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Crédito digital_Tema 2_Atividades motoras adaptadas as PCD´S visuais

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DESCRIÇÃO
Histórico, conceitos, características e etiologia da deficiência visual (DV). Classificação
funcional, caracterização e terminologia das pessoas com DV. Limitações na educação global,
escolar e não escolar, das pessoas com DV e as possíveis contribuições da Educação Física
(EF). Planejamento, orientação, execução e avaliação de programas de atividades motoras
adaptadas aos alunos com deficiência visual em diferentes faixas etárias e níveis de
comprometimento.
PROPÓSITO
Compreender quem são as pessoas com DV, identificando suas características, para que
possamos auxiliá-las a partir de planejamento e execução de atividades motoras que atendam
às suas especificidades.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Identificar o processo de inserção social da pessoa cega na História, suas características e
etiologias
MÓDULO 2
Identificar as classificações oftalmológicas esportivas das pessoas com deficiência visual e os
cuidados fundamentais no convívio
MÓDULO 3
Identificar a evolução da Educação, dos métodos, das políticas públicas disponíveis para
auxiliar na aprendizagem das pessoas com deficiência visuais nas aulas de EF
MÓDULO 4
Identificar a diferença entre EF inclusiva e EF adaptada, para que se possa escolher quais as
atividades que estarão de acordo com a faixa etária e os níveis de comprometimento da
pessoa com deficiência visual
INTRODUÇÃO
Neste tema, você aprenderá a história da deficiência visual, as características e a etiologia das
patologias adquiridas e congênitas e os dispositivos legais que foram construídos por meio de
políticas públicas destinadas a pessoas com deficiência desde o Brasil Imperial até os dias
atuais, tais como a Declaração de Salamanca, que concede a pessoas com deficiências o
direito de receber a mesma educação, apesar de suas deficiências, sendo a base da educação
inclusiva no Brasil.
Depois, você conhecerá as classificações funcionais internacionais para a prática de desportos
paralímpicos, regras das modalidades desportivas e cuidados que temos ao proporcionar
atividades motoras para esse público.
Posteriormente, vamos tratar de inclusão, exclusão e integração escolar e não escolar,
acessibilidade e tecnologias assistivas para o deficiente visual. Dessa forma, você vai
compreender como transpor as limitações para inclusão de pessoas com deficiência visual e as
contribuições da EF.
Por fim, vamos tratar de EF adaptada e EF inclusiva, com sugestões de atividades, quando
você encontrará subsídios para planejar, orientar e executar atividades para pessoas com
deficiência visual.
MÓDULO 1
 Identificar o processo de inserção social da pessoa cega na História, suas
características e etiologias
HISTÓRICO DA DEFICIÊNCIA VISUAL
Na História, encontramos registros sobre a existência da pessoa com deficiência visual no
século XVIII a.C., como o Código de Hamurabi, que mencionava, no artigo XII - DELITOS E
PENAS (Lesões Corporais, Talião, Indenização e Composição) 196º:
[...] “SE ALGUÉM ARRANCA O OLHO A UM OUTRO, SE
LHE DEVERÁ ARRANCAR O OLHO.”
Talião (DE HAMURABI, 2009)
Precisamos entender a época e o contexto das leis impostas àquela sociedade, pois continham
dispositivos que se fundavam no princípio “olho por olho, dente por dente”, da lei de Talião,
citada no Antigo Testamento. Com o passar dos anos, foram criados outros códigos, que
modificaram e contribuíram para humanizar os sistemas penais, e a Justiça deixou de ser
vingativa, passando a reintegrar à sociedade aqueles que cometem delitos.
A sociedade da Antiguidade contemplava a rejeição e, muitas vezes, o sacrifício da pessoa
cega, que era considerada inútil. Portanto, o infanticídio de crianças que nasciam cegas era
frequente, bem como o abandono dos que haviam perdido a visão na idade adulta, que eram
entregues à própria sorte. Em Atenas e Esparta, as crianças com deficiência eram
abandonadas nas montanhas, enquanto na Roma Antiga elas eram jogadas nos rios.
 VOCÊ SABIA
Durante a época das Cruzadas, um grupo de soldados franceses teve seus olhos arrancados
pelos mulçumanos porque estavam invadindo suas terras e atacando as populações locais.
Neste período, Luís XIII fundou, em Paris, a primeira instituição para atender os cegos na
França, o asilo de Quinze-Vingts, cujo objetivo era tirá-los das ruas, pois andavam como
mendigos, causando mal-estar na população.
Com a evolução, a forma como a pessoa com deficiência visual era tratada ou vista foi se
modificando e variava de sociedade para sociedade. Por exemplo, entre os maias, os cegos
tinham profissão e exerciam trabalhos em olarias, fabricavam objetos de pedras, madeira e
couro; elaboravam perfumes, construíam habitações e podiam ser músicos.
Grandes artistas pintaram a cegueira, como a pintura bizantina, que retrata o Cristo e os dois
cegos; a parábola dos cegos de Pieter Bruegel, o Velho, de 1568; Rembrandt pintou a cegueira
de Tobias, em 1651, entre outros.
 
Fonte: deficienciavisual
 A cegueira de Tobias, de Rembrandt, 1651 (Figura 1).
No livro do Êxodo, falava-se dos homens caminhantes, levando seus cajados nas mãos, e de
Isaque – talvez a primeira pessoa com deficiência visual a ser reportada –, por haver perdido a
visão e usado o cajado de pastor para se deslocar. O cajado de Isaque, que, com o passar do
tempo evoluiu para bengala, teve sua utilidade ampliada, sendo aplicado para busca e
reconhecimento do mundo ao redor.
Outra referência encontra-se na cidade de Pompeia, na Itália, em que se vê uma pintura com
uma pessoa com deficiência visual, um cão e seu cajado. Para as pessoas com deficiência
visual, os deslocamentos de forma autônoma eram difíceis, uma vez que os caminhos
apresentavam obstáculos. Assim, seu cotidiano ficava limitado a ambientes fechados, ou então
acompanhados de videntes.
As tempestades de areia do Egito foram a causa da cegueira adquirida na região. Durante
muito tempo, o Egito foi conhecido como “Terra dos Cegos”, pois eram frequentes as infecções
nos olhos, que ocasionavam cegueira. Em vários papiros, há registros de tratamentos de
diversas doenças, inclusive dos olhos.
NO SÉCULO XVIII, VALENTIN HAÜY – UM DOS
PIONEIROS NO INTERESSE SOBRE VIDA,
NECESSIDADES, EDUCAÇÃO E INTEGRAÇÃO SOCIAL
DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA VISUAL – FUNDOU
A PRIMEIRA ESCOLA FRANCESA PARA PESSOAS
COM DEFICIÊNCIA VISUAL, O INSTITUT NATIONAL
DES JEUNES AVEUGLES. O INSTITUTO AINDA EXISTE
E PREPARA MATERIAIS PARA LEITURA A PARTIR DA
REPRESENTAÇÃO DOS CARACTERES COMUNS COM
LINHAS EM ALTO-RELEVO E ESTUDA TÉCNICAS
ADAPTADAS PARA O TRABALHO DAS PESSOAS COM
DEFICIÊNCIA VISUAL.
 
Fonte: Ravennka/Shutterstock
 Alfabeto Braille (Figura 2).
Em 1889, foi criada a Association Valentin Haüy, que até hoje visa o bem-estar das pessoas
com deficiência visual. Nesta escola, estudou o jovem Louis Braille, que, em 1825, criou o
Sistema Braille, que utiliza seis pontos em relevo apresentados em duas colunas, formando 63
símbolos que podem ser empregados na escrita pelas pessoas com deficiência visual.
Esses avanços ajudaram bastante as pessoas a terem autonomia, entretanto ainda não havia
um sistema que possibilitasse sua locomoção de forma independente.
No final da Primeira Guerra Mundial, os soldados franceses, ingleses e americanos que haviam
adquirido deficiência visual utilizavam um bastão para se deslocar com mais segurança. No
final da Segunda Guerra Mundial, com a grande quantidade de soldados que também havia
adquirido a deficiência visual, estudiosos resolveram focar no estudo da orientação e
mobilidade dessas pessoas.
 
Fonte: Everett Collection/Shutterstock
 
Fonte: Vereshchagin Dmitry/Shutterstock
 Bengala (Figura 3).
Por volta de 1945, entre as pessoas que se inscreveram para ajudar tais soldados no Hospital
de Vallerytorge (EUA), estava um médico oftalmologista e treinador de atletismo de pessoas
com deficiência visual, Richard Hoover, que logo detectou que o uso do bastão era ineficaz.
Assim, o médico projetou um bastão (posteriormente chamado de bengala)de metal tubular,
medindo 1,42 m de comprimento, 1,2 cm de diâmetro e pesando 186 g, com a extremidade
arredondada, para ser utilizado pelos soldados, a fim de aprenderem a técnica que foi
denominada Orientação e Mobilidade (OM).
Ao observar desenhos encontrados em cavernas, tanto na literatura bíblica quanto na obra de
Diderot (1979), o cajado/bengala é ressaltado como de grande importância. A utilização de
bastões e cajados como facilitadores de deslocamentos dos indivíduos faz parte da história dos
grupos sociais há muito tempo. Assim, Diderot (1979) iniciou os estudos sobre a percepção dos
obstáculos pelas pessoas com deficiência visual, verificando que podiam calcular distâncias.
Alguns autores acreditam que esse cálculo é feito por meio de um “sexto sentido”. Outros
acreditam que seria por conta de uma percepção na face (visão facial), e há, ainda, quem
entenda que se consegue por meio de ecolocação (audição), porém ainda não se sabe com
precisão quais são os mecanismos envolvidos.
 SAIBA MAIS
A técnica da bengala era um sistema de exploração por meio do qual, ao tocar o chão com a
ponta da bengala, a pessoa com deficiência visual recebia sensações táteis que a ajudavam a
deslocar-se pelo terreno. Giacomini (2008) ressalta que a experiência com os soldados, com o
tempo, democratizou-se por todos os indivíduos com deficiência visual e que, com os
treinamentos desenvolvidos, Hoover percebeu que sua técnica da bengala com medida fixa
não podia ser utilizada por todos devido às diferenças de peso e altura dessas pessoas. Assim,
resolveu personalizá-la, aumentando sua eficácia. O programa de Orientação e Mobilidade
criado por Hoover era formado por três etapas: a primeira utilizava um guia vidente; a segunda
apresentava técnicas de autoajuda para a pessoa com deficiência visual, e a terceira
apresentava as técnicas da bengala longa.
CONCEITOS DE DEFICIÊNCIA VISUAL
Na era contemporânea, a deficiência visual compreende a cegueira e a baixa visão, segundo a
Classificação Estatística Internacional das Doenças e Problemas relacionados à Saúde (CID-
10). Considera-se baixa visão o valor da acuidade visual corrigido no olho de melhor visão,
sendo < 20 no olho de melhor visão com a melhor correção. Considera-se cegueira quando a
acuidade visual está abaixo de 0,05 ou o campo visual é menor do que 10.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a baixa visão pode ser classificada quanto
aos seguintes aspectos:
20/30 a 20/60: é considerada leve perda de visão, ou próximo da visão normal.
20/70 a 20/160: é considerada baixa visão moderada, baixa visão moderada.
20/200 a 20/400: é considerada grave deficiência visual, baixa visão grave.
20/500 a 20/1000: é considerada visão profunda, baixa visão profunda.
Inferior a 20/1000: é considerada quase total deficiência visual, cegueira total ou quase.
Nenhuma percepção de luz: é considerada total deficiência visual, cegueira total.
Conhecendo a anatomia do olho, podemos entender que o sistema visual é composto por um
conjunto sensorial constituído pelo olho, pela via ótica e por centros visuais e um conjunto não
sensorial representado pelos vasos e nervos. A órbita, as pálpebras, a conjuntiva e o aparelho
lacrimal são responsáveis pela proteção do olho, enquanto os músculos oculomotores
asseguram sua mobilidade.
 
Fonte: Tefi/Shutterstock
 
Fonte: Tefi/Shutterstock
O olho humano é formado por estruturas que desempenham as funções de captação e
transporte da luz até a retina, onde a luz é transformada em impulso elétrico por meio de
reações fotoquímicas.
A visão é a percepção das radiações luminosas, que determinam impressões sensoriais de
natureza variada, como cores, formas, movimento, distância e relevo. Por meio da visão,
podemos nos apropriar de eventos e realizar a observação de acontecimentos. As pessoas
com deficiência visual, portanto, não são privadas e limitadas quanto ao aprendizado desses
fenômenos de transferência de cultura e conteúdo, pois elas utilizam outros meios sensoriais,
que não a visão, para se apropriar desse aprendizado.
Assim, utilizamos a visão como meio de comunicação em amplos aspectos, para a
compreensão de conceitos, construção de representações e o entendimento das
transformações sociais.
CARACTERÍSTICAS GERAIS DA
DEFICIÊNCIA VISUAL
A ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS)
SEGUE A CID-10 (OMS, 2014):
A classificação da OMS está alinhada à Classificação Internacional de Doenças (CID-10).
Ambas definem a cegueira como acuidade visual menor do que 0.05 no melhor olho e
com a melhor correção.
Ambas definem a baixa visão como a acuidade visual menor do que 0.3 no melhor olho e
com a melhor correção.
A OMS usa como base as medidas clínicas relativas às duas principais funções visuais:
acuidade visual (medida clínica de nitidez da visão para a discriminação de pormenores a
uma distância específica) e campo visual (distância angular abrangida quando olhamos
um ponto no infinito mantendo estáticos os olhos e a cabeça), visto que suas alterações
têm grandes repercussões na função visual.
A OMS considera que o nível da baixa visão pode ser de comprometimento visual
moderado ou de comprometimento visual severo.
Para a OMS, a deficiência visual inclui a baixa visão e a cegueira.
PARA A OMS, QUEM TEM BAIXA VISÃO?
 RESPOSTA
A pessoa com baixa visão é aquela que, mesmo após tratamentos ou correções ópticas,
permanece com diminuição considerável da função visual. Grande parte da população
considerada cega tem, na verdade, baixa visão, sendo, muitas vezes, capaz de usar a visão
residual para realizar tarefas.
O CEGO É AQUELE QUE PERDE TOTALMENTE A
VISÃO POR CAUSAS DIVERSAS, DESDE DOENÇAS
CONGÊNITAS ATÉ TRAUMAS OCULARES (BRASIL,
2008).
O Ministério da Saúde segue orientações da OMS e CID-10, definindo a cegueira legal no art.
1º da Portaria nº 3.128 de 24 de dezembro de 2008.
Considera-se cegueira quando esses valores se encontram abaixo de 0.05 ou o campo visual
menor do que 10º. Por outro lado, o Ministério da Educação concebe a cegueira como: “Uma
alteração grave ou total de uma ou mais funções elementares da visão, de maneira que
afeta de modo irremediável a capacidade de perceber cor, tamanho, distância, forma,
posição ou movimento em um campo mais ou menos abrangente”, podendo ocorrer
desde o nascimento (cegueira congênita) ou ser adquirida durante o desenvolvimento somático
(cegueira adventícia), em decorrência de causas orgânicas ou acidentais.
ETIOLOGIA DA DEFICIÊNCIA VISUAL
As causas da deficiência visual em crianças são diversas, como: glaucoma congênito,
retinopatia da prematuridade e coriorretinite macular (Figura 4). Nos adultos, as causas são:
catarata, glaucoma, retinopatia diabética, atrofia do nervo ótico, retinose pigmentar e
degeneração macular relacionada à idade (DMRI).
Outras causas de perdas visuais são: erros refrativos não corrigidos, retino blastoma,
descolamento de retina e tracoma.
 
Fonte: Arquivo pessoal
 Principais doenças oculares (Figura 4).
Agora, você vai compreender algumas doenças oculares que levam à deficiência visual.
RETINOSE PIGMENTAR
É o termo usado para um grupo de desordens genéticas que são assinaladas por disfunção
progressiva, dano celular e casual atrofia do tecido retiniano. O ataque inicial dos
fotorreceptores altera a destruição das camadas internas retinianas.
CERATOCONE
É uma doença que apresenta distrofia contínua e progressiva da córnea, com afinamento
central, resultando em abaulamento anterior da córnea, em forma de cone.
MOSCAS VOLANTES
São pequenos pontos escuros, manchas, filamentos, círculos ou teias de aranha que parecem
se mover na frente de um ou de ambos os olhos. Têm como causa o envelhecimento; o humor
vítreo contrai-se, podendo separar-se da retina em alguns pontos, sem que cause
obrigatoriamente danos à visão.
CATARATA
É a principal causa mundial de cegueira, mas é reversível por cirurgia. O cristalino perde a
transparência, fica opaco e atrapalha a entradade luz nos olhos, diminuindo a visão. Várias
são as causas da catarata, e a mais comum é senilidade, mas pode ocorrer por traumas,
distúrbios metabólicos, alterações congênitas e radiações; medicamentos, nicotina, doenças
metabólicas (diabetes, mellitus, galactosemia, hipocalcemia, hipertireoidismo, doenças renais),
trauma, radiações (UV, Raios X e outras), doença ocular (alta miopia, uveíte,
pseudoexfoliação), cirurgia intraocular prévia (fístula antiglaucomatosa, vitrectomia posterior),
infecção durante a gravidez (toxoplasmose, rubéola) e desnutrição. A seguir, na Figura 5,
temos um exemplo de como uma pessoa que tem catarata enxerga.
 
Fonte: Najmi Arif/Shutterstock
 Exemplo de como enxerga uma pessoa com catarata (Figura 5).
GLAUCOMA
É uma doença ocular grave, a principal causa mundial de cegueira irreversível. É uma doença
lentamente progressiva, com perda visual concêntrica, ou seja, da periferia para o centro,
ocorrendo uma lesão da porção intraocular do nervo óptico (disco óptico) associado ao
aumento da pressão intraocular (PIO normal=11 a 21 mmHg). A seguir, na Figura 6, temos um
exemplo de como uma pessoa com glaucoma enxerga.
 
Fonte: Martina Badini/Shutterstock
 Exemplo de como enxerga uma pessoa com glaucoma (Figura 6).
DEGENERAÇÃO MACULAR
A degeneração macular relacionada à idade (DMRI), geralmente depois dos 60 anos, afeta a
área central da retina (mácula), que se degenerou devido ao processo de envelhecimento. A
DMRI acarreta baixa visão central (mancha central), dificultando principalmente a leitura,
conforme a Figura 7.
 
Fonte: haveseen/Shutterstock
 Exemplo de como enxerga uma pessoa com DMRI (Figura 7).
RETINOPATIA DIABÉTICA
A retinopatia diabética é uma doença sistêmica que gera lesão ocular, alteração de capilares
e arteríolas da retina, microaneurismas, edema retiniano, exsudatos duros, micro-hemorragias,
neovascularização e manchas manchas algodonosos.. Pode ser de dois tipos: não proliferativa
e proliferativa.
A cegueira infantil tem diversas causas. São elas:
Hereditária: distrofia retiniana, catarata, aníria e albinismo.
Infância: ambliopia, deficiência de vitamina A, sarampo, meningite e trauma.
Perinatal: retinopatia da prematuridade, oftalmia neonatal, cerebral e cortical.
Intrauterina: rubéola, álcool e toxoplasmose.
Idiopática: anomalias e início desconhecido.
 
Fonte: Tracy Spohn/Shutterstock
 
Fonte: Kateryna Kon/Shutterstock
A toxoplasmose atinge os olhos a partir de uma inflamação interna e pode causar cegueira.
Quando uma mulher é infectada durante a gravidez, pode provocar danos ao feto por meio de
contaminação por microrganismos presentes nas fezes de animais, como cachorro, gato e
aves, e na carne de porco.
Além dos distúrbios apresentados, é necessário compreender alguns termos comuns utilizados
por quem trabalha com portadores de necessidades visuais e erros de refração oculares,
dentre eles:
REFRAÇÃO
Alteração da direção de propagação da luz quando passa de um meio para outro em que a
velocidade de propagação é diferente.
DIOPTRIA
Unidade que expressa o poder de refração de uma lente, equivalente à sua longitude focal em
metros, popularmente chamada de “grau” da lente.
ACOMODAÇÃO
Processo responsável pela mudança do poder refrativo do olho, por meio de modificações no
formato do cristalino por ação do músculo ciliar, que garante a focalização da imagem de perto
sobre a retina.
EMETROPIA
Visão subnormal; situação em que o olho não necessita de correção óptica para focar a
imagem na retina.
AMETROPIA
Quando não se tem a emetropia (miopia, astigmatismo e hipermetropia).
MIOPIA
O poder refracional do olho é muito forte, formando a imagem antes da retina. É a condição em
que os olhos podem ver objetos que estão perto, mas não são capazes de enxergar
claramente os objetos que estão longe. O principal fator que influencia o aparecimento da
miopia é a hereditariedade. Em geral, o grau de miopia aumenta durante o período de
crescimento. As formas de correção da miopia são: óculos com lentes divergentes, lentes de
contato ou cirurgia.
 
Fonte: webreg30380/Shutterstock
 A visão normal, a visão míope e a visão corrigida por lentes.
HIPERMETROPIA
O poder refracional do olho não é suficiente para focar a imagem na retina, formando-a atrás
dela. Ocorre quando o olho é menor do que o normal. Isso cria uma condição de dificuldade
para que o cristalino focalize na retina os objetos colocados próximos ao olho. A maioria das
crianças são hipermetropes em grau moderado, condição esta que diminui com a idade. A
hipermetropia pode ser corrigida por meio do uso de óculos com lentes convergentes, lentes de
contato ou cirurgia.
 
Fonte: webreg30380/Shutterstock
 A visão normal, a visão hipermétrope e a visão hipermétrope 
corrigida por lentes.
ASTIGMATISMO
O poder refracional do olho é irregular, formando imagens na frente ou atrás dela. É causado
por disparidades nas curvaturas ou por irregularidades na córnea, formando a imagem em
planos diferentes, o que ocasiona a distorção. O uso de óculos com lentes divergentes ou
convergentes, lentes de contato ou cirurgia podem corrigir o astigmatismo.
 
Fonte: Martina Badini/Shutterstock
 Exemplos de erros de refração oculares (Figura 8).
PRESBIOPIA
Perda da focalização da imagem de um objeto próximo após 40 anos por má acomodação do
cristalino, muito conhecida por vista cansada, criando dificuldade em enxergar de perto e de
longe. Para correção, necessita de lentes divergentes ou convergentes.
O estrabismo, popularmente chamado de vesguice, é um defeito visual no qual os olhos estão
desalinhados e apontam para direções diferentes. Um olho pode estar direcionado em linha
reta, enquanto o outro está desviado para dentro, para fora, para cima ou para baixo. O olho
desviado pode endireitar-se ocasionalmente. Essa doença é uma condição comum entre
crianças, mas também pode ocorrer em outra fase da vida.
 
Fonte: charless/Shutterstock
O tratamento varia de acordo com a causa do estrabismo, podendo envolver reposicionamento
dos músculos do olho, remoção de uma catarata ou correção de outros aspectos que
provocam o desvio. Apenas um oftalmologista pode recomendar a terapia adequada.
Outras inflamações podem acometer a vista de uma pessoa, tais como na:
PÁLPEBRA
CONJUNTIVA
CÓRNEA
VIA LACRIMAL
Formada por pele, músculos e glândulas. Infecções comuns: blefarite, hordéolo (terçol), celulite
e herpes.
Formada por conjuntiva bulbar, fórnice e palpebral. São inflamações da conjuntiva, parte
branca do olho: conjuntivites (viral e bacteriana alérgica, traumática, tóxica, química, entre
outras). O tipo mais comum é a infectocontagiosa e espalha-se rapidamente, sendo transmitida
pelo ar em ambientes fechados. Os primeiros sintomas são: sensação de areia nos olhos,
secreção, lacrimejamento, vermelhidão e coceira.
São infiltradas e úlceras infecciosas (bactérias, vírus e fungos).
Formada por ponto lacrimal, canalículos, saco lacrimal e ducto lacrimal: canaliculites e
dacriociste (ambos por bactérias).
Todas essas inflamações, quando detectadas em uma criança, devem ser informadas ao
professor de EF, que deve encaminhá-la para tratamento médico.
Conhecendo essas patologias, podemos entender que as pessoas com deficiência visual não
enxergam da mesma maneira. Assim, podemos afirmar que a deficiência visual é uma situação
irreversível de diminuição da resposta visual, em virtude de causas congênitas ou hereditárias,
mesmo após tratamento clínico e/ou cirúrgico e uso de óculos convencionais.
No vídeo a seguir, o Professor Renato Ferreira explicará as principais deficiências visuais e
demostrará como a visão pode ser afetada por essas deficiências.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. MARQUE QUAL A AFIRMATIVA CORRETA DE ACORDO COM O
CONTEÚDO. PELA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, CONSIDERA-SE
A PESSOA COM DEFICIÊNCIA VISUAL QUANDO O VALOR DA ACUIDADE
VISUAL CORRIGIDA:
A) No melhor olho for menor do que 0.5 e maior ou igual a 0.10,ou quando o seu campo visual
for menor do que 20º no melhor olho com a melhor correção óptica.
B) No melhor olho for menor do que 0.3 e maior ou igual a 0.05, ou quando o seu campo visual
for menor do que 20º no melhor olho com a melhor correção óptica.
C) No melhor olho for menor do que 0.10 e maior ou igual a 0.05, ou quando o seu campo
visual for menor do que 50º no melhor olho com a melhor correção óptica.
D) No melhor olho for menor do que 1,0 e maior ou igual a 0.15, ou quando o seu campo visual
for menor do que 10º no melhor olho com a melhor correção óptica.
2. A PARTIR DA FIGURA A SEGUIR, IDENTIFIQUE A RESPOSTA
CORRETA PARA A PATOLOGIA OCULAR APRESENTADA:
A) Glaucoma.
B) Catarata.
C) Degeneração macular relacionada à idade (DMRI).
D) Hipermetropia.
GABARITO
1. Marque qual a afirmativa correta de acordo com o conteúdo. Pela Organização
Mundial da Saúde, considera-se a pessoa com deficiência visual quando o valor da
acuidade visual corrigida:
A alternativa "B " está correta.
 
As pessoas com baixa visão são aquelas em que a acuidade visual corrigida no melhor olho for
menor do que 0.3 e maior ou igual a 0.05, ou quando o seu campo visual for menor do que 20º
no melhor olho com a melhor correção óptica.
2. A partir da figura a seguir, identifique a resposta correta para a patologia ocular
apresentada:
A alternativa "A " está correta.
 
A perda visual no glaucoma é lenta e acontece da periferia para o centro, ocorrendo uma lesão
da porção intraocular do nervo óptico.
MÓDULO 2
 Identificar as classificações oftalmológicas esportivas das pessoas com deficiência
visual e os cuidados fundamentais no convívio
CLASSIFICAÇÃO OFTALMOLÓGICA
Ao longo do tempo, a deficiência visual tem sido definida e classificada de várias formas e por
muitos estudiosos. O Ministério da Educação a caracteriza como uma limitação sensorial em
vários graus e classificações (BRASIL, 2002). Para Díaz et al. (2009), a classificação de
deficiência visual pode ser utilizada quando a pessoa tem a capacidade de ver prejudicada por
fatores que limitam sua visão.
O Conselho Internacional de Oftalmologia recomendou a seguinte nomenclatura e classificação
oftalmológica (ARCHANJO, 2009):
 
Fonte: 4 PM production/Shutterstock
CEGUEIRA
Quando ocorre a perda total de visão e a pessoa com deficiência visual precisa contar
predominantemente com valências para substituir a visão, possuindo uma agudeza visual igual
ou menor do que 0,05 (20/400), no melhor olho, depois de toda correção óptica.
BAIXA VISÃO
Quando ocorrem graus menores de perda de visão e a pessoa com deficiência visual recebe
auxílio por meio de aparelhos e dispositivos de reforço da visão, cujo resíduo visual encontra-
se entre 0,3 (20/60) e 0,05 (20/400).
VISÃO DIMINUÍDA
Quando ocorrem perdas de funções visuais, como acuidade visual e campo visual.
VISÃO FUNCIONAL
Considerada a capacidade de uso da visão pelas pessoas para as atividades de vida diária.
Outros conceitos são importantes para entendermos a nossa visão, como acuidade visual,
campo visual e avaliação funcional da visão.
ACUIDADE VISUAL (AV)
CAMPO VISUAL
AVALIAÇÃO FUNCIONAL DA VISÃO
É definida como a capacidade visual de cada olho (monocular) ou de ambos os olhos
(binocular), expressada em termos quantitativos. Sua avaliação pode ser mediante o uso de
tabelas para longe ou para perto, com correção (AV C/C) ou sem correção óptica (AV S/C),
com ou sem os óculos. Na baixa visão, a avaliação pode ser por meio de aspectos tanto
quantitativos como qualitativos. O oftalmologista realiza a medida quantitativa, utilizando testes
ou tabelas de acuidade visual específicas para acuidades visuais mais baixas. Observa-se
também tabelas para avaliação da acuidade visual para longe e para perto, conforme a idade e
necessidades pessoais.
É definido como a área total da visão. A AV fica diminuída quando a perda se localiza no
campo visual central, ficando a visão afetada, podendo ocorrer alterações na sensibilidade ao
contraste e ainda dificuldade para leitura e reconhecimento de pessoas. É a distância angular
abrangida quando olhamos um ponto no infinito mantendo estáticos os olhos e a cabeça.
Para se estudar a DV, é importante que se conheça a capacidade visual existente, como ela se
apresenta, como a pessoa com DV faz uso dela e como utiliza seus sentidos remanescentes
para realizar atividades diárias.
Aconselha-se controlar iluminação e aumento do contraste. Muitas vezes, essas pessoas
preferem certas posições ao olhar, na cabeça e no material para visualizar. A baixa visão pode
trazer perda de campo visual e dificuldades na visão central ou periférica.
O desempenho visual de uma pessoa com baixa visão pode ser desenvolvido e ampliado de
forma gradativa e constante, pois a eficiência da visão melhora de acordo com seu uso. Assim,
a falta de estimulação pode contribuir para a perda de funcionalidade visual. O professor e a
família são os principais agentes quanto ao uso eficiente de resíduo visual do aluno em
diferentes atividades.
A avaliação qualitativa do uso eficiente da visão relaciona-se ao seu uso funcional no dia a dia,
podendo ser utilizada por diferentes profissionais.
 SAIBA MAIS
Tal avaliação consiste em observação do comportamento visual com objetos do cotidiano,
conhecidos e usados na prática de atividades de rotina do aluno. O aluno com essa deficiência
tem a possibilidade de usar a visão em atividades dentro e fora da escola.
Ao perceber que consegue realizar atividades importantes, descobre as vantagens de usar o
resíduo visual, fixar os olhos, focalizar e seguir objetos situados em diferentes posições e
distâncias. Assim, entende como é importante usar a visão para conseguir fazer suas tarefas
(BRASIL, 2010).
CEGUEIRA CONGÊNITA
Tem como causa enfermidades relacionadas às funções do globo ocular ou também por
lesões. As principais causas são retinopatia da prematuridade, catarata, glaucoma congênito e
atrofia do nervo óptico, interferindo no desenvolvimento infantil (BRASIL, 2010).
CEGUEIRA ADQUIRIDA
Consiste na perda da visão na infância, na adolescência, na fase adulta ou senil. Suas
principais causas são doenças infecciosas, enfermidades sistêmicas e traumas oculares. É
importante compreender essa situação em termos da idade, circunstâncias, desenvolvimento
da personalidade e construção da identidade.
A incidência de cegueira provoca mudanças radicais nas dimensões da vida pessoal, familiar,
social, educacional e profissional e deve ser compreendida como fonte reveladora de atitudes,
força motriz para superação de obstáculos, mais do que deficiência de um órgão ou uma
função.
No entendimento do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), informado por Costa e
Coutinho (2018), a classificação da acuidade visual (AV) foi dividida em categorias mais
específicas do que a lei brasileira, conforme ilustrado na Figura 9.
 
Fonte: Adaptado de Costa e Coutinho (2018, p. 69).
 Acuidade visual pela distância – CBO (Figura 9).
A AV é utilizada para o diagnóstico da baixa visão, e ela pode ser avaliada por meio do auxílio
de diferentes tabelas, tais como: Snellen, LEA symbols e ETDRS. Essas tabelas consistem na
identificação de letras ou figuras, que estão dispostas em sequência de tamanho, conforme as
Figuras 10a, 10b e 10c.
 
Fonte: JPC-PROD/Shutterstock
No Brasil, em 1998, foi aplicada a campanha nacional de reabilitação “Olho no olho, veja
bem, Brasil”, a fim de identificar, entre crianças na primeira série do Ensino Fundamental,
aquelas que tinham alguma perda. A aplicação desse teste não exige que o aplicador seja
médico, mas, sim, que, após a triagem, as crianças detectadas com algum déficit sejam
encaminhadas ao médico, a fim de que possam ser reavaliadas e sejam providenciadas
próteses de correção.
Nós, profissionais de EF, muitas vezes observamos crianças que caem com muita frequência
nas aulas ou esbarram em colegas ou objetos. Essas crianças devem ser encaminhadas para
realizarpré-triagem visual, ou podemos também aplicar o teste de Snellen.
Segundo a OMS, a tabela de Snellen é um teste simples, de baixo custo, confiável, que os
professores podem utilizar nas escolas. O teste consta de uma tabela que possui altura e
largura de 50x25 cm, respectivamente. O aluno examinado é posicionado a uma distância de
cinco metros.
Existem três adaptações da tabela de Snellen para serem impressas em formato A4. Devem
ser aplicadas a uma distância de três metros. São utilizadas em crianças de até dois anos,
como mostrado na Figura10a, pessoas analfabetas, na Figura 10b, e em pessoas que foram
alfabetizadas, na Figura 10c.
 
Fonte: Azuzl/Shutterstock
Teste de Snellen adaptado 
(Figura 10a).
 
Fonte: Marek Tr/Shutterstock
Teste de Snellen adaptado 
(Figura 10b).
 
Fonte: MIKHAIL GRACHIKOV/Shutterstock
Teste de Snellen adaptado 
(Figura 10c).
Assim, para aplicar o teste de Snellen, devemos seguir estes passos:
O ambiente deve ser calmo, sem ofuscamento ou poluição visual, com luz entrando por
trás ou pelo lado da pessoa que será avaliada.
Colar a tabela a três metros de distância e na altura do olho, em uma parede sem janela.
Colocar o aluno sentado a cinco metros de distância da tabela de Snellen, de tamanho
50X25; se ele usa óculos, permanecerá com este durante o teste.
O teste deve conferir um olho por vez. Para isso, o professor deve utilizar um obstáculo
no olho que não estiver sendo avaliado, que poderá ser uma folha de papel, e os
resultados são conseguidos mediante a linha em que o examinado consegue enxergar o
menor optótipo.
Repetir os passos para o outro olho.
É importante observar se o aluno apresenta algum sintoma ocular, tais como: lacrimeja,
pisca continuamente, faz inclinação da cabeça para enxergar a tabela, tem dores de
cabeça constantes, mantém a testa franzida ou os olhos cerrados, se apresenta
estrabismo, se tem diabetes, se tem sensibilidade à luz, visão dupla e embaçada, se
aperta e esfrega os olhos, se apresenta purgações ou terçóis.
Durante a aplicação do teste devemos anotar a seguinte observação: o teste não avalia e
sim o olhar do professor, que, somado ao diálogo com o aluno, permitirá que se
constatem tais informações.
A escala de Snellen não substitui o exame oftalmológico.
As pessoas com DV cegas são incapazes de ver, sua acuidade visual pode ser extremamente
baixa no melhor olho e mesmo com a melhor correção óptica. Não possuem condições de
realizar o teste de Snellen (ela inicia em 0,05 e está bem abaixo da AV mais baixa do teste de
Snellen, que vai de 0,1 até 1). Existem casos em que a pessoa quase não percebe a presença
da luz ou até mesmo não a percebe de nenhuma forma.
Algumas características sobre deficiência visual (DV) são abordadas por Figueiredo (2017)
quando define que o deficiente visual é aquele que tem:
[...] INCAPACIDADE DE VER OU DE VER BEM,
PODENDO LIMITAR OU IMPEDIR O ACESSO DIRETO A
DIVERSOS FAZERES DO DIA A DIA, COMO:
ORIENTAÇÃO E MOBILIDADE INDEPENDENTE,
HABILIDADES MANUAIS, AQUISIÇÃO DE CONCEITOS
E A PALAVRA ESCRITA.
(FIGUEIREDO, 2017, p. 35)
Nesse contexto, o Decreto nº 3.298, de 20 de dezembro de 1999, regulamenta, em seu art. 4º,
Inciso III, as categorias das pessoas com deficiência visual quando ressalta as diferenças da
cegueira e da baixa visão.
III – deficiência visual - Cegueira, na qual a acuidade visual é igual ou menor que 0,05 no
melhor olho, com a melhor correção óptica; a baixa visão, que significa acuidade visual entre
0,3 e 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; os casos nos quais a somatória da
medida do campo visual em ambos os olhos for igual ou menor que 60º; ou a ocorrência
simultânea de quaisquer das condições anteriores.
Na baixa visão (BV), a condição da acuidade visual assume inúmeras possibilidades escalares,
pois as pessoas com baixa visão são diagnosticadas na condição de BV leve, BV moderada ou
BV severa. Podem enxergar a ponto de conseguirem ser aferidas pelo teste de Snellen ou
possuírem uma AV bem abaixo do teste, estando à beira do nível de cegueira.
Assim, chegamos aos números da nossa população dos quais iremos tratar. Estamos tratando
de 39 milhões de cegos no mundo, além de 246 milhões que sofrem de baixa visão, que seria
a perda parcial da visão, e os países em desenvolvimento abrigam 90% dessa população.
 VOCÊ SABIA
O censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2010 demonstra que 
35,7 milhões de pessoas teriam alguma deficiência visual, sendo que 506 mil pessoas
informaram serem cegas. Outro dado interessante foi que 18,8% dos entrevistados alegaram
dificuldades para enxergar, ainda que utilizem lentes de correção.
Entre as inúmeras leis e políticas públicas que tratam da pessoa com deficiência visual, vamos
destacar a Lei Brasileira de Inclusão (LBI), que explicita, de forma transparente, que as
pessoas com deficiência devem ser tratadas como pessoa humana, de acordo com suas reais
condições. Por meio desta lei, muda-se o conceito de deficiência, que deixa de ser a
característica da pessoa e passa a ser vista como falta de acessibilidade da sociedade e/ou do
ambiente como um todo, isto é, a deficiência está no meio, e não na pessoa.
A mudança de paradigma da deficiência também influencia em sua educação, no esporte.
Veremos no próximo módulo, os percursos e as vitórias conquistadas pelas pessoas com
deficiência ao longo das últimas décadas.
CLASSIFICAÇÃO MÉDICA DESPORTIVA
As classificações funcionais foram pensadas para assegurar competição justa, eliminando
diferenças e, assim, possibilitando a participação de classes semelhantes.
A prática esportiva de pessoas com deficiência visual tem como característica a classificação
dos atletas por meio de sua capacidade visual apresentada em distintos níveis. Essa
classificação esportiva é dividida em três grupos, segundo a Internacional Blind Sports
Federation (IBSA 2020):
NA CLASSE B-1 (B = BLIND, DA LÍNGUA INGLESA)
Estão as pessoas que apresentam cegueira, podendo perceber ou não luminosidade, porém
não conseguindo distinguir o formato de uma mão colocada diante de seus olhos.
NA CLASSE B-2
Estão as pessoas com baixa visão, que apresentam campo visual de até 5 graus e/ou acuidade
visual de até 2/60 metros; atletas com percepção de vultos.
NA CLASSE B-3
A pessoa com baixa visão deve apresentar campo visual com limites entre 5 e 20 graus e/ou
acuidade visual variando de 2/60 a 6/60 metros. Essas medidas são feitas em ambos os olhos,
mas o resultado considerado será aquele do olho de melhor visão após correção cirúrgica e/ou
utilização de lentes corretivas. Esse processo segue os princípios utilizados nas avaliações
clínicas oftalmológicas. Atletas que conseguem definir imagens.
Agora, com a ajuda do Professor Renato Ferreira, você compreenderá mais profundamente a
classificação médica desportiva, associada a imagens dos desportos de deficientes visuais.
RESPECTIVA CARACTERIZAÇÃO E
TERMINOLOGIA DAS PESSOAS COM
DEFICIÊNCIA VISUAL
CRIANÇA E PESSOA COM DV:
RECOMENDAÇÕES
Uma criança que enxerga, por conta de sua visão, é capaz de entrar em contato com objetos,
seres e diversos apelos visuais do ambiente; tem a mobilidade favorecida, sua localização;
integra e organiza informações vindas dos outros sentidos de forma simultânea.
 
Fonte: altanaka/Shutterstock
 
Fonte: MIA Studio/Shutterstock
A ausência de visão compromete o movimento de exploração, a independência para brincar,
correr, pular, participar de jogos, brincadeiras e atividades lúdicas e ainda o controle do
ambiente. A criança cega tem dificuldade de estabelecer relações entre sons, vozes, ruídos,
formas e outros estímulos de modo espontâneo e natural.
É necessário que professores e família estimulem seu interesse e sua curiosidade, orientando
suas atividades para conhecer e identificar fontes sonoras, mover e localizar seu corpo no
espaço, aprender seu nome, uso e função das coisas, usar o tato para identificar formas,
tamanhos,texturas, pesos, consistências, temperaturas, entre outras propriedades dos objetos.
As lacunas geradas pela deficiência da visão podem ser preenchidas por comportamentos e
manifestações que fogem aos padrões visuais socialmente esperados.
Um dos efeitos da cegueira congênita é a ausência de imagens visuais, o que revela um modo
diferente de perceber imagens e formar representações mentais, construídas a partir de
interação com o ambiente que cerca a pessoa pela via dos sentidos remanescentes e ativação
das funções psicológicas superiores. Memória, atenção, imaginação, pensamento e linguagem
são sistemas funcionais dinâmicos que colaboram decisivamente para a organização da vida
em todos os seus aspectos.
COMO LIDAR COM A DEFICIÊNCIA VISUAL NA
ESCOLA?
A escola deve solicitar que pais e/ou responsáveis façam um exame de acuidade visual das
crianças ao perceberem dificuldades na leitura ou dores de cabeça durante as aulas.
 
Fonte: wavebreakmedia/Shutterstock
O Atendimento Educacional Especializado deve dar suporte à alfabetização em Braille dos
alunos cegos totais ou com severas deficiências visuais, e deve ser concomitante com a
alfabetização dos outros alunos videntes.
DECRETO Nº 6.571, DE 17 DE SETEMBRO DE 2008
O Decreto nº 6.571, de 17 de setembro de 2008, afirma que o Estado deve apoiar de forma
técnica e financeira o atendimento especializado, visando estar presente na rede pública de
ensino. O gestor da escola deverá, junto à Secretaria de Educação, requerer recursos para tal
finalidade, tais como: calculadoras sonoras, lupas, alfabeto em Braille, dominó com texturas,
baralho em Braille, guia de assinatura, impressora em Braille, jogo da velha adaptado etc.
Os ambientes adaptados devem ter sinalização em Braille, escadas com contrastes de cor nos
degraus, corredores desobstruídos e piso tátil, conforme a Figura 11, buscando cada vez mais
a inclusão desses alunos.
O modelo de piso tátil de alerta tem um conjunto de relevos troncocônicos, com o objetivo de
informar à pessoa com deficiência visual sobre os possíveis obstáculos de desníveis ou
situações de risco, orientar o posicionamento adequado para o uso de equipamentos, informar
as mudanças de direção ou opções de percursos, indicar o início e o término de degraus,
escadas e rampas, indicar a existência de patamares em escadas e rampas e indicar
travessias de pedestres.
 
Fonte: ac_yotto/Shutterstock
 Piso tátil (Figura 11).
Esta determinação encontra-se nas regras de acessibilidade das normas técnicas da ABNT,
que são as NBRs de acessibilidade, a NBR nº 9.050/2015 de acessibilidade e NBR nº
16.537/2016 de pisos táteis, que são as mais atuais e que estão em vigor.
 
Fonte: nekomamire/Shutterstock
Contudo, não apenas o ambiente interno deve ser adaptado, o externo/entorno da escola
também deve ser acessível, com sinais sonoros nos semáforos e nas áreas de saída de
veículos próximas da escola.
E QUANTO AO ALUNO, O QUE FAZER?
Outros aspectos essenciais que o profissional dever priorizar são: buscar conhecer a história
de vida de seu aluno, ter capacitação e conhecimentos sobre o desenvolvimento das atividades
propostas, estando seguro de seus objetivos; buscar estratégias motivadoras para o
desenvolvimento adequado do aluno e avaliar constantemente os resultados de seu trabalho.
É muito comum em situações do dia a dia a convivência com pessoas com algum tipo de
deficiência, entretanto muitas mostram-se despreparadas para tal convivência. Devido à
grande diversidade na sociedade, é necessária uma revisão e até um investimento pessoal
para acolher essas pessoas de forma natural, ou seja, ensinar como se convive com pessoas
sem deficiência.
 
Fonte: wavebreakmedia/Shutterstock
Uma reação infelizmente muito observada é que alguns tratam a pessoa com deficiência como
se ela não existisse. Não se pode esquecer que as possibilidades existentes hoje em dia para
que tais pessoas se desenvolvam e se capacitem são inúmeras, ajudando-as a ser mais
autônomas e independentes. No entanto, é muito importante observar alguns cuidados que
promovem comunicação e interação melhor entre todos.
A seguir, listamos os cuidados fundamentais, mas eles não se esgotam, e podem aparecer
outros com a convivência:
As pessoas com DV não devem ser tratadas de forma diferente, portanto gostam de
conversar, ler e ouvir.
Os aspectos positivos ou negativos da pessoa com DV não devem ser generalizados
para outros deficientes visuais, cada um tem a sua particularidade.
Nem sempre as pessoas cegas ou com DV precisam de ajuda, mas, se encontrar alguma
que pareça estar em dificuldades, identifique-se, faça-a perceber que você está falando
com ela e ofereça auxílio.
Nunca ajude sem perguntar antes como deve fazê-lo.
Não se deve chamar a pessoa com DV de “ceguinho”, o que pode ser entendido como
uma forma ofensiva de contato.
Permita que a pessoa com DV realize seu potencial, sem ficar limitando-o.
Não se mostre penalizado nem solidário demais pela pessoa com DV, pois ela quer
apenas ser tratada como igual.
A pessoa com DV não é deficiente auditivo, salvo exceções, então não é necessário falar
mais alto quando entrar em contato com ela.
Se achar interessante, ajude a pessoa com DV a atravessar a rua.
A pessoa com DV desenvolve recursos mentais latentes, que estão presentes em todos
os indivíduos, e assim consegue interagir de maneira mais adequada.
Para ajudar uma pessoa cega a sentar-se, você deve guiá-la até a cadeira e colocar a
mão dela sobre o encosto, informando-a se há tem braço ou não. Deixe que a pessoa se
sente sozinha.
Não imagine que a pessoa com DV sempre consiga chegar aos lugares contando os
passos.
Não guie a pessoa com DV puxando-a ou empurrando-a pelo braço. Deixe-a segurar o
seu braço, pois o próprio movimento do seu corpo dará a orientação necessária.
Ao explicar direções para uma pessoa cega, seja o mais claro e específico possível, de
preferência indique as distâncias em metros (“uns 20 metros à sua frente”).
Ao responder a uma pergunta de uma pessoa cega, evite fazê-lo com gestos, levantando
e abaixando a cabeça para dizer sim e mexendo para a direita e para a esquerda para
negar ou dizer não, nem aponte algum lugar com seu dedo indicador. Lembre-se sempre:
a pessoa cega não está vendo seus gestos.
Atenção para não deixar objetos no caminho por onde passa a pessoa com DV.
Quando entrar em um ambiente onde se encontrem pessoas com DV, é necessário que
se anuncie, para que você logo seja identificado. Também não saia de repente, pois a
pessoa com DV pode ficar falando sozinha.
É importante que aperte a mão ao encontrar e ao se despedir de uma pessoa com DV.
Esse ato representa um sorriso amigável, assim como deve apresentá-la a todas as
pessoas que estiverem no ambiente.
Informe à pessoa com DV sobre a posição de alimentos em seu prato, sobre algo errado
em sua roupa.
Não deixe de punir uma pessoa cega quando ela cometer qualquer erro.
Por mais tentador que seja acariciar um cão-guia, lembre-se de que esses cães têm a
responsabilidade de guiar um dono que não enxerga. O cão nunca deve ser distraído do
seu dever de guia com afagos, alimentos etc.
IMPORTÂNCIA DA ORIENTAÇÃO E
MOBILIDADE NO DESENVOLVIMENTO DA
PESSOA COM DEFICIÊNCIA VISUAL
ORIENTAÇÃO E MOBILIDADE (OM)
Medeiros et al. (2009), ao definir OM, conceitua orientação como o processo pelo qual utilizam-
se os sentidos remanescentes para estabelecer a própria posição e o relacionamento com
outros objetos significativos no meio ambiente e entende mobilidade como a habilidade de
locomover-se com segurança, eficiência e conforto no meio ambiente com a utilização dos
sentidos remanescentes. Mobilidade é a capacidade que as pessoas possuem de se
movimentar. A marcha humana é formada pela sequência de vários eventos complexos e
rápidos, o que dificulta a locomoção das pessoas com deficiência visual.
 
Fonte: New Africa/Shutterstock
O objetivo geral das técnicas de Orientação e Mobilidade épossibilitar à pessoa com
deficiência visual movimentar-se de forma independente, com segurança e eficiência nos
diversos ambientes em que deve estar.
 SAIBA MAIS
Para atingir esse objetivo, é necessário que a pessoa com deficiência visual: utilize os sentidos
remanescentes para uma locomoção segura, identifique e siga as pistas, detecte obstáculos e
pontos de referências e utilize as técnicas básicas de OM, mantendo uma postura agradável e
confortável ao caminhar. O desenvolvimento de uma técnica vai depender das características
de cada indivíduo. A condição visual determina qual técnica é mais adequada.
Em 1957, a Organização das Nações Unidas (ONU) enviou ao Brasil o Professor Joseph Albert
Asenjo, com o objetivo de transmitir técnicas de OM ao primeiro grupo de profissionais
interessados. Atualmente, ainda são utilizadas no Instituto Benjamin Constant – RJ (Centro de
referência nacional em deficiência visual) as três etapas propostas por Hoover nos programas
de Orientação e Mobilidade.
GUIA VIDENTE
Uma pessoa vidente conduz e orienta o indivíduo com DV a caminhar por lugares, colocando a
mão dele em seu cotovelo. É a primeira técnica a ser treinada, e é eficiente por familiarizar a
pessoa com os espaços físicos.
 
Fonte: Pixel-Shot/Shutterstock
AUTOAJUDA
Possibilita à pessoa com DV locomover-se com autonomia e segurança em ambientes internos
e conhecidos, quando houver necessidade de movimentar-se e orientar-se utilizando seu
corpo. Necessita de conhecimento de seu corpo, de seus movimentos, da posição das partes
dele e domínio de conceitos relacionados a espaço, tempo, lateralidade, envolvendo
interpretação sinestésica e utilização integrada de todos os sentidos.
 
Fonte: Photographee.eu/Shutterstock
BENGALA LONGA
Tem como objetivo habilitar a pessoa com DV a locomover-se com segurança, eficiência e
independência em ambientes internos e externos, utilizando a bengala longa. Ela pode ser
usada desde a infância até a idade em que a pessoa tenha condições de locomover-se
sozinha.
 
Fonte: Oleggg/Shutterstock
Assim, com as três etapas dominadas, a pessoa com DV é capaz de ir e vir, pois, por
intermédio do guia vidente, saberá andar com o vidente conduzindo-a; com a autoajuda, vai
movimentar-se em ambientes internos e conhecidos, e, com a bengala longa, conseguirá
movimentar-se em ambientes internos e externos, tendo total independência.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. MARQUE A RESPOSTA CORRETA:
A) Na classe desportiva B-1 (B = blind, da língua inglesa), estão as pessoas que apresentam
cegueira, podendo perceber ou não luminosidade, porém não conseguindo distinguir o formato
de uma mão colocada diante de seus olhos; na classe B-2 estão, as pessoas com baixa visão,
que apresentam campo visual de até 5 graus e/ou acuidade visual de até 2/60 metros; atletas
com percepção de vultos. Na classe B-3, a pessoa com baixa visão deve apresentar campo
visual com limites entre 5 e 20 graus e/ou acuidade visual variando de 2/60 a 6/60 metros.
Essas medidas são feitas em ambos os olhos, mas o resultado considerado será aquele do
olho de melhor visão, após correção cirúrgica e/ou utilização de lentes corretivas. Esse
processo segue os princípios utilizados nas avaliações clínicas oftalmológicas. Atletas que
conseguem definir imagens.
B) Na classe desportiva B-1 (B = blind, da língua inglesa), estão as pessoas que apresentam
cegueira, podendo perceber ou não luminosidade, porém não conseguindo distinguir o formato
de uma mão colocada diante de seus olhos; na classe B-2 estão as pessoas com baixa visão
que apresentam campo visual de até 5 graus e/ou acuidade visual de até 2/60 metros; atletas
com percepção de vultos. Na classe B-3, a pessoa com baixa visão deve apresentar campo
visual com limites entre 20 e 50 graus e/ou acuidade visual variando de 10/60 a 20/60 metros.
Essas medidas são feitas em ambos os olhos, mas o resultado considerado será aquele do
olho de melhor visão, após correção cirúrgica e/ou utilização de lentes corretivas. Esse
processo segue os princípios utilizados em avaliações clínicas oftalmológicas. Atletas que
conseguem definir imagens.
C) Na classe desportiva B-1, estão as pessoas com baixa visão que apresentam campo visual
de até 5 graus e/ou acuidade visual de até 2/60 metros; atletas com percepção de vultos. Na
classe B-2 (B = blind, da língua inglesa), estão as pessoas que apresentam cegueira, podendo
perceber ou não luminosidade, porém não conseguindo distinguir o formato de uma mão
colocada diante de seus olhos. Na classe B-3, a pessoa com baixa visão deve apresentar
campo visual com limites entre 5 e 20 graus e/ou acuidade visual variando de 2/60 a 6/60
metros. Essas medidas são feitas em ambos os olhos, mas o resultado considerado será
aquele do olho de melhor visão, após correção cirúrgica e/ou utilização de lentes corretivas.
Esse processo segue os princípios utilizados nas avaliações clínicas oftalmológicas. Atletas
que conseguem definir imagens.
D) Na classe desportiva B-1, a pessoa com baixa visão deve apresentar campo visual com
limites entre 5 e 20 graus e/ou acuidade visual variando de 2/60 a 6/60 metros. Essas medidas
são feitas em ambos os olhos, mas o resultado considerado será aquele do olho de melhor
visão, após correção cirúrgica e/ou utilização de lentes corretivas. Esse processo segue os
princípios utilizados nas avaliações clínicas oftalmológicas. Atletas que conseguem definir
imagens.
2. IDENTIFIQUE QUAL A RESPOSTA INCORRETA:
A) Para ajudar uma pessoa cega a sentar-se, você deve guiá-la até a cadeira e colocar a mão
dela sobre o encosto, informando se esta tem braço ou não. Deixe que a pessoa se sente
sozinha.
B) As pessoas cegas ou com deficiência visual sempre precisam de ajuda.
C) Bengala longa tem como objetivo habilitar a pessoa com deficiência visual a locomover-se
com segurança, eficiência e independência em ambientes internos.
D) Não deixe de punir uma pessoa cega quando ela cometer qualquer erro.
GABARITO
1. Marque a resposta correta:
A alternativa "A " está correta.
 
A classificação desportiva sobre os atletas é realizada visando o resíduo visual que eles
possuem para as práticas desportivas, sendo que, em B-1, estão as pessoas que apresentam
cegueira; na classe B-2, estão as pessoas com baixa visão, que apresentam campo visual de
até 5 graus e/ou acuidade visual de até 2/60 metros; atletas com percepção de vultos. Na
classe B-3, a pessoa com baixa visão deve apresentar campo visual com limites entre 5 e 20
graus e/ou acuidade visual variando de 2/60 a 6/60 metros.
2. Identifique qual a resposta incorreta:
A alternativa "B " está correta.
 
Nem sempre as pessoas com deficiência visual necessitam de ajuda; precisamos, antes,
perguntar se ela precisa desse auxílio.
MÓDULO 3
 Identificar a evolução da Educação, dos métodos, das políticas públicas disponíveis
para auxiliar na aprendizagem das pessoas com deficiência visuais nas aulas de EF
LIMITAÇÕES NA EDUCAÇÃO GLOBAL,
ESCOLAR E NÃO ESCOLAR DAS 
PESSOAS COM DEFICIÊNCIA VISUAL E AS
POSSÍVEIS CONTRIBUIÇÕES DA EF
EVOLUÇÃO DOS MÉTODOS E DAS POLÍTICAS
PÚBLICAS PARA PORTADORES DE
DEFICIÊNCIAS VISUAIS
A presença de pessoas com deficiência nas escolas é uma realidade, e admitimos que muito
se avançou para que as pessoas com deficiência ocupassem seus espaços na sociedade.
O avanço no atendimento das pessoas com DV decorre da promulgação de políticas públicas,
como é o caso da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação
Inclusiva (BRASIL, 2008), que garantiu o ingresso de alunos com deficiência em classes
regulares, assegurando-lhes o direito ao acesso e permanência no espaço escolar. Contudo,
ainda é preciso buscar a efetivação desses direitos, como adequação de ambiente, currículo e
formação para os professores, para que essa permanência não se configure processo de
exclusão.
 
Fonte: vectorfusionart/Shutterstock
Em 1835, o deputado Cornélio Ferreira França já evidenciavaa preocupação com o
atendimento educacional para as pessoas com deficiência visual. Ele tentou implementar um
projeto em forma de lei, porém sua proposta foi arquivada pela Assembleia Legislativa. Neste
mesmo período, no dia 1º de abril de 1835, por meio do ato nº 10, D. Pedro II criou a primeira
escola de formação de professores da América Latina, o Instituto de Educação Professor
Ismael Coutinho (IEPIC), localizado em Niterói, no Estado do Rio de Janeiro, que, com a
proposta do método Lancaster, tinha a responsabilidade de formar professores para alfabetizar
o nosso povo.
José Álvares de Azevedo, cego congênito, pertencente a uma família com uma situação
financeira confortável, foi estudar em Paris em 1844, aos 10 anos, e este era o único espaço
educacional para pessoas cegas, o Instituto Real dos Jovens Cegos, onde permaneceu
durante seis anos. Sua educação aconteceu por meio do método de Valentim Hauy, que
herdou uma grande fortuna e investiu toda sua herança para tentar melhorar a vida das
pessoas cegas. Valentim era adepto da filosofia sensista, que defendia: “Tudo vinha dos
sentidos”. Foi o primeiro a afirmar que a educação dos cegos deveria aproximar-se da
educação das pessoas videntes.
A princípio, seu método era considerado trabalhoso e pouco propício a ter bons resultados,
pois consistia na construção das letras do alfabeto usando varetas, conforme a Figura 12.
 
Fonte: Tony Oshlick/Shutterstock
 Alfabeto de vareta de Valentim Hauy (Figura 12).
Valentim formava frases simples e, tateando as letras, os cegos podiam ler a sentença. O
trabalho de Valentim Hauy para incluir socialmente as pessoas cegas era motivo de chacota na
sociedade francesa e, quando perceberam o objetivo do seu trabalho com as varetas,
perguntavam-se: “Será que Hauy pretende fazer livros com varetas? Isso é ridículo!”.
O método durou pouco tempo, ao notar que um aluno da escola, que também desempenhava a
função de porteiro do prédio, foi capaz de perceber as letras que estavam em alto-relevo no
cartão, dentro de um envelope. Valentim mudou de método, dando início a uma nova tentativa:
a impressão de livros em relevo.
Esse novo método era baseado em letras comuns em relevos, com tamanho muito maior do
que o convencional, por isso o insucesso da proposta na educação dos cegos, uma vez que
provocava morosidade da leitura. Além disso, o preço da impressão dos livros era elevado, o
tamanho dos volumes era enorme, e contemplavam somente a leitura, não permitindo a
escrita. Dessa forma, era baixo o número de livros impressos em circulação.
Posteriormente, o Instituto de Paris recebeu a visita do capitão de artilharia do Exército, o
francês Charles Barbier de la Serra, que apresentou o seu método de “leitura noturna”, ou
sonografia, aos alunos. O método de Barbier era um combinado de pontos e linhas em relevo,
para ser utilizado a partir do tato, com o objetivo de transmitir mensagens durante a noite. Era
uma proposta de comunicação a ser utilizada no escuro, uma estratégia contra o inimigo em
período de guerra. Seu método havia sido rejeitado pelos militares, mas foi bem recebido pelos
cegos.
 VOCÊ SABIA
Alunos do instituto participaram do trabalho e experimentaram a proposta de Charles Barbier,
entre eles Louis Braille, que, após analisar o processo, levou sugestões para aperfeiçoar o
método de Barbier. Segundo Cerqueira (2009), porém, o capitão não aceitou, pois julgava que
a sua concepção inicial já era suficiente.
Entre os fatores que qualificaram a proposta de Barbier inapropriada, destacam-se:
O sistema representava som e não permitia o conhecimento de ortografia.
Não havia símbolos matemáticos e símbolos de notação musical.
A leitura era difícil e lenta.
O MÉTODO DE BARBIER NUNCA FOI UTILIZADO NO
INSTITUTO, MAS SERVIU PARA QUE BRAILLE
CONSTATASSE QUE OS PONTOS EM RELEVOS ERAM
BEM PERCEBIDOS PELO TATO, SENDO BEM MAIS
EFICAZES DO QUE A PROPOSTA DA LEITURA LINEAR
DE VALENTIM HAUY, ATÉ ENTÃO UTILIZADA NO
INSTITUTO.
Desse modo, os pontos em relevo de Barbier serviram de entusiasmo à criação de Louis
Braille. Contudo, temos de advertir que os pontos em relevo não foram criados por Barbier,
visto que Lana-Terzi, padre jesuíta, matemático, naturalista, já o havia pensado e publicado no
século XVII.
O alfabeto de Lana foi baseado em sinais que poderiam ser reconhecidos pelo toque dos
dedos. O que impediu o sucesso dessa proposta foi que Lana não alcançou e não entendeu
que os pontos eram mais facilmente reconhecíveis do que traços ao toque.
No século XVIII, aparece a tese do desenvolvimento por meio da estimulação, que caminhou
lentamente para as ações da psicomotricidade mais tarde.
Louis Braille, como aluno do Instituto de Paris, percebeu que isso era fundamental e criou o
alfabeto escrito para cegos, que foi nomeado após sua morte.
Álvarez de Azevedo foi aluno de Louis Braille, com quem mantinha amizade. Aprendeu
também o sistema Braille, pois o método já estava em fase de experimentação. Ele voltou para
o Brasil com um sonho: construir uma escola para as pessoas com deficiências visuais nos
mesmos moldes do Instituto de Paris.
 SAIBA MAIS
Álvarez de Azevedo possuía grande cultura; apesar da pouca idade, era empreendedor e
determinado quanto aos seus objetivos. Trabalhou, escreveu livros, artigos para jornais e deu
aulas particulares a várias pessoas no Brasil. Quando foi professor de Adélia Maria Sigaud,
cega congênita, filha do Dr. Xavier Sigaud, médico do imperador D. Pedro II, foi levado à
presença da corte, pois perceberam a evolução da aluna e a força do código Braille. Assim, os
membros do governo imperial animaram-se com a exposição da proposta de ensino e com seu
sonho de construir no Rio de Janeiro uma escola aos moldes do instituto parisiense.
D. Pedro II ficou maravilhado e, por meio do Decreto Imperial nº 1.428, de 12 de setembro de
1854, criou o Imperial Instituto dos Meninos Cegos – atualmente, Instituto Benjamin Constant
(IBC). Podemos afirmar que a educação de cegos no Brasil começa 19 anos depois da
primeira escola de formação de professores e estava baseada no método Lancaster. Esse
método tinha como principal objetivo a formação de um homem útil, obediente, e os gastos
empregados não poderiam ser excessivos para o governo. Assim, havia necessidade de um
método que formasse o cidadão “adequadamente” gastando pouco.
O MÉTODO LANCASTER PREVIA QUE O PROFESSOR
DIVIDISSE OS ALUNOS EM CLASSES, CONFORME
CONHECIMENTO, TIPO DE ENSINO (MATEMÁTICA,
LEITURA), INDEPENDENTEMENTE DE IDADE, E AS
AULAS ERAM ACOMPANHADAS POR MONITORES
ESCOLHIDOS PELOS PROFESSORES. A AVALIAÇÃO,
AS RECOMPENSAS E PUNIÇÕES FICAVAM A
CRITÉRIO DO PROFESSOR. OUTRA CARACTERÍSTICA
DO MÉTODO ERA A FORMA SIMPLES COMO O
CONTEÚDO ERA TRANSMITIDO. ASSIM, ERA MAIS
FÁCIL PARA OS MONITORES ENSINAREM E OS
ALUNOS APRENDEREM (SANTI; CASTANHA, 2013).
 
Fonte: interstid/Shutterstock
O MÉTODO BRAILLE
Em 1825, com apenas 16 anos de idade, Louis Braille elaborou a primeira proposta de seu
invento. Em 1837, concluiu a versão final do Sistema Braille, que definiu a estrutura básica
desse sistema utilizado mundialmente.
Nessa época, foram apresentados os símbolos fundamentais para algarismos, bem como as
convenções para Aritmética e Geometria. Desde então, novos símbolos foram criados,
determinados pela evolução técnica e científica, e outros foram modificados, provocando
estudos e tentativas de se estabelecer um código unificado, de caráter mundial, o que foi
inviabilizado pela divergência entre os códigos.
 
Fonte: Ensine.me
 Célula Braille (Figura 13).
O Sistema Braille é uma escrita em relevo, constituída por 63 sinais codificados por pontos, a
partir do conjunto matricial formado por seis pontos, distribuídos entre duas colunas, descritas
pelos números de cima para baixo: à esquerda (pontos 123) e à direita (pontos 456). Juntos,
representam a célula Braille, conforme a Figura 13.
Esse espaço ocupado pelos pontos = (123456), como descritos na Figura13, mede 3x4 mm,
aproximadamente, ou por qualquer outro sinal, e, mesmo quando vazio, também é considerado
por alguns experts como um sinal. É a representação, em sua forma original, de uma
sequência de fileiras denominada “Ordem Braille”, que se distribuem sistematicamente por sete
séries, constituídas por 10 sinais em cada uma delas, exceto a 6ª e a 7ª, conforme a Figura 14,
a seguir:
 
Fonte: ANNA ZASIMOVA/Shutterstock
 Alfabeto Braille (leitura) (Figura 14).
Para ler, a maioria dos cegos usa a ponta do dedo indicador de ambas as mãos, mas muitas
pessoas leem com apenas uma das mãos. A escrita Braille pode ser produzida com a reglete –
máquina de datilografia específica para a escrita Braille – e o punção – impressora, também
específica para o Braille. Com reglete (Figura 15), punção e papel com gramatura igual ou
superior a 120 g/m, escreve-se o Braille, ponto por ponto, ou seja, letra por letra, da direita para
a esquerda.
 
Fonte: NataLT/Shutterstock
 Reglete e punção, escrita da direita para a esquerda (Figura 15).
 
Fonte: Ensine.me
 Representação da célula Braille leitura e escrita (Figura 16).
A célula deve ser visualizada de forma refletida, ou seja, “espelhada”, pois, ao se retirar o papel
da reglete, os pontos em relevo estarão do lado contrário ao que a pessoa escreveu.
Conhecer este método é importante para que as pessoas entendam as dificuldades da escrita
e da leitura de uma pessoa com deficiência visual.
 
Fonte: interstid/Shutterstock
AS POLÍTICAS PÚBLICAS DA EDUCAÇÃO
DESTINADAS ÀS PESSOAS COM
DEFICIÊNCIA NO BRASIL
As políticas públicas podem administrar, conduzir a nossa vida como cidadãos em uma
sociedade organizada. Nada melhor do que trazer uma definição em sua forma direta. Elas
procuram solucionar problemas específicos da sociedade organizada a partir de ações legais
realizadas pelos governantes.
Na época, estávamos em plena Revolução Industrial, quando a produção de peças artesanais
passou a ser industrializada, as máquinas substituíram o trabalho do homem. Tínhamos como
personagem Adam Smith, afirmando que o individualismo é útil para a sociedade. Seu
raciocínio era este: quando uma pessoa busca o melhor para si e para todos, é beneficiada.
Neste contexto, os trabalhadores começam os primeiros movimentos de reinvindicações sobre
seus direitos trabalhistas, pois acidentes começaram a acontecer. Assim, quando se afastavam
por problemas de saúde, poderiam ser demitidos e não recebiam salário. Como a educação
dos deficientes evoluiu neste contexto?
No século XIX, a educação passa pelas políticas de segregação, e os deficientes eram
internados em instituições fechadas, porque as famílias não sabias como lidar com essas
pessoas e acreditavam que estavam oferecendo-lhes um processo humanitário.
Neste cenário, o número de pessoas sem assistência cresceu em virtude da Primeira Guerra,
pois, embora as pessoas que tinham perdido a visão ou um membro voltassem para suas
residências como heróis, o Estado não as amparava. Eram oferecidas instituições
especializadas, onde passavam a vida sem muito envolvimento de familiares ou da sociedade.
A SOCIEDADE BRASILEIRA TINHA UM SONHO E UM
LEMA EM BUSCA DA ESCOLA PARA TODOS, E ISSO
TORNOU-SE UM FRACASSO, COLABORANDO PARA
QUE AS DESIGUALDADES SOCIAIS SE
ACENTUASSEM. VIVARTA (2003) AFIRMA QUE A FASE
DE SEGREGAÇÃO ERA EXCLUSÃO TOTAL; AS
PESSOAS COM DV ERAM ATENDIDAS MUITAS VEZES
EM INSTITUIÇÕES FILANTRÓPICAS, COM POUCA OU
NENHUMA INTERVENÇÃO EDUCACIONAL. AS
FAMÍLIAS ENTENDIAM QUE A BUSCA POR ESSAS
INSTITUIÇÕES ERA A SAÍDA PARA UM MODO DE VIDA
MENOS DURO.
A Lei nº 947, de 29 de dezembro de 1902, autorizava o governo a organizar e criar colônias
correcionais de reabilitação profissional, com a obrigação de ensino higienista, que buscava a
formação de uma raça sadia e de uma ordem social disciplinada pelos padrões da moralidade.
Nesse cenário, a EF foi inserida no currículo escolar em 1851, restringindo-se apenas às
escolas primárias do Município da Corte do Rio de Janeiro (atual Colégio Pedro II). Tinha
caráter optativo e carregava o nome de Ginástica. Em 1871, a “Ginástica” tornou-se obrigatória
em todas as escolas públicas, sendo o responsável Rui Barbosa, por meio de seus pareceres
na reforma de ensino.
A EF escolar brasileira defendida por Rui Barbosa teve a influência de escolas alemãs,
nórdicas, francesas e inglesas. Com conteúdo sob a forma de ginástica ou de exercícios
militares, adestrava-se o povo para desenvolver o corpo trabalhador.
Os movimentos nesta escola eram percebidos por seu caráter anátomo-mecânico, pela
dimensão biológica e nada pedagógica, sendo a calistenia um exemplo disso. Assim, a EF
higienista preconizava saúde e higiene individual, e os conceitos trabalhados nas aulas
limitavam-se a introduzir hábitos saudáveis na vida dos indivíduos, colaborando para a
formação de um povo saudável, forte e sadio.
Na Europa, Henrich Ling (1776-1839) criou o método sueco de ginástica, por meio do qual
propunha atividade física para todos, o que seria uma revolução na prática de EF escolar em
todo o mundo, norteando, inclusive, o movimento “esporte para todos” no Brasil, da década de
1970.
 
Fonte: Wikimedia Commons
Temos de entender que todas essas influências chegaram mais tarde ao Brasil, pois, naquela
época, não existia internet, e as informações, quando chegavam, era com distanciamento de
décadas.
A escola inglesa, em sua prática de EF, também tinha muita influência militar, mas, apesar
disso, teve uma orientação voltada para jogos e desenvolvimento do esporte. Thomas Arnold
(1795-1842) era um educador inglês que tinha uma visão humanista das atividades físicas no
âmbito escolar; dava muita importância ao fair play e ajudou a recriar os Jogos Olímpicos.
No Brasil, porém, ainda tínhamos a EF militarista (1930-1945), que trazia a preocupação de
formar homens fortes, sadios e prontos para o combate e a defesa da nação.
Com a influência dos países nórdicos na EF, pretendia-se que elevasse a moral do povo, uma
vez que, após a Primeira Guerra Mundial, esperava-se que, a partir da ginástica racional e
científica, a população se libertasse do alcoolismo e da tuberculose.
PODEMOS DIZER QUE, NESTA ÉPOCA, AS PESSOAS
COM DEFICIÊNCIA FORAM COBAIAS EM CAMPOS DE
CONCENTRAÇÃO NAZISTAS, E AS PESQUISAS
NEUROLÓGICAS DESENVOLVIDAS NESTA ÉPOCA
FORAM REPUDIADAS.
Percebemos, assim, que muitas dessas pessoas foram esterilizadas em prol de uma sociedade
com valores inadequados. A filosofia dos séculos passados ainda se ressentia dos preceitos
em relação a pessoas com deficiência, principalmente quanto à aceitação social e à sua
integração na comunidade. A ideia de esconder ou mascarar a presença da pessoa com
deficiência visual nas famílias, o inconformismo dos pais, a predominância do déficit sobre as
qualidades positivas eram atitudes generalizadas.
 SAIBA MAIS
Por outro lado, durante a Segunda Guerra Mundial, entre 1939 e 1945, aconteceu uma
evolução do desporto adaptado, com o retorno dos soldados a seus países com deficiências
motoras, visuais e auditivas, fazendo com que os governos atentassem para a importância de
estabelecer uma melhor qualidade de vida por meio do acesso a práticas esportivas
adaptadas, amenizando, desse modo, as adversidades causadas pela guerra.
Novos métodos de tratamento começavam a ser desenvolvidos, e a atitude pública para com
as pessoas com deficiências estava passando por significativas mudanças. A necessidade de
prover algo mais além do tratamento médico e de reintegrá-los à sociedade começou a ser
entendido como um dever social. A maioria dos discursos descreve a pessoa com deficiência
falando sempre sobre o que ela não poderia executar, mas nunca tentando compreendê-la.
Nesse contexto, as famílias das pessoas com deficiência começaram a organizar-se em
movimento nas escolas especiais, assim como em centros de reabilitação e oficinas protegidas
de trabalho. Estávamos na era de transição da segregaçãopara integração das pessoas com
deficiência na sociedade, admitindo-se que elas pudessem ser produtivas caso recebessem
escolarização e treinamento profissional.
Buscou-se, então, uma forma de aproveitar a pessoa com deficiência como força de trabalho.
O que se observa, porém, é que as autoridades estavam preocupadas sempre com as pessoas
produtivas e com a produção. Assim, a educação de pessoas com DV ainda era fundamentada
em reabilitação.
A EF pedagogista (1945-1964) tinha um olhar educacional, deixando de lado o caráter
higienista ou militarista, fazendo uma reflexão sobre a contribuição na formação escolar do
indivíduo.
Em 1948, a ONU proclamou a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Observa-se, em
seu artigo 1º, que todos os seres humanos nascem livres e iguais em seus direitos e dignidade;
no artigo 2º, todos gozam de direitos e liberdades expressos nessa declaração, sem qualquer
distinção, por raça, cor, sexo, idioma, religião, opinião política ou de outra natureza, origem
nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra; em seu artigo 26º, diz que todos
têm o direito à educação gratuita nos graus elementares, sendo a educação fundamental
obrigatória e a técnico-profissional e a superior acessível a todos por mérito (HUMANOS,
1948).
DECRETO Nº 44.236, DE 1º DE AGOSTO
O IBC, em 1958, realizou a Campanha Nacional de Educação e Reabilitação dos Deficitários
Visuais, pelo Decreto nº 44.236, de 1º de agosto, que versava sobre o seguinte: instalação e
manutenção de funcionamento de centros de reabilitação e oficinas, promoção da reabilitação
em domicílio, integração das pessoas com deficiência visual em atividades comerciais,
industriais, agrárias, científicas, artísticas e educativas em empresas públicas e privadas.
Esse decreto visou à promoção para integração das pessoas com DV em intuições de ensino
regulares, promoção de eventos para divulgação junto à sociedade sobre a temática, formação
de profissionais técnicos e acadêmicos para reabilitação das pessoas com DV e manutenção
de intercâmbios nacionais e internacionais dedicados ao tema (BRASIL, 1958).
O paradigma que prevaleceu nesta época e por mais de duas décadas foi a integração da
pessoa com deficiência à sociedade brasileira. Foi quando surgiram as classes especiais
dentro de escolas comuns.
DECRETO-LEI Nº 1.044, DE 31 OUTUBRO DE 1969
No Brasil, os militares aprovaram o Decreto-Lei nº 1.044, de 31 outubro de 1969, que dispunha
sobre o tratamento excepcional para os alunos com deficiência e menciona, no art-3º, que era
de competência do diretor do estabelecimento a autorização do regime de exceção. Ou seja,
este decreto legalizava que as pessoas com deficiência não teriam acesso a aulas de EF; com
isso, muitas escolas pelo país deixaram de oferecer aulas práticas às pessoas com deficiência.
De 1964 a 1985, a competição prevaleceu nas aulas de EF. Dava-se grande importância à
prática desportiva, à competição e ao alto rendimento. O esporte passava a ser o conteúdo que
prevalecia nas aulas de EF, selecionando os mais habilidosos e excluindo os demais. O
objetivo era identificar talentos para tornar possível a formação de atletas para competir pelo
país, tornando-o uma potência esportiva.
As crianças com deficiência eram dispensadas sumariamente das aulas, em parte por
recomendação médica – que não deseja correr riscos –, em parte por recomendações de
professores – naturalmente receosos de assumir responsabilidades ou por desconhecimento –
e finalmente por recusa das próprias pessoas com DV, em razão de se sentirem inferiores aos
demais e não conseguirem participar das atividades desportivas propostas ou da competição.
Para legalizar esse processo, tinha-se o Decreto nº 69.450, de 1º de novembro de 1971,
capítulo II: Compensação, Art.6º.
LEI Nº 6.251, DE 8 DE OUTUBRO DE 1975
Na Lei nº 6.251, de 8 de outubro de 1975, a Política nacional de EF e desportos, a lei do
esporte, instituiu as normas gerais sobre o desporto e deu outras providências sobre o assunto.
Contudo, não se lê nela nenhuma referência ao esporte para pessoas com deficiências. Diz o
art. 10º daquele diploma legal que a orientação educacional, no âmbito da EF, será prestada
aos grupos: comunitários, estudantil, classista e militares. Nenhum parágrafo trata de pessoas
com deficiência. Admite-se, entretanto, que, se a lei não inclui, também não faz exclusões, daí
crer-se que a interpretação do texto legal possa ser mais abrangente, permitindo maior apoio
ao educando com DV, apesar do Decreto-Lei nº 69.450/1971, que ainda estava em vigor.
DECRETO Nº 72.425, DE 3 DE JULHO DE 1973
Com o Decreto nº 72.425, de 3 de julho de 1973, o Legislativo cria o Centro Nacional de
Educação Especial (CENESP), subordinado ao Ministério de Educação e Cultura, tendo como
alvo agenciar em todo o Brasil a expansão e a melhoria do atendimentos a pessoas com
deficiência, possuindo autonomia administrativa e financeira para suas ações (BRASIL, 1973).
A partir da década de 1980, os limites da integração são ultrapassados, dando forma aos
conceitos de sociedade inclusiva, convertendo-se em políticas de direitos humanos de
organizações internacionais e em direitos assegurados na Constituição Brasileira, propiciando
às pessoas com deficiências o seu direito de cidadania plena.
Como o país recorreu a organizações internacionais solicitando empréstimos – como o Banco
Mundial e o Fundo monetário Internacional –, eles impuseram algumas ações de modificação
no atendimento a pessoas com DV. Uma delas foi a revisão da Constituição Brasileira de 1988.
 SAIBA MAIS
Este documento passou a ter em seu texto um reforço referente aos direitos das pessoas com
deficiência, e podemos destacar seu artigo 3º, que define como objetivos fundamentais da
República Federativa do Brasil a promoção do bem a todos sem qualquer tipo de
discriminação. No art. 5º, deixa claro que todos são iguais perante a lei. Temos explícita a
proibição de qualquer discriminação salarial e no critério de admissão do trabalhador com
deficiência (art. 7º, inciso XXXI). Ainda previu, em seu art. 205º, a educação como direito de
todos e dever do Estado e da família. O ensino será ministrado em igualdade de condições de
acesso e permanência na escola, conforme descrito em seu art. 208º (BRASIL, 1988).
Assim, completamos as fases das políticas do atendimento a pessoas com deficiência com a
Figura 17, representando um resumo da educação das pessoas com DV.
 
Fonte: Ensine.me
 Políticas sociais e suas fases (Figura 17).
A ONU, em 1981, determinou aquele como o ano internacional das pessoas com deficiência e
dizia prolongar-se por uma década, implicando discussões, planejamentos e práticas das quais
participariam todas as nações com assento na organização.
 VOCÊ SABIA
No Brasil, durante este período, foram divulgadas propagandas nas quais aparecia uma
pessoa dizendo ser profissional de educação de pessoas com deficiências para explicitar que,
ensinando com muito carinho, amor, paciência, esperava-se que as pessoas com DV viessem
a ser úteis socialmente.
As conferências internacionais têm influenciado a produção legislativa brasileira, que tem sido
bem numerosa no que diz respeito ao trato dos direitos reservados a pessoas com deficiência,
permitindo-lhes muitos avanços jurídicos, podendo, assim, abrir caminho para o Brasil
transformar a sociedade atual em uma sociedade inclusiva. Veja no Explore Mais quais são
elas.
Em Educação Física escolar, a partir de 1985 até a atualidade, foi deixado de lado, a rigor das
atividades, a cobrança por resultados, a obrigatoriedade de alto desempenho e a eugenia da
sociedade. O aluno ganha voz dentro das aulas, dando sentido ao processo de aprendizagem,
significando a prática realizada e trazendo para dentro da escola a valorização de sua
bagagem, vinda de fora dos muros.
ESPORTES PARA PESSOAS COM DV.
REGRAS, ELEGIBILIDADE DOS ESPORTES
O conteúdo da EF vem se modificando ao longo de sua história. A competição,

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