Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Introdução à Resposta Orgânica ao Trauma (ROT) 1 ⛏ Introdução à Resposta Orgânica ao Trauma (ROT) Bárbara Aguiar dos Santos Medicina UFMG - Turma 158 Resposta ao Trauma e à Cirurgia Compreende efeitos endócrinos, imunológicos e hematológicos; Resposta Endócrina à Cirurgia Caracteriza-se pela ativação dos hormônios pituitários e do sistema nervoso simpático (SNS); Glândula Endócrina Hormônio Mudança na Secreção Hipófise Anterior (adenohipófise) ACTH GH e prolactina TSH FSH e LH Aumenta Aumenta Pode aumentar ou diminuir Pode aumentar ou diminuir Hipófise Posterior (neurohipófise) Vasopressina Aumenta Córtex adrenal Cortisol Aldosterona Aumenta Aumenta Pâncreas Insulina Glucagon Geralmente diminui Normalmente aumento discreto Tireóide Tiroxina e tri- iodotironina Reduz Geralmente, as mudanças endócrinas ocorrem no sentido de promover o catabolismo, a fim de mobilizar substrato para produção de energia, além de reter sal e água para manter a homeostase cardiovascular; A ativação do SNS resulta na secreção de catecolaminas a partir do estímulo da medula adrenal, além de norepinefrina dos terminais nervosos periféricos; Esta ativação resulta em taquicardia e hipertensão; Somatotrofina (GH) Estimula síntese proteica; Inibe degradação proteica; Promove lipólise; Inibe captação de glicose no tecido muscular; Estimula glicogenólise no fígado; A ação anabólica do GH não ocorre no primeiro momento devido à supressão de IGF-1 pelas citocinas. No entanto, na fase anabólica, seu efeito é expressivo. Cortisol O controle de feedback entre a produção de ACTH e de cortisol costuma ser ineficiente após cirurgias, de modo que os valores dos dois hormônios estão elevados neste período; Efeitos do cortisol: Promove degradação de proteínas; Promove a gliconeogênese no fígado; Inibe captação de glicose pelas células; Promove lipólise. Inibe o acúmulo de macrófagos e de neutrófilos em áreas inflamadas; Interfere na síntese de prostaglandinas. Introdução à Resposta Orgânica ao Trauma (ROT) 2 Consequências Metabólicas da Resposta Endócrina Metabolismo do Carboidrato Após o início da cirurgia, a concentração plasmática de glicose aumenta; A concentração de glicose é maior quanto maior a extensão da injúria cirúrgica; O mecanismos usuais para manutenção da homeostase da glicose são ineficazes no período perioperatório; Os efeitos de uma hiperglicemia prolongada após a cirurgia correspondem a riscos potenciais de infecção da ferida e má cicatrização; Metabolismo da Proteína Ocorre quebra de proteínas musculares, principalmente do tecido muscular esquelético; Os aminoácidos podem ser catabolizados para produção de energia (corpos cetônicos, ácidos graxos) ou utilizados para produção de proteínas de fase aguda no fígado; Pacientes geralmente perdem bastante peso e massa muscular após grandes cirurgias e traumas; A perda proteica pode ser medida indiretamente pela secreção de nitrogênio na urina; Balanço nitrogenado negativo. Metabolismo dos Lipídeos Os lipídeos são mobilizados para oxidação e produção de substrato energético, seja por meio da gliconeogênese hepática ou por meio da produção de corpos cetônicos; Glicerol é convertido em glicose no fígado. Ativação da Resposta ao Trauma Citocinas São produzidas por leucócitos, fibroblastos e células endoteliais em respostas a lesões; Ligam-se a outras células estimulando a síntese proteica, sobretudo a produção de IL-1, IL-6 e TNF-alfa; A produção de citocina é proporcional ao trauma infringido pela magnitude do procedimento cirúrgico; ❗ IL-1 e IL-6 estimulam a produção de ACTH que, por sua vez, promove a liberação de cortisol no plasma. Por um mecanismo de feedback negativo, o aumento da circulação de cortisol reduz as concentrações de IL-6. Os anestésicos, mesmo locais, não são capazes de alterar a produção de citocinas; IL-8: ação quimiotática para neutrófilos e células T; IL-10: anti-inflamatória. Efeito da Anestesia na Resposta ao Trauma Anestesia Geral Opioides: Morfinas são capazes de suprimir a liberação de ACTH e, consequentemente, de cortisol em condições estressoras; Doses altas de morfina bloqueiam a secreção de GH e de cortisol até o início do bypass cardiopulmonar; Após o início, as mudanças fisiológicas são demasiadamente profundas, de modo que os opioides não são mais capazes de inibir as respostas hipotalâmicas e hipofisárias; Técnicas de administração de altas doses de opioides podem levar a depressão respiratória após a cirurgia, de modo que o paciente necessite de suporte ventilatório; Em cirurgias abdominais baixas, Fentanil suprime a produção de GH, de cortisol e as alterações glicêmicas; Em cirurgias abdominais altas, o uso sistêmico de opioides não suprimiu as alterações relacionadas ao trauma cirúrgico. Etomidato & Benzodiazepínicos (BDZ): O etomidato interfere na produção de esteróides no córtex adrenal pelo mecanismo de inibição enzimática. Logo, a síntese de aldosterona e de cortisol é bloqueada; O etomidato deve ser administrado apenas em pacientes previamente saudáveis, já que em pacientes com quadros críticos podem apresentar piora; O Midazolam, um BDZ, atenua a produção de cortisol em cirurgias abdominais; Introdução à Resposta Orgânica ao Trauma (ROT) 3 Clonidina: Trata-se de uma droga antihipertensiva que atua como agonista de receptores alfa2-adrenérgicos; Promove estabilidade hemodinâmica devido à atividade simpática e, por isso, pode reduzir o uso de anestésicos e analgésicos; Anestesia Regional Analgesia epidural com aplicação conjunta de agentes anestésicos previne as respostas endócrinas e metabólicas em cirurgias pélvicas ou de membros inferiores; Em cirurgias abdominais superiores ou torácicas, não é possível bloquear as respostas endócrinas e metabólicas; Anestesia epidural torácica promove intensa analgesia, evita o uso de opioides sistêmicos e melhora a função pulmonar no pós- operatório ; Possivelmente reduz a incidência de complicações trombóticas devido à redução na tendência de hipercoagulação no período perioperatório. Ainda, atenua a resposta simpática do miocárdio durante cirurgias torácicas, o que está associado à menor dano ao tecido cardíaco, verificado pela menor circulação de troponina T; Em pacientes em uso de anticoagulantes, deve-se ter cuidado ao aplicar este tipo de anestesia em função do maior risco de formação de um hematoma epidural; Esta forma de bloqueio pode apresentar o efeito indesejado de alcançar pontos mais craniais, ocasionando fraqueza dos membros superiores e apneia. A Resposta ao Trauma e os Desfechos Cirúrgicos A maior inibição da resposta ao trauma ocorre com bloqueio neural por anestésicos locais; Técnicas de analgesia regional reduzem a incidência de eventos tromboembólicos após cirurgias pélvicas e dos membros inferiores; Analgesia epidural contínua a nível torácico reduz a incidência de íleo paralítico após procedimentos cirúrgicos abdominais; O uso de analgesia local ou uma combinação de analgesia local e opioides são mais efeitos na prevenção do íleo paralítico do que o uso sistêmico ou epidural de opioides;
Compartilhar