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Curso Ortopedias 012 - Profa. Mara Tavares – CROES 2560 Mordidas Cruzadas (MC) Situações que impedem o desenvolvimento harmônico da face, ocorrendo na maioria dos casos de mordida cruzada em crianças: 1. Excentricidade condilar com deslocamento posterior do lado cruzado e anterior do lado não cruzado. Quando há excentricidade condilar, há uma sobrecarga na articulação temporomandibular do lado cruzado que pode evoluir para uma adaptação morfológica ou desencadear uma disfunção crânio-mandibular. A predisposição individual e o tempo de permanência da maloclusão influenciam essa evolução. Essas disfunções crânio-mandibulares ocorrem principalmente em pacientes adultos e um dos fatores responsáveis é a excentricidade condilar. Mudanças na posição das cabeças da mandíbula associadas à expansão de maxila para correção da MC unilateral posterior. Marcos Gribel,Revista Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Facial - v.4, no 5 - SET./OUT. - 1999 Marcos Gribel,Revista Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Facial - v.4, no 5 - SET./OUT. - 1999 2. Desvio de linha média. 3. Alteração da função oclusal e muscular. Em harmonia com o aumento do número de dentes temporários e de seu tamanho (até chegar os 20 dentes) vai se produzindo a descida do p;ano oclusal. Este plano que em um recém-nascido estava praticamente em um mesmo nível com a ATM, em virtude da direção das linhas de desenvolvimento que determinam o centro de crescimento do maxilar, desce com uma resultante para baixo e para frente. Uma das características importantes que os dentes temporários apresentarão com relação a este plano oclusal é que sempre se disporão com seus eixos perpendiculares a ele e isto feito responde a um dos princípios básicos da oclusão, que é “axialidade de forças”, que permite que as peças dentárias transmitam as forças funcionais ao tecido ósseo através de seu ligamento periodontal. Se analisarmos as características destes dentes temporários e a forma como funciona o sistema nesta etapa da vida poderemos interpretar fenômenos que logo veremos na oclusão adulta. Assim, por exemplo, a relação corona-radicular deste molares temporários determina que a coroa esteja contida de uma a três vezes na sua raiz, situação que coloca estes dentes em condições muito favoráveis em quanto a sua capacidade de suportar não só forças axiais, mas também forças laterais sem que se apresentem problemas periodontais nem trauma oclusal, embora eles ainda não tenham mecanismo de desoclusão. Uma vez completa a dentição decídua esta tem desoclusão canina, porém a melhor quantidade e dureza do esmalte facilita o desgaste de maneira que se torna rapidamente uma função de grupo posterior e logo uma oclusão de balance bilateral. Este é um dos objetivos naturais da dentição dec;idua já que nela existe uma oclusão balanceada bilateral que se caracteriza por um contato simultâneo das superfícies oclusais em todo movimento excêntrico, motivo pelo qual existe um predomínio dos ciclos mastigatórios horizontais. A disposição de raízes temporárias abertas, finas e longas embutidas em profundidade é o que permite o funcionamento do sistema em nível dentário sem que apresentem patologias. Esta condição de oclusão balanceada bilateral com ciclos horizontais cumpre outra função específica que consiste em estimular o crescimento e o desenvolvimento dos maxilares através do bruxismo noturno fisiológico que as crianças apresentam nesta etapa de sua oclusão. Este é o mesmo princípio que se aplica em Ortodontia ou Ortopedia e um exemplo da aparatologia de Bimler que estimula as forças laterais. Outra característica muito importante é a alienação tridimensional semelhante a oclusão permanente. Um detalhe que deve ser levado em conta é a descida da cúspide distovestibular do último mmolar que atua como guia lateral. É preciso considerar que a qualidade e a quantidade de esmalte dos dentes decíduos são menor espessura e maior quantidade de substância orgânica, o que favorece a abrasão das superfícies oclusais e por tanto compensa a forma em funciona o sistema evitando interferências pontuais, que seriam prejudiciais para este tipo de organização. Deste modo tudo se encontra coordenado e mostra um sistema preparado para o desgaste. Os dentes decíduos se desgastam com facilidade, raízes com relação corono-radicular favorável que suportam grandes forças laterais, uma ATM que vai se adaptando à função no momento preciso, uma atividade muscular estimulante das estruturas ósseas em desenvolvimento etc.. Cabe destacar que o sistema neuromuscular não acompanha o desenvolvimento da oclusão, pois se trata de um sistema imaturo, e isto é de fundamental importância porque a criança está próxima a entrar num momento em que começará sua dentição mista, na qual se produz um verdadeiro caos oclusal com a convivência das peças temporárias e permanentes; o ato desse sistema nervoso ainda ser imaturo , com movimentos rápidos e inseguros , evita que se detecte em nível consciente as múltiplas interferências existentes. A aparição dos dentes permanentes está relacionada com o aumento das exigências alimentícias e metabólicas que a criança apresenta em pleno crescimento. Isto requer um maior número de dentes e um maior tamanho das superfícies oclusais, com um incremento notável da capacidade mastigatória. Os primeiros contatos entre os incisivos determinam o início do ciclo mastigatório vertical, com aprofundamento da fossa mandibular. O arco decíduo após erupção dos dentes não se modifica em largura e comprimento entre 3 e 6 anos ( Baume, 1950; Clinch, 1951). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Planas, Pedro Reabilitação Neuroclusal/Pedro Planas. - Rio de Janeiro: Medsi, 1997. 2.Simões, Willa Alexandre Ortopedia Funcional dos Maxilares Através da Reabilitação Neuro-oclusal/ Wilma Alexandre Simões. - São Paulo: Artes Médicas, 2003. 1020p.; 28cm. 3.Marcos Gribel,Revista Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Facial - v.4, no 5 - SET./OUT. - 1999