Prévia do material em texto
EXERCÍCIO: Pesquise acerca do Direito Coletivo, analise o texto e responda o que segue. "O operário não podia aguentar mais; a revolução só serviria para agravar-lhe as misérias; a partir de 89 os burgueses é que se enchiam, e tão forazmente que nem deixavam o resto no fundo do prato para o trabalhador lamber. Quem poderia demonstrar que os trabalhadores tinham tido um quinhão razoável no extraordinário aumento da riqueza e bem-estar dos últimos cem anos? Zombaram deles ao declará-los livres. Livres para morrerem de fome, isso sim, e do que, aliás, não se privavam. Não dava pão a ninguém a votar em malandros que, eleitos, só queriam locupletar-se, pensando tanto nos miseráveis como nos seus borzeguins acalcanhados. Era preciso terminar com isso, de uma maneira ou de outra (…). Se isso não fosse feito agora, pela atual geração, seus filhos, com certeza, o fariam, já que o século não podia terminar sem outra revolução, desta vez a dos operários, uma revolução devastadora que varreria a sociedade de alto a baixo para reconstruí-la a seguir mais decente e justa".(Trecho do Filme Germinal, de Émile Zola) Com base no trecho acima, responda as seguintes questões: A) Discorra sobre o objeto do Direito Coletivo do Trabalho, abordando a sua importância em relação às relações empregatícias. O Direito Coletivo, segundo Carla Teresa Martins Romar (2021) agrega as normas que se referem às relações que envolvem um empregador ou um grupo de empregadores com os grupos de trabalhadores ou com as organizações que os representam (relações coletivas), ou seja, é a relação jurídica constituída entre dois ou mais grupos, respectivamente de empregadores e trabalhadores, sindicalmente representados, ou então entre um empresário e um sindicato ou mais sindicatos de trabalhadores para regular as condições de trabalho dos sócios representados e o comportamento dos grupos visando ordenar as relações de trabalho ou os interesses dos grupos. O Direito Coletivo do Trabalho, além das funções gerais do Direito do Trabalho como um todo, tem funções específicas, como a geração de normas coletivas de trabalho, mediante o exercício da negociação coletiva e da afirmação da autonomia privada dos grupos (autonomia coletiva) e a solução dos conflitos coletivos de trabalho, diretamente pelos entes coletivos (formas autônomas) ou com a intervenção de terceiros (formas heterônomas), além de funções sociopolítica e econômica, a primeira derivada do exercício democrático de distribuição de poder, e a segunda caracterizada pela busca da adequação das relações de trabalho às realidades econômicas. B) Apresente o princípio da liberdade sindical, e informe se o Brasil adota a liberdade sindical plena, abordando as alterações promovidas pela Lei nº. 13.467/17. O princípio da liberdade sindical, trata-se da garantia de autogestão dos sindicatos, sem interferências estatais ou empresariais: o sindicato é livre para estabelecer sua estruturação interna, atuação externa, bem como formas de sustentação econômico-financeira, conforme os arts. 8º e 9º da Constituição Federal. A Lei n. 13.467/2017 (Reforma Trabalhista) ampliou enormemente as possibilidades da negociação coletiva, estabelecendo que a convenção coletiva e o acordo coletivo de trabalho têm prevalência sobre a lei quando dispuserem, entre outros (rol exemplificativo, portanto), sobre as matérias indicadas no art. 611-A, CLT. Ao contrário, em âmbito muito mais restrito, as previsões de convenções coletivas e acordos coletivos de trabalho que são consideradas ilícitas são indicadas taxativamente no art. 611-B, CLT. O princípio da liberdade sindical plena visa conferir ao trabalhador o direito de fundar e filiar-se ao sindicato de sua escolha, sem qualquer limitação, promovendo pluralidade e concorrência entre sindicatos, resultando em maior proteção aos trabalhadores daquela categoria. No Brasil, prevalece o princípio da unicidade, ou seja, impede o fracionamento dos sindicatos, ele proíbe o estabelecimento de mais de um sindicato representativo de uma categoria na mesma base territorial, que é um limitador da atuação da classe trabalhadora, imposto pelo estado. C) Comente acerca da força normativa do Sindicato, em relação à possibilidade de criação de negociações coletivas setorizadas. Quando as entidades sindicais se fortaleceram, os empresários se viram obrigados a rever suas posições e conceder algumas melhorias nas condições de trabalho dos empregados. Foram, então, celebrados ajustes, mas esses pactos profissionais, em seu conteúdo, não se assemelhavam em nada aos contratos de natureza civil, porque obrigavam pessoas que dele não haviam participado. O conteúdo desse contrato coletivo se assemelhava à própria norma estatal, em face de seu caráter de generalidade e abstratividade, mesmo que limitado a determinada profissão ou ramo de atividade econômica. Como significou uma quebra de paradigmas dentro da teoria geral dos contratos, estabelecendo-se um instituto sui generis, a força normativa dos convênios coletivos se transformou em um princípio do Direito Coletivo do Trabalho, conforme prevê o art. 611 da CLT “convenção Coletiva de Trabalho é o acordo de caráter normativo, pelo qual dois ou mais Sindicatos representativos de categorias econômicas e profissionais estipulam condições de trabalho aplicáveis, no âmbito das respectivas representações, às relações individuais de trabalho”. D) Diferencie as três categorias previstas no Art. 511 da CLT. O enquadramento sindical no Brasil é definido pela CLT no art. 511, dividindo-se em categorias, são elas: a econômica, a profissional e a profissional diferenciada, As categorias econômicas são constituídas pelo vínculo social básico formado a partir da solidariedade de interesses econômicos dos que empreendem atividades idênticas, similares ou conexa (art. 511, § 1º, CLT). Categoria profissional é a expressão social elementar derivada da similitude de condições de vida oriunda da profissão ou trabalho em comum, em situação de emprego na mesma atividade econômica ou em atividades econômicas similares ou conexas (art. 511, § 2º, CLT). Categoria profissional diferenciada é a que se forma por empregados que exerçam profissões ou funções diferenciadas por força do estatuto profissional especial ou em consequência de condições de vida singulares (art. 511, § 3º, CLT). REFERÊNCIAS ZAFFARI, Eduardo Kucker; [et al.] Direito coletivo do trabalho. Porto Alegre: SAGAH, 2021. ROMAR, Carla Teresa Martins. Direito do trabalho esquematizado. coord. Pedro Lenza. 7. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2021.