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Propriedades Coligativas Professor Guilherme S. Vergnano. 1 – Conceitos gerais. As propriedades coligativas correspondem a alterações nas propriedades de um solvente (líquido puro) devido à adição de um soluto não volátil. Elas dependem, exclusivamente, da quantidade de partículas dispersas no solvente. Por isso, serão estudadas as propriedades de soluções ideais, cujas interações intermoleculares soluto-soluto, solvente-solvente e soluto-solvente são iguais. É certo que esses sistemas não existem, contudo, soluções com concentrações inferiores a 1x10–2 mol.L–1 apresentam comportamento próximo ao ideal. a) Pressão máxima de vapor → A pressão de vapor de um líquido corresponde à pressão exercida pelo vapor (formado a partir do líquido) sobre sua superfície, ou seja, corresponde a volatilidade de um líquido puro, ou seja, quanto maior a pressão de vapor de um líquido menor será o seu ponto de ebulição. Quem apresenta maior pressão de vapor o éter etílico ou a água? O éter porque é mais volátil que a água. Se compararmos os pontos de ebulição da água (PE = 100 ºC) com o do éter (PE = 34,6 ºC), verificamos que é mais fácil passar o éter para o estado gasoso que a água. Um dos fatores que contribui para tal diferença são as interações intermoleculares dos solventes puros. µ ≅ 0 µ ≠ 0 H2O(l) ⇌ H2O(g) Exemplo 1: Analise o gráfico a seguir, em que estão representadas as curvas de pressão de vapor em função da temperatura para três solventes orgânicos – éter etílico, C2H5CH2OC2H5, etanol, C2H5OH, e tetracloreto de carbono, CCℓ4. Propriedades Coligativas Professor Guilherme S. Vergnano. A partir da análise desse gráfico, é correto afirmar que a) o CCℓ4 apresenta maior pressão de vapor. b) o CCℓ4 apresenta menor temperatura de ebulição. c) o etanol apresenta interações intermoleculares mais fortes. d) o éter etílico apresenta maior volatilidade. Exemplo 2: O gráfico a seguir representa a variação da pressão máxima de vapor dos líquidos A e B, em que A é uma solução (água + soluto não volátil) e B é água pura. A partir dessas informações e a respeito das propriedades coligativas, assinale a alternativa incorreta: a) Para uma mesma temperatura, a pressão de vapor do líquido B é maior que a do líquido A. b) Considerando uma mesma pressão, a temperatura de ebulição do líquido A é maior que a do líquido B. c) A pressão de vapor do líquido B diminuirá se a ele acrescentarmos um soluto não volátil qualquer. d) Se o soluto não volátil do líquido A fosse o cloreto de sódio, a água na solução entraria em ebulição abaixo de 100 ºC (p = 760 mmHg). Exemplo 3: Dado o gráfico a seguir: Julgue os seguintes itens. ( ) A ordem crescente de volatilidade dos líquidos é n-hexano < benzeno < água < ácido acético. ( ) Nas mesmas condições de pressão e temperatura, a substância que sempre terá maior temperatura de ebulição é o ácido acético. ( ) A substância que possui maior pressão máxima de vapor, a qualquer temperatura, é o n-hexano. ( ) A temperatura de ebulição do benzeno, ao nível do mar, é de 80 ºC. ( ) A pressão externa necessária para a água ferver a 60 ºC é de 420 mmHg. 2 – Tonoscopia ou Tonometria É a diminuição da pressão máxima de vapor de um solvente, provocada pela adição de um soluto não-volátil. Propriedades Coligativas Professor Guilherme S. Vergnano. po → pressão máxima de vapor do solvente puro, a temperatura t. p → pressão de vapor da solução, a temperatura t. po – p = ∆p → abaixamento absoluto da pressão máxima de vapor da solução. ∆𝑝 𝑝0 → abaixamento relativo da pressão de vapor da solução que é chamado de efeito tonoscópico (kt). ∆p p0 = p0− p p0 Lei de Raoult → Em uma solução bastante diluída de um soluto qualquer, não volátil e não iônico, o abaixamento relativo da pressão máxima de vapor é diretamente proporcional a molalidade da solução, ou seja, dissolvendo-se 1 mol de qualquer soluto em 1 Kg de água, observa-se sempre o mesmo efeito tonoscópico. kt = 𝐌𝟐 𝟏𝟎𝟎𝟎 → kt = 18 1000 = 0,018. Onde M2 = massa molar do solvente ∆𝑝 𝑝0 𝛼 W → ∆𝑝 𝑝0 = kt . W → ∆𝒑 𝒑𝟎 = kt . 𝟏𝟎𝟎𝟎 . 𝒎𝟏 𝒎𝟐 . 𝑴𝟏 m1 = massa do soluto; m2 = massa do solvente e M1 = massa molar do soluto. Exemplo 1: A pressão máxima da água pura, a 20 ºC, é 17,54 mmHg. Dissolvendo-se 36 g de glicose em 500 g de água, quais serão os abaixamentos absolutos relativo e absoluto da pressão máxima de vapor da solução? Exemplo 2: A pressão de vapor de uma solução aquosa molecular que contém 30g de soluto dissolvidos em 270 g de água a100 ºC é 750 mmHg. Determine a massa molar do soluto. Dados: kt = 0,018 g/mol; pressão da água a 100 ºC = 760 mmHg. Propriedades Coligativas Professor Guilherme S. Vergnano. 3 – Ebuliometria ou Ebulioscopia É a elevação na temperatura de ebulição do solvente ocasionado pela dissolução de um soluto não volátil. t0 → temperatura de ebulição do solvente puro. t → temperatura de ebulição da solução. ∆te → elevação do ponto de ebulição da solução. ∆te = t – t0 Lei de Raoult → Em uma solução diluída de um soluto qualquer, não volátil e não iônico, a elevação da temperatura de ebulição é diretamente proporcional (ke = constante ebulioscópica) a molalidade da solução. ∆te ∝ W → ∆te = ke . W → ∆te = ke . 𝟏𝟎𝟎𝟎 . 𝒎𝟏 𝒎𝟐 . 𝑴𝟏 Cálculo da constante ebulioscópica é dada pela fórmula: ke = 𝐑 . 𝐓𝟐 𝟏𝟎𝟎𝟎 . 𝐋𝐯 onde: Por exemplo a água: ke = 𝐑 . 𝐓 𝟐 𝟏𝟎𝟎𝟎 . 𝐋𝐯 → ke = 𝟐 . (𝟑𝟕𝟑)𝟐 𝟏𝟎𝟎𝟎 . 𝟓𝟑𝟖 → ke = 0,52 ºC.Kg.mol–1 Exemplo 1: Dez gramas de uma substância, de massa molar 266, foram dissolvidos em 500 g de tetracloreto de carbono. Qual a temperatura de ebulição, sob pressão normal? (dados ao solvente puro: PE = 77 ºC e Lv = 46 cal/g). R → Constante dos gases perfeitos (≅ 2 cal/k.mol) T → Temperatura de ebulição do solvente puro (K) Lv → Calor latente de vaporização do solvente puro (cal/g) PE = 100 ºC → 373 K, ao nível do mar. Calor latente de vaporização = 538 cal/g Propriedades Coligativas Professor Guilherme S. Vergnano. Exemplo 2: Qual é a temperatura, sob pressão normal, de uma solução de 4,7 g de fenol em 500 g de etanol? Dados: Ke = 1,22 ºC . Kg . mol─1 e PE = 78,52 ºC. 4 – Criometria ou Crioscopia É o abaixamento no ponto de congelamento (∆tc) do solvente ocasionado pela dissolução de um soluto não volátil. t0 → ponto de congelamento do solvente puro. t → ponto de congelamento da solução. ∆tc → abaixamento no ponto de congelação da solução (efeito crioscópico). ∆tc = to – t. Lei de Raoult → Em uma solução diluída de um soluto qualquer, não volátil e não iônico, o abaixamento da temperatura de congelação é diretamente proporcional (kc = constante crioscópica) a molalidade da solução. ∆tc ∝ W → ∆tc = kc . W → ∆tc = kc . 𝟏𝟎𝟎𝟎 . 𝒎𝟏 𝒎𝟐 . 𝑴𝟏 Cálculo da constante crioscópica é dada pela fórmula: Kc = 𝐑 . 𝐓𝟐 𝟏𝟎𝟎𝟎 . 𝐋𝐟 Onde: Por exemplo a água: kc = 𝐑 . 𝐓𝟐 𝟏𝟎𝟎𝟎 . 𝐋𝐟 → kc = 𝟐 . (𝟐𝟕𝟑)𝟐 𝟏𝟎𝟎𝟎 . 𝟖𝟎 → kc = 1,86 ºC.Kg.mol–1 Exemplo 1: Qual a temperatura de congelação de uma solução contendo 8,9 g de antraceno em 256 g de benzeno? (Dados do solvente: PS = 5,42 ºC e Lf = 5,12 cal/g). R → Constante dos gases perfeitos (≅ 2 cal/k.mol) T → Temperatura de ebulição do solvente puro (K) Lf → Calor latente de fusão do solventepuro (cal/g) Calor latente de fusão = 80 cal/g PS = 0 ºC → 273 K, ao nível do mar. Propriedades Coligativas Professor Guilherme S. Vergnano. . Exemplo 2: Calcule o abaixamento da temperatura do ponto de congelamento de uma solução aquosa que contém 72 g de glicose dissolvida em 800 g de água, sabendo-se que a constante crioscópica molal da água é 1,86 ºC. 5 – Osmometria ou pressão osmótica (π) É a pressão que devemos exercer sobre a solução para impedir sua diluição, pela passagem do solvente puro através de uma parede semipermeável. Osmose → é a passagem do solvente para uma solução ou a passagem do solvente de uma solução diluída (meio hipotônico) para outra mais concentrada (meio hipertônico), por maio de uma membrana semipermeável. Experimentalmente, verificou-se que a pressão osmótica de uma solução é numericamente igual à pressão de um gás ideal, a qual é dada pela equação de Van’t Hoff: 𝛑. V = n . RT onde n = 𝐦 𝐦𝐨𝐥 → 𝛑. V = 𝐦 𝐦𝐨𝐥 . RT Exemplo 1: Calcule a pressão osmótica, a 27 ºC, de uma solução aquosa que contém 6 g de glicose em 820 mL de solução. 6 – Para soluções iônicas Os solutos iônicos ao sofrerem a dissociação ou a ionização formam íons acarretando um maior número de espécies dissolvidos em um solvente. Para corrigir esse erro Van’t Hoff propôs um fator i de correção para essas soluções. i = 1 + α . (q – 1) i = fator de Van’t Hoff α = grau de ionização ou dissociação (soluções salinas α = 1) q = número de íons formados (cátion + ânion) Propriedades Coligativas Professor Guilherme S. Vergnano. Aplicando nas propriedades coligativas temos: ∆𝑝 𝑝0 = kt . W. i → ∆𝒑 𝒑𝟎 = kt . 𝟏𝟎𝟎𝟎 . 𝒎𝟏 𝒎𝟐 . 𝑴𝟏 . i ∆te = ke . W. i → ∆te = ke . 𝟏𝟎𝟎𝟎 . 𝒎𝟏 𝒎𝟐 . 𝑴𝟏 . i ∆tc = kc . W. i → ∆tc = kc . 𝟏𝟎𝟎𝟎 . 𝒎𝟏 𝒎𝟐 . 𝑴𝟏 . i π. V = nRT → 𝛑. V = nRT . i Exemplo1: Em uma solução aquosa, o grau de ionização do ácido sulfúrico é 85%. Calcule o fator de Van’t Hoff. Exemplo 2: Calcule a pressão de vapor a 30ºC de uma solução de cloreto de sódio, contendo 10 g do sal 250 g de água. Dado: p0 da água a 30ºC = 31,8 mmHg).
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