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< DESCRIÇÃO A nutrição como aliada nos programas de tratamentos estéticos. PROPÓSITO Compreender a importância do acompanhamento nutricional para a evolução no tratamento estético e a maximização de seus resultados. OBJETIVOS MÓDULO 1 Descrever os elementos e as ferramentas para o atendimento nutricional em estética MÓDULO 2 Identificar uma alimentação adequada com base nas recomendações do Guia alimentar para a população brasileira MÓDULO 3 Reconhecer as dietas populares, seus riscos nutricionais e sua influência nos tratamentos estéticos INTRODUÇÃO O modelo de beleza almejado pela maioria da população, que valoriza corpos bonitos e bem definidos, impõe práticas alimentares voltadas para um padrão no qual o cuidado com a saúde é enfatizado por vários profissionais dessa área. Isso mostra que, ao mesmo tempo que procuram alcançar determinados objetivos estéticos, as pessoas devem associá-los a uma boa alimentação que não traga prejuízos à sua saúde no futuro. Nesse sentido, cabe ao profissional em estética cuidar dessa valorização do corpo, esclarecendo equívocos construídos pela mídia que acabam gerando mais desinformação e práticas que podem levar a grandes prejuízos do tratamento. Sua função é cuidar da parte externa sem esquecer a importância da interna, estimulando a adoção de hábitos que promovam a melhoria de qualidade de vida. Neste tema, apresentaremos a importância da nutrição para o cuidado estético e cosmético, destacando os principais elementos e as ferramentas que avaliam deficiências nutricionais. Demonstraremos ainda a importância de um guia alimentar na prescrição de uma dieta individualizada e faremos uma análise das dietas da moda, entendendo os riscos que elas podem trazer à saúde e à estética. Afinal, segundo Sant’anna (2001), “um corpo em reconstrução é infinito”. Foto: Shutterstock.com MÓDULO 1 Descrever os elementos e as ferramentas para o atendimento nutricional em estética CUIDADOS NUTRICIONAIS E A VALORIZAÇÃO DO CORPO E DA BELEZA Para Vigarello (2012, p. 10), o “desenvolvimento das sociedades ocidentais promove o afinamento do corpo, a vigilância mais cerrada da silhueta, a rejeição do peso de maneira mais alarmada”. Nesse contexto, caberia a pergunta: quem é o profissional de estética? Podemos dizer que ele é um profissional que cuida da beleza e, principalmente, do bem-estar dos indivíduos. Como essas questões abrangem diversos conhecimentos, é importante que ele adquira vários deles a fim de estar apto a trabalhar em equipes multiprofissionais. Foto: Shutterstock.com O esteticista pode trabalhar em conjunto com outros profissionais, como, por exemplo, médico, nutricionista, fisioterapeuta e educador físico, ou seja, inserido em uma equipe multiprofissional. Isso requer um mínimo de conhecimentos das outras áreas para: 1 Entender o que se passa com o indivíduo que busca um cuidado maior. 2 Fazer a escolha do tratamento mais adequado. ATENÇÃO Um esteticista deve se lembrar de suas limitações éticas; por isso, ele não pode prescrever uma dieta, função que cabe à nutricionista. Contudo, há disfunções estéticas diretamente relacionadas aos alimentos ingeridos diariamente. Segundo Simas e Wolpe (2016), a nutrição estética é uma área da nutrição relativamente jovem que tem, entre seus objetivos, a prevenção e a correção de imperfeições estéticas que possam trazer desconforto ao indivíduo. Ambas podem ser alcançadas por meio de: 1 Reeducação alimentar. 2 Orientações e planejamentos alimentares baseados nos fundamentos da dietética, da dietoterapia e da suplementação. 3 Produtos designados como nutricosméticos. O trabalho em conjunto com a nutrição valoriza o próprio procedimento adotado e traz resultados mais duradouros. Ela, portanto, pode constituir a base de um tratamento estético bem-sucedido. SAIBA MAIS A nutrição tem influência direta em condições também tratadas pela estética. Eis algumas dessas condições: javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) Foto: Luciana Novaes Moreira. Figura 1. ATENÇÃO A escolha do procedimento é tão importante quanto a orientação dos cuidados que precedem e o sucedem. O esteticista tem de estar preparado para oferecer alguns cuidados – entre eles, uma orientação sobre a alimentação. O atendimento nutricional em estética se baseia nesta pirâmide: Figura 2. Imaginaremos a seguir um estudo de caso dividido em três partes: Ângela procura uma clínica de estética para começar um tratamento que a ajude no processo de emagrecimento. Com 36 anos, ela apresenta sobrepeso e tem um alto percentual de gordura corporal (38%). Na conversa com a esteticista, ela informa: A necessidade de perda de peso. O incômodo com seu corpo quando coloca alguns tipos de roupa. O fato de estar deixando de participar de algumas atividades por perceber que seu corpo está muito fora do padrão. A profissional faz uma escuta ativa, dando espaço a fim de que a cliente se sinta confortável para expressar suas dúvidas e o que realmente a incomoda. Com isso, obtém desse relato que ela também sente cansaço constante. Suas queixas incluem até uma queda de cabelo. Algumas perguntas precisam ser feitas por qualquer profissional em tal contexto: Que tratamento deverá trazer os melhores resultados? Será que o corpo dela responderá ao tratamento estético? A alimentação que ela faz pode estar relacionada a essas queixas? Você percebeu a necessidade de um cuidado em conjunto com outros profissionais? AVALIAÇÃO NUTRICIONAL EM ESTÉTICA PROCEDIMENTOS ANTERIORES Antes de começar qualquer tratamento, conhecer o paciente/cliente é fundamental. Por conta disso, o primeiro contato é tão importante. Nesse contato, o profissional pode: 1 Criar vínculo. 2 Avaliar de forma correta o caso. 3 Discutir em conjunto o melhor tratamento. Esse acompanhamento deve ser precedido de: ANAMNESE FACIAL E CORPORAL Etapa em que são avaliados: Condições da pele; grau de celulite; flacidez; presença de estrias e varizes; gordura localizada; aspectos de unhas e cabelos. CONHECIMENTO DO INDIVÍDUO E CRIAÇÃO DE UM VÍNCULO Você pode usar a criatividade, tendo um material de atendimento que demonstre seu cuidado e compromisso com a saúde. Saber ouvir as queixas e entender até que ponto seu cuidado também pode ser útil. O atendimento requer compromisso e seriedade em sua profissão. Não há espaço para a promessa de milagres: os resultados são baseados em ciência. ÍNDICE DE QUALIDADE DA DIETA E DEMAIS CONCEITOS Como já frisamos, a alimentação pode potencializar o tratamento estético ou ser uma barreira para o alcance de determinado objetivo. Uma avaliação bem-feita é importante para haver uma identificação dos padrões que podem estar comprometendo a saúde e a estética. IQD Uma das formas de se obter uma percepção sobre isso é avaliar o índice de qualidade da dieta (IQD). O IQD pode ser uma importante ferramenta na anamnese nutricional, pois ele possibilita ao entrevistador entender os hábitos alimentares do avaliado e analisar o grau de conformidade desse consumo com as recomendações dietéticas. Esse índice preconiza a avaliação do consumo de: gordura total; gordura saturada; colesterol; frutas e hortaliças; cereais e leguminosas. DEMAIS CONCEITOS Para que a avalição do IQD aconteça, duas ferramentas podem ser empregadas: Recordatório alimentar de 24 horas (R24h) Esse instrumento possibilita ao indivíduo registrar o que foi consumido no dia anterior da hora em que acordou até a de dormir. É necessário anotar: horários das refeições, tipo de alimento e quantidade ingerida. Índice de Alimentação Saudável Adequado (IASad) Ferramenta adaptada e validada para a população brasileira por Mota e seus colaboradores em 2008, o IASad se baseia na pirâmide alimentar adaptada brasileira e no Guia alimentar para a população brasileira. Seu objetivo é avaliar a qualidade da dieta tendo como base os 12 grupos aos quais os alimentos pertencem. A partirda pontuação final obtida, classifica-se a qualidade da alimentação em: Boa qualidade: IASad > 100 pontos; Precisa de melhora: IASad entre 71 e 100 pontos; Má qualidade: IASad < 71 pontos. ANÁLISE DE UMA DIETA Demonstraremos a seguir como essa análise deve ser feita: Primeira ação Faça um R24h do indivíduo. Separação A partir da alimentação relatada, separe os alimentos em oito grupos de acordo com a pirâmide alimentar brasileira: 1 Cereais, pães, raízes e tubérculos 2 Hortaliças javascript:void(0) javascript:void(0) 3 Frutas 4 Leguminosas e oleaginosas 5 Carnes e ovos 6 Leite e produtos lácteos 7 Óleos e gorduras 8 Açúcares e doces ATENÇÃO Embora apresente uma lista diversificada, todos os alimentos do item 1 (cereais, pães, raízes e tubérculos) pertencem ao mesmo grupo, assim como os alimentos do item 5 (carnes e ovos) são considerados de outro grupo. Essa avaliação permite separar os alimentos em oito grupos. Esse agrupamento é oficial e está de acordo com as características dos nutrientes presentes nos alimentos. ELABORAÇÃO javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) As preparações culinárias elaboradas com alimentos pertencentes a mais de um grupo alimentar devem ser desmembradas. Já seus ingredientes são classificados nos respectivos grupos correspondentes. CONVERSÃO Faça a conversão dos alimentos em porções pelo valor calórico, observando cada grupo. APLICAÇÃO Por fim, aplique a pontuação dos componentes do IASad. DICA Valores intermediários precisam ser calculados proporcionalmente. Grupos alimentares Valor calórico (kcal) Nº de porções (2000 kcal) Cereais, pães, raízes e tubérculos 150 6 Hortaliças 15 3 Frutas 70 3 Leguminosas 55 1 Carnes e ovos 190 1 Leite e produtos lácteos 120 3 Óleos e gorduras 73 1 Açúcares e doces 110 1 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Tabela 1 : Valor calórico equivalente a uma porção dos grupos alimentares da pirâmide alimentar e ao número de porções recomendado pelo guia alimentar. Extraído de: MOTA et al ., 2008. Grupos alimentares Pontuação Pontuação = 10 Pontuação = 0 Cereais, pães, raízes e tubérculos 0 a 10 6 porções 0 porções Hortaliças 0 a 10 3 porções 0 porções Frutas 0 a 10 3 porções 0 porções Leguminosas 0 a 10 1 porção 0 porções Carnes e ovos 0 a 10 1 porção 0 porções Leite e produtos lácteos 0 a 10 3 porções 0 porções Óleos e gorduras 0 a 10 1 porção 0 porções Açúcares e doces 0 a 10 1 porção 0 porções Gordura total (%) 0 a 10 < 30 > 45 Gordura saturada (%) 0 a 10 < 10 > 15 Colesterol alimentar (mg) 0 a 10 < 300 > 450 Variedade 0 a 10 > 8 diferentes itens / dia < 3 diferentes itens / dia Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Tabela 2 : Pontuação e componentes do índice de alimentação saudável (dieta com 2.000 calorias). Extraído de: MOTA et al ., 2008. CÁLCULOS Deve-se atribuir 10 pontos ao consumo dos grupos alimentares igual ou superior ao que é recomendado. Já para aquele considerado inferior, basta fazer o cálculo por razão e proporção. Para os nutrientes com gordura total, saturada e colesterol, assim como para sua variedade, a pontuação precisa ser proporcional ao que é consumido. EXEMPLO No consumo de seis porções, coloca-se como valor o número 6. Já no cálculo da variedade, define-se 1 ponto para o alimento que fornece mais da metade das calorias determinadas para cada grupo da pirâmide alimentar. DIAGNÓSTICO O tratamento multidisciplinar é imprescindível para o sucesso e a adesão a um tratamento estético. Após a avaliação do nutricionista sobre o hábito alimentar do indivíduo, ele fará um diagnóstico nutricional. Seu relatório destacará possíveis excessos ou deficits de macronutrientes (carboidratos, proteínas e gorduras) e micronutrientes (vitaminas e minerais). Com essas informações, o esteticista terá condições de: AVALIAR A saúde do entrevistado. ENTENDER As alterações fisiológicas relacionadas às desordens estéticas. ESTIMAR Se a ingestão de alimentos está compatível com o tratamento. No acompanhamento de Ângela, é realizado um R24h de sua alimentação. Ele revela o seguinte consumo: Café da manhã: 2 fatias de pão de forma branco, 2 fatias de queijo prato, 300ml de leite e 2 colheres de sopa de achocolatado. Almoço: 2 colheres de servir de arroz branco, 1 concha de feijão, batata frita (pega-se o quanto tem vontade, o que costuma ser 1/4 do prato), 1 peito de frango à milanesa. Sobremesa: brownie. À tarde: Ângela costuma comer um pacote de biscoito recheado enquanto está trabalhando. Quando sai do trabalho, ainda consome 1 tapioca com coco e leite condensado. Jantar: Não tem o costume de jantar propriamente. Ela acaba comendo uma pizza média (consome sua metade) e bebe refrigerante diet. Após esse relato, é possível perceber que a queixa de Ângela pode evidenciar uma carência nutricional. Utilizando o IASad, constata-se que a alimentação relatada contém uma grande quantidade de alimentos refinados e de açúcar, não havendo praticamente qualquer registo da ingestão de frutas e verduras. Constata-se a necessidade, em conjunto com o tratamento estético, de algumas mudanças de hábitos. Após a leitura desse estudo de caso, devemos fazer algumas ponderações: Será que o metabolismo de Ângela terá uma boa resposta nesse momento aos estímulos sugeridos? Ela quer perder peso total ou apenas gordura? Com essas carências, haverá preservação da massa e tônus muscular? Tais perguntas precisam ser pensadas e respondidas ao longo do tratamento estético. Todo planejamento estabelecido por um esteticista deve conter uma avaliação em três fases: início, meio e fim. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. PESSOAS POSSUEM CULTURAS DISTINTAS: CADA UMA DELAS CONSTRÓI O CORPO E O COMPORTAMENTO DE ACORDO COM O QUE É VALORIZADO EM SUA SOCIEDADE. COM ISSO, A SAÚDE E A BELEZA PODEM SER ASSOCIADAS, ESTIMULANDO UMA BUSCA PELO PADRÃO PERFEITO. NESSE SENTIDO, CABE AO PROFISSIONAL EM ESTÉTICA: A) Cuidar da valorização do corpo, desfazendo preconceitos alimentares, esclarecendo equívocos e orientando para que não haja uma prática alimentar que comprometa o tratamento estético. B) Saber que será sua função conseguir o resultado máximo do tratamento, independentemente de como o indivíduo se alimenta. C) Orientar o indivíduo a fazer vários tratamentos associados a uma alimentação restritiva para que consiga alcançar seus objetivos. D) Estimular no indivíduo a busca pelo corpo perfeito por intermédio de uma alimentação adequada e de mudanças de hábitos. E) Cuidar da saúde do indivíduo e fazer o tratamento estético apenas em pessoas novas, pois elas conseguirão ter um resultado melhor. 2. INSTRUMENTOS DIETÉTICOS DE AVALIAÇÃO GLOBAL DE DIETAS, COMO, POR EXEMPLO, O ÍNDICE DE QUALIDADE DA DIETA, TÊM SIDO PROPOSTOS COMO INSTRUMENTOS PARA AVALIAR E GUIAR A INGESTÃO DA DIETA INDIVIDUAL E DE POPULAÇÕES COM O INTUITO DE PROMOVER A SAÚDE POR MEIO DE PROGRAMAS DE EDUCAÇÃO NUTRICIONAL E DE PREVENIR DOENÇAS. SENDO ASSIM, PODEMOS AFIRMAR QUE ESSE TIPO DE FERRAMENTA PODE SER UTILIZADO PARA: A) Avaliar a relação entre dieta e saúde pela análise de alguns componentes do alimento (nutrientes), assim como os tipos de alimentos, grupo ou grupos deles e padrões alimentares. B) Avaliar a relação entre dieta e saúde, trazendo um diagnóstico clínico completo sobre o organismo do indivíduo analisado. C) Avaliar a relação entre dieta e saúde pela análise de alguns componentes do alimento (nutrientes), produzindo informações sobre as doenças já preexistentes. D) Avaliar a relação entre dieta e saúde pela análise de alguns componentes do alimento (nutrientes), mostrando o que é necessário consumir para se obter o corpo perfeito. E) Avaliar a relação entre dieta e saúde como uma forma de valorizar o atendimento, mesmo que essas informações não tenham relevância. GABARITO 1.Pessoas possuem culturas distintas: cada uma delas constrói o corpo e o comportamento de acordo com o que é valorizado em sua sociedade. Com isso, a saúde e a beleza podem ser associadas, estimulando uma busca pelo padrão perfeito. Nesse sentido, cabe ao profissional em estética: A alternativa "A " está correta. O corpo é objeto de identidade de uma pessoa, mas sua alimentação também é importante para que a saúde receba a mesma valorização. Nenhum profissional pode garantir o resultado máximo de um tratamento. A alimentação, portanto, é de grande importância nos resultados estéticos. O indivíduo deve ser orientado a fazer o tratamento adequado ao seu caso. Além disso, dietas restritivas podem gerar deficiências nutricionais que comprometerão os resultados. Nunca se deve estimular uma busca pela perfeição, já que esse comportamento pode gerar transtornos. Todas as pessoas de quaisquer idades podem se beneficiar de cuidados estéticos – e o profissional tem de escolher o tratamento que se adeque a cada faixa de idade. 2. Instrumentos dietéticos de avaliação global de dietas, como, por exemplo, o índice de qualidade da dieta, têm sido propostos como instrumentos para avaliar e guiar a ingestão da dieta individual e de populações com o intuito de promover a saúde por meio de programas de educação nutricional e de prevenir doenças. Sendo assim, podemos afirmar que esse tipo de ferramenta pode ser utilizado para: A alternativa "A " está correta. O IQD pode ser usado como ferramenta na anamnese nutricional para entender a qualidade da dieta do indivíduo avaliado e identificar os padrões que podem estar comprometendo a saúde. MÓDULO 2 Identificar uma alimentação adequada com base nas recomendações do Guia alimentar para a população brasileira GRUPOS ALIMENTARES E GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA REFLEXÕES E OBJETIVOS Acompanhando as mudanças da sociedade, você já parou para pensar como a população tem um estilo de vida diferente daquele de 50 anos atrás? O modo de viver, a rotina de trabalho e estudos, assim como o lazer, propiciam a aquisição de alguns hábitos que influenciam nossa maneira de pensar e agir. COMENTÁRIO A modificação no padrão alimentar contemporâneo contribui para o surgimento de várias doenças na população. Você deve estar se perguntando: como essa modificação está relacionada à estética? Para gerar uma repercussão positiva sobre a vida do indivíduo e trazer uma valorização da beleza, seja ela facial ou corporal, é necessário existir uma conduta aliada ao tratamento de alguns problemas de saúde antigos e novos. Como destacamos anteriormente, os alimentos são comumente divididos por grupos. Essa divisão ainda norteia a elaboração de refeições: por meio dela, são estabelecidas as quantidades, a frequência e a prevalência daqueles que devem constituir uma alimentação saudável. Relembremos agora os grupos alimentares vistos anteriormente: Foto: Shutterstock.com 1 Cereais, pães, raízes e tubérculos. 2 Hortaliças Foto: Shutterstock.com Foto: Shutterstock.com 3 Frutas 4 Leguminosas Foto: Shutterstock.com Foto: Shutterstock.com 5 Carnes e ovos 6 Leite e produtos lácteos Foto: Shutterstock.com Foto: Shutterstock.com 7 Óleos e gorduras 8 Açúcares e doces Foto: Shutterstock.com SAIBA MAIS O Guia alimentar para a população brasileira teve sua primeira edição em 2006. Com a compreensão de que esse documento precisa acompanhar as mudanças que ocorrem na sociedade, ele foi revisto em 2011. Três anos depois, sua segunda edição foi lançada com uma importante mudança: a avaliação qualitativa da alimentação em relação ao grau de processamento de um alimento. O objetivo desse guia é, portanto, servir como um apoio na orientação de práticas alimentares mais saudáveis que possam auxiliar na prevenção e na promoção de saúde. PRINCÍPIOS DO GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA Listaremos a seguir cinco princípios retirados desse guia: A ALIMENTAÇÃO É MAIS QUE UMA INGESTÃO DE NUTRIENTES A alimentação engloba não só o nutriente específico, mas também a forma como se combina e prepara o alimento, assim como a influência cultural e o ambiente social em torno. RECOMENDAÇÕES SOBRE A ALIMENTAÇÃO DEVEM ESTAR EM SINTONIA COM SEU TEMPO Deve-se entender as constantes mudanças às quais os indivíduos estão suscetíveis como variações na rotina, além do impacto de novos itens que passem a constar na alimentação. A ALIMENTAÇÃO ADEQUADA E SAUDÁVEL DERIVA DE UM SISTEMA ALIMENTAR SOCIAL E AMBIENTALMENTE SUSTENTÁVEL O que se recomenda na alimentação deve estar em sintonia com a forma de produção e distribuição do alimento, garantindo a sustentabilidade e as condições justas de trabalho. DIFERENTES SABERES GERAM O CONHECIMENTO PARA A FORMULAÇÃO DE GUIAS ALIMENTARES Entenda: ao mesmo tempo que orienta, você também aprende. Valorize o conhecimento técnico, mas reserve espaço para aprender com o conhecimento empírico. GUIAS ALIMENTARES AMPLIAM A AUTONOMIA DAS ESCOLHAS ALIMENTARES Esta é a função do guia: oferecer informações confiáveis e contribuir para que cada pessoa da população se sinta capaz de escolher, de maneira adequada, a própria alimentação. É necessário promover um autocuidado. NOVAS CATEGORIAS ALIMENTARES Hoje em dia, o guia alimentar faz uma orientação mais voltada para o grau de processamento do alimento do que para sua proporção de nutrientes. Para isso, além de analisar em que grupo esse alimento se encontra, é correto avaliar até que ponto ele sofreu modificações por meio do processo industrial. A partir disso, foram definidas algumas categorias alimentares: Alimentos in natura São as plantas ou os alimentos obtidos diretamente de animais, como ovos e leite. Eles estão prontos para o consumo, sem que haja alterações. Alimentos minimamente processados São alimentos que, após a sua aquisição, sofreram pequenas mudanças para facilitar seu consumo. Farinhas e cortes de carnes são um exemplo. Ingredientes culinários Temos aqui os produtos extraídos de alimentos in natura ou diretamente da natureza que serão utilizados na confecção de preparações culinárias, como óleos, gorduras, açúcar e sal. Alimentos processados São os produtos criados a partir de alimentos in natura e minimamente processados com a adição de sal ou açúcar. Legumes em conserva e queijos entram nessa categoria. Alimentos ultraprocessados Os produtos alimentícios dessa categoria terão o envolvimento de várias etapas de fabricação e a adição de substâncias que, muitas vezes, serão de acesso industrial, como corantes, conservantes e estabilizantes. Exemplos: refrigerantes, biscoito recheado e comidas congeladas prontas. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal QUADRO 1 - Adaptado de: BRASIL, 2014. ORIENTAÇÕES GERAIS A orientação desse guia é para que: 1 Haja um consumo maior de alimentos in natura e minimamente processados. 2 Ocorra uma redução no consumo dos processados. 3 Evite-se o consumo dos ultraprocessados. Os alimentos ultraprocessados, em muitos casos, possuem grandes quantidades de aditivos químicos, açúcares, sal e gorduras, assim como um baixo teor de vitaminas e minerais. Por conta disso, eles podem gerar impactos negativos em nossa pele, nosso cabelo e nossas unhas. javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. O GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA TROUXE UMA NOVA CLASSIFICAÇÃO PARA OS ALIMENTOS, FAZENDO COM QUE SEJA DADA UMA MAIOR ATENÇÃO AO NÍVEL DE PROCESSAMENTO DELES DO QUE À PRESENÇA MAIOR DE DETERMINADO NUTRIENTE. DESSE MODO, FRUTAS, FEIJÕES E SUCOS PODEM SER CONSIDERADOS: A) Alimentos processados e ultraprocessados. B) Ingredientes culinários. C) Alimentos in natura e processados D) Alimentos in natura e minimamente processados. E) Alimentos ultraprocessados e descascados. 2. EM RELAÇÃO AOS PRINCÍPIOS QUE ORIENTARAMA ELABORAÇÃO DO GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA, ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA. A) A alimentação saudável deve ter como base a ingestão de alimentos processados ou minimamente processados. B) O enfraquecimento da transmissão de habilidades culinárias entre as gerações favorece o consumo de alimentos ultraprocessados. C) Guias alimentares limitam a autonomia nas escolhas alimentares, pois, diante da grande oferta de alimentos ultraprocessados, o acesso a informações confiáveis sobre uma alimentação adequada e saudável reduz as possibilidades de escolha daqueles que atendam a essa prática. D) A alimentação é mais do que a ingestão de nutrientes: ela também diz respeito à forma como os alimentos são combinados entre si e preparados, às características do modo de comer e às dimensões culturais e sociais. E) Deve-se aumentar a utilização dos processados, consumindo-os em grandes quantidades como ingredientes de preparações culinárias ou parte de refeições baseadas em alimentos in natura ou minimamente processados. GABARITO 1. O Guia alimentar para a população brasileira trouxe uma nova classificação para os alimentos, fazendo com que seja dada uma maior atenção ao nível de processamento deles do que à presença maior de determinado nutriente. Desse modo, frutas, feijões e sucos podem ser considerados: A alternativa "D " está correta. As frutas são retiradas da natureza (in natura), enquanto os grãos e os sucos passam por processos mecânicos simples, como descascar e cortar, entrando, assim, na categoria de alimentos minimamente processados. 2. Em relação aos princípios que orientaram a elaboração do Guia alimentar para a população brasileira, assinale a alternativa correta. A alternativa "D " está correta. A alimentação não se restringe à ingestão de nutrientes, mas também a tudo que se relaciona ao indivíduo, como, por exemplo, suas relações sociais, seu poder aquisitivo, suas crenças, suas práticas e suas habilidades. MÓDULO 3 Reconhecer as dietas populares, seus riscos nutricionais e sua influência nos tratamentos estéticos PRIMEIRAS PALAVRAS Nosso organismo precisa dos alimentos para sobreviver: a nutrição, assim, configura a base da própria vida. Nossa dieta diária tem de estar equilibrada, oferecendo alimentos dos diversos grupos alimentares. Esse pensamento também deverá prevalecer quando pensarmos em dietas com finalidades específicas. Foto: Shutterstock.com Os cardápios com finalidades específicas costumam estar voltados para: 1 Adequação da composição corporal 2 Terapia nutricional para enfermidades 3 Manutenção da saúde 4 Fins estéticos O profissional de estética receberá no seu atendimento um número variado de pessoas que procuram o corpo ideal, buscando a obtenção de uma imagem corporal que esteja de acordo com aquilo que é divulgado pelos meios de comunicação como um padrão estético dos dias atuais. Nessa busca, o público feminino é quem mais se apresenta como alvo e o que mais sofre com o bombardeio de informações. Os esteticistas entendem essa necessidade e se colocam à disposição para oferecer, por meio do tratamento adequado, o cuidado almejado, valorizando a beleza existente em cada um. Isso não os impede de perceber, em muitos casos, a necessidade de um atendimento multiprofissional. Dessa maneira, muitos profissionais se aliam a nutricionistas, médicos ou fisioterapeutas com a certeza de que poderão oferecer serviços baseados em comprovações científicas. O problema é quando o indivíduo está em um grau de grande insatisfação corporal, não procurando ajuda profissional nem seguindo os cuidados orientados por profissionais capacitados. Em vez disso, ele opta por tratamentos da moda, ou seja, aqueles divulgados com a promessa de resolver todos os problemas estéticos – e sem a avaliação individual prévia que só o profissional em estética está apto a fazer. Além dessa falsa ideia de cuidado, é disseminada a prática de dietas que, na maioria das vezes, restringem grupos de alimentos. Há uma infinidade de dietas que prometem um rápido emagrecimento sem esforço. Elas levam seu praticante a ter carências nutricionais graves que comprometem todo o resultado do tratamento estético. Entenderemos melhor esse processo a seguir. METABOLISMO E DIETAS DA BELEZA As dietas da moda podem ter como definição um padrão de comportamento alimentar diferente do usual, sendo adotadas de forma entusiástica por quem o deseja seguir. Elas costumam ser práticas alimentares que se disseminam rapidamente entre a população, ainda que sejam um fenômeno de curta duração, com promessas de resultados rápidos e atraentes – e dificilmente baseados em qualquer fundamento científico. Essas práticas acontecem muito pelo desejo do corpo perfeito, casos em que a obesidade é encarada como o maior problema. Por isso mesmo, em sua maioria, essas dietas prometem uma perda rápida de peso sem estimular uma mudança real nos hábitos alimentares. Outra característica que as acompanha é que normalmente elas trabalham com algum tipo de restrição, seja pela quantidade, seja por determinado nutriente. De acordo com Vigarello (2012, p. 14), “a luta contra o peso não é uma invenção contemporânea, mas está ligada à insensível precisão do julgamento sobre as curvas corporais e sua inflexão”. Vamos relembrar ou conhecer neste módulo algumas dietas que figuraram por um tempo na mídia. Você entenderá por que elas se destacaram e o motivo de seu questionamento como medidas eficientes e salutares. Foto: Shutterstock.com DIETA DO DOUTOR ATKINS CARACTERÍSTICAS A dieta desenvolvida pelo cardiologista Robert C. Atkins em 1960 restringe o consumo de carboidratos e incentiva o de proteínas e gorduras. O propósito dela é: 1 Modificar os hábitos alimentares do paciente. 2 Promover a perda e manutenção do peso. Sua propaganda é até bem simples: segundo Stringhini (2007), ela constitui a “melhor dieta do século XX”. Na dieta Atkins, existe um incentivo ao consumo de carnes, ovos e manteiga e uma restrição a alimentos como frutas, pães, farinha, macarrão, açúcares e doces. Ela é composta por três fases: FASE 1 Dieta de indução, com perda de peso excessiva. FASE 2 javascript:void(0) javascript:void(0) Dieta permanente. FASE 3 Dieta de manutenção. DESVANTAGENS Há tantas desvantagens que rapidamente se entende por qual motivo ela não se manteve como recomendação para o controle do peso: CARÁTER RADICAL Extremamente radical, ela leva a uma grande perda de peso com a falsa liberdade de que a pessoa poderá comer sem uma restrição de quantidade. O usuário dessa dieta rapidamente percebe uma dificuldade quanto à restrição de carboidratos na alimentação. DIFICULDADE DE MANUTENÇÃO Estudos têm mostrado que dietas com uma base hiperlipídica, isto é, com grande consumo de gorduras, são extremamente difíceis de se manter em longo prazo. No momento que o indivíduo a abandona e volta para uma alimentação normal, seu metabolismo está tão alterado que a recuperação de peso é rápida. Existe um aumento significativo nas chances do surgimento de quadros de obesidade. PERDA DE PESO – E NÃO DE GORDURA Em uma restrição severa de carboidratos, as reservas de glicogênio e água são perdidas. A consequência disso é que haverá uma perda de peso, mas não necessariamente de gordura. A maior perda, neste caso, seria de fluidos, aumenta o risco de desidratação e a perda de massa muscular, o que também amplia a chance de flacidez. GERAÇÃO DE DEFICIÊNCIAS NUTRICIONAIS Ignorar o consumo de alimentos saudáveis pode gerar deficiências nutricionais em longo prazo. O aumento da ingestão de gordura saturada também eleva o risco de: 1 Cálculos biliares 2 Hipercolesterolemia 3 Câncer em pessoas predispostas DIETA DO TIPO SANGUÍNEO javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) CARACTERÍSTICAS Ela se baseia na crença de que, para cada tipo de grupo sanguíneo, existe um grupo de alimentos quemelhora a saúde e outros que levam a alguma piora. A promessa dessa dieta é a seguinte: o consumo apenas daqueles benéficos a seu grupo possibilita a perda de até seis quilos por mês. Os alimentos para cada grupo são: GRUPO O Evitar cereais, pães, leguminosas e feijões. Comer proteína animal. GRUPO A Adotar dieta vegetariana. GRUPO B Evitar milho, lentilhas, amendoim e sementes como as de gergelim. GRUPO AB Seguir as recomendações de A e B. DESVANTAGENS Por que essa dieta não funciona? Não existe nenhum fundamento científico para ela. Além disso, a dieta do tipo sanguíneo aumenta a chance do surgimento de problemas de saúde. EXEMPLO As pessoas do tipo O possuem alto risco de desenvolver problemas renais e cardiovasculares pelo elevado consumo de proteínas e gorduras saturadas. Além disso, as do tipo A, B e AB, por conta das restrições, podem ter um risco maior de carências nutricionais. DIETA DOS PONTOS CARACTERÍSTICAS Essa dieta ganhou notoriedade por ter sido criada por um endocrinologista brasileiro. Sua promessa é de que se pode perder peso comendo o que quiser. Seus alimentos são separados por uma quantidade de pontos; desse modo, o indivíduo soma os pontos do quanto quer comer por dia. DESVANTAGENS Ela induz a pessoa a achar que terá uma dieta livre, mas se mostra restritiva ao orientar a ingestão de poucas calorias diárias, além de não dar importância à qualidade do alimento. Como os alimentos são separados por pontos (ligados apenas pelo valor calórico), essa dieta não promove uma reeducação alimentar. EXEMPLO O indivíduo poderá consumir apenas doces ou alimentos ricos em açúcar desde que se mantenha na sua meta de pontos. Por conta das escolhas feitas e incentivadas, há uma grande chance de ela provocar um desequilíbrio de nutrientes e de a pessoa não perder peso, uma vez que a escolha pode recair sobre alimentos muito calóricos e pobres em nutrientes. JEJUM INTERMITENTE CARACTERÍSTICAS O jejum é um padrão alimentar que estimula a prática de períodos de abstinência tanto de comida quanto de bebida. No caso do intermitente, essa prática costuma ocorrer em dias alternados ou com um padrão de restrição alimentar em algumas horas do dia. Apesar de a prática de jejum ser algo relatado há séculos, estando inclusive ligada a certas práticas religiosas, essa forma de não alimentação ganhou vários adeptos depois que algumas celebridades defenderam sua utilização como uma forma saudável de emagrecimento. O jejum intermitente, no entanto, foi entendido de forma errada pela população graças à promessa de se emagrecer comendo o que quiser em dias ou horários permitidos. DESVANTAGENS Qual é o problema do jejum intermitente? O indivíduo pode ter uma hipoglicemia nos momentos de restrição e passar por episódios de náusea, tontura e dores de cabeça. Como isso envolve o metabolismo individual, não existe a comprovação de um método seguro e eficaz que possa ser adotado por várias pessoas. Também não há uma orientação adequada acerca dos alimentos a serem consumidos durante a janela alimentar. JANELA ALIMENTAR Período sem jejum. Como existem várias formas de jejum, não há um consenso para oferecer aos indivíduos recomendações nutricionais adequadas. O jejum intermitente é uma intervenção nutricional inspirada pela observação da prática do Ramadã (período do calendário islâmico no qual mulçumanos praticam o jejum). Durante o javascript:void(0) período do Ramadã, o indivíduo é obrigado a fazer jejum durante o dia, alimentando-se apenas do pôr do sol ao amanhecer, por 30 dias consecutivos. Ao final desse período, observa-se uma melhora no perfil lipídico e uma perda de gordura corporal – e isso propiciou o surgimento da hipótese de que essa prática traria benefícios à saúde. Foto: Shutterstock.com DIETA DA SOPA CARACTERÍSTICAS Outra dieta que ganhou a mídia por ter sido praticada por várias celebridades que atribuíram seu controle de peso a tal prática. Essa dieta opera pela substituição de uma ou mais refeições por uma sopa de legumes de baixa caloria. DESVANTAGENS A dieta da sopa costuma reduzir demais as calorias, oferecendo uma dieta abaixo das necessidades para o funcionamento adequado do organismo. Além disso, como outras dietas, ela não estimula uma reeducação alimentar. Ela dificilmente se mantém em longo prazo, porque a monotonia do consumo de sopa leva a um desinteresse ao longo do tempo. Como é uma dieta restritiva, ela promove não apenas a perda de peso, mas também a de água e massa muscular. DIETA DETOX CARACTERÍSTICAS O detox foi associado de forma errada ao processo de desintoxicação feito pelo organismo. É atribuída a essa dieta a capacidade de alguns alimentos “limparem” o corpo de toxinas e, com isso, promoverem seu funcionamento adequado e uma perda de peso. DESVANTAGENS Não há embasamento científico para a sua prática. Tampouco existem evidências suficientes que apoiam a utilização de determinados alimentos com a finalidade de limpeza de toxinas. Muitas dietas detox trabalham com a ingestão de sucos ou a restrição de quantidade de alimentos, o que promove uma diminuição de peso aliada à perda de importantes nutrientes, inclusive para o funcionamento adequado de todo processo de detoxificação. DETOX O nome “detox” vem da palavra detoxificação, processo pelo qual o fígado faz a eliminação de substâncias nocivas à saúde derivadas da alimentação, dos medicamentos e das substâncias químicas utilizados no dia a dia. javascript:void(0) REFLEXÕES SOBRE A DIETA E A ALIMENTAÇÃO Algumas dessas dietas costumam trabalhar com um grande consumo de gordura saturada, elevando o risco do aumento do colesterol e de doenças do aparelho cardiovascular. Por conta da severa restrição imposta em alguns tipos de dieta, também há um enorme risco de deficiências de nutrientes, minerais e fibras. EXEMPLO Vitamina B6, ácido fólico, cálcio, ferro, magnésio, potássio e zinco. Essas deficiências comprometem a saúde e o funcionamento do organismo. Como diversos nutrientes estão envolvidos com aspectos estéticos, há boa chance de o indivíduo não verificar um resultado nos procedimentos realizados, gerando nele uma grande frustração e uma ideia errada do trabalho estético realizado. A restrição de alimentos sem a orientação adequada de um nutricionista o leva a assumir uma postura de autocuidado. Sem base teórica suficiente, ele acaba decidindo – em muitos, erroneamente – sobre os riscos e os benefícios de cada mudança alimentar. Foto: Shutterstock.com DICA O papel do profissional em estética sempre será o de alertar de forma adequada para o risco de modismos e explicar que toda conduta precisa estar embasada em pesquisas científicas para uma melhor prática e um aconselhamento eficaz. É necessário destacar que, antes da estética, existe o cuidado com a saúde. Além disso, deve- se salientar que nenhum procedimento será totalmente eficaz em um ambiente de nutrição inadequada. EXEMPLO Uma pessoa que faz a utilização de um procedimento para aumentar a produção de colágeno requer uma mudança alimentar que contribua para esse fim, havendo o aporte de energia necessário para que a proteína ingerida, em quantidade adequada a essa necessidade, possa estar disponível, assim como a entrada de vitaminas e minerais, ambos cofatores nesse trabalho pelo organismo. Além disso, é importante haver a retirada de alimentos ricos em açúcar que prejudicam o funcionamento dessa proteína específica na pele. Veja quanta coisa você precisará avaliar na dieta escolhida pelo indivíduo que passará pelo tratamento – e tudo antes desse procedimento! Ângela diz que já fez várias dietas, mas que não consegue manter essa conduta por muito tempo. Ela sempre volta comendo muito mais do que antes. Recapitularemos agora alguns sintomas que se consegue por meio de seu relato: Fadiga crônica. Queda de cabelo (e possivelmente unhas fracas). Relato de ansiedade (possibilidade de desencadearuma compulsão alimentar). No cuidado desse caso, é necessário haver uma correção de possíveis deficiências nutricionais, orientando-a a ter uma alimentação adequada. Também é possível recomendar a utilização de suplementos (indicados com a participação de outros profissionais, como, por exemplo, nutricionista, biomédico ou médico). ATENÇÃO A suplementação deve ser feita após uma avaliação clínica detalhada. Além dela, deve ser elaborado por um nutricionista um plano alimentar individualizado. Desse modo, você poderá auxiliar a Ângela com algumas orientações relativas às mudanças de comportamento e aos hábitos alimentares que farão a diferença no procedimento escolhido. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. NOS DIAS DE HOJE, É COMUM OUVIR AS PESSOAS FALAREM DE DIETAS QUE ESTIMULAM UM MENOR CONSUMO DE CARBOIDRATOS. ENTRE ESSAS DIETAS, DESTACA-SE A DO DOUTOR ATKINS, QUE ENFATIZA A RESTRIÇÃO DE CARBOIDRATOS AO MESMO TEMPO QUE: A) Indica estimulantes do apetite. B) Estimula o consumo de álcool. C) Estimula o consumo de açúcares. D) Não restringe o conteúdo calórico da dieta. E) Restringe ao mínimo o conteúdo calórico da dieta. 2. (UFPR - 2009 - CONCURSO AUXILIAR DE NUTRIÇÃO E DIETÉTICA) É GRANDE A PREOCUPAÇÃO COM O PESO EM NOSSA SOCIEDADE. POR ISSO, HÁ MUITAS DIETAS PARA O CONTROLE DE PESO, MAS ISSO NÃO SIGNIFICA DIZER QUE TODAS SÃO BOAS PARA A SAÚDE. AS CHAMADAS “DIETAS DA MODA” SÃO GERALMENTE DIETAS RESTRITAS A UM OU VÁRIOS TIPOS DE NUTRIENTES; POR CAUSA DISSO, ELAS APRESENTAM INÚMERAS DESVANTAGENS, ALÉM DE NÃO SEREM NUTRICIONALMENTE EQUILIBRADAS. ACERCA DESSE ASSUNTO, ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA. A) Essas dietas podem ocasionar diminuição do rendimento físico, sobrecarga do organismo, deficiências nutricionais, desidratação, desmaios, problemas cardíacos e outras doenças. B) Comer alimentos em quantidades restritas que apresentem alguns dos nutrientes essenciais é a alternativa ideal para quem deseja controlar o peso com saúde. C) As dietas da moda promovem uma perda de peso passageira, pois esses tipos de dietas levam a pessoa a ter uma alimentação equilibrada de acordo com as necessidades individuais. D) As dietas da moda ajudam a pessoa a retornar à “alimentação normal”, mantendo o peso. E) Muitas pessoas insistem em fazer essas dietas “exóticas” devido à intensa propaganda que as apresenta como dietas equilibradas. GABARITO 1. Nos dias de hoje, é comum ouvir as pessoas falarem de dietas que estimulam um menor consumo de carboidratos. Entre essas dietas, destaca-se a do doutor Atkins, que enfatiza a restrição de carboidratos ao mesmo tempo que: A alternativa "D " está correta. A dieta Atkins não permite grandes quantidades de carboidratos e exclui quase totalmente os refinados, como, por exemplo, pães e doces. Em compensação, ela não limita as quantidades de alimentos ricos em proteína e gordura, que são a base da dieta, além de não se preocupar com a quantidade de calorias. 2. (UFPR - 2009 - Concurso auxiliar de nutrição e dietética) É grande a preocupação com o peso em nossa sociedade. Por isso, há muitas dietas para o controle de peso, mas isso não significa dizer que todas são boas para a saúde. As chamadas “dietas da moda” são geralmente dietas restritas a um ou vários tipos de nutrientes; por causa disso, elas apresentam inúmeras desvantagens, além de não serem nutricionalmente equilibradas. Acerca desse assunto, assinale a alternativa correta. A alternativa "A " está correta. Toda dieta restritiva ou que exagera no consumo de determinado alimento pode propiciar a perda de importantes nutrientes e a sobrecarga do organismo, o aumento do risco da perda de rendimento físico, de deficiências nutricionais, de desequilíbrios e, consequentemente, do surgimento de doenças. CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS A nutrição em estética significa o cuidado em fornecer a quantidade adequada de nutrientes e de energia por meio da ingestão de alimentos que auxiliem o indivíduo a cuidar da sua saúde e conseguir benefícios nos tratamentos estéticos. Dessa maneira, verificamos que, nesses casos, se oferece um cuidado como forma de prevenção às desordens estéticas e à potencialização dos procedimentos realizados. Estabelecemos ainda que a dieta está ligada ao conceito de uma alimentação adequada que pretende atender às necessidades nutricionais únicas de cada indivíduo. Em seguida, vimos que, para se pensar em uma dieta adequada a cada um, é necessário planejar os alimentos de forma organizada, tendo como base os conhecimentos científicos sobre os nutrientes e as necessidades individuais segundo o tratamento estético escolhido. Você já percebe que esses conceitos trabalham a questão da preocupação com o indivíduo e com suas necessidades, as quais, aliás, precisam ser avaliadas pelo profissional. Por fim, pontuamos a necessidade do planejamento da alimentação de uma pessoa para atender às suas necessidades únicas. E isso muda de acordo com a idade, o gênero e as atividades diárias – e, principalmente, com a evolução da ciência. AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS BRASIL. Guia alimentar para a população brasileira. 2 ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2014. COMIN, A. F.; BELLO, G. B.; DAVID, R. B. Manual de atendimento nutricional em estética. 3. ed. Porto Alegre: IPGS, 2014. FIGUEIREDO, D. de C.; NASCIMENTO, F. S.; RODRIGUES, M. E. Discurso, culto ao corpo e identidade: representações do corpo feminino em revistas brasileiras. In: Linguagem em (dis)curso. v. 17. n. 1. Tubarão. jan./abr. 2017. p. 67-87. MALIK, N. et al. Are long-term FAD diets restricting micronutrient intake? A randomized controlled trial. In: Food science & nutrition. v. 8. n. 1. out. 2020. MOTA, João Felipe et al. Adaptação do índice de alimentação saudável ao Guia alimentar da população brasileira. In: Revista de nutrição. v. 21. n. 5. Campinas. 2008. p. 545-552. NAZARET, A. S. et al. Body image dissatisfaction and distortion among food service workers. In: Revista brasileira de medicina do trabalho. v. 20. n. 1. ago. 2020. p. 59-65. PASSOS, J. A.; VASCONCELLOS-SILVA, P. R.; SANTOS, L. A. S. Ciclos de atenção a dietas da moda e tendências de pesquisa na internet por tendências do Google. In: Ciência & saúde coletiva. v. 25. n. 7. Rio de Janeiro. 2020. p. 2615-2631. PASSOS, J. A.; VASCONCELLOS-SILVA, P. R.; SANTOS, L. A. S. Curta e compartilhe: conteúdos sobre alimentação saudável e dietas em páginas do Facebook. In: Interface. v. 24. Botucatu. 2020. PRINYAWIWATKUL, W. Relationships between emotion, acceptance, food choice, and consumption: some new perspectives. In: Foods. v. 9. n. 11. 2020. SANT’ANNA, D. Corpos de passagem: ensaios sobre a subjetividade contemporânea. 3. ed. São Paulo: Estação Liberdade, 2001. SILVA, A.; SANTOS, V. Qualidade nutricional de dietas da moda veiculadas em revistas não científicas. In: Journal of health & biological sciences. v. 9. n. 1. 2021. SIMAS, L. A. W.; WOLPE, R. E. Manual de atendimento em nutrição estética. Curitiba: Editora da Autora, 2016. STRINGHINI, M. L. F.; SILVA, J. M. C.; OLIVEIRA, F. G. Vantagens e desvantagens da dieta Atkins no tratamento da obesidade. In: Salusvita. v. 26. n. 2. Bauru. 2007. p. 153-164. TAN, P. Y.; MITRA, S. R.; AMINI, F. Lifestyle interventions for weight control modified by genetic variation: a review of the evidence. In: Public health genomics. v. 21. n. 5-6. 2018. p. 169-185. VIGARELLO, G. As metamorfoses do gordo: história da obesidade no ocidente. Petrópolis: Vozes, 2012. VILARO, M. J. et al. Food choice priorities change over time and predict dietary intake at the end of the first year of college among students in the U.S. In: Nutrients. v. 10. n. 9. 2018. EXPLORE+ Para explorar os seus conhecimentos a respeito do assunto estudado, indicamos a leitura dos seguintes textos: BRASIL. Guia alimentar para a população brasileira. 2 ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2014. GOLDENBERG, M. Gênero, “o corpo”e “imitação prestigiosa” na cultura brasileira. In: Saúde e sociedade. v. 20. n. 3. 2011. p. 543-553. COMENTÁRIO A antropóloga Mirian Goldenberg salienta que, para os brasileiros, o corpo é considerado um bem precioso, principalmente entre as classes mais baixas da sociedade, porque ele pode ser visto como um instrumento de ascensão social e de distinção na sua prática de trabalho. Além disso, o corpo pode mudar a forma como você consegue se relacionar com as outras pessoas social e afetivamente. OLIVEIRA, M. S. S.; SANTOS, L. A. S. Guias alimentares para a população brasileira: uma análise a partir das dimensões culturais e sociais da alimentação. In: Ciência e saúde coletiva. Salvador: UFBA, 2018. PAIM, M. B.; KOVALESKI, D. F. Análise das diretrizes brasileiras de obesidade: patologização do corpo gordo, abordagem focada na perda de peso e gordofobia. In: Saúde e sociedade. v. 29. n. 1. São Paulo. mar. 2020. SAMPAIO, L. R. et al. Inquérito alimentar. In: SAMPAIO, L. R. (org.). Avaliação nutricional. Salvador: EDUFBA, 2012. p. 103-112. CONTEUDISTA Luciana Novaes Moreira CURRÍCULO LATTES javascript:void(0);
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