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Oftalmologia Nathália Machado – Tut 01 – MedFTC 22.1 Síndrome do Olho Vermelho Saber os diferenciais da síndrome do olho vermelho é fundamental para um melhor manejo do paciente, melhor direcionamento da terapêutica e para evitar complicações. Conjuntivite A conjuntivite é a causa mais comum de olho vermelho, é uma doença viral, sendo o adenovírus o patógeno mais frequente. É uma doença altamente contagiosa, seja por contato direto ou com superfícies infectadas. Período de incubação: 5-12 dias. Duração: 1-2 semanas – é autolimitada. Manifestações: início agudo, olho vermelho, desconforto, secreção matinal e mucoide, lacrimejamento. Ao exame: reação folicular tarsal, muco, quemose, adenopatia pré-auricular. Tratamento: compressas frias e lubrificantes. A infecção na conjuntivite pode ser viral ou bacteriana, na viral observa-se folículos com vaso central enquanto na bacteriana se observa papilas com vasos periféricos, mas essa característica não pode ser percebida a olho nu. Complicações: ➔ Membrana inflamatória: se essa membrana não for retirada, ela fibrosa e pode arranhar cronicamente a córnea. Tratamento: corticoide tópico e retirada mecânica. ➔ Infiltrados epiteliais: manchas esbranquiçadas na córnea, se não tratado cronifica e forma leucomas com opacidade reduzindo a acuidade visual. Tratamento: Corticoide tópico ou AINE tópico. Oftalmologia Nathália Machado – Tut 01 – MedFTC 22.1 Conjuntivite Bacteriana Principais patógenos: S. aureus, S. pneumoniae e H. influenzae. Doença contagiosa. Duração: 7-10 dias. Manifestações: vermelhidão, desconforto, secreção matinal aderente e purulenta. Ao exame: reação papilar, pseudomembrana/membrana. Tratamento: compressas frias, lubrificantes, ATB tópico (tobramicina, ciprofloxacino, quinolona) por 5-7 dias. Conjuntivite Gonocócica: Subtipo da conjuntivite bacteriana. Hiperaguda; DST; Intensamente purulenta; Tratamento sistêmico: ceftriaxone 1g IM Tracoma Infecção por Chlamydia trachomatis A, B, Ba, C. Altamente contagiosa, endêmica em áreas com precárias condições socio- econômicas. Transmitida por contato próximo ou por insetos veiculadores (mosca). É uma infecção crônica, bilateral, que evolui para comprometimento grave da córnea, entrópio (fibrose da pálpebra - figura 3) e triquíase (cílios crescendo para dentro da pálpebra). Conjuntivite neonatal Causada pela Chlamydia Trachomatis, pela Neisseria gonorrhoeae ou por causa química. Chlamydia: Período de incubação: 5-14 dias. - É um pouco mais tardia, apresenta reação papilar, pseudomembrana, secreção mucopurulenta. Tratamento: Eritromicina VO por 14 dias. Neisseria: Período de incubação: 24-48h. - Intensamente purulenta, aparece mais precocemente. Tratamento: internamento hospitalar, cefotaxime ou ceftriaxone IV por 7 dias. Oftalmologia Nathália Machado – Tut 01 – MedFTC 22.1 Conjuntivite Química: É a conjuntivite que pode surgir com a administração de nitrato de prata a 1% após o nascimento. O nitrato de prata é uma medida profilática para a conjuntivite gonocócica, pode cursar com conjuntivite leve (lacrimejamento e hiperemia), com duração de 24-36h. Estudos mostraram que é melhor realizar a profilaxia, mesmo que o RN curse com conjuntivite química que assumir o risco de desenvolver uma conjuntivite gonocócica que é mais grave e pode trazer complicações importantes. Conjuntivite Alérgica: É um diferencial da conjuntivite viral, o que diferencia é que a alérgica cursa com muito prurido. - Hipersensibilidade tipo I (imediata, IgE e mastócitos); Manifestações: início abrupto, acometimento bilateral, lacrimejamento, secreção mucoide, quemose e prurido intenso. Tratamento: inicia o tratamento com lavagem com soro de fisiológico, lubrificante e, se persistência por mais 3 dias, iniciar colírio anti-histamínico específicos. Temos ainda: Conjuntivites tóxicas: hipersensibilidade tipo IV. Conjuntivites Mecânicas: produtos químicos, corpos estranhos e lente de contato. Conjuntivites associadas a doenças sistêmicas: Reiter, Sjogren, colagenoses, Stevens-Johnson, sarcoidose, hipertireoidismo. Hemorragias subconjuntivais Hemorragias subconjuntivais são outras patologias que cursam com olho vermelho. Hiposfagma ➔ Formação de coleção de sangue devido a um rompimento de vaso da conjuntiva. Quadro comum, leve, benigno e auto- limitado. Normalmente idiopático, mas pode ser causado por pequenos traumas, aumento da pressão ao realizar a manobra de Valsalva, HAS e uso de anticoagulantes. Tratamento: orientações e lágrimas artificiais. O quadro se resolve sozinho entre 4-7 dias. Oftalmologia Nathália Machado – Tut 01 – MedFTC 22.1 Episclerite A episclerite é a inflamação da episclera, membrana que recobre a esclera. ➔ Quadro agudo, benigno, auto- limitado e geralmente unilateral. A causa é idiopática em 70% dos casos, mas em alguns desses casos a etiologia pode ter relação com algo sistêmico: LES, AR, espondiloartropatias soronegativas. Manifestações: hiperemia, desconforto e lacrimejamento. A hiperemia pode ser nodular (mais comum – idiopática) ou difusa (mais associada a vasculites). Tratamento: lubrificantes e AINES tópicos – colírios. Esclerite Quadro grave com risco de perfuração escleral. Mais de 50% dos casos estão associados a doenças inflamatórias sistêmicas em atividade e com controle ruim -> AR, LES, wegener, PAN, sarcoidose, TB, sífilis). É uma vasculite imunomediada. Manifestações: dor importante, hiperemia, fotofobia e lacrimejamento. Tratamento: AINE VO, corticoides sistêmicos e imunossupressores. Imunossupressores são usados em casos mais graves, como a escloromalacia perfurante que perfura a esclera ou a necrosante que fica na iminência de perfurar. No entanto, a maioria dos casos é nodular ou difusa e sem necrose. Ceratites/úlcera de córnea A ceratite é um quadro mais leve onde ocorre uma erosão, porém é o primeiro passo para a úlcera de córnea. Manifestações: hiperemia, dor, fotofobia, miose, sensação de corpo estranho, blefaroespasmo, BAV e secreção. Tratamento: ATB tópicos, lubrificantes, cicloplégicos (para dilatar a íris), TX de córnea (se perfuração de córnea – transplante). Oftalmologia Nathália Machado – Tut 01 – MedFTC 22.1 Ceratite/Úlcera de córnea Herpética É um subtipo da úlcera de córnea. Quadro unilateral, reicidivante. Tratamento: ➔ Antivirais tópicos – aciclovir pomada oftálmica. ➔ Antivirais sistêmicos – aciclovir via oral. ➔ Corticoide tópico, se desenvolver ceratite estromais e endotelite. Profilaxia: para os pacientes com histórico de muitas recidivas, realizar profilaxia com aciclovir oral por 12 meses. Ceratite/Úlcera de córnea bacteriana Mais comumente causada por S. aureus e pseudomonas (lentes de contato); Manifestações: quadro agudo, unilateral, dor, fotofobia, muito lacrimejamento, quemose (edema de conjuntiva) e hiperemia intensa, pode ter secreção mucoide. Presença de úlcera estromal – opacidade esbranquiçada, que é a presença do acometimento do estroma da córnea. Complicações: - leucoma (opacidade final), se quadro mais grave pode haver perfuração e endoftalmite. Tratamento: colírio antibiótico (vigamox/ zymar/ colírios fortificados 1/1h) + cicloplégico tópico. Ceratite/Úlcera de córnea fúngica Trauma vegetal – fungos filamentosos como Aspergillus e Fusarium. Manifestações: quadro clínico insidioso, unilateral, dor leve. Úlcera circular de bordas hifadas e presença de lesões satélites. Tratamento: colírio antifúngico (anfotericina B, natamicinae a nistatina) e Imidazólicos VO (cetoconazol, fluconazol). Ceratite/Úlcera de córnea amebiana Causada por um protozoário de vida livre. Comum em usuários que não fazem o uso adequado de lente de contato. Manifestações: quadro insidioso, unilateral, dor de grande intensidade. Tratamento: biguanida ou clorexidine por 6 a 12 meses. Oftalmologia Nathália Machado – Tut 01 – MedFTC 22.1 Trauma Causas físicas Corpo estranho: seja na córnea, na conjuntiva ou palpebral. Abrasões: Queimadura: mais grave, pois pode atingir o estroma corneano e causar uma opacidade grave. Deve lavar com soro abundantemente. Químicas: sendo as alcalinas mais graves que as ácidas. Isso ocorre porque após lavar abundantemente com água corrente, se o conteúdo for ácido, ele para de atuar após a lavagem, já o alcalino continua causando danos mesmo após ter retirado a substância do contato com o organismo. Térmica: Ceratites por raios ultravioletas - Cegueira da neve ou fotoelétrica Tem início 6-12h após exposição solar. Manifestações: dor ocular intensa, sensação de corpo estranho, fotofobia, olho vermelho, BAV. Melhora em 36-72h. Uveíte anterior A uveíte pode ocorrer com a inflamação apenas da íris (irite) ou da íris + corpo celular (iridociclite). - 50% idiopática, unilateral, atingindo a faixa de 25-50 anos. - 20% têm associação com espondiloartropatias soronegativas: espondilite anquilosante, artrite reativa, síndrome de Reiter, artrite psoriática, artrite enteropática. - 10% - AR juvenil: causa mais comum de uveíte anterior em crianças. Oftalmologia Nathália Machado – Tut 01 – MedFTC 22.1 Manifestações: hiperemia, dor intensa, fotofobia e BAV. Exame: Reação de Câmara Interior – células e flare, precipitados ceráticos (não granulomatosos ou granulomatosos), sinequias posteriores, miose. Tratamento: corticoides tópicos + cicloplégicos. Endoftalmite Importante saber que tem a exógena e endógena. Exógena: causado por trauma/pós- cirúrgica. Endógena: causa de via hematogênica. Manifestações: dor, fotofobia, BAV, hiperemia, hipópio (decantação de células inflamatórias na frente da íris formando essa mancha branca), vitreíte (inflamação do vítreo causando maior opacidade da visão). Tratamento: ATB intravítreo, vitrectomia e evisceração. Olho Seco Pode ser causado por: Idade Menopausa Fatores ambientais Medicamentoso Lentes de contato Síndrome de Sjogren Hipovitaminose A Herpes Stevens-Johnson Rosácea/blefarite Exposição ocular Blefarite/Meibomite São inflamações não contagiosas das pálpebras, a primeira tende a ocorrer mais na base dos cílios enquanto a segunda na parte mais interna do bordo palpebral. São provenientes de produção excessiva de secreção oleosa nas pálpebras, podendo haver obstrução de ductos, criando condição favorável para infecção bacteriana. Manifestações: prurido, irritação ocular, lacrimejamento, vermelhidão na borda palpebral, hordéolos de repetição. Blefarite - Estafilocócica – rosácea; - Seborréica – dermatite seborreica. Consequência do crescimento excessivo de bactérias. Oftalmologia Nathália Machado – Tut 01 – MedFTC 22.1 Meibomite - Lesão inflamatória crônica; - Margem posterior. Inflamação da glândula de meibomius. Tratamento: limpeza palpebral e ATB tópico ou oral. Hordéolo e Calázio Hordéolo: Quadro agudo e doloroso. Inflamação e obstrução de glândulas. Tratamento: compressa morna, limpeza palpebral, pomada de corticóide e ATB. Calázio: Quadro crônico, sem atividade. Tratamento: exérese cirúrgica. Pterígio e Pinguécula Pinguécula: Depósitos branco-amarelados na conjuntiva; Comum, inócuo e benigno. Tratamento: na pingueculite usar AINE tópico. Pterígio: Crescimento fibrovascular de tecido conjuntival degenerativo. Relacionado ao clima quente e exposição solar sem proteção UV. Tratamento: exérese cirúrgica. Inflamação das pálpebras e saco lacrimal Celulite periorbitária Clínica: sem BAV e sem restrição de movimentação ocular, quadro mais benigno, pouca dor. TC: sem invasão do septo orbitário. Tratamento: ATB oral Celulite orbitária Clínica: com BAV, com restrição de movimentação ocular, proptose, quadro clínico mais severo, mais grave. TC: com invasão de septo orbitário. Tratamento: ATB EV em internação hospitalar. Oftalmologia Nathália Machado – Tut 01 – MedFTC 22.1 Glaucoma agudo Dor ocular intensa, hiperemia, fotofobia, visão de halos coloridos, midríase média fixa. Tratamento: urgência – manitol EV, acetozalamida VO, colírios hipotensores, pilocarpina, corticoide tópico. Oftalmologia Nathália Machado – Tut 01 – MedFTC 22.1
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