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Crédito digital_Tema 4_Atividades motoras adaptadas a pessoas com deficiência intelectual e transtornos do neurodesenvolvimento

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DESCRIÇÃO
Atividades motoras adaptadas a pessoas com deficiência intelectual; Transtornos do
neurodesenvolvimento; Educação Física Inclusiva para pessoas com deficiência intelectual.
PROPÓSITO
Preparar o profissional de Educação Física para atender alunos com deficiência intelectual e
transtornos do neurodesenvolvimento em escolas, clubes, academias ou outros espaços de atuação.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Definir o que é deficiência intelectual e transtornos do neurodesenvolvimento e suas causas
MÓDULO 2
Reconhecer a terminologia correta para se dirigir a pessoas com deficiência intelectual e transtornos
do neurodesenvolvimento e os diferentes tipos de comprometimento da mesma deficiência
MÓDULO 3
Construir atividades para aulas de Educação Física tendo como alunos pessoas com deficiência
intelectual e transtornos do neurodesenvolvimento
INTRODUÇÃO
Vamos aqui explorar como trabalhar com pessoas que apresentam deficiência intelectual e
transtornos do neurodesenvolvimento nas práticas da Educação Física e atividades motoras
adaptadas. Nosso objetivo é que você, profissional de Educação Física, adquira conhecimento
suficiente para atender alunos com deficiência intelectual e transtornos do neurodesenvolvimento e,
ao final do curso, sinta-se seguro para montar uma aula individual ou coletiva – e inclusiva – em uma
perspectiva agregadora, levando em conta as diversas possibilidades que as atividades motoras
adaptadas e inclusivas oferecem.
Primeiramente, precisamos definir o que é deficiência intelectual e transtornos do
neurodesenvolvimento. Explicaremos as causas dessas patologias, os transtornos mais comuns e
como identificá-los nos alunos. Além disso, traremos à tona um assunto muito relevante,
principalmente no meio escolar, que é a inclusão dos alunos com deficiência nas aulas de Educação
Física; onde e como a Educação Física encaixa sua contribuição na formação integral desse aluno.
Aproveite este curso para mostrar, futuramente, seu diferencial no mercado de trabalho. Desafiamos
você a perguntar aos seus colegas, que trabalham em escolas, academias de ginástica ou de clube,
se eles se consideram preparados para receber alunos com qualquer tipo de deficiência ou transtorno
físico ou intelectual em suas turmas. Aproprie-se de tudo que será aqui apresentado.
MÓDULO 1
 Definir o que é deficiência intelectual e transtornos do neurodesenvolvimento e suas
causas
BREVE HISTÓRICO DA DEFICIÊNCIA
INTELECTUAL E DOS TRANSTORNOS DO
NEURODESENVOLVIMENTO
Ao longo da história da humanidade, foram impostos estigmas às pessoas com deficiência. Do total
abandono na Pré-história, passando pelo misticismo em algumas sociedades da Antiguidade e pelo
extermínio na Alemanha nazista, até o atual cenário de inclusão, as pessoas com deficiência travaram
e ainda travam uma grande luta para serem vistas como parte integrante da sociedade.
Fatores econômicos, políticos, religiosos e sociais colaboraram para as mudanças de paradigma em
relação à participação social das pessoas com deficiência.
 
Fonte: Gorodenkoff/Shutterstock.
Seria impossível, numa sociedade nômade e que vivia da caça, aceitar em seu grupo social, por
exemplo, uma pessoa com deficiência física que não conseguisse caminhar. Ela dependeria de outras
do grupo e sua incapacidade poderia comprometer a dinâmica social ali presente. O abandono era a
solução – note-se que essa ideia ainda está presente em tribos indígenas do Brasil. Abandonar
crianças com deficiência para morrerem não tinha nenhum impedimento ético ou moral e
perdurou até o avanço do cristianismo.


Os novos paradigmas da Igreja católica passaram a pregar que todos são filhos de Deus e dignos
de viver. Nesta nova concepção social, a pessoa com deficiência, apesar de não ser mais condenada
à morte, vivia ainda sem o direito a acolhimento e atendimento. Era merecedora de caridade. Assim,
durante séculos as pessoas com deficiência foram tratadas como uma carga pesada para a
sociedade.
 
Fonte: Antonio Gravante/Shutterstock.
 
Fonte: Shaiith/Shutterstock.
O primeiro hospital psiquiátrico surgiu em 1247. Apesar de ser a primeira iniciativa para acolhimento
das pessoas com deficiência ou na época pessoas que tinham comportamento fora dos padrões
adequados para a vida em sociedade, esse local apenas servia para a internação e isolamento
dessas pessoas do restante da sociedade, se assemelhando a uma prisão.

A INSTITUCIONALIZAÇÃO
Graças ao avanço da Medicina, o grande marco de mudança de paradigma para as pessoas com
deficiência ocorreu no final do século XVIII. Nesse período, ainda havia muitas controvérsias sobre a
diferença entre doença mental e deficiência intelectual. Pessoas com deficiência mental continuavam
vivendo isoladas da sociedade, em abrigos. Já as pessoas com deficiência física eram cuidadas por
suas famílias ou viviam em asilos. Mas em 1800 surge a institucionalização.
 COMENTÁRIO
Essa ideia surgiu na Suíça, em 1800, com a abertura da primeira instituição para cuidado e
tratamento de pessoas com deficiência mental e que serviu de referência para muitas iniciativas
semelhantes em outros países.
A institucionalização perdurou por muitos anos na vida das pessoas com deficiência intelectual. Ela
tiraria o direito dessas pessoas de conviver com sua família, colocando-a para viver, às margens
da sociedade, em uma instituição não tão cruel como os primeiros hospitais psiquiátricos,
considerados prisões, mas que de qualquer modo lhe retirava a liberdade. Esse ato era justificado
como uma ação para protegê-las, dar-lhes um tratamento adequado ou ainda para oferecer-
lhes educação formal.
Antes dessas primeiras instituições surgirem, as pessoas com deficiência intelectual eram vistas como
incuráveis e incapazes de receber qualquer tipo de educação formal. Somente após os estudos do
médico Jean Itard, no século XIX, começou-se a dar crédito à capacidade de gerar aprendizado
em pessoas com deficiência intelectual.
O trabalho de Édouard Séguin, discípulo de Itard, é considerado o primeiro a afastar as pessoas com
deficiência intelectual do estigma de “incurável” e a buscar estratégias de educação através de
estímulos cerebrais aliados a atividades físicas e sensoriais.
O estudioso Séguin não parou por aí. Foi fundador da primeira escola para pessoas com deficiência
intelectual e o primeiro presidente da Associação Americana de Retardo Metal (AARM), atualmente
Associação Americana de Deficiência Intelectual e Desenvolvimento (AADID). Fundada em 1876,
tinha como objetivo pesquisar a deficiência intelectual, mas até hoje tem papel de destaque nesta
área.
A NORMALIZAÇÃO, A INTEGRAÇÃO
Chegamos ao século XX, mais precisamente na década de 1960. Depois de receber muitas críticas, a
ideia de institucionalização da pessoa com deficiência é superada e começa uma fase de
desinstitucionalização e um novo paradigma surge: o do serviço.
Nessa nova concepção, a principal ideia era trazer a pessoa com deficiência intelectual para uma vida
o mais próximo possível do considerado “normal” pelos padrões determinados socialmente. Surge
então uma nova ideologia chamada de normalização. Já aqui, a ideia era preparar a pessoa com
deficiência para ter um comportamento considerado “normal”. Junto com essa ideia, surge o conceito
de integração, quase um sinônimo de normalização.
Mas seriam as escolas os locais onde essas pessoas com deficiência intelectual seriam
preparadas para desenvolver o comportamento dito “normal”?
Para executar essa nova ação, foi necessária a criação de novas instituições – diferentes dos
hospitais psiquiátricos e dos hospícios. Nesse período, no Brasil, podemos destacar a criação da
Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE).
O acesso à escola passa a ficar restrito às escolas especiais ou classes especiais, espaços
dedicados apenas a estudantes com deficiência intelectual. Veja que mesmo essa mudança de
cenário sendo bastante positiva, a pessoa com deficiência ainda necessitavase adaptar para ser
aceita na sociedade.
A INCLUSÃO
Já foram apresentados aqui dois importantes paradigmas que norteiam a história das pessoas com
deficiência, principalmente com deficiência intelectual. O paradigma da institucionalização, ligado ao
conceito de segregação, e o paradigma da normalização, ligado ao conceito de integração. Mas e a
inclusão, tão falada e defendida nos dias de hoje, começa quando?
O conceito de inclusão é predominantemente do século XXI e está vinculado a um terceiro paradigma
que é o do “suporte”. Passa-se a defender que a pessoa com deficiência deve ter acesso a todos os
recursos disponíveis na sociedade, com direito de conviver socialmente sem precisar se “normalizar”
para isso.
Cabe à sociedade se preparar para acolher essa pessoa e permitir que ela tenha acesso a tudo como
qualquer outro cidadão. A inclusão deve investir na formação do sujeito, mas, além disso, para a
inclusão acontecer, deve haver condições que garantam o acesso e a participação da pessoa
com deficiência na vida comunitária.
No momento atual, é importante saber que estamos vivendo a fase da inclusão. Cada vez mais nos
deparamos com pessoas com deficiência em nossas salas de aula e, como consequência, devemos
estar preparados para melhor atendê-las. Esse é um caminho sem volta, e hoje trabalhar com
pessoas com deficiência não é mais uma opção.
TRANSTORNOS DO NEURODESENVOLVIMENTO
Até agora tratamos das pessoas com deficiência intelectual; mas e as pessoas com transtornos do
neurodesenvolvimento, onde elas entram nessa história? Podemos supor que sempre existiram
crianças cujos comportamentos levariam ao diagnóstico de transtornos do neurodesenvolvimento.
Mas o diagnóstico só foi possível graças ao avanço da Medicina, principalmente na Psiquiatria.
Um dos transtornos do neurodesenvolvimento mais conhecidos é o Transtorno do Espectro do
Autismo.
 
Fonte: Sue Tansirimas/Shutterstock.
A palavra “autismo” surgiu no início do século XX, em 1908; porém as primeiras pesquisas
sobre autismo aconteceram na década de 1940 com Hans Asperger e Leão Kanner. Quantas
crianças foram tratadas como loucas ou doentes mentais e, na verdade, seus comportamentos eram
característicos de Transtorno de Espectro do Autismo?
A terminologia só surgiu com a criação do Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders
(DSM-5, Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais ou Manual Diagnóstico e
Estatístico de Transtornos Mentais), publicado em 18 de maio de 2013. Trata-se de tema bastante
recente e por isso ainda causa tantas dúvidas, as quais esperamos esclarecer um pouco em nosso
estudo.
O QUE É DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E QUAIS
SÃO SUAS CAUSAS?
Ao longo de muitos séculos, o conceito de deficiência intelectual se confundia com o de doença
mental. Só no final do século XIX passamos a classificar a deficiência intelectual como um atraso
no desenvolvimento cognitivo – na deficiência mental há maiores comprometimentos nas funções
sensitivas e perceptivas, muitas vezes acompanhadas de fenômenos psíquicos.
Um marco fundamental no estudo da deficiência intelectual foi a criação da Associação Americana de
Retardo Metal (AARM), atualmente Associação Americana de Deficiência Intelectual e
Desenvolvimento (AADID), fundada em 1876. É hoje a maior responsável por conceituações,
classificações, modelos teóricos e orientações para intervenção. Junto com o Classificação
Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID), na décima versão, e o Manual
Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM, sigla para Diagnostic and Statistical Manual
of Mental Disorders), na quinta versão, são responsáveis por conceituar o que é deficiência
intelectual.
A AADID conceitua deficiência intelectual como:
[...] INCAPACIDADE CARACTERIZADA POR LIMITAÇÕES
SIGNIFICATIVAS NO FUNCIONAMENTO INTELECTUAL E
NO COMPORTAMENTO ADAPTATIVO E ESTÁ EXPRESSO
NAS HABILIDADES PRÁTICAS, SOCIAIS E CONCEITUAIS,
ORIGINANDO-SE ANTES DOS DEZOITO ANOS DE IDADE.
AADID, 2006.
A CID-10 ainda usa a nomenclatura antiga para deficiência intelectual: retardo mental. Além disso,
define e classifica a deficiência intelectual em quatro níveis, conforme o resultado de testes de
quociente de inteligência (QI) e de capacidade funcional da pessoa:
QI ENTRE 50-69
Retardo mental leve.
QI ENTRE 35-49
Retardo mental moderado.
QI ENTRE 20-40
Retardo mental grave.
QI ABAIXO DE 20
Retardo mental profundo.
A CID-11 está em produção e entrará em vigor em primeiro de janeiro de 2022. Nela constarão a
mudança da nomenclatura de retardo mental para deficiência intelectual e as mudanças nas questões
de classificação.
Já o DSM-5 define deficiência intelectual ou transtorno do desenvolvimento intelectual como:
[...] UM TRANSTORNO COM INÍCIO NO PERÍODO DO
DESENVOLVIMENTO QUE INCLUI DÉFICITS FUNCIONAIS,
TANTO INTELECTUAIS QUANTO ADAPTATIVOS, NOS
DOMÍNIOS CONCEITUAL, SOCIAL E PRÁTICO.
DSM-5, 2013.
Os três critérios a seguir devem ser preenchidos para diagnosticar uma pessoa com deficiência
intelectual:
PRIMEIRO CRITÉRIO
SEGUNDO CRITÉRIO
TERCEIRO CRITÉRIO
Déficits em funções intelectuais como raciocínio, solução de problemas, planejamento, pensamento
abstrato, juízo, aprendizagem acadêmica e aprendizagem pela experiência, confirmados tanto pela
avaliação clínica quanto por testes de inteligência padronizados e individualizados.
Déficits em funções adaptativas que resultam em fracasso para atingir padrões de
desenvolvimento e socioculturais em relação a independência pessoal e responsabilidade
social. Sem apoio continuado, os déficits de adaptação limitam o funcionamento em uma ou mais
atividades diárias, como comunicação, participação social e vida independente, e em múltiplos
ambientes, como em casa, na escola, no local de trabalho e na comunidade.
O início dos déficits intelectuais e adaptativos devem acontecer durante o período do
desenvolvimento.
Para facilitar a compreensão, podemos definir deficiência intelectual como um déficit cognitivo que
tem funcionamento intelectual significativamente abaixo da média e atraso no desenvolvimento geral
do indivíduo em pelo menos duas habilidades adaptativas, evidenciadas no período de
desenvolvimento que vai do nascimento à idade escolar, geralmente antes dos 18 anos de idade.
HABILIDADES ADAPTATIVAS
São elas: habilidades de comunicação, autocuidados, vida doméstica, habilidades
sociais/interpessoais, uso de recursos comunitários, autossuficiência, habilidades acadêmicas,
trabalho, lazer e segurança.
Agora, vamos refletir sobre a mudança ocorrida na conceituação da pessoa com deficiência
intelectual?
No final do século XIX, o único fator para definir se a pessoa tinha deficiência intelectual era o
desenvolvimento cognitivo, hoje mensurado através do teste de QI. Atualmente, são levados em
conta três fatores:
DESENVOLVIMENTO COGNITIVO
HABILIDADES ADAPTATIVAS
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COMPROVAÇÃO (GERALMENTE ANTES DOS 18 ANOS)
Por que essa mudança? Por que o teste de QI não é mais suficiente?
Fato é que o teste de QI de uma pessoa que não teve acesso à escola, que não tem acesso
constante a informações e a estímulos, pode resultar baixo. Isso pode ser considerado suficiente para
lhe dar um laudo de deficiente intelectual? A resposta claramente é não. Daí as mudanças nos fatores
a serem observados, para que o médico possa diagnosticar que uma pessoa tem deficiência
intelectual.
 ATENÇÃO
Na maioria dos casos, a única forma de definir se a pessoa tem ou não deficiência intelectual é
através de observação e realização de testes. Não existe um exame clínico para isso. Embora o
profissional de Educação Física tenha um papel relevante nessa avaliação, não é sua prerrogativa
elaborar laudos de deficiência intelectual. Isso seria exercício ilegal da Medicina. No entanto, as aulas
são um excelente local de observação para avaliar comportamentos que possam estar aquém do
desenvolvimento típico da criança ou do adolescente.
É um deverdo profissional de Educação Física comunicar qualquer dúvida em relação ao
desenvolvimento do aluno à família ou à coordenação do local onde trabalha. Por essa razão, ter
conhecimentos sobre deficiência intelectual é muito importante para a atuação na área.
Agora que já apresentamos o conceito de deficiência intelectual, passaremos então a suas causas.
Vamos dividir didaticamente as causas em três momentos:
 
Fonte: Blue Planet Studio/Shutterstock.
PRÉ-NATAL (ANTES DO NASCIMENTO)
 
Fonte: Motortion Films/Shutterstock.
PERINATAL (DURANTE O PARTO)
 
Fonte: George Rudy/Shutterstock.
PÓS-NATAL (APÓS O NASCIMENTO)
Além disso, nessas três divisões existem fatores biomédicos, sociais, comportamentais e
educacionais que devem ser considerados, conforme a Tabela 1.
Ocorrência
Fatores
biomédicos
Fatores
sociais
Fatores
comportamentais
Fatores
educacionais
Pré-natal
Distúrbios
cromossômicos,
metabólicos e de
gene; síndromes;
disgenesia
cerebral; doenças
maternas; idade
dos pais.
Pobreza; má
nutrição;
violência
doméstica;
falta de pré-
natal.
Uso de drogas e
álcool; hábitos de
fumar dos pais;
imaturidade dos
pais.
Deficiência
cognitiva dos
pais sem apoio;
falta de
preparação para
serem pais.
Perinatal Prematuridade;
lesões e distúrbios
neonatais.
Falta de
acesso aos
Rejeição dos pais
às crianças;
Falta de
encaminhamento
médico.
cuidados no
nascimento.
abandono da
criança pelos pais.
Pós-natal
Lesão cerebral
traumática; má
nutrição; distúrbios
convulsivos e
degenerativos;
meningoencefalite.
Cuidador
incapacitado;
falta de
estimulação;
pobreza;
doenças
crônicas;
problema
institucional.
Abuso ou
negligência;
violência
doméstica;
insegurança;
provação social;
comportamentos
difíceis.
Incapacidade
dos pais;
diagnóstico
tardio;
intervenção
tardia; educação
inadequada;
apoio familiar
inadequado.
 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal
Observando a Tabela 1, você pode verificar que nos países em desenvolvimento há maiores fatores
de risco que nos países desenvolvidos para a pessoa ter alguma deficiência, não se restringindo
apenas a deficiência intelectual. Segundo dados da ONU de 2011, 80% das pessoas que têm algum
tipo de deficiência vivem em países em desenvolvimento.
Qual seria o papel do profissional de Educação Física?
Os profissionais de Educação Física podem contribuir para a redução do desenvolvimento da
deficiência intelectual nas questões pós-natais, conforme a classificação apresentada
anteriormente na Tabela 1.
Sua atuação profissional deveria ser valorizada e incluída nos cuidados às crianças de 0 a 2 anos de
idade. Quando na ocorrência pós-natal aparece nos fatores sociais a “falta de estimulação” como
decisiva para a deficiência intelectual (ver Tabela 1), pensamos logo na importância do trabalho do
profissional de Educação Física nas creches, locais onde podem oferecer aos bebês uma gama de
estímulos motores que inicialmente serão a principal forma de desenvolvimento.
Este profissional também pode participar com propriedade no diagnóstico tardio da criança
com deficiência intelectual, quesito constante nos fatores educacionais da deficiência intelectual no
pós-natal.
 
Fonte: Oksana Kuzmina/Shutterstock.
O QUE SÃO TRANSTORNOS DO
NEURODESENVOLVIMENTO E QUAIS SÃO
SUAS CAUSAS?
A terminologia “transtornos do neurodesenvolvimento” surge na literatura a partir do lançamento do
Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V).
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), podemos defini-lo como:
[...] DISFUNÇÕES COMPORTAMENTAIS E COGNITIVAS
QUE SURGEM DURANTE O PERÍODO DE
DESENVOLVIMENTO QUE ENVOLVE DIFICULDADES
SIGNIFICATIVAS NA AQUISIÇÃO E NA EXECUÇÃO
ESPECÍFICAS DE FUNÇÕES INTELECTUAIS, MOTORAS E
SOCIAIS.
OMS, 1992.
Logo, está diretamente relacionado com o desenvolvimento do sistema nervoso central da criança. Os
avanços que vêm acontecendo na Medicina têm sido fundamentais para a avaliação desses quadros
específicos. Hoje não há dúvidas de que o cérebro dos bebês e das crianças estão em constante
desenvolvimento e necessitam de estímulos externos também contínuos. Um bebê se
desenvolve principalmente a partir de estímulos motores, motivo pelo qual o professor de Educação
Física deve estar não só nas escolas, mas também nas creches ou em qualquer atividade que
envolva bebês.
 ATENÇÃO
Os transtornos de neurodesenvolvimento podem comprometer o desenvolvimento motor e cognitivo, a
comunicação e/ou o comportamento da criança. Não sendo incomum observar crianças com mais de
uma desordem simultaneamente.
Os transtornos do neurodesenvolvimento são inúmeros, mas podem ser divididos da seguinte forma,
segundo o DSM-V:
DEFICIÊNCIA INTELECTUAL
Pode ser considerada como um transtorno de desenvolvimento infantil e é caracterizada por um déficit
das capacidades cognitivas.
TRANSTORNO DA COMUNICAÇÃO
São transtornos que comprometem a capacidade de comunicação, desde a compreensão do que se
houve até a capacidade de expressão oral.
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA)
Caracteriza-se por um comprometimento na comunicação social que prejudica a linguagem verbal e
não verbal, interfere diretamente nas relações sociais e apresenta um comportamento restritivo e
repetitivo.
TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E
HIPERATIVIDADE (TDAH)
Evidencia-se por reduções na capacidade de atenção e por um comportamento impulsivo e
extremamente agitado.
TRANSTORNOS MOTORES DO
NEURODESENVOLVIMENTO
Referem-se à dificuldade de realização de tarefas que exigem coordenação motora simples ou
complexa.
TRANSTORNO ESPECÍFICO DA APRENDIZAGEM
Caracteriza-se pela dificuldade da criança em adquirir habilidades relacionadas ao conhecimento
escolar. Os mais conhecidos são a dislexia (dificuldade na aquisição da língua, principalmente a
leitura) e a discalculia (dificuldade na aprendizagem da matemática).
Apesar dos avanços das pesquisas no que se refere aos transtornos do neurodesenvolvimento,
definir suas causas ainda não é uma tarefa simples, principalmente porque, de modo geral, elas
são multifatoriais. Além disso, fatores genéticos e ambientais também podem influenciar o
desenvolvimento desses transtornos. E, como se sabe, o cérebro humano é bastante complexo e
normalmente diferentes áreas cerebrais são ativadas para a realização de uma única ação, o que
dificulta ainda mais os estudos dos transtornos do neurodesenvolvimento.
No vídeo a seguir, aprenderemos mais um pouco sobre as causas e consequências da deficiência
intelectual.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. COMO PODEMOS DEFINIR DEFICIÊNCIA INTELECTUAL?
A) Pode ser definida como déficit cognitivo que deverá ser observado na criança e no jovem antes
dos 18 anos.
B) Déficit cognitivo que tem um funcionamento intelectual significativamente abaixo da média e um
atraso no desenvolvimento geral do indivíduo em pelo menos duas habilidades adaptativas,
evidenciado no período de desenvolvimento (do nascimento à idade escolar, geralmente antes dos 18
anos).
C) Déficit de intelecto que tem um funcionamento adaptativo significativamente abaixo da média e um
atraso no desenvolvimento cognitivo evidenciado antes dos 18 anos.
D) Déficit cognitivo que tem um funcionamento intelectual significativamente abaixo da média e um
atraso no desenvolvimento geral do indivíduo em pelo menos duas habilidades adaptativas,
evidenciado no período da primeira infância.
E) É sempre caracterizada após os 18 anos de idade.
2. O QUE SÃO TRANSTORNOS DO NEURODESENVOLVIMENTO?
A) Disfunções comportamentais e cognitivas que surgem durante o período de desenvolvimento que
envolvem dificuldades significativas na aquisição e na execução específicas de funções intelectuais,
motoras e sociais.
B) Disfunções cognitivas que surgem durante o período de desenvolvimento que envolvem
dificuldades significativas na aquisição e na execução específicas de funções intelectuais.
C) Disfunções comportamentais e cognitivasque surgem até 18 anos que envolvem dificuldades
significativas na aquisição e na execução específicas de funções adaptativas.
D) Disfunções comportamentais e intelectuais nas crianças que envolvem problemas nas habilidades
adaptativas e na execução específicas de funções intelectuais, motoras e sociais.
E) Aumento da função intelectual associado sempre ao período pré-natal.
GABARITO
1. Como podemos definir deficiência intelectual?
A alternativa "B " está correta.
 
Usando como referência a Associação Americana de Deficiência Intelectual e Desenvolvimento
(AADID), o DSM-V e o CID-10, três fatores deverão ser observados para diagnosticar a deficiência
intelectual: déficit cognitivo, duas ou mais habilidade adaptativas com atraso no desenvolvimento e
sendo observado do nascimento até 18 anos.
2. O que são transtornos do neurodesenvolvimento?
A alternativa "A " está correta.
 
A terminologia “Transtornos do Neurodesenvolvimento” surgiu com o DSM-V, que agrupa diversos
transtornos (deficiência intelectual, transtornos de comunicação, transtorno do espectro do autismo,
transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, transtornos motores e transtornos específicos de
aprendizagem) em uma definição única que os relaciona com disfunções de comportamento e
cognitivas, surgindo durante o desenvolvimento da criança e que envolvam dificuldades significativas
na aquisição e na execução de funções intelectuais, motoras e sociais.
MÓDULO 2
 Reconhecer a terminologia correta para se dirigir a pessoas com deficiência intelectual e
transtornos do neurodesenvolvimento e os diferentes tipos de comprometimento da mesma
deficiência
TERMINOLOGIA PARA A DEFICIÊNCIA
INTELECTUAL E OS TRANSTORNOS DO
NEURODESENVOLVIMENTO
Você já ouviu alguém chamando outra de retardada? De mongoloide? Ou ainda viu alguém se
referir a uma pessoa com deficiência intelectual como “especial”?
Essas questões demonstram como, de modo geral, as pessoas não têm conhecimento para lidar com
outras que possuem deficiência intelectual. Nosso objetivo, neste momento, é romper com o uso de
terminologias pejorativas e preconceituosas, principalmente em relação às pessoas com
deficiência intelectual. E para começar a explanação, vamos falar um pouco disso historicamente.
Por ser de uso recente, não ocorreram tantas mudanças na terminologia. “Deficiência intelectual”
substituiu o termo “deficiência mental” a partir da Declaração de Montreal sobre Deficiência
Intelectual, aprovada em 6 de outubro de 2004 pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em
conjunto com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). Como consequência, em novembro
de 2006, a então Associação Americana sobre Deficiência Mental (AAMR, em inglês) decidiu que, a
partir de primeiro de janeiro de 2007, passaria a chamar-se Associação Americana sobre Deficiência
Intelectual e de Desenvolvimento (AAIDD, em inglês). Portanto, o termo “deficiência intelectual” é
muito novo, nasceu no século XXI, quando começou a se separar deficiência intelectual de doença
mental.
Até chegarmos à nomenclatura atual, deficiência intelectual, outros termos foram utilizados:
IDIOTISMO
Termo que era utilizado por Philippe Pinel.
IMBECIS OU IDIOTAS
Termos utilizados pelo psiquiatra francês Jean-Étienne Dominique Esquirol, seguidor de Pinel, para
dirigir-se às pessoas com prejuízos cognitivos.
RETARDO MENTAL
Termo utilizado por Alfredo Binet, pedagogo e psicólogo francês, considerado inventor do primeiro
teste de inteligência. Os resultados da aplicação do teste de QI determinavam se a pessoa tinha ou
não “retardo mental”.
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DEFICIÊNCIA MENTAL
No século XX, substituiu o uso de “retardo mental” e seu uso vigorou até 6 de outubro de 2004 com a
substituição para a atual terminologia “deficiência intelectual”.
Portanto, deficiência mental e retardo mental já não são mais termos usuais e não são aceitos
nas sociedades cada vez mais inclusivas.
Além disso, há termos que já foram usados e que hoje são considerados pejorativos como:
CRIANÇA EXCEPCIONAL
Usado entre as décadas de 1950 e 1970 para se referir a crianças com deficiência intelectual.
MONGOLOIDE
Muito usado para indicar pessoas com Síndrome de Down (por ter traços físicos semelhantes a
pessoas nascidas na Mongólia).
PESSOA ESPECIAL
Termo ainda muito comum para se dirigir a qualquer pessoa com deficiência.
Enfim, os termos aqui listados caíram em desuso por carregarem carga pejorativa e uma visão
preconceituosa, portanto, devem ser eliminados de seu vocabulário. Use sempre “deficiência
intelectual”.
Mas agora pode ter surgido uma dúvida: não estávamos falando sobre deficiência intelectual?
Por que a referência à Síndrome de Down? Qual a relação entre a Síndrome de Down e a
deficiência intelectual?
A Síndrome de Down possui relação direta com a deficiência intelectual, porque toda pessoa que
tem Síndrome de Down tem deficiência intelectual. A deficiência intelectual é uma característica
das pessoas com Síndrome de Down.
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javascript:void(0)
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Fonte: Denis Kuvaev/Shutterstock.
 Criança com Síndrome de Down.
Existem muitas outras síndromes que levam a pessoa a desenvolver deficiência intelectual. Podemos
destacar algumas mais comuns:
 
Fonte: ustas7777777/Shutterstock.
SÍNDROME DO X-FRÁGIL
 
Fonte: Antonio Guillem/Shutterstock.
SÍNDROME DO ÁLCOOL FETAL
 
Fonte: Leszek Czerwonka/Shutterstock.
SÍNDROME DE RETT
 
Fonte: Dobryak839/Shutterstock.
SÍNDROME DE WILLIANS
 ATENÇÃO
Apesar das indicações acima, nem toda pessoa com deficiência intelectual obrigatoriamente deve
estar enquadrada em alguma síndrome.
 
Fonte: Tramp57/Shutterstock.
 Crianças com comprometimento motor em cadeiras de roda.
Muitas vezes, por simples desconhecimento, uma pessoa pode imaginar que está diante de um(a)
deficiente intelectual por perceber ali um grande comprometimento motor (o uso de cadeira de rodas
ou a ausência de fala). Ledo engano: a paralisia cerebral, por exemplo, tem como característica
principal o comprometimento motor e não obrigatoriamente o intelectual. Pode haver casos de
paralisia cerebral com comprometimento motor e intelectual juntos, mas não necessariamente.
O transtorno de espectro autista (TEA) pode ser também associado à deficiência intelectual. A
essa questão cabe destaque, porque é um ponto ainda muito indefinido, apesar de inúmeras
pesquisas. Não se sabe ao certo o percentual de pessoas com TEA que também possui deficiência
intelectual.
A partir do CID-11, que entrará em vigor em primeiro de janeiro de 2022, algumas mudanças
importantes ocorrerão nas classificações e terminologias do TEA. Veja a Tabela 2.
CID-10
F84 - Transtornos Globais de Desenvolvimento
F84.0 - Autismo Infantil
F84.1 - Autismo Atípico
F84.2 - Síndrome de Rett
F84.3 - Outros transtornos desintegrativos da infância
F84.4 - Transtornos com hipercinesia associada a retardo mental e a movimentos
estereotipados
F84.5 - Síndrome de Asperger
F84.6 - Outros transtornos globais do desenvolvimento
F84.7 - Transtornos globais não especificados do desenvolvimento
 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal

CID-11
6A02.0 TEA sem DI com leve ou nenhum prejuízo de linguagem funcional
6A02.1 TEA com DI com leve ou nenhum prejuízo de linguagem funcional
6A02.2 TEA sem DI com prejuízo de linguagem funcional
6A02.3 TEA com DI com prejuízo de linguagem funcional
6A02.4 TEA sem DI com ausência de linguagem funcional
6A02.5 TEA com DI com ausência de linguagem funcional
6A02.Y Outro transtorno do espectro do autismo especificado
6A02.Z Outro transtorno do espectro do autismo não especificado
* TEA: Transtorno do Espectro do Autismo
* DI: Deficiência Intelectual
 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal
Anteriormente, o diagnóstico do TEA era de Transtorno Global de Desenvolvimento e nesse
diagnóstico havia subdivisões,também para o autismo. A partir do CID-11, todo diagnóstico será de
autismo e duas características serão utilizadas para fazer a diferenciação:
LINGUAGEM FUNCIONAL
DEFICIÊNCIA INTELECTUAL
Essa mudança facilita o diagnóstico do autismo (que por muito tempo foi confuso) e diminui a
discrepância entre os médicos que fazem os laudos. Essas alterações também foram observadas do
DSM IV para o DSM V.
Apesar de o Transtorno do Espectro Autista estar inserido nos Transtornos de Neurodesenvolvimento,
desde 27 de dezembro de 2012, com a promulgação da Lei n°12764, ele passou a ser considerado
“pessoa com deficiência” para todos efeitos legais, juntando-se à deficiência intelectual e todas as
outras deficiências. Portanto, os demais transtornos (de comunicação, TDAH, motores e de
aprendizagem) não são considerados deficiências perante a Lei e, portanto, não estão englobados na
Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, também conhecida como LBI.
 
Fonte: Tatyana Dzemileva/Shutterstock.
COMPROMETIMENTOS DA DEFICIÊNCIA
INTELECTUAL
A deficiência intelectual é dividida pelo DSM-V em quatro graus de comprometimento: leve,
moderado, grave e profundo. Para fazer essa avaliação, são levadas em conta as habilidades
adaptativas que determinarão o grau de apoio que essa pessoa necessita e não os scores do teste de
QI.
Além das quatro divisões (leve, moderado, grave e profundo), em cada uma delas são levados em
conta três domínios para avaliar a pessoa com deficiência intelectual e seu grau de
comprometimento. São eles:
DOMÍNIO CONCEITUAL
Leva em consideração a capacidade de aprender conceitos, principalmente os relacionados à
educação formal.
DOMÍNIO SOCIAL
Pode ser entendido como a capacidade de relacionamento com outras pessoas e com o meio social
em que está inserido.
DOMÍNIO PRÁTICO
É ligado à vida cotidiana. Vestir-se, alimentar-se, realizar a higiene pessoal, organizar as finanças,
inserir-se no mercado de trabalho são os principais pontos de observação.
É importante ressaltar que, independentemente da gravidade do comprometimento, o fundamental é
sempre dar oportunidades para as pessoas com deficiência intelectual. Essas oportunidades poderão
contribuir para a evolução dos casos, gerando uma diminuição do grau de comprometimento.
Uma pessoa inicialmente diagnosticada com deficiência intelectual grave poderá chegar a um grau
moderado ou leve, se receber os estímulos certos. Quanto mais cedo iniciarem os estímulos, maiores
serão as chances de melhorar a autonomia e a independência da pessoa com deficiência intelectual.
A partir deste ponto vamos apresentar as principais características de cada nível de gravidade da
deficiência intelectual e seus domínios. Estas informações serão muito úteis em sua caminhada
profissional, especialmente quando você tiver de oferecer os estímulos corretos para cada aluno com
deficiência intelectual. Veja a seguir:
PESSOA COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL EM NÍVEL
LEVE
Na fase escolar e no domínio conceitual, apresenta dificuldades nas habilidades de leitura,
escrita, matemática e finanças e precisa de maior apoio quando comparada a estudantes sem
deficiência. Na fase adulta, o pensamento abstrato fica comprometido, mas, ao desenvolver um
esporte coletivo para uma pessoa com deficiência intelectual e comprometimento leve, os
fundamentos do esporte são facilmente aprendidos. A dificuldade se situa principalmente na
aprendizagem das estratégias e táticas de jogos, pois neste caso o pensamento abstrato é
fundamental. Também é observado um prejuízo na memória de curto prazo.
No domínio social, pode-se destacar certa imaturidade das pessoas com deficiência intelectual
quando comparadas às sem deficiência numa mesma idade (inclusive aquelas podem ser facilmente
manipuladas). No domínio prático, as pessoas portadoras de deficiência intelectual leve são capazes
de formar uma família, mas necessitam de apoio principalmente em questões que envolvam controle
financeiro, acesso ao transporte público e cuidado com a casa e os filhos.
Além disso, essas pessoas em questão podem ser inseridas no mercado de trabalho, porém
precisam de preparo para a função que irão desempenhar (normalmente postos sem exigência de
grande domínio cognitivo). Elas também estão sujeitas a mais preconceitos e a situações
constrangedoras no cotidiano, pois a sociedade busca rotular a pessoa com deficiência como
incapaz e tem necessidade de observar um comprometimento físico para considerá-la
“deficiente” – e essa não é a realidade deste grupo. Curioso que, quando querem se valer de seus
direitos legais de pessoa com deficiência, podem ser questionadas se de fato portam alguma
deficiência.
PESSOA COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL EM NÍVEL
MODERADO
No domínio conceitual, na fase escolar, a pessoa com deficiência intelectual tem um
desenvolvimento cognitivo muito aquém das pessoas sem deficiência da mesma idade (podendo ter
até comprometimento na linguagem). Na fase adulta, continua a necessidade de suporte para
utilização de todas as habilidades ligadas à educação formal.
No domínio social, a fala como ferramenta de comunicação é bastante comprometida, o que limita
as relações sociais e interfere na capacidade de se inserir no mercado de trabalho. Apesar de ter
amizade com pessoas sem deficiência, a linguagem limitada pode ser um fator que impeça o
desenvolvimento das relações afetivas. Quando observamos os domínios práticos, ainda há
autonomia para vestir-se, alimentar-se e para a higiene pessoal, porém vai precisar de bastante
treinamento para conseguir isso. Em alguns momentos, será necessário recordar o que já foi
ensinado anteriormente. Para o desempenho das tarefas domésticas, o acompanhamento será muito
importante.
PESSOA COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL EM NÍVEL
GRAVE
No domínio conceitual, necessita de grande apoio ao longo de toda sua vida. As limitações para a
educação formal são grandes.
No domínio social, possui a fala ainda mais limitada que o comprometimento moderado, tem um
vocabulário limitado e dificuldades no uso correto da língua. As falas são eficientes apenas para a
comunicação social e para o que está acontecendo no presente momento, por isso as relações
sociais são limitadas a familiares e a pessoas próximas.
No domínio prático, tem também necessidade de apoio para todas as tarefas diárias como comer,
vestir-se, ir ao banheiro, tomar banho e tomar decisões para o seu bem-estar. Em alguns casos, as
pessoas com deficiência intelectual grave podem se mutilar.
PESSOA COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL EM NÍVEL
PROFUNDO
O nível profundo é o caso com maior comprometimento na deficiência intelectual. Nos três domínios
(conceitual, social e prático), exige-se suporte para todas as atividades. As habilidades
cognitivas ficam restritas ao uso de objetos e a pessoa não desenvolve nenhuma habilidade
simbólica.
No domínio social, os relacionamentos se limitam à família ou a pessoas que tenham o papel de
cuidadores. A compressão da linguagem falada é muito limitada e a pessoa acaba nem fazendo uso
da fala.
No domínio prático, há necessidade de suporte para todas as tarefas, das mais simples, como se
vestir, até as situações que exigem muita atenção e segurança (neste grau de deficiência, a pessoa
não entende que colocar a mão no fogo leva à queimadura, por exemplo). Nos casos mais graves, a
pessoa pode se mutilar e até haver comprometimentos motores e sensoriais.
Como já dito anteriormente, as pessoas com deficiência intelectual podem ter o nível de gravidade
alterado ao longo do tempo, tanto para uma melhora como para uma piora no grau de
comprometimento. Isso pode acontecer em função de condições genéticas ou médicas (outras
patologias associadas à deficiência intelectual). Intervenções precoces com os estímulos corretos
aumentam a chance de avanços na melhoria do grau de gravidade da deficiência. Portanto, quanto
mais cedo as crianças forem diagnosticadas melhor.
 ATENÇÃO
Os profissionais de Educação Física devem ficaratentos ao fato de que seus alunos com Síndrome
de Down podem ter instabilidade atlantoaxial, ou seja, entre as vertebras cervicais C1 e C2. Essa
condição é bastante importante e pode ser diagnosticada com um exame de radiografia da região
cervical. Esportes que geram impacto na cervical são proibidos em caso de existência dessa
instabilidade, pois uma lesão pode levar a pessoa à morte, até durante a execução de rolamentos
simples. Portanto, antes de qualquer prática esportiva com pessoas que tenham Síndrome de Down,
o profissional de Educação Física deve buscar tal informação com a família.
COMPROMETIMENTOS DOS TRANSTORNOS
DO NEURODESENVOLVIMENTO
Aqui também usaremos como referência o DSM-5 para explicar os diferentes comprometimentos com
que o profissional de Educação Física vai se deparar em seu trabalho junto a pessoas com
transtornos do neurodesenvolvimento. Aqui, focaremos no transtorno de espectro autista (TEA).
Atualmente duas condições são fundamentais para o diagnóstico do transtorno de espectro autista
(TEA):
PRIMEIRA
A criança deve apresentar déficit de comunicação e interação social.
SEGUNDA
A criança deve apresentar padrões restritivos e repetitivos de comportamento, interesses ou
atividades.
Para descrever uma criança com TEA, normalmente as pessoas leigas se referem àquela criança que
fica isolada, que muitas vezes não fala e realiza frequentemente movimentos repetitivos e
estereotipados. O profissional de Educação Física deve saber que nem todas as pessoas com
autismo têm esse comportamento.
Fazer um diagnóstico de TEA não é simples, a variação de comportamento é imensa. Podemos
encontrar autistas que têm aversão ao contato físico, por exemplo, mas também autistas que não se
incomodam com isso.
 
Fonte: Photographee.eu/Shutterstock.
O TEA é um transtorno muito desafiador para pesquisadores e educadores. Até hoje não há uma
resposta para suas causas. A única certeza é que quanto mais cedo o diagnóstico acontecer,
maiores são as chances de a criança ter um desenvolvimento muito próximo do que teria uma
criança sem deficiência, desde que lhe sejam oferecidos os estímulos certos.
Como são classificados os níveis de comprometimento e gravidade TEA?
Em relação aos graus de comprometimento da criança com autismo, são usados como referência a
comunicação social e os comportamentos restritivos e repetitivos. Assim, o DSM-V classifica o
TEA em três níveis de gravidade: o nível 3 exige muito apoio, o nível 2 tem necessidade de apoio e o
nível 1 precisa de pouco apoio.
Veja características de cada um desses níveis:
NÍVEL 3
As habilidades de comunicação social, seja verbal ou não verbal, da criança com TEA são limitadas e
ela apresenta grande dificuldade para iniciar interação com outras pessoas. Em relação ao
comportamento restritivo e repetitivo, também há muita dificuldade a mudanças, a criança exige uma
rotina constante e normalmente não muda o foco.
NÍVEL 2
A criança necessita de apoio neste nível, porém já é capaz de dar algumas respostas, mesmo que
simples ou não muito habituais, quando alguém inicia uma interação social – mas ainda tem
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dificuldades em começar o contato social. Apresenta menos dificuldade na mudança de
comportamentos e um pouco de dificuldade na mudança de foco.
NÍVEL 1
A criança consegue atingir melhor comunicação e interação social quando tem suporte para isso. Em
relação ao comportamento restritivo e repetitivo, uma característica importante deste nível é a
dificuldade de organização e planejamento das ações, o que limita sua autonomia.
Sem dúvida, o conhecimento é fundamental para trabalhar com pessoas com deficiência intelectual e
transtornos do neurodesenvolvimento. Mas atenção: mais importante ainda é ter em mente que, antes
da deficiência ou do transtorno, os profissionais de Educação Física vão lidar com pessoas e,
portanto, todo trabalho deve ser realizado numa perspectiva humanizada. As pessoas são diferentes,
não tente homogeneizá-las. Atualizar-se também é muito importante, pois os avanços na área da
deficiência e dos transtornos são constantes. Na prática profissional, você deverá ter uma base de
conhecimento que sustente suas escolhas na hora de definir o que fazer em suas aulas. Assunto para
o próximo Módulo!
Neste vídeo, nos aprofundaremos com mais detalhes sobre o Transtorno de Espectro do Autismo.
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VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. AO LONGO DOS SÉCULOS, AS PESSOAS QUE POSSUÍAM ALGUM
COMPROMETIMENTO COGNITIVO FORAM CHAMADAS DE DIFERENTES
FORMAS. HOJE SABEMOS QUE, ALÉM DO COMPROMETIMENTO COGNITIVO,
A PESSOA PARA RECEBER O DIAGNÓSTICO DEVE DER PELO MENOS DUAS
HABILIDADES ADAPTATIVAS COM DESENVOLVIMENTO EM ATRASO E TUDO
ISSO OBSERVADO ANTES DOS 18 ANOS. COMO NOMEAMOS A DEFICIÊNCIA
AQUI DESCRITA?
A) Deficiência mental.
B) Retardo mental.
C) Doença mental.
D) Deficiência intelectual.
E) Deficiência Física.
2. O PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA DEVERÁ TER UM CUIDADO
MAIOR QUANDO TRABALHAR COM ALUNOS COM SÍNDROME DE DOWN,
POIS ESTES PODEM POSSUIR UMA CARACTERÍSTICA ESPECÍFICA QUE
DEVE SER DIAGNÓSTICA ANTES DO INÍCIO DE QUALQUER PRÁTICA
ESPORTIVA. QUAL É ESTA CARACTERÍSTICA?
A) Ter deficiência intelectual.
B) Ter um maior tônus muscular.
C) Ter instabilidade atlantoaxial entre as vertebras C1 e C2.
D) Ter outra doença associada.
E) Ter instabilidade na coluna lombar.
GABARITO
1. Ao longo dos séculos, as pessoas que possuíam algum comprometimento cognitivo foram
chamadas de diferentes formas. Hoje sabemos que, além do comprometimento cognitivo, a
pessoa para receber o diagnóstico deve der pelo menos duas habilidades adaptativas com
desenvolvimento em atraso e tudo isso observado antes dos 18 anos. Como nomeamos a
deficiência aqui descrita?
A alternativa "D " está correta.
 
A Declaração de Montreal sobre Deficiência Intelectual, aprovada em 6 de outubro de 2004 pela
Organização Mundial de Saúde (OMS, 2004) em conjunto com a Organização Pan-Americana da
Saúde (OPAS), substitui o uso do termo deficiência mental para deficiência intelectual, que é o
utilizado até hoje.
2. O profissional de Educação Física deverá ter um cuidado maior quando trabalhar com
alunos com Síndrome de Down, pois estes podem possuir uma característica específica que
deve ser diagnóstica antes do início de qualquer prática esportiva. Qual é esta característica?
A alternativa "C " está correta.
 
Algumas pessoas com Síndrome de Down podem ter instabilidade atlantoaxial entre as vertebras C1
e C2 e o diagnóstico deverá ser feito mediante uma radiografia na região cervical. Caso tenha essa
instabilidade, a pessoa não poderá praticar nenhum esporte que gere impacto na região, pois uma
lesão poderá levá-la à morte.
MÓDULO 3
 Construir atividades para aulas de Educação Física tendo como alunos pessoas com
deficiência intelectual e transtornos do neurodesenvolvimento
EDUCAÇÃO FÍSICA E INCLUSÃO DE PESSOAS
COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E
TRANSTORNOS DO
NEURODESENVOLVIMENTO
Duas grandes questões serão discutidas aqui:
 
Fonte: Denis Kuvaev/Shutterstock.
Como a Educação Física pode contribuir para a inclusão das pessoas com deficiência intelectual e
transtornos do neurodesenvolvimento?
 
Fonte: Denis Kuvaev/Shutterstock.
Como o profissional de Educação Física deve trabalhar com esse público?
Com promulgação da Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (LBI), negar matrícula nas
escolas para pessoas com deficiência passou a ser crime com pena de reclusão, assim como para
qualquer tipo de discriminação em relação às pessoas com deficiência. Neste cenário, hoje nenhum
profissional de Educação Física pode dizer que não quer trabalhar com pessoas com deficiência. Elas
estão cada vez mais presentes nas escolas regulares, nas escolinhas de esporte, nas academias e
em praticamente todos os locais de prática esportiva. É hora de se preparar e aprender a trabalhar
com ética profissional e responsabilidade!
E como iniciar o planejamentoinclusivo das aulas?
PRIMEIRO
Elaborar o planejamento anual e os planos de aula pensando como você desenvolverá uma aula
inclusiva para todos os alunos.
SEGUNDO
Identificar quais barreiras deverá quebrar para a aula ser acessível a todos. Talvez você não possa
superar todas as barreiras (por exemplo, escadas no acesso à quadra e aluno cadeirante), mas pode
identificá-las e seu papel será conversar com a direção do estabelecimento para conscientizá-los da
falta de acessibilidade do local.
TERCEIRO
Pensar na deficiência intelectual e nos transtornos do neurodesenvolvimento e considerar duas
dimensões: a metodológica e a atitudinal. Não que outras questões não sejam importantes para o
planejamento de uma aula (por exemplo, no autismo a dimensão da comunicação também é
fundamental) mas você deve priorizar essas duas.
DIMENSÃO METODOLÓGICA
Você deverá ter bastante atenção na dimensão metodológica quando estiver planejando aulas com
pessoas com deficiência intelectual.
Veja alguns pontos que devem ser observados:
CONCEITOS SUBJETIVOS
REPETIÇÕES
COMUNICAÇÃO
Conceitos que para crianças sem deficiência podem ser simples e aprendidos apenas pela
convivência precisam ser explicados.
Perto e longe”, “rápido e devagar”, “forte e fraco”, “dentro e fora” são conceitos subjetivos e você
deverá torná-los concretos para o entendimento das pessoas com deficiência intelectual.
Um ponto importante é o ritmo de compreensão e assimilação do conhecimento, as pessoas com
deficiência necessitarão de mais repetições para fixação. Ao trabalhar com pessoas com TEA e
TDAH, você deverá buscar estratégias para mantê-las atentas à sua aula e isso também está
relacionado a uma metodologia adaptada para esse público.
Para desenvolver aulas de qualidade para alunos com TEA a comunicação é um ponto chave.
Como vimos, a comunicação e a interação social com comprometimento são fatores para o
diagnóstico do TEA. Estimular essa comunicação, seja ela verbal ou não, é muito importante para o
desenvolvimento dessas crianças. Neste ponto, não existe uma fórmula mágica indicada para todos
alunos com autismo. O importante é conhecer o seu aluno e buscar uma estratégia de
comunicação que consiga uma resposta significativa.
 EXEMPLO
No quesito comunicação, para um aluno autista não verbal você terá que usar estratégias com
desenhos e figuras para tentar uma comunicação eficiente. Para um autista verbal, que possua uma
fala funcional mas que não responda o que está sendo perguntado, você terá que reforçar o que foi
perguntado e procurar trazer o foco do aluno para o assunto.
DIMENSÃO ATITUDINAL
A dimensão atitudinal também merece destaque principalmente quando trabalhamos com crianças.
As aulas de Educação Física podem ser um excelente ambiente para aproximar os alunos e tornar o
grupo ainda mais coeso e unido, superando todas as diferenças. Para isso, devem ser utilizadas as
estratégias corretas, que não reforcem as diferenças e não caiam na antiga valorização dos mais
habilidosos.
Veja algumas estratégias que devem ser observadas:
PLANEJAMENTO
ATITUDES INCLUSIVAS
TRATAMENTO ADEQUADO
O professor de Educação Física deve ter uma grande preocupação com essa questão ao planejar
suas aulas, assumindo o papel de protagonista no processo de mudança de paradigmas em relação
às pessoas com deficiência.
Coibir atitudes discriminatórias é importantíssimo. O professor deverá ser o primeiro a dar
oportunidade ao aluno com deficiência de participar de toda sua aula. Não adianta se dizer inclusivo
se na sua aula o aluno ou a aluna com deficiência exerce o papel de juiz(a) ou o de secretário(a)
segurando sua pasta.
Lembrar que o aluno com deficiência intelectual ou com transtorno do neurodesenvolvimento,
diferentemente de outras deficiências, normalmente não apresenta aspecto físico que o caracterize. E
isso deve ser tratado adequadamente pelo professor.
Não há dúvidas de que as aulas de Educação Física contribuem para a inclusão dos alunos com
deficiência intelectual e transtornos do neurodesenvolvimento, mas essa inclusão depende do
trabalho do professor, que precisa estar atento e dar oportunidades para que eles participem das
aulas como os demais alunos. As adequações das aulas a esse público estão diretamente
relacionadas ao planejamento.
EDUCAÇÃO FÍSICA ADAPTADA E EDUCAÇÃO
FÍSICA INCLUSIVA
A história dos esportes para pessoas com deficiência no Brasil é bem recente. As primeiras iniciativas
aconteceram na década de 1950 com esportes voltados apenas para pessoas com deficiência física.
Neste contexto, a Educação Física tinha um enfoque médico quando se falava em atendimento à
pessoa com deficiência. Seu objetivo era prevenir doenças, utilizando exercícios de correção e
prevenção.
 VOCÊ SABIA
O termo Educação Física Adaptada foi usado pela primeira vez na década de 1950 nos Estados
Unidos e se referia a um programa com diversas atividades, como jogos e ritmos, que atendiam o
interesse, as capacidades e as limitações de estudantes com deficiência que não podiam participar –
de forma segura e com qualidade – das atividades vigorosas propostas pela Educação Física.
Podemos entender que a conhecida Educação Física não seria indicada para pessoas com
deficiência. No Brasil, essa visão de Educação Física Adaptada estava diretamente ligada às
influências do método ginástico e das instituições militares que conduziam o sistema educacional. A
Educação Física valorizava os corpos sãos, organicamente harmoniosos e equilibrados, não
dando espaço para as pessoas com deficiência. Foi, digamos, inevitável a criação de um método
de Educação Física para as pessoas com deficiência, surgindo daí a Educação Física Adaptada.
Você verá, a seguir, uma breve explicação sobre ela e, também, sobre a concepção que a sucedeu:
 
Fonte: Vicente Sargues/Shutterstock.
EDUCAÇÃO FÍSICA ADAPTADA
Segregava as pessoas com deficiência, seus corpos eram considerados doentes e limitados. A
avaliação para a participação focava apenas na deficiência, rotulando-as como incapazes de
participar das atividades de Educação Física com as pessoas “normais”, sem deficiência.
 
Fonte: Daisy Daisy/Shutterstock.
EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA
Surge superando e contrariando os princípios segregadores da Educação Física Adaptada. A partir da
promulgação da Constituição de 1988 e, mais recentemente, da Lei Brasileira de Inclusão das
Pessoas com Deficiência, as pessoas com deficiência intelectual passaram a ter direito de acesso a
escolas regulares e, consequentemente, de participar das aulas de Educação Física junto com
os demais alunos. Com isso, o profissional de Educação Física passa a ter nova responsabilidade: a
de estar preparado para planejar aulas que incluam todos os seus alunos – com e sem deficiência.
A Educação Física Adaptada, entendida em seus conceitos iniciais, deve ser superada por um modelo
de Educação Física que acredita na capacidade de todos os alunos – todos, com ou sem deficiência.
A ideia de adaptação deve ser mantida, mas com um novo olhar. Todos os alunos são diferentes entre
si, tendo deficiência ou não, e adaptações nas atividades físicas sempre serão necessárias nas aulas.
 DICA
Focando nos alunos com deficiência intelectual e transtornos do neurodesenvolvimento, com exceção
dos transtornos motores, as principais adaptações para tornar as aulas inclusivas estão nas
formas de explicar as atividades. Usar muitas demonstrações e um maior número de repetições
ajudam na fixação dos conhecimentos, assim como o resgate dos conteúdos aprendidos nas aulas
anteriores. O foco deverá estar nas dimensões metodológicas de acessibilidade. O profissional
de Educação Física deve estar atento a isso.
ESTRATÉGIAS PARA A MONTAGEM DE UMA
AULA DE EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA
Chegamos a um ponto muito importante: vamos entender como o profissional de Educação Física
deverá agir ao ministrar uma aula, seja na escola regular, em um clube, na academia ou em qualquer
ambiente de trabalho, tendo emsua turma alunos com deficiência intelectual e transtornos do
neurodesenvolvimento.
Como tornar as aulas inclusivas?
Como tornar as aulas prazerosas para os alunos com deficiência?
A primeira coisa que você deve saber é que não existe uma fórmula perfeita, uma metodologia única,
uma “fórmula mágica” para trabalhar com pessoas com deficiência. Você lidará com seres humanos
que, com ou sem deficiência, são sempre diferentes entre si. Desconfie de quem vende “receita
pronta”.
O fundamental é ter uma base sólida de conhecimento sobre deficiências e saber como usá-lo
e adaptá-lo a cada aluno que encontrar na sua trajetória profissional. O primeiro ponto quando você
trabalha com alunos com deficiência é realizar uma anamnese junto com a família e, quando
possível, com o próprio aluno. A anamnese é o ponto inicial do planejamento das aulas. Caso venha a
trabalhar num local que não tenha essa prática, sugiro que converse com a direção sobre sua
importância.
 RECOMENDAÇÃO DE PROTOCOLOS E PRÁTICAS
A anamnese deverá conter os dados sobre a deficiência, dados médicos, se o aluno já passou por
alguma cirurgia, se tem crises convulsivas, se faz uso de medicamentos, se possui alguma restrição
médica para a prática de atividades físicas e se faz uso de prótese, órtese, andador ou cadeira de
roda.
Veja dois casos distintos de aplicação da anamnese, com acréscimo de informações de acordo com
deficiência do aluno ou aluna:
 
Fonte: Monkey Business Images/Shutterstock.
SÍNDROME DE DOWN
É fundamental saber se ele ou ela tem instabilidade atlantoaxial. Além disso, é importante buscar
informações sobre a prática anterior de atividades físicas e sobre a autonomia da pessoa no seu dia a
dia, se realiza as tarefas com independência ou se necessita de auxílio.
 
Fonte: RMC42/Shutterstock.
AUTISMO
Podem ser acrescentadas perguntas sobre interação social, comunicação, interesses restritivos e
comportamentos repetitivos, além de questões sensoriais como hipersensibilidade a barulhos altos e
luzes fortes, se tem problema com o contato físico e se usa alguma comunicação alternativa, caso
não seja capaz de comunicação verbal.
É importante também abrir espaço para os responsáveis ficarem à vontade para dar mais
informações que pensem ser relevantes para o atendimento das necessidades da pessoa em
questão. Qualquer informação poderá ser acrescentada ao documento do aluno – aqui estamos
indicando os pontos mais importantes. Mas tenha cuidado: se o documento for muito longo, nem todo
responsável estará disposto a respondê-lo.
 EXEMPLO
Algumas informações são importantes para o sucesso de suas aulas. Vejamos o uso das informações
colhidas na anamnese aplicada às aulas:
1) Você tem um aluno cuja família diz que ele sofre crise convulsiva constantemente. Logo, jamais
poderá deixá-lo sozinho na aula distante de você, porque ele pode ter uma crise, cair no chão e bater
a cabeça.
2) Você tem um aluno autista com hipersensibilidade ao som. Logo, você não poderá usar música no
volume alto em suas aulas e nem apito o tempo todo.
Perceba que com a anamnese em mãos, você já tem um ponto de partida para o planejamento das
atividades. E sabendo usar essas informações, poderá se prevenir de problemas em suas aulas.
Já possuo as informações da anamnese, como fazer o planejamento?
O planejamento deve ser flexível. Quando trabalhamos com pessoas com deficiência intelectual e
TEA, temos que ser bastante sensíveis aos resultados que esperamos alcançar ao final de cada aula.
A aprendizagem normalmente se dá de forma mais lenta e os resultados podem ser pequenos. Se
espera alcançar grandes resultados em pouco tempo, acabará se frustrando.
As pessoas com deficiência intelectual e transtornos do neurodesenvolvimento não necessitam de
grandes adaptações nas atividades, caso não tenham nenhuma comorbidade de comprometimento
físico. Elas podem jogar futebol, dançar, fazer aulas de lutas e musculação sem nenhuma adaptação
arquitetônica.
Vejamos mais alguns pontos que devem ser considerados no planejamento das aulas:
 
Fonte: Zoja Hussainova/Shutterstock.
ADAPTAÇÕES METODOLÓGICAS
Você deverá ter atenção com as adaptações metodológicas para o ensino-aprendizagem. Situações
bem particulares percebidas na anamnese devem ser consideradas com atenção. Se o aluno tem
Síndrome de Down e instabilidade atlantoaxial, por exemplo, jamais poderá fazer rolamentos ou
participar de algum esporte que possa gerar impacto nessa região.
O importante é dar oportunidade de participação para os alunos com deficiência e a todo o tempo
combater atitudes discriminatórias que possam acontecer nas aulas por parte de outros alunos.
 
Fonte: EM Karuna/Shutterstock.
MANTENHA UM REGISTRO
Após as aulas, anote a evolução dos seus alunos com deficiência no diário de classe ou em outro
documento, dependendo do local de trabalho. Caso seja um atendimento individualizado, faça
avaliações periódicas com os seus alunos tendo como referência o objetivo de cada atividade. Esses
dados respaldarão o seu trabalho. É importante ter em mente que cada local terá um objetivo
diferente.
 
Fonte: Monkey Business Images/Shutterstock.
ALIE-SE À FAMÍLIA
Outro ponto chave no sucesso do atendimento das pessoas com deficiência intelectual e transtornos
do neurodesenvolvimento é ter as famílias como aliadas. Sempre que possível, converse com as
famílias, veja a percepção delas em relação à evolução do desenvolvimento da pessoa que você está
atendendo. Às vezes, a família é mais sensível ao observar melhoras alcançadas com o trabalho na
Educação Física.
 
Fonte: kozirsky/Shutterstock.
USE AS ANOTAÇÕES FEITAS
Aproveite as suas anotações e avaliações para escrever relatórios com a evolução dos alunos,
isso será importante para você avaliar o quanto seu trabalho está sendo eficiente, além de gerar
informações que atenderão às demandas de familiares ou da direção do local de trabalho.
O mais importante é dar oportunidade e autonomia para as pessoas com deficiência intelectual
e transtornos do neurodesenvolvimento. Além disso, também é preciso combater atitudes
discriminatórias que possam acontecer nas aulas por parte de outros alunos.
Você deverá ser o primeiro a acreditar e a estimular seus alunos com deficiência, deixando de lado a
deficiência e visando a eficiência. Sempre converse com elas para saber o que estão sentindo, se
estão gostando da aula, se precisam de alguma coisa. As pessoas não estão habituadas a dar voz e
a ouvir as pessoas com deficiência intelectual. Antes da deficiência existe a pessoa: isto é
fundamental e não deve ser esquecido nunca.
ESPORTE PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
INTELECTUAL E TRANSTORNOS DO
NEURODESENVOLVIMENTO
Diferentemente do que acontece na deficiência física e na deficiência visual, não existem esportes
exclusivos para pessoas com deficiência intelectual e transtornos do neurodesenvolvimento. Nos
esportes tradicionais, são promovidas competições específicas para atletas com deficiência
intelectual, mas não para os demais transtornos do neurodesenvolvimento, com exceção do TEA.
No Comitê Paralímpico Brasileiro existe a Confederação Brasileira de Desportos para Deficientes
Intelectuais (CBDI) desde 2017. Essa confederação surgiu a partir da Associação Brasileira de
Desportos de Deficientes Mentais (ABDEM) que foi criada no Brasil em 1989.
 ATENÇÃO
Para poder competir pela CBDI, o atleta deve ter laudo de deficiência intelectual de acordo com os
atuais critérios para esse diagnóstico. O futsal, o atletismo e natação são os esportes oferecidos pela
CBDI para atletas com síndrome de Down. O atletismo e natação são ofertados a todos os atletas
com deficiência intelectual.
Mas por que tão poucos esportes são oferecidos às pessoas com deficiência intelectual, se
pensarmos que nos Jogos Paralímpicos há tantas outras modalidades?
Atualmente, o Comitê Paralímpico Internacional aceita atletas com deficiência intelectual nas
modalidades natação, atletismo e tênis demesa, isso a partir das Paralimpíadas de Londres em
2012. Dos Jogos de Sidney 2000 até Londres 2012, não havia participação de atletas com deficiência
intelectual nos Jogos Paralímpicos.
A fraude da equipe de basquete espanhola
Essa ausência aconteceu porque nos Jogos de Sidney houve um grande escândalo. A equipe de
basquete da Espanha, medalhista de ouro na categoria para atletas com deficiência intelectual, era
composta por pessoas com nenhuma deficiência e haviam burlado os testes de classificação
funcional propostos pelo Comitê Paralímpico Internacional com respostas erradas. O escândalo foi
revelado em uma revista meses depois dos Jogos por um jornalista que tinha participado da equipe.
Ele revelou que tudo foi um projeto arquitetado pela Confederação Espanhola para obter bons
resultados e conseguir melhores patrocínios. Como punição, o presidente da Confederação
Espanhola foi multado e as modalidades para pessoas com deficiência intelectual retiradas dos
Jogos Paralímpicos.
Quem de fato acabou sofrendo maior punição e prejudicado com essa atitude desonesta da
Confederação Espanhola foram todos os atletas com deficiência intelectual, que ficaram durante doze
anos afastados das competições do Comitê Paralímpico Internacional. Acredita-se que
gradativamente as pessoas com deficiência intelectual conseguirão mais espaço no Comitê
Paralímpico. Mas isso só se tornará realidade, se os novos testes de legitimação do atleta com
deficiência forem aprovados.
 
Fonte: Brocreative/Shutterstock.
 
Fonte: Denis Kuvaev/Shutterstock.
Outro ponto que passa por um grande debate é a participação de atletas com Síndrome de Down nas
competições paralímpicas. Como há apenas uma categoria para as pessoas com deficiência
intelectual, os atletas com Síndrome de Down – por possuírem fatores limitadores no seu
desenvolvimento corporal – jamais atingirão o rendimento de outros atletas com deficiência
intelectual. A consequência disso é que nunca podem participar dos Jogos Paralímpicos, o que leva
muitos a defender a criação de uma categoria exclusiva para pessoas com Síndrome de Down.
Nas Paralimpíadas Escolares do Brasil, realizada em 2019, pela primeira vez houve essa categoria
exclusiva para os atletas com Síndrome de Down nas modalidades natação e atletismo. Existem
também algumas competições mundiais para atletas com Síndrome de Down. O Brasil foi
campeão mundial de futsal em 2019. O Mundial de Natação exclusivo para atletas com Síndrome de
Down teve sua nona edição realizada em 2018.
A Special Olympics e os Esportes Unificados
Outro movimento esportivo que atende pessoas com deficiência intelectual, em que são aceitos
atletas com autismo, é a Special Olympics. Chamado no Brasil de Olimpíadas Especiais, esse
movimento ainda é pouco difundido. Foi criado em 1968 nos Estados Unidos pela senhora Eunice
Kennedy Shriver, irmã do presidente Kennedy, que tinha uma irmã com deficiência intelectual e
observava como os esportes eram importantes na sua vida. Um pouco diferente do movimento
Paralímpico, a Special Olympics não é apenas para atletas com deficiência intelectual e autismo.
Seguindo a tendência mundial, criaram uma metodologia de competição chamada Esportes
Unificados. A ideia é que pessoas com e sem deficiência intelectual possam competir juntas na
mesma equipe. Isso só é possível porque a Special Olympics separa seus atletas por nível de
habilidade e não pela deficiência. Logo, se o nível de habilidade é o mesmo, não existe nenhum fator
que impeça pessoas com e sem deficiência intelectual de competirem juntas.
 
Fonte: Giorgio Rossi/Shutterstock.
Esse critério também torna o movimento mais inclusivo, pois todos os atletas têm oportunidade de
competir, independentemente do nível do seu comprometimento intelectual.
 
Fonte: dominika zara/Shutterstock.
Os esportes oferecidos pela Special Olympics são os mesmos oferecidos pelos esportes olímpicos,
com pequenas adaptações nas regras. Hoje esse movimento está presente em mais de 200 países e
possui mais de 6 milhões de atletas cadastrados. A cada quatro anos realizam os Jogos Mundiais de
Verão (a última edição foi em Abu Dhabi 2019), considerado o segundo maior evento esportivo do
mundo (apenas atrás dos Jogos Olímpicos) com a participação de mais de 7 mil atletas.
No Brasil, as Olimpíadas Especiais possuem mais de 50 mil atletas cadastrados e está presente nos
estados de Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerias, Espírito Santo, Bahia,
Pernambuco e Ceará.
As modalidades desenvolvidas são:
ATLETISMO
ÁGUAS ABERTAS
BASQUETE
BOCHA
FUTEBOL
GINÁSTICA RÍTMICA
HANDEBOL
JUDÔ
NATAÇÃO
TÊNIS
TÊNIS DE MESA
VOLEIBOL DE PRAIA
Tanto a CBDI como a Special Olympics dão exemplo e fazem uma contribuição histórica à
visibilidade dos atletas com deficiência intelectual. Além de possibilitarem que se desenvolvam e
mostrem suas potencialidades, tornam a sociedade mais inclusiva e menos preconceituosa com
as pessoas com deficiência intelectual e transtornos do neurodesenvolvimento. E tudo isso através do
esporte, prática em que o profissional de Educação Física tem papel decisivo.
No vídeo a seguir, aprofundaremos a temática de aulas para alunos com Transtorno de Espectro do
Autismo.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. QUANDO O PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA SE PROPÕE A
ORGANIZAR UMA AULA QUE NO SEU PLANEJAMENTO TENHA ESPAÇO
PARA TODOS OS ALUNOS PARTICIPAREM JUNTOS COM E SEM DEFICIÊNCIA,
RESPEITANDO A PARTICULARIDADE DE CADA UM E DANDO
OPORTUNIDADE PARA TODOS, PODEMOS CHAMAR SUA AULA DE:
A) Educação Física Adaptada.
B) Educação Física Inclusiva.
C) Educação Física Geral.
D) Educação Física Escolas.
E) Educação Física intuitiva.
2. O PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA DEVE ESTAR PREPARADO PARA
ATENDER ALUNOS COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E TRANSTORNOS DO
NEURODESENVOLVIMENTO EM SEUS DIVERSOS AMBIENTES DE ATUAÇÃO.
ALGUMAS SUGESTÕES SÃO IMPORTANTES PARA O SUCESSO NESSE
ATENDIMENTO. DAS OPÇÕES ABAIXO, QUAL NÃO ESTÁ ELENCADA NO
TEXTO:
A) Apoio da família.
B) Anamnese.
C) Avaliação e acompanhamento do aulas.
D) Apenas atividades de circuitos motores.
E) Valorização da eficiência e não da deficiência.
GABARITO
1. Quando o professor de Educação Física se propõe a organizar uma aula que no seu
planejamento tenha espaço para todos os alunos participarem juntos com e sem deficiência,
respeitando a particularidade de cada um e dando oportunidade para todos, podemos chamar
sua aula de:
A alternativa "B " está correta.
 
As aulas de Educação Física que dão oportunidade a todos, que em seu planejamento são pensadas
nas diversas dimensões de acessibilidade para a pessoa com deficiência e seguem o que a LBI
determina em relação à participação da pessoa com deficiência compõem a chamada Educação
Física Inclusiva.
2. O profissional de Educação Física deve estar preparado para atender alunos com deficiência
intelectual e transtornos do neurodesenvolvimento em seus diversos ambientes de atuação.
Algumas sugestões são importantes para o sucesso nesse atendimento. Das opções abaixo,
qual não está elencada no texto:
A alternativa "D " está correta.
 
Pessoas com deficiência intelectual e com transtornos do neurodesenvolvimento podem participar de
qualquer esporte nas aulas e não apenas de circuitos motores.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Todos os profissionais de Educação Física devem estar preparados para atender a realidade da
inclusão de pessoas com deficiência intelectual e transtornos do neurodesenvolvimento na Educação
Física. Não atender pessoas com deficiência é crime.
Dessa forma, as atividades motoras adaptadas às pessoas com deficiência intelectual e transtornos
do neurodesenvolvimento devem ser desenvolvidas de forma segura, e os profissionais precisam
estar aptos para tal atendimento quando chegarem ao mercado de trabalho. Só assim poderão fazer a
diferença para essas pessoas.
Como vimos, a luta da pessoa com deficiência não é recente e já passou por várias fasesna
sociedade. Estamos agora vivendo a inclusão. Não repita eventuais erros do passado, não dando
oportunidades para as pessoas com deficiência intelectual e transtornos do neurodesenvolvimento.
Elas precisam de oportunidades e de pessoas que acreditem no seu potencial, pessoas que as
ajudem a retirar a letra “d” da deficiência para ficarem apenas com a eficiência.
Além disso, não ache que você saberá como atender todas as pessoas com deficiência, que irá
encontrar uma forma única e eficiente para todos. Lembre-se, antes de tudo, que você lidará com
pessoas, e pessoas são diferentes.
O importante é ter uma base sólida de conhecimentos e nunca deixar de estudar. O importante é ter a
consciência de que você, através do conhecimento adquirido, poderá mudar para melhor a vida das
pessoas com deficiência intelectual e transtornos do neurodesenvolvimento. Isso será gratificante!
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
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e soluções/Aline da Silva Alves; Carolina Sacramento; coordenação de Valéria Machado da Costa.
Rio de Janeiro: Fiocruz/Icict, 2019.
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classificação e sistemas de apoio. 10. ed. Porto Alegre: Artmed, 2006.
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION – APA. Manual diagnóstico e estatístico de
transtornos mentais. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
ARANHA, MSF. Paradigmas da relação da sociedade com as pessoas com deficiência. Revista
do Ministério Público do Trabalho, XI, 2001.
BARROS FILHO, TEP; OLIVEIRA, RP; RODRIGUES, NR; GALVÃO, PEC; SOUZA, MP. Instabilidade
atlantoaxial na Síndrome de Down. Revista Brasileira de Ortopedia, v. 33, n° 2, 1998.
BEZARRA, TL. Educação inclusiva e autismo: a educação física como possibilidade
educacional. Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício, v. 12, n° 4, jul./ago. 2013.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.
BRASIL. Lei nº 13.146, de 06 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com
Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência).
BRIGHTSPOT: Special Olympics. Criado pela Fundação Joseph P. Kennedy Jr. para o Benefício de
Pessoas com Deficiência Intelectual.
CARVALO, ENS; MACIEL, DMMA. Nova concepção de deficiência mental segundo a American
Association on Mental Retardation - AAMR: sistema 2002. Temas em Psicologia da SBP — 2003,
v. 11, n° 2, p. 147 156.
COSTA, AM; SOUSA SB. Educação física e esporte adaptado: história, avanços e retrocessos
em relação aos princípios da integração/inclusão e perspectivas para o século XXI. Revista
Brasileira de Ciência do Esporte, Campinas, v. 25, n. 3, maio 2004, p. 27-42.
LITWINCZUK, L. Educação especial inclusiva no brasil: trajetória histórica. Universidade
Estadual de Maringá, Campus Regional de Cianorte, Centro de Ciências Humanas Letras e Artes,
Cianorte, 2011.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. CID-10 – Classificação Estatística Internacional de
Doenças e Problemas Relacionados à Saúde.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE. Declaração de Montreal sobre a deficiência intelectual.
Disponível em: Educadores Dia a Dia. Acesso em: 25 ago. 2020.
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Educação física e desporto para pessoas portadoras de deficiência. Brasília: MEC/Sedes, 1994. p. 7-
10.
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deficiência intelectual. Educação em Perspectiva, Viçosa, v. 3, n. 2, jul./dez. 2012, p. 448-450.
EXPLORE+
Para entender mais sobre deficiência intelectual e transtornos do neurodesenvolvimento, leia o
Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V).
Leia o livro O que me faz pular, com o relato sensível de um garoto autista de 13 anos, Naoki
Higashida, que dá voz à subjetividade de pessoas nessa condição.
Visite o site da Special Olympics para ter acesso a um material destinado a atletas de vários
esportes que apresentam deficiência intelectual, além de recursos com a mesma temática.
Visite o site da Confederação Brasileira de Desportos para Deficientes Intelectuais (CBDI) para
conhecer mais o trabalho de esportes do Comitê Paralímpico Brasileiro para atletas com
deficiência intelectual.
Visite o site do Projeto Galileu Galilei e obtenha materiais didáticos para aulas de Educação
Física Inclusiva e atividades psicomotoras para crianças com autismo.
Procure na Internet o relato de Carly Fleischamann, uma mulher com autismo, que descreve as
sensações que tem quando está numa cafeteria. O vídeo se chama Café de Carly - Experiência
do Autismo através do olhar de Carly.
CONTEUDISTA
Rafael Fiuza Cislaghi
 CURRÍCULO LATTES
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