam extintos ou amenizados. Os acidentes mais comuns que lideram o ranking de acidentes de trabalho segundo o Ministério da Previdência Social são: Quedas, choques contra objetos, golpes provocados por ferramentas, cortes e fraturas. São distúrbios físicos que afetam diversos trabalhadores, famílias e empresas, seja por negligência, más 4 condições ou dificuldade em cumprir ou exigir protocolos importantes, como por exemplo o uso do EPI correto. Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego MTE, todos os anos, são registrados mais de 700 mil casos de acidentes de trabalho, somente no Brasil. Os acidentes do trabalho, geram despesas e prejuízos tanto para o empregado como para o empregador e ao mesmo tempo para o Governo Federal, que anualmente, gasta mais de R$ 70 bilhões com as custas de acidentes de trabalho. Frente a esta situação, o governo federal criou em 2011, uma nova Política Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho, na qual o foco é a prevenção, onde três ministérios foram envolvidos para promover ações em conjunto. O ministério do Trabalho, Previdência e Saúde. Infelizmente as análises apontadas pelas empresas ainda são muito frágeis e falhas, apontando para o trabalhador as razões dos acidentes e justificando como falhas humanas. Por isso a importância de saber o que ocorre e o que pode ocorrer em um sistema produtivo, afim de que se possa fazer uma boa Análise Preliminar de Riscos, para solucionar problemas e proteger a vida e a saúde ocupacional do trabalhador. 2 DESENVOLVIMENTO 2.1 O Surgimento dos Conceitos de Segurança no Trabalho O surgimento dos conceitos de segurança segundo relatos em diversos artigos relacionados a história, tem origem nos primórdios dos tempos. De acordo com professor Cleber de Souza pinheiro, na civilização Greco- Romana, Aristóteles cuidou das enfermidades dos mineiros e tentava evitá-las. Aproximadamente seis séculos antes de Cristo, Hipócrates (pai da medicina) identificou a origem das doenças relacionadas ao trabalho, com as minas de estanho. Surge então uma correlação de uma doença natural relacionada com o ambiente laboral. Alguns séculos depois, em Roma, questões relacionadas com a saúde do trabalhador começam a ser mais notadas. No ano de 1700, Dr. Bernardino Ramazzini (o pai da medicina do trabalho) publicou sua obra “As doenças dos trabalhadores”. Esta obra reúne as doenças do trabalho de 52 diferentes profissões. A importância de sua obra resulta da criação 5 do Collegium Ramazzini, em 1982, uma organização internacional que reúne as maiores autoridades mundiais em saúde do trabalhador. Em seguida surge a Revolução Industrial na Inglaterra, o surgimento de equipamentos e máquinas mais produtivas como as tecelagens movidas a vapor. Neste período, o adoecimento dos trabalhadores passa a ser relacionado com os processos de produção. A mecanização da produção, aliada a muitas horas de trabalhos entre outros fatores, agrava a quantidade de trabalhadores com doenças relacionadas ao trabalho, bem como os tipos de acidentes. Houve então uma preocupação do governo inglês em relação a preservação da saúde e proteção dos trabalhadores, especialmente aos menores de idade. No Brasil, já no final do século XIX, iniciavam-se a mecanização industrial. E não eram diferentes os problemas encontrados das indústrias europeias. Em 1919 é criada a OIT (Organização Internacional do Trabalho), onde o Brasil é membro fundador. Neste mesmo ano é criada a lei n° 3724, de 15/01/19 – PrimeiraLei brasileira sobre acidentes de trabalho. No ano de 1941 empresários brasileiros fundam no Rio de Janeiro a (ABPA) – Associação Brasileira para Prevenção de Acidentes. E em 1943 foi criada a Consolidação das Leis do Trabalho – (CLT). O trabalhador passa a ter um amparo jurídico da prática efetiva de prevenção no Brasil. A partir da década de 50, houve um acréscimo na industrialização no Brasil. Assim com a pressão dos movimentos sindicais, surgem os primeiros médicos de empresas, com a responsabilidade de manter nas linhas de produção, os trabalhadores mais saudáveis. Porém, muito pouco se fez nesta época em termos de prevenção de acidentes; A maior preocupação das empresas era a perda de tempo e os prejuízos causados pelos acidentes ao empregador. Somente nos anos 60 é que começaram a se tornar mais evidentes os conceitos de prevenção e higiene ocupacional. Isto dado ao fato do Brasil ter ganho a classificação de “Campeão Mundial de Acidentes de Trabalho”, no início dos anos 70. No final desta década, o Brasil com a imagem desgastada nacional e internacionalmente, inicia-se uma legislação ampla voltada na prevenção de acidentes. No ano de 1978, no Brasil, através da Portaria nº 3.214 de 08/06/1978, aprovou as Normas Regulamentadoras (NR) do Capítulo V, Título II, da Consolidação das Leis do Trabalho, relativas à segurança e medicina do trabalho. 6 As Normas Regulamentadoras vêm sendo aprimoradas e atualizadas até os dias de hoje. Atualmente são um total de 36 normas que abrangem todos os segmentos laborais da sociedade. Em razão do grande aumento da produção, do desenvolvimento de novas tecnologias, ainda há um grande número de acidentes no Brasil, que causam não somente prejuízos enormes para o trabalhador como também para o governo e para as indústrias. Segundo pesquisa e divulgação da (Gazeta do Povo, reportagem de Mauri Konig, Parte 2: 6 de julho de 2015), dos 5 milhões de acidentes de trabalho ocorridos no Brasil entre 2007 e 2013, 45% acabaram em morte, invalidez permanente ou afastamento temporário do emprego. Neste período, o desembolso do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) pagou aos acidentados R$ 58 bilhões. Na legislação vigente, as empresas têm uma grande responsabilidade nos custos do acidentado. Empresas negligentes, que não cumprem com das normas de segurança e as normas regulamentadoras, são condenadas as devolver o valor pago pelo INSS para as vítimas de acidentes do trabalho e seus familiares. 2.2 Conceitos e Definições de Risco e Acidente do Trabalho É importante o conhecimento dos conceitos e definições de Acidente e Risco de acidente do Trabalho, conforme definição do Tribunal Superior do Trabalho (TST). A definição de acidente, nos permite saber as consequências seja para o trabalhador, seja para a empresa ou para os órgãos governamentais. 2.2.1 Acidentes do Trabalho Conforme dispõe o art. 19 da Lei n° 8.213/91, “Acidente de Trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária da capacidade para o trabalho”. Ao lado da conceituação acima, de acidente de trabalho típico, por expressa determinação legal, as doenças profissionais e/ou ocupacionais equiparam-se a acidentes de trabalho conforme os incisos do art. 20 da Lei n° 8.213/91. 7 I - Doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério da Previdência Social; II - Doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente, constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério da Previdência Social. É importante entendermos as diferenças entre as doenças profissionais e doenças do trabalho, pois elas têm efeitos legais e de direitos segundo as leis trabalhistas. A Doença Profissional, também conhecida de Doença Ocupacional, ocorre em decorrência a contínua exposição do trabalhador aos chamados agentes de risco, que podem ser, físicos, químicos, biológico ou ergonômicos. Estes agentes são responsáveis por desencadear ou agravar doenças no organismo do trabalhador. A doença profissional é aquela adquirida em consequência do exercício do trabalho. Por exemplo, uma pessoa que trabalha com digitação e desenvolve problemas e dores no antebraço devido ao movimento repetitivo exigido pela ocupação, se enquadra na doença profissional. É a doença relacionada com determinada profissão segundo constante da relação do Anexo II do Decreto 3.048. As Doenças do Trabalho são resultados das condições especiais de um ambiente profissional e que não possuem relação em lei. Esse grupo de doenças não são reconhecidas pela Previdência Social, por não possuírem um agente causador comum. Isso quer dizer que, no geral, o trabalhador é acometido pela doença devido a um fator particular que se relaciona com a função, mas não é uma regra. Com isso, de acordo com o Ministério do Trabalho e da Previdência Social, é preciso comprovar de que o desencadeamento ou agravamento da doença está relacionado com o trabalho. 2.2.2 Risco de Acidente do Trabalho É importante classificar e relacionar os riscos, afim de reduzir ou eliminar os perigos dos acidentes. De acordo com a Portaria de n° 3.214, de 1978, do Ministério do Trabalho, consolida uma série de normas regulamentadoras relativas à medicina e à segurança no trabalho, com o objetivo de ´preservar tanto 8 trabalhadores quanto seus respectivos empregadores. De acordo com a portaria, os riscos de acidentes de trabalho, podem ser classificados em tipos diferentes. Os Riscos de acidentes podem ser considerados como qualquer fator que coloque ou venha colocar o trabalhador em exposição de vulnerabilidade e que possa afetar a sua integridade física ou psíquica. A exemplo disso podemos citar a utilização de máquinas e equipamentos sem proteção ou a sua utilização inadequada, expondo o trabalhador a um risco de acidente. Os tipos de risco classificados de acordo com o Ministério do Trabalhos são os seguintes: - RISCOS ERGONÔMICOS – Quaisquer fatores que possam interferir em características psicofisiológicas do trabalhador, causando-lhe algum desconforto ou afetando diretamente a sua saúde. A exemplo disso podemos citar levantamento de peso excessivo de trabalho, repetitividade, postura inadequada de trabalho, etc. - RISCOS FÍSICOS- São considerados agentes de riscos físicos, as variadas formas de energia a que possam expor-se os trabalhadores, como, por exemplo, ruído, radiações ionizantes e não ionizantes, vibrações, calor, frio, pressão, etc. - RISCOS QUÍMICOS- São substâncias, compostos ou mesmo produtos que possam penetrar pela via respiratória dentro do organismo dos trabalhadores, nos formatos de fumos, gases, poeiras, neblinas, vapores ou névoas, dentre outros, absorvidos pelo organismo por meio da pele ou pela ingestão. - RISCOS BIOLÓGICOS- São considerados agentes de risco biológico os vírus, fungos, parasitos, bactérias, entre outros, a que os trabalhadores possam se contaminar quanto da natureza de sua atividade e consequente exposição. 2.2.3 Definição de Risco e Perigo Existe diferentes definições e interpretações a respeito dos termos Perigo e Risco. A importância nas definições e diferenciação nos permite fazer um trabalho melhor na análise preliminar de risco. Vamos entender algumas definições. Segundo a norma regulamentadora n°10 do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), determina o termo Perigo como ’situação ou condição de risco com probabilidade de causar lesão física ou danosà saúde das pessoas por ausência de medidas de controle’. E esta mesma norma define Risco como “capacidade de uma grandeza com potencial para causar lesões ou danos à saúde das pessoas”. 9 Segundo a Occupational Health and Safety Assessment Series (OHSAS) 18001:1999, Perigo é toda fonte geradora, situação ou ato com potencial para provocar danos humanos em termos de lesão ou doença. O Perigo pode ser um produto químico, uma máquina rotativa, uma superfície quente, um chão escorregadio, uma área energizada, entre outros. Perceba que todos esses casos representam situações potenciais para acontecer uma lesão. São situações perigosas. Contudo, essa lesão só acontece se houver exposição do trabalhador a esses Perigos. Essa exposição tem a ver com a proximidade do trabalhador à fonte de perigo. Tomemos como exemplo uma máquina rotativa operando sem proteção. Ela é uma fonte de perigo. O Risco define-se como a probabilidade de ocorrência a determinada situação ou evento potencialmente perigoso à integridade física do trabalhador, as instalações e/ou aos equipamentos do ambiente de trabalho, em decorrência da efetividade e exposição ao perigo. Portanto se não houver aproximação do trabalhador a fonte de perigo não haverá Risco de qualquer dano sobre ele. Um exemplo que podemos citar seria o que acontece com uma superfície quente. Ela é uma fonte de perigo. Enquanto não houver aproximação de trabalhadores à superfície quente não há nenhum risco de acidente. Mas no momento em que há essa aproximação, aumenta-se a exposição e o trabalhador fica sob risco. Se pensarmos em uma linha cronológica, primeiro surge o Perigo para em seguida, se houver exposição, surgir o risco. 2.2.4 Medidas de Controle para Redução do Risco Hierarquia de controle é a ordem que deverá ser seguida para definir o controle de um determinado risco. Quando falamos em controle de risco automaticamente vem à mente fornecer Equipamento de Proteção Individual (EPI), isso é um erro comum praticado nas empresas. Quando muitos pensam em Equipamento de Proteção Coletivo (EPC). Conhecendo as diferenças entre perigo e risco, e sabendo que o risco depende da exposição do trabalhador ao perigo, podemos controlar os riscos de duas formas: eliminando o perigo ou reduzindo a exposição do trabalhador ao mesmo. 10 Segundo a OHSAS 18001, as medidas de controle de riscos devem seguir a seguinte sequência hierárquica: • Eliminação; • Substituição; • Controles de Engenharia; • Sinalização / alertas e/ou controle administrativos; • Equipamentos de Proteção Individual - EPI. Se analisarmos profundamente estas medidas de controle sugeridas pela OHSAS 18001, perceberemos que elas se resumem em atuações para eliminar o perigo ou limitar a exposição a ele. O quadro abaixo (Fig. 01), mostra a hierarquia do controle de risco a ser empregado. Fig. 01 - Hierarquia de controles. Fonte: NIOSH (www.cdc.gov/niosh/) A norma regulamentadora de n° 9 também estabelece uma hierarquia de medidas de controle para redução dos riscos no ambiente laboral. A NR9 estabelece a obrigatoriedade da elaboração e implementação, por parte de todos os empregadores e instituições que admitam trabalhadores como empregados, do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), visando à preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores, através da antecipação, reconhecimento, avaliação e consequente controle da ocorrência de riscos ambientais existentes ou que venham a existir no ambiente de trabalho, tendo em consideração a proteção do meio ambiente e dos recursos naturais. O item 9.3.5.2 desta norma, estabelece o estudo, desenvolvimento e implantação de medidas de proteção coletiva e deverá obedecer à seguinte hierarquia: a) medidas que eliminam ou reduzam a utilização ou a formação de agentes prejudiciais à saúde; b) medidas que previnam a liberação ou disseminação desses agentes no ambiente de trabalho; a) medidas que reduzam os níveis ou a concentração desses agentes no ambiente de trabalho. http://www.cdc.gov/niosh/ 11 1) ELIMINAÇÃO: Significa extinguir o risco através de uma medida de retirar uma máquina substituindo-a por outra que não ofereça o risco, ou alterando um processo. Um exemplo são as prensas excêntricas muito utilizadas na fabricação de peças estampadas. Esta máquina era causadora de muitos acidentes com mutilação e perda de membros, dentro da indústria. Conforme estabelecido na NR12, Anexo VIII, este tipo de máquina somente pode operar mediante as orientações especificadas nesta norma. 2) REDUÇÃO: reduzir o risco a níveis aceitáveis de tal forma que não comprometa a saúde física e mental do trabalhador. Exemplo: reduzir o número de máquinas em um determinado setor para diminuir o ruído; 3) ENGENHARIA: controlar os riscos na concepção do projeto de engenharia. Além de prevenir o risco e muitas vezes conseguir alternativas no projeto para eliminar o mesmo, nesta fase do processo os custos se tornam menores do que ter que, após a confecção do equipamento ter que remediar com medidas corretivas. Exemplo: - Colocar proteção nas partes móveis das máquina e equipamentos; - Enclausurar equipamentos; 4) ADMINISTRATIVO: este é o risco que nos exige maior cuidado e atenção, uma vez que depende do comportamento das pessoas em atender as normas e sinalizações. Dentre as atribuições do tipo de controle dos riscos administrativo citamos os seguintes: Elaborar a Análise Preliminar de Risco (APR), Elaborar Permissão de Trabalho, Treinamentos e conscientização, Placas de advertência, Programa de Proteção Respiratória (PPR), Programa de Controle Auditivo (PCA), Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) exigido pela NR-9. 5) EPI: fornecer o Equipamento de Proteção Individual (EPI) é assumir que o risco existe e que o mesmo não está sob controle. Quando o risco é assumido, o fornecimento dos EPIs por parte do empregador é obrigatório, assim como a utilização dos mesmos pelo operador, segundo a NR-6. 2.2.5 Análise Preliminar de Risco (APR) Segundo Zocchio (2000), a Análise Preliminar de Riscos (APR), teve origem na área militar com aplicação inicial na revisão de sistemas de mísseis. O objetivo é determinar os riscos e medidas preventivas no início de um processo ou produto antes que entrem em operação, e que estas medidas sejam aplicadas na fase de 12 projeto e desenvolvimento. Tudo o que puder ser identificado como risco de acidente ou de doença ocupacional nesta fase deve merecer atenção, para que medidas preventivas adequadas possam ser tomadas e evitar que riscos venham a ser criado nos ambientes de trabalho. A APR é uma prática voltada à prevenção de acidentes do trabalho por meio da constatação e da eliminação dos riscos. De fato, essa análise está baseada em um estudo prévio e minucioso de todas as fases da tarefa a ser executada, com a intenção de detectar perigos reais. A APR precisa ser revisada constantemente, pois as condições ambientais e estruturais também são mutáveis. Além disso, a análise preliminar de riscos é obrigatória em uma série de normas de segurança e nas as normas regulamentadoras. O objeto da APR pode ser a área, sistema, procedimento, projeto ou atividade. Possui uma característica que é a necessidade da equipe multidisciplinar, onde os membros da equipe devem dispor de experiência em segurança e saúde ocupacional e pelo menos um que seja conhecedor do processo envolvido. Recomenda-se que seja realizada por uma equipe estável, contendo entre cinco e oito pessoas. Em seguida é feita uma Avaliação Qualitativa dos riscos associados, identificando-se, desta forma, aqueles que requerem priorização. Além disso, são sugeridas medidas preventivas e/ou mitigadoras dos riscos a fim de eliminar as causas ou reduzir as consequências dos cenários de acidente identificados.Segundo De Cicco e Fantazzini (1994), o desenvolvimento de uma APR necessita dos seguintes procedimentos: a) Definição do grupo que participará da análise; b) Subdivisão da instalação em diversos subsistemas; c) Definição das fronteiras do sistema e de cada subsistema; d) Determinação dos produtos e atividades com possibilidades de gerar acidentes; e) Realização da APR propriamente dita: preenchimento das planilhas de APR em reuniões do grupo de análises; f) Elaboração do relatório final; g) Acompanhamento da implementação das recomendações. Conforme Sherique (2015), a APR determina a frequência de risco e gravidade, conforme a Tabela 01 no qual podem ser observadas as categorias de frequência. https://conect.online/blog/quais-sao-as-principais-causas-de-acidentes-de-trabalho-descubra/?utm_source=blog&utm_campaign=rc_blogpost https://conect.online/blog/normas-de-seguranca-do-trabalho/?utm_source=blog&utm_campaign=rc_blogpost 13 Descrição A B C D E IV Catastrófica Provoca morte ou lesões em uma ou mais pessoas, gera danos irreparáveis aos equipamentos e as situações ou valores resultantes dos dados ficam acima dos máximos aceitáveis. M M NT NT NT III Crítica Provoca lesões moderadas, causa danos severos aos equipamentos ou instalações e as situações ou os valores resultantes dos danos não superam os níveis máximos aceitáveis M M M NT NT II Marginal Provoca lesões leves, gera danos leves aos equipamentos ou instalações e as situações ou os valores resultantes dos danos não superam os níveis médios aceitáveis T T M M M I Desprezível Não provoca lesões ou as lesões não são suficientes para gerar afastamentos e não gera danos aos equipamentos ou instalações. T T T T M Categoria de frequência Categoria Severidade Tabela 04 – Categorias do risco quanto à frequência e severidade. Fonte: Adaptado de Sherique, (2015) Categoria de Risco Descrição Tolerável (T) Não há necessidade de medidas adicionais Moderado (M) Risco mantido sob controle. Aplica-se uma nova análise para avaliar as alternativas disponíveis para e obter uma redução adicional de riscos. Não Tolerável (NT) Risco não tolerável com os controles existentes. Métodos alternativos devem ser considerados para reduzir a probabilidade de ocorrência e as suas consequências Tabela 03 - Categoria de Risco. Fonte: Adaptado de Sherique, (2015) Categoria Tipo Descrição I DESPREZIVEL A falha não irá produzir danos funcionais ou lesões, nem contribuir com riscos ao sistema II MARGINAL A falha irá degradar o sistema, porém sem danos maiores ou lesões. Pode ser compensada ou controlada adequadamente. III CRÍTICA A falha irá causar lesões, degradação do sistema, danos substanciais ou irá causar dano inaceitável (exige ações corretivas imediatas). IV CATASTRÓFICA A falha irá causar lesões, mortes ou perdas totais ( com degradação severa no sistema). Tabela 02 - Classificação da Severidades. Fonte: Adaptado de Sherique, (2015) Categoria Denominação Faixa de Frequência Descrição A EXTREMAMENTE REMOTA Menor que 1 ocorrência em 100.000 anos Conceitualmente possível, porém extremamente improvável e ocorrer. Sem referências históricas nos bancos e dados. B REMOTA Ocorrência de 1 evento entre 100 e 100.000 anos. Já pode ter ocorrido algum evento histórico, porém não esperado que ocorre durante a vida útil do empreendimento C POUCO PROVÁVEL Ocorrência de 1 evento entre 30 e 100 anos. Possível de ocorrer durante o período de vida útil. D PROVÁEL Ocorrência de 1 evento entre 1 e 30 anos. Mais de uma ocorrência esperada para a vida útil. E FREQUÊNTE Mais de um evento por ano Ocorrência esperada diversas vezes ao longo da vida útil. Tabela 01 - Categoria de Frequência. Fonte: Adaptado de Sherique, (2015) Os cenários de acidente, são classificados em categoria de severidade conforme Tabela 2, estes dados são qualitativos e fornecem indicação da severidade esperada de ocorrência para cada um dos cenários identificados. Segundo Sherique (2015), o risco, é dividido em três categorias, admitindo ser Tolerável Moderado e Não tolerável, como aparece na Tabela 3. 14 A partir da relação entre os Quadros 1, 2 e 3 é gerada a matriz de riscos, conforme Tabela 4, onde M representa moderado, T representa tolerável e NT não tolerável. 2.2.6 Frequência e Gravidade dos Riscos Ocupacionais Conforme o professor Neverton Hofstadler Peixoto (2011), são as seguintes definições, quanto aos parâmetros de análise de frequência e gravidade dos Riscos Ocupacionais: 1 - Coeficiente de Frequência - C.F. Significa o número de acidentes com afastamento, que possa ocorrer em cada milhão de horas/homens trabalhadas. 2 - Coeficiente de gravidade - C.G. Significa o número de dias computados por acidentes com afastamento em cada milhão de horas/homens trabalhadas. O coeficiente de gravidade é calculado pela fórmula: Não se conta o dia do acidente (vide definição de dias perdidos); o C.F. é apresentado com 2 casas decimais; dias debitados são encontrados na NBR 14280. 2.2.7 Como Elaborar uma APR – Passo a Passo A elaboração de uma Análise Preliminar de Risco (APR), tem suma importância por que as consequências determinam as medidas de prevenção de possíveis acidentes. Segundo o “Blog de Segurança do Trabalho”, os passos para uma boa elaboração de uma APR são os seguintes: 1° Passo – Conhecer a área de trabalho e as atividades que serão executadas durante a realização do trabalho determinado. 2° Passo – Realizar entrevistas com os supervisores ou encarregados responsáveis pela coordenação e desenvolvimento do trabalho. 3° Passo – Anotar detalhadamente, cada etapa desde o início até a conclusão do trabalho. Pode-se utilizar modelos de APR já existentes para facilitar o trabalho. Exemplos da Tabela 6 e 7. 4° Passo – Após a coleta e análise de todas as informações, parte para a elaboração da APR. C.F. = Nº de acidentes com afastamento x 1.000.000 Horas/homem trabalhadas C.G. = (dias perdidos + dias debitados) x 1.000.000 Horas/homem trabalhadas 15 Página 01 de 02 Data: 00/00/2000 Área: Descrição do serviço: LOGO ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCOS - APR Horário : Período de Serviço: ETAPAS DO TRABALHO RISCOS MEDIDAS PREVENTIVAS E PROTETIVAS RESPONSÁVEIS * Responsável pelo trabalho deverá assegurar que todas as pessoas envolvidas receberam orientações referentes a esta Análise de Riscos NOME LEGÍVEL CHAPA/ID FUNÇÃO RESPONSÁVEIS EXECUTANTES DA TAREFA * Responsável pelo trabalho deverá assegurar que todas as pessoas envolvidas 5° Passo – De posse dos dados, analisa-se os riscos e as consequências de cada etapa do trabalho. Assim como, as ações de controle dos riscos identificados e os procedimentos de segurança. 6° Passo – Antes da aprovação e implantação da APR é importante uma revisão geral do conteúdo com os supervisores e encarregados, buscando averiguar as informações descritas, assim como, a melhoria da APR. 7° Passo – Assegurar que todos os trabalhadores envolvidos tenham o pleno conhecimento do conteúdo da APR e que recebem as devidas orientações e treinamentos, referente à a Análise Preliminar de Risco (APR). No caso de haver alguma alteração na execução doas atividades do trabalho, é necessário atualizar também a APR. Modelo de planilha de uma Análise Preliminar de Risco (APR) Tabela 5 – Fonte: adaptado do site www.blogsegurancadotrabalho.com.br Tabela 6 – Fonte: adaptado do site www.blogsegurancadotrabalho.com.br As planilhas de Análise Preliminar de Risco (APR), podem mudar de acordo com a necessidade da empresa ou até mesmo conforme os riscos a serem analisados. Muitas empresas estão elaborandosoftwares aplicativos que facilitam os cálculos de frequência e gravidade e adaptam-se a vários segmentos de trabalho. Existem outras formas de Análise de risco tais como o sistema HAZOP. O termo HazOp origina-se do inglês Hazard and Operability Study. Também conhecido como “Estudo de Perigos e Operabilidade”, o HazOp é uma técnica projetada para identificar perigos que possam gerar acidentes nas diferentes áreas http://www.blogsegurancadotrabalho.com.br/ http://www.blogsegurancadotrabalho.com.br/ 16 da instalação, além de perdas na produção em razão de descontinuidade operacional (SERPA, 2001a). 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS Nos dias de hoje já se fala na indústria 4.0, que é a quarta geração desde a revolução industrial, e com toda a tecnologia empregada, ainda existe um número considerável de acidentes com trabalhadores, provenientes pela falta de insegurança, negligência, exposição ao perigo, entre outras tantas causas. Através deste estudo, observo que ainda temos um caminho longo a percorrer, afim de que tenhamos maior segurança dentro das indústrias em geral. A abordagem comparativa desde quando houve as primeiras preocupações com a segurança dos trabalhadores, é um importante referencial de o quanto já se avançou neste caminho, porém com o aumento da produção, também houve um aumento significativo dos riscos oferecidos. Vemos que a medida que há um avanço tecnológico, outros sistemas e estudos estão sendo criados com a finalidade de reduzir e até eliminar os riscos e por consequência os acidentes. A técnica de Análise Preliminar de Risco (APR) apresentada neste trabalho, é uma das ferramentas que apresenta um excelente resultado em sua aplicação, para redução e até eliminação dos riscos em potencial. O fato de ter que pesquisar por aplicações das técnicas da Análise Preliminar de Risco no segmento industrial, também abriu o entendimento para a eficácia de sua aplicação em diversos outros segmentos, tais como nas áreas civil, mineração, eletroeletrônica e até mesmo em ambientes administrativos. Também foi visto que existe outras ferramentas que são tão úteis quanto a APR e efetivas em sua aplicação, como exemplo a HAZOP. Sendo assim, concluímos o quão importante é a busca por ferramentas que auxiliam na redução dos riscos e por consequência dos acidentes dentro das indústrias. Tanto quanto são os estudos e pesquisas por ferramentas do tipo APR e HAZOP, são também as atitudes dos empresários e profissionais de saúde e segurança. Os acidentes ocupacionais, causam um grande dano na saúde ocupacional do trabalhador, como também um grande prejuízo a indústria, e também para os órgãos governamentais. 17 REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. NR-12 – Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos. 2011. BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. NR-10 – Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade.2016. GLOSSÁRIO, Linhas 18;22. BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. NR - 9. Programa de Prevenção de Riscos Ambientais. In: Segurança e Medicina do Trabalho. São Paulo: Atlas, 2013. Apostila de Ferramentas de Análise de Risco. UFAL, Universidade Federal de Alagoas – CETEC, Centro de Tecnologia. Análise Preliminar de Risco em uma Indústria Metalúrgica. XXXVII Encontro Nacional de Engenharia de Produção. Joinville, SC, Brasil, 10 a 13 de outubro de 2017. BRASIL. ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 14280. Cadastro de acidente do trabalho -Procedimento e classificação,2001. Chibinski Murilo, Introdução a Segurança do Trabalho. Colégio Técnico Industrial de Santa Maria. RS,2011, pág. 16-18. Peixoto, N. H. Segurança do Trabalho. Escola Técnica Aberta do Brasil. PR,2011, pág. 21-22. Pinheiro, Prof. Cleber de Souza. Apostila Curso Técnico Profissionalizante Segurança do Trabalho. INSTITUTO FORMAÇÃO. 2012, pág. 3 Ministério do trabalho e Emprego, Secretaria de Inspeção do Trabalho. Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho. GUIA DE ANÁLISE ACIDENTE DE TRABALHO.2010, pág. 6-26 Ruppenthal, Janis Elisa. Gerenciamento de Riscos. Colegio Tecnico Industrial de Santa Maria. RS, 2013, pág. 23,36,61. Neto, Nestor Waldhelm. História da Segurança do Trabalho. Blog Segurança do Trabalho. Disponível em https://segurancadotrabalhonwn.com/historia-da-seguranca-do-trabalho/. Acesso em 02 de novembro de 2017. Konig, Mauri. ACIDENTES DE TRABALHO NO BRASIL. Gazeta do Povo. Disponível em http://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/especiais/acidentes-de-trabalho-no- brasil/perdas-humanas-em-cifras-bilionarias.jpp. Acesso em 10 de outubro de 2017. Lobo, Rafael. Diferença entre Doença Profissional e do Trabalho. Blog Conceito Zen. Disponível em http://www.conceitozen.com.br/diferenca-entre-doenca-profissional-e-do- trabalho.html. Acesso em 11 de outubro de 2017. https://segurancadotrabalhonwn.com/historia-da-seguranca-do-trabalho/ http://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/especiais/acidentes-de-trabalho-no-brasil/perdas-humanas-em-cifras-bilionarias.jpp http://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/especiais/acidentes-de-trabalho-no-brasil/perdas-humanas-em-cifras-bilionarias.jpp http://www.conceitozen.com.br/diferenca-entre-doenca-profissional-e-do-trabalho.html http://www.conceitozen.com.br/diferenca-entre-doenca-profissional-e-do-trabalho.html
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