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PESQUISA DE MARKETING OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM > Identificar diferenças entre as condições em que uma amostra é plausível ou não de um censo. > Reconhecer o processo de elaboração de uma amostragem, dadas suas diferenciações. > Analisar as diferentes técnicas de amostragem e as condições de uso para cada uma delas. Introdução A realização e divulgação de pesquisas é um fato corriqueiro. Em jornais e revistas, por exemplo, frequentemente nos deparamos com reportagens estruturadas em função de dados estatísticos coletados em pesquisas dos mais diversos temas. São matérias sobre saúde, esporte, educação, transporte, etc. No entanto, no campo da governança pública, esses dados coletados são fundamentais, por exemplo, para se detectar um problema e, assim, embasar o desenvolvimento de novas políticas públicas. Na publicidade, o uso de pesquisas também é marcante para traçar o comportamento e a preferência dos consumidores sobre determinado produto. Amostragem: concepção e procedimentos Clarisse de Mendonça e Almeida Quando lidamos com questões relativas à pesquisa e à estatística, duas pala- vras sempre estão presentes: amostragem e censo. Você sabe a diferença entre elas? Sabe em qual contexto cada uma dessas palavras é utilizada? Ao longo deste capítulo, identificaremos os principais elementos que diferem os dois conceitos, perceberemos o momento para se aplicar a técnica de amostragem e conhece- remos como se dá o processo de elaboração de uma pesquisa por amostragem e as principais técnicas envolvidas. Amostra e censo Vivemos na chamada Sociedade da Informação (CASTELLS, 1999). Diversos pesquisadores reconhecem esse período (iniciado no século XX) como aquele em que a informação ocupa lugar central na vida de todos. Um dos traços marcantes desse cenário é o grande volume de informações sendo produ- zidas e compartilhadas pelos usuários via internet e em uma velocidade e intensidade nunca antes vistas. A informação assume lugar central na vida social, cultural e política dos indivíduos. O conceito de Sociedade da Informação foi referenciado pela pri- meira vez por Fritz Machlup em 1962, mas se tornou popular com as obras de Manuel Castells. O conceito defende a ideia de que, com a internet e o desenvolvimento de tecnologias digitais, especialmente no início do século XX, mergulhamos em um cenário em que “[...] a geração, o processamento e a transmissão de informação tornam-se a principal fonte de produtividade e poder [...]”, conforme destacado no livro A Era da informação: economia, sociedade e cultura (CASTELLS, 1999, p. 21). Isso geraria uma nova economia, que se organiza principalmente por meio de redes empresariais e comunicacionais. É nesse contexto de múltiplas e variadas informações circulantes — ve- rídicas ou não — e divulgadas por diferentes canais e fontes, que a busca por dados confiáveis se torna ainda mais importante. Então, as pesquisas ganham espaço e relevância. A credibilidade que têm, por apresentar dados e análises, as colocam em local de destaque. No jornalismo e na publicidade, é muito comum encontrarmos o uso da pesquisa para validar e dar mais veracidade a uma informação. Os dados, geralmente divulgados por canais oficiais e seguros, alimentam a produção de reportagens sobre o comportamento dos indivíduos. Amostragem: concepção e procedimentos2 No cenário atual, os resultados de pesquisas são cada vez mais valoriza- dos, pois carregam o teor da veracidade e da confiabilidade. E, sendo assim, tornam-se mais evidentes e populares conceitos como amostra e censo. Mas qual seria a diferença entre esses dois termos? Para começar, precisamos entender que uma pesquisa se inicia em uma etapa anterior à pesquisa, à coleta e à análise de dados propriamente ditos. A etapa do planejamento é muito importante na medida em que nela se escolhe entre realizar a coleta por meio da técnica de amostragem ou de censo, dois tipos principais de pesquisa, entre outros pontos. Do contrário, sem o planejamento adequado, corre-se o risco de não se alcançar os obje- tivos pretendidos. Há diferenças nem sempre nítidas entre censo e amostra. Você saberia identificá-las? Aplicamos a técnica de amostragem naqueles casos em que o universo de atingidos é tão amplo e vasto que seria impossível alcançar a todos. Sendo assim, define-se um universo de entrevistados seguindo procedimentos estatístico-matemáticos, tornando possível a obtenção de respostas confiáveis ou aquilo que chamamos de amostra representativa. Essa parcela de atingidos (a amostra) representa o mais fielmente possível o grupo todo. No caso de uma pesquisa por amostra, tiramos conclusões sobre o todo a partir de um universo definido, não sendo necessário analisar todos os integrantes desse universo amplo para se chegar a conclusões. Para ilustrarmos a situação da amostra, podemos pensar no seguinte exemplo. Bolfarine e Bussab (2005) compararam a técnica da amostra ao de um cozinheiro verificando a temperatura de uma sopa na panela. Para saber se a sopa está quente, ele retira uma pequena amostra com uma colher, então tira as suas conclusões sobre o prato como um todo: se está quente ou não. No entanto, se o cozinheiro não mexer bem a sopa, de modo a igualar a temperatura no volume todo, talvez tire uma conclusão equivocada sobre o todo. Essa é a mesma lógica das pesquisas por amostragem. Amostragem: concepção e procedimentos 3 Na medida em que nos debruçamos no tema da pesquisa por amos- tragem, indagamo-nos sobre como é possível entrevistar uma parcela definida e limitada de pessoas e a partir daí gerar resultados expressivos, confiáveis e científicos. Nesse caso, o pesquisador precisa definir qual técnica de amostragem será usada de modo a se alcançar uma amostra probabilística que traga resultados consistentes, gerando possíveis interferências. Outro termo que ouvimos muito no campo da pesquisa é população. Chamamos de população os elementos pertencentes a um grupo. A popu- lação representa aquelas pessoas com as mesmas características e que consistem no público-alvo da nossa pesquisa e foco do nosso experimento. Quando selecionamos uma parcela de indivíduos dessa população-alvo (um subconjunto dentro do universo maior), damos, assim, o nome de amostra. E nesse sentido, o arcabouço amostral consiste nos itens que identificam a nossa amostra. Um arcabouço amostral é uma representação dos elementos da população-alvo. Consiste em uma lista ou conjunto de instruções para identificar a população-alvo. Exemplos de arcabouço amostral são listas telefônicas, listagem de associados de alguma entidade comercial ou o cadastro de clientes de uma empresa (ZAM- BERLAN, 2008, p. 34). Uma amostra precisa ter a capacidade de gerar estimativas que correspon- dam à realidade de toda a população, apresentando um menor erro amostral possível e uma maior precisão nas estimativas. Chamamos de erro amostral a diferença existente entre observar uma amostra e um universo todo. Há uma diferença que precisa ser considerada. Se observássemos a população inteira, chegaríamos a um valor real, mas não é o caso quando optamos por pesquisar uma amostra. Em uma pesquisa sobre obesidade, por exemplo, se somássemos o peso de todos, chegaríamos a um valor provavelmente diferente daquele que alcançaríamos observando apenas uma amostra. O correto, nesse caso, se for possível, é selecionarmos uma amostra cuja diferença entre o valor alcançado e o valor da totalidade (se todos fossem pesquisados) seja a menor possível. A boa amostra permite a generalização dos resultados dentro de limites aceitáveis de dúvidas. Sendo assim: Amostragem: concepção e procedimentos4 O propósito da amostra é o de fornecer informações que permitam descrever os parâmetros do universo, da maneira mais adequada possível. A boa amostra permite a generalização dos resultados dentro de limites aceitáveis de dúvidas (BOLFARINE; BUSSAB, 2005, p. 14). Todavia, com relação ao termo censo,o utilizamos quando é possível analisar todos os componentes desse universo. Em um grupo pequeno, por exemplo, é perfeitamente possível se realizar um censo. Sobre o método, assim define Sass (2012, p. 133): Um sinônimo de censo é o termo recenseamento, mais comumente aplicado para fazer referência à população de pessoas, caracterizado como um conjunto de procedimentos operacionais com o objetivo de coletar, sistematizar e divulgar dados demográficos, econômicos e sociais da população (constituída por todos os habitantes de um país ou uma região) em um momento ou vários momentos especificados. O censo, ou recenseamento, faz um levantamento de todos os indivíduos do grupo que se quer pesquisar. No entanto, a amostragem considera um grupo menor, mas representativo do todo. Essa técnica tende a ser um pro- cesso mais econômico, viável e rápido do que o censo, que é mais custoso e moroso para ser realizado. Se, por exemplo, nossa população-alvo da pesquisa for funcionários de um determinado setor de uma empresa e todos forem pesquisados, podemos dizer que fizemos um censo. Um dos campos que mais investem em pesquisas por amostragem e censo é a Educação. Nas últimas décadas, investiu-se na realização de pesquisas que embasassem e justificassem a criação de políticas públicas e reformas educacionais com base nos dados coletados. Esses estudos permitem, por meio da análise de indicadores simples ou complexos, por exemplo, detectar problemas de fluxo escolar, analfabetismo etc. (GATTI, 2004). O censo escolar, realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), é o principal instrumento de coleta de informações sobre o Ensino Básico. O objetivo é produzir um retrato da realidade educacional brasileira e, assim, traçar políticas públicas. Outro exemplo conhecido de pesquisa é o censo populacional reali- zado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que tem o objetivo de medir o número de pessoas no Brasil e identificar caracte- rísticas importantes como sexo, raça e idade. No entanto, mesmo nesse caso, nem todas as pessoas que residem no Brasil são entrevistadas. Geralmente, uma a cada dez pessoas recebe a visita do recenseador. Usa-se uma abordagem Amostragem: concepção e procedimentos 5 por amostra em que se entrevista parte da população — em média, um a cada domicílio recebe um recenseador. As pesquisas de intenção de votos é outro modelo conhecido que segue a mesma lógica. Em ambas as pesquisas citadas, a parcela entrevistada é suficiente para que se tenha um panorama, um retrato de uma realidade. Sendo assim, dizemos que a pesquisa alcançou uma parcela representativa do todo ou, ainda, que representou uma microrrepresentação do todo, de acordo com Heleno Bolfarine e Wilton O. Bussab, no livro Elementos de amostragem. É importante destacar que há vantagens e desvantagens no uso de pes- quisas por amostragem na comparação com o censo. Quando a população é pequena ou as informações são fáceis de serem conseguidas, por exemplo, é conveniente realizarmos o censo ao invés da pesquisa por amostragem. Isso, porque a amostragem sempre apresenta uma margem de erro maior do que no caso do censo. Se acontecer de o seu público-alvo ter um perfil bem heterogêneo, os seus resultados podem ser equivocados, e a precisão, nesses casos, cai. No caso de um público muito heterogêneo, é conveniente entrevistar mais pessoas. Vale lembrar que um processo por amostragem não é obtido por meio de opinião, influências e conhecimentos do pesquisador sobre um fato. Para Guerra (2006, p. 43), “[...] a amostra não se constitui por acaso, mas em função de características específicas que o investigador quer pesquisar”. Sendo assim, é preciso ser transparente com relação aos meios, à escolha e à técnica que foram utilizados, empregar corretamente a técnica da amostragem, ser capaz de analisar os dados coletados e apontar possíveis desvios e erros no processo. Elaboração da amostragem Usamos uma pesquisa por amostragem, como vimos, quando não há possi- bilidade de se alcançar todos os envolvidos — na impossibilidade de se fazer o censo — sendo ainda uma saída mais rápida e viável economicamente, ou, ainda, quando preferimos trabalhar com um grupo pequeno, de modo a aprofundar melhor nossos questionamentos e resultados. Para esses casos, selecionamos uma amostra, na qual aplicaremos nossa pesquisa. Para o campo das Ciências Sociais, dizemos que a pesquisa por amos- tragem se relaciona à necessidade de compreensão sobre um determinado fenômeno social próprio de uma parte do universo — da amostra (BARBETTA, 2012). Tal demanda exige o desenvolvimento de um plano amostral em que possamos determinar o tamanho da amostra e o tipo de amostragem a serem Amostragem: concepção e procedimentos6 realizados (BARBETTA, 2012). E, para tanto, é necessário fazermos alguns questionamentos. Os principais deles, de acordo com Cooper e Schindler (2016), são os seguintes: � Qual é o público-alvo? � Quais são os parâmetros de interesse? � Qual é o método de amostragem apropriado? � Qual é o tamanho de amostra necessário? O uso dos termos amostra e amostragem pode gerar algumas con- fusões. No entanto, amostra se refere ao recorte de indivíduos que serão entrevistados. É o grupo representativo que nos permitirá compreender o comportamento do todo. Todavia, o termo amostragem se refere ao processo ao qual determinamos a amostra. É o caminho que escolheremos para a realização da pesquisa. De acordo com Malhotra (2001), a etapa de planejamento da pesquisa por amostragem contém cinco fases que acontecem de modo sequencial ou simultâneo. � definir a população; � determinar o arcabouço amostral; � escolher as técnicas amostrais; � determinar o tamanho da amostra; � executar o processo de amostragem. Qualquer pesquisa sempre começa com uma pergunta que se pretende responder. “Quantas crianças se matricularam nas escolas públicas em um determinado Município? Quantas pessoas estão desempregadas no ramo da construção civil em todo o Estado? Qual é a opinião dos trabalhadores sobre o transporte público no país?” A formulação da pergunta que se quer responder dá início ao processo de planejamento da pesquisa por amostragem. Em seguida, precisamos definir a população-alvo que queremos trabalhar. Ou seja, precisamos compreender qual público realmente nos interessa e definir quais elementos da população têm as características que nos inte- ressam, determinando nosso arcabouço amostral. Amostragem: concepção e procedimentos 7 O planejamento de uma amostragem começa com a especificação da população- -alvo, a coleção de elementos ou objetos que possuem a informação procurada pelo pesquisador e sobre as quais devem ser feitas inferências (MALHOTRA, 2001, p. 301). Se vamos, por exemplo, trabalhar com pesquisa focada em crianças de 10 a 12 anos, nossa unidade elementar é essa: crianças de 10 a 12 anos. Se vamos realizar uma pesquisa de cunho eleitoral, os eleitores serão a nossa unidade elementar. É muito importante definirmos bem o público-alvo e suas caracte- rísticas. Sem conhecermos bem o público com o qual trabalharemos, dificilmente chegaremos a um tamanho da amostra, por exemplo. Precisamos ter certeza sobre quem iremos pesquisar, pois somente assim saberemos exa- tamente onde aplicar a pesquisa de amostragem e quantas pessoas entrevis- taremos, diminuindo a margem de erro da pesquisa. Lembre-se: para que haja menor margem de erro na pesquisa, mais entrevistas serão necessárias. Fonte: Determinação do tamanho de uma amostra (2011, p. 2). Junto com a definição da pergunta e do público-alvo temos a etapa de identificação dos objetivos. Traçar os objetivos — aquilo que se pretende alcançar ao final do processo — é uma das etapas mais importantes. É partir dos objetivos que escolhemos o método e os rumos que tomaremos. Uma pesquisa por amostra pode ter vários objetivos, mas é convenienteque se escolha um como principal, colocando os outros como secundários ou periféricos. Definidos os objetivos, chegamos ao momento de definir as variáveis ou os atributos. Isso significa que dentro do universo a ser pesquisado há públicos com características próprias, as quais nos interessa focar na pesquisa. Pense no seguinte exemplo. Precisamos descobrir a opinião do público feminino, acima de 40 anos, de classe média alta, sobre o desempenho de um determi- nado carro de luxo. O nosso universo são aquelas mulheres que já adquiriram o carro. No entanto, só nos interessa o grupo com essas características: acima de 40 anos, pertencentes à classe média alta. Essas são as nossas variáveis. Amostragem: concepção e procedimentos8 Se não houver a definição clara dos nossos parâmetros — característica dos indivíduos que nos interessa pesquisar — corremos o risco de não alcançar corretamente os nossos objetivos. Isso, porque não delimitaremos nosso público, influenciando nos resultados. As variáveis podem ser de dois tipos: qualitativas e quantitativas. No primeiro caso, estão aquelas em que os valores não são calculados em termos numéricos, como, por exemplo, sexo, raça e preferências. As quanti- tativas fazem uso de números e geram, portanto, uma quantidade mensurável, como idade e peso. O mais importante ao selecionar uma amostra é garantir que ela seja uma representação do todo ao qual foi selecionada. Em termos quantitativos, deve- mos definir quantos indivíduos devem ser pesquisados para que representem a totalidade do universo. Deve ser obviamente um número menor do que o todo. Em termos qualitativos, devemos ser capazes de selecionar o perfil dos indivíduos, de modo que todos se sintam e sejam representados na amostra. O tamanho da amostra é outro ponto que precisa ser considerado. Podemos dizer que essa etapa merece muita atenção e conhecimento, pois precisa considerar, por exemplo, a heterogeneidade da população e os parâmetros que deseja obter. Calcular o tamanho da amostra requer fórmulas, desde as simples até as mais complexas. Uma amostra muito grande resulta em perda de tempo e recursos finan- ceiros, e uma amostra muito pequena não trará resultados confiáveis. No entanto, no caso de pesquisas eleitorais e nos casos em que se estuda grupos separados (por sexo, localidade, faixa etária, etc.), é necessário calcular o tamanho da amostra para cada um desses segmentos. Terminamos o planejamento? Ainda não. É preciso selecionar qual técnica de amostragem usaremos, de modo que nossos objetivos sejam atendidos, gerando resultados confiáveis. Técnicas de amostragem No momento de se planejar uma pesquisa é preciso definir qual caminho será escolhido. Há duas técnicas principais de amostragem: a probabilística e a não probabilística. A amostragem probabilística é a mais simples e mais usada. Nesse caso, a amostra é selecionada por acaso, de modo aleatório, na qual todos têm Amostragem: concepção e procedimentos 9 a mesma probabilidade de serem escolhidos para a pesquisa. Corresponde a uma amostra de elementos retirados ao acaso da população, isto é, cada indivíduo é escolhido completamente ao acaso e cada membro da população tem a mesma probabilidade se ser incluído na amostra. Uma das características desse método é a imparcialidade do pesquisador na seleção dos entrevistados. Um exemplo se dá naquelas pesquisas em que se escolhe aleatoriamente quais domicílios serão selecionados para uma pesquisa, embora todos tenham sido mapeados. Para alguns casos, pode-se usar software específicos de estatística que selecionam a amostra. Há vantagens e desvantagens pela escolha desse tipo de amostragem. Trata-se, sem dúvida, de um método simples e rápido para se obter uma amostra. No entanto, como a escolha é feita de modo aleatório, corremos o risco de selecionar, por exemplo, vários moradores da mesma rua, ou alunos da mesma turma, ou pessoas com interesses iguais, o que pode influenciar a precisão dos resultados. Não há garantia de que a seleção será diversificada. Dentro dos tipos de amostragem probabilística, há alguns mais usados, são eles: a amostragem aleatória simples, a amostragem sistemática, a amos- tragem estratificada e a amostragem por conglomerados. A amostragem aleatória simples é o processo mais elementar e frequen- temente utilizado. Representa aquele processo ao qual selecionamos alea- toriamente um determinado grupo. É o caso típico de quando realizamos um sorteio para ver quem será entrevistado. A amostragem sistemática acontece quando os envolvidos estão organi- zados de modo ordenado. É o caso, por exemplo, de quando selecionamos, a partir de uma lista telefônica, um grupo de 20 pessoas de cada página para pesquisar. A amostragem estratificada se dá quando dividimos a população em sub- populações (grupos ou estratos) com características diferentes (sexo, idade, perfil socioeconômico, etc.). Nesse caso, toma-se uma amostra de cada um desses grupos ou estratos. É parecido com o processo de amostragem de cotas, no entanto, aqui a escolha dos indivíduos é feita de modo aleatório. Na situação de uma amostragem por conglomerados, os elementos são selecionados aleatoriamente dentro de um grupo. Na impossibilidade de se atingir a todos, escolhe-se um indivíduo do grupo que interessa ao pesqui- sador. Um exemplo para esse caso se dá quando os grupos residem em áreas geograficamente distintas e distantes, como bairros e Municípios. A amostragem não probabilística não dá a todos os indivíduos a mesma chance de participar. A amostra é selecionada previamente e intencionalmente pelo pesquisador ou de modo voluntário entre o público, selecionando-se um Amostragem: concepção e procedimentos10 grupo dentro de uma população já determinada. Um exemplo são as pesquisas eleitorais. Como parte do tipo de amostragem não probabilística, alguns são mais usados, são eles: a amostragem por acessibilidade ou conveniência, a amostragem por tipicidade, ou intencional, e a amostragem por cotas. A amostragem por acessibilidade ou conveniência é usada quando sele- cionamos pessoas disponíveis nos locais onde estamos, como, por exemplo, o pesquisador aborda um transeunte na rua. Dizemos que a “pessoa estava no lugar certo e na hora certa”. Seria o caso ainda de pessoas sendo entre- vistadas em um show de rock, em um shopping. Elas simplesmente estavam ali quando foram interceptadas pelo pesquisador. No entanto, a amostragem por tipicidade, ou intencional, ocorre quando o pesquisador seleciona a amostra de acordo com os critérios que lhe convier. No entanto, esse tipo de pesquisa causa certa desconfiança, devido a um erro no julgamento e nas escolhas do pesquisador ou por trazer um baixo nível de credibilidade, mas é usada principalmente em pesquisas qualitativas. Imagine o seguinte exemplo, no qual o foco da pesquisa é o movimento sindical de uma determinada categoria e o pesquisador seleciona pessoas de fora do movimento. Dessa forma, como são pessoas alheias ao movimento, dariam provavelmente respostas bem heterogêneas. E na amostragem por cotas, os indivíduos (como parte da amostra) são escolhidos a partir de suas características ou qualidades, sendo realizada em duas etapas. Na primeira, o grupo é dividido por cotas a partir de deter- minadas características. E, na segunda parte, selecionam-se pessoas dentro de cada uma dessas cotas. Seria o caso, por exemplo, de um dono de uma loja, com consumidores do sexo feminino e masculino. Divide-se o grupo em duas partes, por gêneros, e escolhe-se a amostra de cada uma das partes. É muito importante definirmos bem o público-alvo da nossa pesquisa, as suas características e a quantidade. Precisamos ter certeza sobre quem iremos pesquisar. Somente assim saberemos exatamente onde aplicar a pesquisa de amostragem e quantas pessoas iremos entrevistar, diminuindo a margem de erro da pesquisa. E lembre-se, quanto menor a margem de erro da pesquisa, maisentrevistas serão necessárias. Terminado o planejamento, inicia-se a coleta de dados, que será realizada de acordo com o método escolhido pelo pesquisador. Nesse momento, chega a hora também de começar a análise. A primeira etapa é a edição dos dados brutos, garantindo, assim, que os dados coletados sejam precisos e corretos. Amostragem: concepção e procedimentos 11 É nessa etapa também que se detectam possíveis erros. A etapa seguinte diz respeito à apresentação dos dados e ao resultado propriamente dito. Referências BARBETTA, P. A. Estatística aplicada às Ciências Sociais. 8. ed. Florianópolis: Ed. UFSC, 2012. BOLFARINE, H.; BUSSAB, W. O. Elementos de amostragem. São Paulo: Blücher, 2005. CASTELLS, M. A Era da informação: economia, sociedade e cultura: volume 3. São Paulo: Paz e terra, 1999. COOPER, D. R.; SCHINDLER, P. S. Métodos de pesquisa em administração. 12. ed. Porto alegre: McGraw Hill, 2016. DETERMINAÇÃO DO TAMANHO DE UMA AMOSTRA. Ciências e Cognição: Portal da Or- ganização, Ciências e Cognição, 2011. Disponível em: http://www.cienciasecognicao. org/portal/wp-content/uploads/2011/09/Tamanho-da-Amostra-1-1.pdf. Acesso em: 24 nov. 2020. GATTI, B. A. Estudos quantitativos em educação. Educação e Pesquisa, v. 30, n. 1, p. 11-30, 2004. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/ep/v30n1/a02v30n1.pdf. Acesso em: 24 nov. 2020. GUERRA, I. C. Pesquisa qualitativa e análise de conteúdo: sentidos e formas de uso. Parede: Princípia, 2006. MALHOTRA, N. K. Pesquisa de Marketing: uma orientação aplicada. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001. SASS, O. Sobre os conceitos de censo e amostragem em educação, no Brasil. Estatística e Sociedade, n. 2, p. 128-141, 2012. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/estatisticaeso- ciedade/article/view/34902/23645. Acesso em: 24 nov. 2020. ZAMBERLAN, L. Pesquisa de mercado. Ijuí: Ed. UNIJUÍ, 2008. Leitura recomendada BRACARENSE, P. A. Estatística aplicada às ciências sociais. Curitiba: IESDE, 2012. Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu funcionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. Amostragem: concepção e procedimentos12