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LESÕES BRANCAS DA CAVIDADE ORAL NÃO CERATINIZADA → Candidose CERATINIZADA Leucoedema Glossite migratória benigna Nevo branco esponjoso Estomatite nicotínica Queilite actínica Leucoplasia Leucoplasia pilosa Língua pilosa Líquen plano • CANDIDOSE Infecção fúngica mais comum tanto nas populações imunocompetentes quanto nas imunocomprometidas, mas ganha maior incidência nestas últimas; A Candida albicans é a espécie mais frequente do gênero Candida; Há um equilíbrio na relação microsganismo-hospedeiro. Quando ocorre um desequilíbrio há a instalação da doença; Fatores predisponentes: prematuridade e imaturidade imunológicas, distúrbios endócrinos, diabetes melito, hipoparatireoidismo, gravidez, terapia com corticoide sistêmico/hipoadrenalismo ou com corticoides tópico, xerostomia, má higienização oral, câncer avançado, má absorção e desnutrição, antibioticoterapia sistêmica, quimioterapia e radioterapia, imunossupressão (AIDS), uso de próteses, deficiência de ferro e vitamina B12; Candida Spp é um fungo dimorfo (duas formas): Levedura (não patogênico) e hifas/pseudohifas (patogênico) As hifas/pseudohifas se infiltram no epitélio, provocando a doença através da liberação de exoenzimas (enzimas que atuam fora da célula que são produzidas. Ex: lipases, fosfolipases, hexosaminidase. Todas as espécies possuem tratamento clínico e comportamento idênticos; Formas clínicas da candidose: pseudomembranosa, eritematosa, hiperplásica, queilite angular, mucocutânea, glossite rômbica mediana e síndrome da candidose endócrina; 1. Pseudomembranosa: Caracteriza-se por apresentar pápulas ou placas branco-amareladas cremosas facilmente removidas por raspagem feita com gaze, espátula ou abaixador de língua. Uma vez removida esta pseudomembrana, o fundo poderá apresentar-se eritematoso, com ou sem áreas hemorrágicas. Pode envolver qualquer área da mucosa oral, mas os sítios de predileção são, principalmente, a mucosa jugal, mucosa labial, língua e palato mole. Geralmente indolor; Diagnóstico diferencial: leucoplasia, líquen plano hipertrófico 2. Eritematosa Tende a desenvolver-se como consequência da redução do componente bacteriano na microbiota bucal após uso de antibióticos de amplo espectro e/ou de longa duração. Além disso, a ocorrência de candidose eritematosa também está associada ao uso de corticoesteroides e à infecção pelo HIV. A candidose eritematosa é a variante de candidose bucal mais comum em pacientes portadores do HIV; A candidose eritematosa é considerada a doença mais infecciosa comum nos usuários de próteses totais, principalmente das próteses superiores e usadas por longos períodos; As candidoses eritematosas também envolvem outras lesões, como estomatite protética, queilite angular e atrofia papilar central; A candidose eritematosa manifesta-se como uma mancha vermelha em dorso de língua, palato e mucosa jugal. As lesões no dorso de língua apresentam-se como áreas despapiladas no plano mediano posterior. Nestes casos, o paciente queixa-se de sensação de queimação na boca, que é acompanhada por perda das papilas filiformes 3. Hiperplásica As lesões são elevadas, discretas e esbranquiçadas devido à hiperqueratose, e ao contrário da candidose pseudomembranosa, as lesões de candidose crônica hiperplásica são lesões resistentes à raspagem; Mais frequentemente localizadas em mucosa jugal, na região de retrocomissura e na margem lateral de língua; 4. Queilite angular A queilite angular apresenta-se como fissuras eritematosas, descamativas e dolorosas em um ou ambos ângulos da boca. A lesão é resultado da maceração provocada por dobras profundas na pele na região de ângulo de boca em indivíduos com dimensão vertical de oclusão reduzida provocada pela idade ou próteses mal-adaptadas. A saliva tende a se acumular nestas áreas, provocando umidade, o que favorece a infecção fúngica; 5. Mucocutânea O principal fator predisponente para a candidose mucocutânea crônica é uma deficiência imunológica, muitas vezes associada a doenças sistêmicas, tais como: anemia ferropriva, hipotireoidismo, hipoparatireoidismo, doença de Addison, diabetes mellitus; As lesões bucais manifestam-se como placas brancas espessas não raspáveis; As lesões só respondem a antifúngicos sistêmicos; 6. Glossite rômbica mediana É caracterizada por uma área eritematosa, bem delimitada, de forma elíptica ou romboidal, simetricamente localizada posteriormente na linha média do dorso de língua e anteriormente às papilas valadas; A lesão geralmente é indolor e o eritema, em parte, deve-se à perda localizada das papilas filiformes; A superfície da lesão pode apresentar-se hiperplásica, exofítica ou mesmo lobulada; 7. Síndrome da candidose endócrina Diagnóstico - O diagnóstico final é feito, na maioria dos casos, pelo seu aspecto clínico; - A resolução da infecção após medicação antifúngica confirma o diagnóstico; - Métodos auxiliares de diagnóstico da candidose bucal incluem citologia esfoliativa, exame micológico (padrão ouro), prova terapêutica, meio de cultura e coloração com PAS; Tratamento - Uma prioridade no tratamento da candidose bucal é a identificação (e correção, quando possível) de fatores predisponentes; - Tanto a redução física como a redução química da carga de Candida spp. na boca pode ser alcançada por meio de práticas de boa higiene bucal, incluindo a escovação dentária e o uso de enxaguatórios bucais antimicrobianos. Muitos enxaguatórios bucais exibem atividade antifúngica, incluindo triclosan, gluconato de clorexidina e fórmulas com óleos essenciais; Tratamento tópico: - Nistatina (500.000 U/5mL): bochechos de 3 a 4 vezes ao dia. Possui sacorose, portanto, contraindicado para pacientes diabeticos; - Miconazol gel oral a 2% (Daktarin): 4 vezes ao dia durante 10 a 14 dias; - Clorexidina: Certa atividade antifúngica, não deve ser usada isoladamente; Tratamento sistêmico: - Anfotericina B: via endovenosa (possui toxicidade renal); - Cetoconazol (Nizoral): 1 comprimido de 200mg/dia por 14 dias; - Fluconazol (Zoltec): 1 comprimido de 100mg/dia por 14 dias; • LEUCOEDEMA - É uma variação de normalidade, não denotando nenhum caráter patológico; - Atinge caracteristicamente a mucosa jugal, imprimindo um aspecto esbranquiçado, brilhante, em forma de névoa difusa; - Um elemento clínico extremamente importante no diagnóstico do leucoedema é o fato de que ao se distender a mucosa jugal com as mãos, a lesão desaparece, retornando quando deixamos de exercer a tração; - Não requer tratamento; - Diagnostico diferencial: leucoplasia, nevo branco esponjoso, hiperceratose; • GLOSSITE MIGRATÓRIA BENIGNA (LÍNGUA GEOGRÁFICA) - Por definição, ela é considerada uma afecção inflamatória da língua, de causa desconhecida, de possível padrão hereditário e que acomete de 1 a 2,5% da população em geral. Esta condição parece não apresentar nenhuma predileção por gênero, raça ou idade; - É caracterizada inicialmente pela presença de pequenas áreas de desceratinização e descamação das papilas filiformes. Esta alteração no epitélio desencadeia o surgimento de áreas erosivas no dorso e nas bordas da língua que podem ser isoladas ou múltiplas; - Clinicamente, esta condição compromete a estética da língua e leva a perda das papilas filiformes do dorso da língua e pelo surgimento de um edema inflamatório associado. Tal quadro produz a manifestação clínica de placas atróficas avermelhadas rodeadas por bordas esbranquiçadas; - Por se tratar de uma alteração que não traz comprometimento da saúde bucal, não há necessidade de tratamento; - Diagnóstico diferencial: candidose, leucoplasia, líquen, lúpus eritematoso; • NEVO BRANCO ESPONJOSO - O aspecto clínico é característico, sendo a mucosa espessa, de consistência esponjosa e coloração branco-acinzentada, geralmente bilateral. Com a idade, os nevos assumem forma elevada e rugosa sobreposta a um típico leucoedema; - Geralmente, não existe sintomatologia específica, sendo uma doença genética, sem maiores comprometimentos ou tratamento; - Diagnóstico diferencial: líquen plano, leucoplasia; - O nevo branco esponjoso não apresenta potencial de malignidade. Assim, o paciente deve ser informado sobre a condição benigna da doença. • HIPERCERATOSE - Etiologia: trauma físico ou químico; - Clinicamente apresenta-se como placas brancas, lisas ou rugosas localizadas em qualquer área da mucosa oral associadas a tabagismo, restaurações fraturadas ou em excesso bem como o uso de próteses mal adaptadas - Tratamento: remover o agente causador do trauma; - Diagnóstico diferencial: leucoplasia, candidose; • ESTOMATITE NICOTÍNICA - É uma forma peculiar de hiperqueratose que atinge a mucosa do palato, causada por uso abusivo de tabaco; - O aspecto mais característico aparece no limite do palato duro e mole, como área esbranquiçada, contendo variável quantidade de pequenas elevações “umbilicadas”, que correspondem a glândulas mucosas dilatadas e inflamadas. Em certos casos, todo o palato é envolvido; - Como as demais hiperqueratoses irritativas, é reversível após removida a causa; - Inicialmente aparece eritema e inflamação do palato, seguidas do aparecimento de pequenas pápulas que correspondem às glândulas mucosas inflamadas, cujos ductos estão dilatados e parcialmente obstruídos; • QUEILITE ACTÍNICA - São lesões características da idade adulta, mas há casos em crianças; - Aparecem como placas ceratóticas na região exposta do lábio, principalmente em pacientes de pele clara cuja ocupação natural os mantém expostos às radiações actínicas do sol, vento e outros elementos naturais, provocando lesões brancas hiperceratóticas com descamação, fissuras, erosões e ulcerações; - São comuns em agricultores, pescadores e marinheiros; - Diagnóstico diferencial: líquen plano, queilite granulomatosa; - É uma lesão potencialmente maligna; - A prevenção se faz através do uso de chapéus largos, protetor solar e cremes e batons fotoprotetores. Já o tratamento é baseado em quimioterapia local com ácido tricloroacético (ATA), com fluorouracil a 5%, vermelhectomia (remoção do vermelhão do lábio), laser de CO2, eletrocautério e crioterapia; - Além disso, os pacientes devem ser examinados periodicamente, visando à detecção precoce de eventual cancerização; • LEUCOPLASIA - Em 1967, a OMS, definiu leucoplasia como "placa branca da mucosa bucal que não pode ser removida por raspagem e que não pode ser classificada como nenhuma outra doença"; - Clinicamente, as leucoplasias se caracterizam por placas brancas firmemente aderidas ao epitélio, homogêneas (lisa, enrugada ou fissurada) ou não homogêneas (nodular, verrucosa, ulcerada, eritroleucoplásica), que podem comprometer qualquer área da mucosa oral, principalmente a língua, mucosa jugal, palato duro e mole; - Essas lesões não diferem clinicamente das queratoses reacionais, que tendem a desaparecer num período aproximado de 40 dias após a remoção ou eliminação dos fatores irritativos desencadeantes, o que não acontece com as leucoplasias, por se tratar de processo irreversível; - Dentre os possíveis fatores sistêmicos, são relacionados a sífilis, avitaminoses, anemias, hipocloridrias etc; - Fatores como tabagismo, etilismo, cáries, fraturas, abrasões, próteses e sepses bucais; - Tipo de lesão potencialmente maligna; - O tratamento consiste classicamente na remoção cirúrgica da lesão, quando possível, com margem de segurança e a eliminação ou afastamento dos fatores desencadeantes, obtidos durante o exame clínico e acompanhamento a longo prazo do paciente; - Além da cirurgia tradicional, diversos outros recursos têm sido aplicados, como o laser, criocirurgia, eletrocirurgia, derivados retnóicos e terapia fotodinâmica; - Diagnóstico diferencial: líquen plano, candidose pseudomembranosa, lúpus eritematoso; • LEUCOPLASIA PILOSA - Trata-se de uma complicação da infecção pelo vírus Epstein Barr (HHV-4); - É caracterizada por projeções hiperqueratóticas brancas, de superfície corrugada, não removidas por raspagem, assintomáticas, localizadas bilateralmente na borda lateral da língua. Na maioria das vezes, ocorre em indivíduos imunodeprimidos; - Diagnóstico diferencial: leucoplasia, líquen plano, candidíase; - O tratamento não é comumente indicado pois pode haver auto-resolução. Entretanto, terapia tópica pode ser usada: retinóide A a 0,05% ou Aciclovir de maneira sistêmica; • LÍNGUA PILOSA - É caracterizada pela hipertrofia das papilas filiformes localizadas no dorso da língua que não sofrem o processo fisiológico de descamação. A etiologia dá-se pela retenção de queratina; - Inicialmente a língua pilosa é branca, entretanto adquire uma coloração negra pela deposição de pigmentos exógenos; - Associada à má higiene oral; - Tratamento: clorexidina, melhorar a higiene oral, raspador lingual; • LÍQUEN PLANO ORAL - Etiologia: autoimune - A doença é mais frequente entre os 30 e 50 anos, com predileção pelo sexo feminino; - As lesões bucais de líquen plano acompanham, precedem ou sucedem as cutâneas. Podem ter, no entanto, localização bucal exclusiva; - A lesão característica do líquen plano cutâneo é a pápula poligonal, achatada, de 0,5 mm a 2 mm de diâmetro, de superfície lisa, brilhante e cor vermelho-violácea. Na superfície da pápula, há estrias ou pontuações opalinas em rede, melhor vistas quando se umedece a pápula (estrias de Wickhan); - Formas clínicas de líquen plano da mucosa bucal: • Reticular – nesta forma clínica as lesões são compostas por linhas brancas entrelaçadas (Estrias de Wickhan), formando uma rede. Na periferia da lesão, observam-se pequenas pápulas esbranquiçadas, de cerca de 1 mm de diâmetro; • Papular – nestes casos são vistas pequenas pápulas, ou como únicos elementos presentes, ou na periferia das estrias; • Em placa – aqui a aparência clínica é semelhante à leucoplasia, contudo, elementos reticulares podem ser observados na periferia da lesão. Quando a placa está localizada na superfície da língua, desaparecem as papilas linguais definitivamente; • Atrófica – neste aspecto existem áreas eritematosas rodeadas por elementos reticulares. Quando este tipo afeta a gengiva marginal e a gengiva alveolar tem sido descrito como gengivite descamativa; • Ulcerativa ou erosiva – nesta forma clínica existem áreas ulceradas entre os elementos reticulares; - Diagnóstico diferencial: leucoplasia, lúpus eritematoso, candidose pseudomembranosa, pênfigo vulgar, penfigoide; - Potencial de transformação maligna contraditório. Logo, acompanhamento prolongado do paciente; - Tratamento: Oncilon A em orabase, Propionato de clobetazol 0,05% (solução aquosa q.s.q 100ml ou gel em CMC q.s.q, Triancinolona suspensão- ampola de 2ml/20mg/ml intralesional, diluir em 5 ml de prilocaína a 3% e aplicar a cada 15 dias, Terapêutica sistêmica- predisona, Tacrolimus 0,1% (Protopic®) e pimecrolimus: uso tópico 2x ao dia por 8 semana. Reforçar a higiene oral; Referências bibliográficas 1) TOMMASI, Maria Helena Martins. Diagnóstico em Patologia Bucal. 4. ed. Elsevier, 2014 2) KIGNEL, S. et al ESTOMATOLOGIA - BASES DO DIAGNÓSTICO PARA O CLÍNICO GERAL 2ª ed. São Paulo, Editora Santos 2013.
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