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Ferida é toda e qualquer solução de continuidade da pele, geralmente produzida por ação traumática externa, cuja intensidade ultrapassa a resistência do tecido atingido (Thomassian 2005). Os equinos são os animais mais susceptíveis ao desenvolvimento de feridas devido ao seu temperamento e tipo de trabalho. O conhecimento anatômico é fundamental para o sucesso terapêutico. Tipos de Feridas Erosão/Abrasão: lesão superficial da epiderme com exsudação de soro e plasma e mínimo sangramento capilar, ocorre por atrito da pele com objetos ásperos. - Tratamento: aplicação de pomadas cicatrizantes. Ex: Vetaglos®, Alantol®, Bandvet®. Pisadura e Hematoma: lesão e hemorragia sob a pele intacta, causando danos nos capilares ou vasos maiores, normalmente ocorre no tecido adjacente a lacerações, sendo difícil localizar a pisadura, identificada através da coloração da pele e pelos (esbranquiçada). - Tratamento: aplicação de pomadas cicatrizantes. Ex: Vetaglos®, Alantol®, Bandvet®. Contusão: é como a pisadura, entretanto acometendo lesões na pele, normalmente não causa problemas sérios. Ocorre principalmente em animais que passam muito tempo em decúbito com reflexos de pedalagem, bater cabeça, afetando principalmente ponta de osso. - Tratamento: aplicação de gelo e ATB. Perfurante: são ocasionadas por agentes longos e pontiagudos como prego, alfinete. Atinge pele e casco, possuindo como nível de severidade a estrutura acometida, infecção ocorrida. - Tratamento: antissépticos (rifocina), AINE’s, ATB e retirada do corpo estranho. Incisivas: são provocadas por agentes cortantes (faca, bisturi, vidro, metal), suas características são o predomínio do comprimento sobre a profundidade, bordas regulares e nítidas, geralmente retilíneas e com hemorragia presente. Pode acometer além da pele, como bainha sinovial, tendões e ligamentos. - Tratamento: controle da hemorragia, bandagem, sutura (dentro do período ouro), etc. Lacerações: são rupturas sem controle nos tecidos moles do corpo, que normalmente são ocasionados por objetos de metal, vidro e pode ocorrer necrose. - Tratamento: antissépticos, remoção tecidos desvitalizados e sutura. Tempo de Intervenção A sutura das feridas pode ser realizada dentro do período de 6 a 8 horas (período ouro) após a lesão assim evitando menor risco de infecção. Para realizar a sutura deve fazer bloqueios anestésicos com lidocaína 0,5% sem vasoconstritor. O tratamento prévio da ferida deve ser lavagem com sabão neutro/clorexidine degermante, tricotomia e remoção de Feridas perfurantes com a presença do corpo estranho não cicatrizam e seguem minando secreção purulenta. debris e corpos estranhos. Preparação das Feridas Tricotomia: deve ser realizada para que os pelos não atrapalhem o manejo da ferida. Para que os pelos removidos não caiam na ferida deve colar uma gaze estéril úmida no local. Facilitando o processo umedecer os pelos com sabão. Após tricotomia fazer 3 lavagens da pele com PVPI ou clorexidine degermante ou solução fisiológica. Irrigação e limpeza da ferida: deve ser utilizado fluídos para gentil remoção de contaminantes aderidos (bactérias) e tecidos desvitalizados. O ideal é realizar perfusão do tecido com 7-15 soro iodo, mas pode ser utilizado solução fisiológica, iodo povidine 10% (20 ml de PVPI 1% + 1L S.F 0,5%) ou clorexidine degermante 2% (25 ml de CHD 2% + 975 ml S.F 0,05%). Antibioticoterapia: é decido dependendo o tipo e local da ferida. Ferida superficial: penicilina Feridas profundas: penicilina associada a gentamicina Feridas causando celulite ou miosite séptica: penicilina associada a metronidazol. Vetaglos®: gentamicina, sulfanilamida e sulfadiazina Anti-inflamatório: a inflamação é benéfica pois protege a ferida da infecção e é um precursor necessário para os eventos subsequentes que conduzem a fase proliferativa da reparação. AINEs: em inflamações crônicas os AINE’s inibidores de COX-2 previnem a formação de tecido de granulação exuberante. - AINE’s COX-2 seletivo: meloxicam AIE: retarda a reparação tecidual pois inibem a proliferação de fibroblastos e células endoteliais. - Administração tópica no centro da ferida. Antissépticos: composto químico usualmente aplicado na superfície corporal para destruir ou inibir o crescimento de microrganismos. PVPI Tópico 10%: possui atividade microbiana de 4 a 6 horas, possui baixa citotoxicidade, aumenta disponibilidade de iodo livre e elimina bactérias em 15 segundos. Diluição 0,1 – 0,2% (10/20ml/1000ml). Gluconato de Clorexidine 2%: possui atividade microbiana de até 48 horas. Possui maior efeito residual (positivo), tem ação continuada (sangue, pus, debris orgânico) e menor absorção sistêmica. Diluição 0,05% (25ml de CHD 2% + 975 ml de SF). Peróxido de Hidrogênio 3% - 10 volumes: possui efetiva ação esporicida, pouca antimicrobiana com efeito citotóxico (fibroblastos) maior que efeito antibacteriano e causa trombose microvascular. Dever ser utilizado apenas em feridas sujas e contaminadas para realizar um debridamento químico. Líquido de Dákin – Hipoclorito de Sódio 0,5%: formação de ácido hipocloroso e O2 no tecido, tem amplo espectro antimicrobiano, excelente removedor de tecido necrosado e citotóxico aos fibroblastos mesmo em baixa concentração (0,025%). Diluição de 1/4 (0,0125%) causa debridamento químico. Fitoterápicos: barbatimão e Bandvet® (fitoestimulinas estimulam a mitose e motilidade dos fibroblastos, além de aumentar a síntese de fibras colágenas e glicosaminaglicanas causando um aumento da vascularização local e menor tempo de cicatrização). Profilaxia do tétano: realizar a vacinação do animal em qualquer tipo de ferida. Tecido de Granulação Exuberante - TGE Fibroplasia ou formação de tecido de granulação é uma fase essencial da cicatrização pois preenche a lacuna da ferida, desenvolve uma barreira contra a contaminação externa, produz miofibroblastos para contração da ferida e se torna uma cama a qual o epitélio pode migrar. Essa granulação perdura por um período indefinido. O TGE possui um aspecto irregular, com muitos sulcos e fendas e se projeta sobre as margens da ferida, impactando na cicatrização da mesma, pois para a ferida se fechar o TGE deve estar no mesmo nível dos bordos. Fatores que estimulam TGE: bandagens (a diferença de tensão de O2 entre a superfície e tecido da ferida angiogênese, a diminuição de O2 aumenta proliferação de fibroblastos e o ambiente quente, úmido e ácido aumenta a migração e proliferação celular). Quando há presença de TGE deve realizar diagnósticos diferenciais para habronemose, pitiose, sarcóide e outros tumores. - Tratamento: excisão cirurgica, corticosteroides (apenas na fase inicial da fibroplasia – Terra-Cortril®, Keravit®), crioterapia e substâncias causticas (sulfato de cobre, Albocresil®). O açúcar é utilizado para auxiliar a granulação de feridas muito profundas, utilizar até o TGE ficar rente aos bordos.
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