Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Intoxicação por Medicamentos - AAS Toxicologia Clínica 1 Os medicamentos estão no topo da lista de agentes promotores de intoxicação PREVALÊNCIA Circunstâncias Acidentes individuais = 4801 casos Tentativas de suicídio = 4271 casos Faixa Etária → de 0 a 4 anos = 4704 casos Por sexo → Feminino = 7096 casos Região → Urbana = 9964 casos SNC → 59% dos casos Medicamentos Analgésicos, Antipiréticos e anti-inflamatórios = 12% dos casos ANALGÉSICOS, ANTIPIRÉTICOS E AINES Salicilatos: Ex.: Ácido Acetilsalicílico Derivados do Para-Aminofenol: Ex.: Paracetamol Fenamatos: Ex.:Ácido Mefenâmico Diclofenacos Derivados do Ácido Propiônico: Ex.: Ibuprofeno Oxicans: Ex.: Piroxicam Derivados da Pirazolona: Ex.: Dipirona Furanonas Diaril substituídas: Rofecoxib Pirazóis Diaril substituídos: Celecoxib Fármacos utilizados na artrite reumatoide: Ex.: Colchicina Uso indiscriminado de medicamentos Intoxicações Óbitos Intoxicação por Medicamentos - AAS Toxicologia Clínica 2 AAS Ácido Salicílico Ácido Acetil Salicílico (molécula ativa) (pró-fármaco) TOXICOCINÉTICA Ligação com proteínas plasmáticas 80 a 90% → na dose terapêutica 50% → na dose tóxica Maior disponibilidade por competição às proteínas plasmáticas, promovendo ligações a tecidos e toxicidade Via oral (Porção superior intestino delgado) Transporte passivo Sangue Tecidos 80-90% ligação às proteínas plasmáticas Pico [ ] plasmática: 0,5 a 2 horas Doses maiores: ligação variável às proteínas Intoxicação por Medicamentos - AAS Toxicologia Clínica 3 Biotransformação Ácido Salicílico passa por transformação de Fase II e é conjugado com Glicina e Ácido Glicurônico. A maior parte (75%) é conjugado com glicina. Excreção → pH dependente (acidez da urina) Cinética dose-dependente → elevação da meia-vida TOXICODINÂMICA Entre os efeitos adversos mais importantes está a IRRITAÇÃO GÁSTRICA. AAS Inibição de COX 1 e 2 Redução da produção de PGE2 e PGI2 Redução da produção do muco citoprotetor do estômago Lesões na parede do estômago promovidas pelo HCl Esterases plasmáticas Enzimas hepáticas (75%) (10%) (Urina) (< 1%) Intoxicação por Medicamentos - AAS Toxicologia Clínica 4 ANEMIA FERROPRIVA 1,0 a 3,0 g/dia 4,0 a 5,0 g/dia e 10mL nas fezes ALTERAÇÕES SANGUÍNEAS 80mg/dia Redução da formação de TXA2 Agregação plaquetária deficiente Prolongamento do tempo de sangramento ALTERAÇÕES HEPÁTICAS Há um grupo com maior prevalência de alterações hepáticas DIAGNÓSTICO LABORATORIAL Intoxicação Aguda - 25mg %: provável quadro assintomático - Após 24 a 36 horas: intoxicação leve à moderada Intoxicação Crônica (Salicilismo crônico) - 10 a 15mg % Intoxicação Aguda ≠ Intoxicação Crônica (muitas moléculas) (salicilismo) Portadores de artrite reumatoide juvenil Lesão e morte de Hepatócitos Hepatomegalia Náusea Anorexia ↑↑↑ TGO e TGP Intoxicação por Medicamentos - AAS Toxicologia Clínica 5 TRATAMENTO - Emese para crianças → Intoxicação aguda - Lavagem gástrica para adultos (carvão ativado) → Intoxicação aguda - Hemodiálise →Intoxicação crônica forte ligação a proteínas plasmáticas e/ou meia-vida longa Intoxicação por Medicamentos - Paracetamol Toxicologia Clínica 6 PARACETAMOL Usado universalmente como analgésico e antipirético desde 1950. Em 1966 foi feito o relato do primeiro caso de intoxicação aguda INTOXICAÇÃO AGUDA → NECROSE HEPÁTICA SEVERA → ÓBITO Sinônimos do Paracetamol ✓ N-acetil-p-aminofenol ✓ Paracetamol ✓ Acetaminofeno Características Físico-Quimicas ✓ Pó cristalino branco ✓ Inodoro ✓ Hidrossolúvel Dose Terapêutica ✓ Adultos: 0,5 – 1,0 g VO, 4/4 ou 6/6 horas. Máximo: 4 g/dia ✓ Crianças: 10 – 15 mg/kg/dose VO, 4/4 ou 6/6 horas http://pt.wikipedia.org/wiki/Imagem:Paracetamol-skeletal.svg Intoxicação por Medicamentos - Paracetamol Toxicologia Clínica 7 TOXICOCINÉTICA Biotransformação e Excreção Via oral (Trato digestório) Transporte passivo Sangue Tecidos 8-50% ligação às proteínas plasmáticas Intoxicação Aguda Pico [ ] plasmática: 15 min. – 2 h T1/2: 2- 3 horas (dose terapêutica) N-acetil p-benzoquinona-imina (NAPQUI) (Excreção renal) (55- 60%) (30- 35%) (Excreção renal) Intoxicação por Medicamentos - Paracetamol Toxicologia Clínica 8 TOXICODINÂMICA Lesão Hepática Formação de metabólito intermediário ativo Conjugação com Glutationa saturação Lesão hepática (necrose) Ação Nefrotóxica Mecanismo similar ao processo de lesão hepática EFEITOS TÓXICOS Doses terapêuticas: ✓ Bem tolerado ✓ Raras erupções cutâneas e outras reações alérgicas ✓ Raras intoxicações fatais, apenas em pacientes alcoólatras Doses Tóxicas ✓ 10 a 15g : hepatotoxicidade ✓ 20 a 25 g: dose potencialmente fatal Sinais e Sintomas Em até 24 horas → Náuseas, vômitos, anorexia e dor abdominal persistente Alterações laboratoriais → - Transaminases plasmáticas (níveis elevados) - Bilirrubina - Tempo de protrombina Diagnóstico Precoce visa evitar: ✓ Insuficiência hepática ✓ Encefalopatia hepática (alterações de comportamento, do sono, fala arrastada, sonolência) ✓ Coma e morte Intoxicação por Medicamentos - Paracetamol Toxicologia Clínica 9 TRATAMENTO Dose excessiva comprovada → lavagem gástrica, no máximo 4 h após ingestão Administração via oral de N-acetilcisteína (composto sulfidrila): dose de ataque: 140mg/kg 70mg/Kg a cada 4 horas até 17 doses Reações adversas: Náuseas, vômitos, diarréia e reação anafilática Fármacos e Drogas que Causam Dependência Toxicologia Clínica 10 As questões sociais, como os relacionamentos interpessoais, são fatores chaves na indução de comportamentos potencialmente nocivos em pessoas com problemas ou dificuldades de se relacionar. Por esta razão as drogas e os fármacos acabam sendo uma alternativa, ainda que errada, para muitos indivíduos se aceitarem e serem aceitos em grupos sociais. Em razão disto, surge a Toxicologia Social com o intuito de estudar tais fenômenos e suas consequências. TOXICOLOGIA SOCIAL Área da Toxicologia que estuda os efeitos nocivos decorrentes do uso não médico de fármacos ou drogas, causando danos não somente ao indivíduo, mas também à sociedade. TERMINOLOGIAS Droga: matéria-prima de origem animal, vegetal ou mineral que contém um ou mais fármacos. Ex.: folha de maconha Fármaco: É o princípio ativo. Ex.: Δ9-THC Fármacos psicoativos: têm a capacidade de afetar as atividades cerebrais: emoções, sono, comportamento Uso não médico: Exposição a uma droga ou fármaco pelo uso ocasional, frequente ou compulsivo, aceito ou não pelos padrões da sociedade. CLASSIFICAÇÃO✓ Psicoestimulantes ✓ Depressores do SNC ✓ Inalantes ✓ Tabaco ✓ Cannabis ✓ Psicodélicos (alucinógenos) Fármacos e Drogas que Causam Dependência Toxicologia Clínica 11 FARMACODEPENDÊNCIA Potencial de Reforço Capacidade de um fármaco ou droga gerar auto-administração repetida Velocidade de reforço (intervalo) Intensidade de reforço (quantidade) Potencial de Abuso São fatores que induzem o indivíduo à farmacodependência Neuroadaptação: Adaptação do SNC em resposta à presença de um fármaco ou droga e que gera distúrbios físicos quando há retirada ou diminuição da dose. Síndrome de abstinência. A dependência à substância exógena é relativa. Na verdade, a dependência química é referente à dopamina que é aumentada durante o abuso destas drogas. Tolerância Metabólica: É consequência da indução de sistemas existentes no fígado (CYP-450). Ex: álcool. Farmacodependência Comportamento Ativo Reforço Fator recompensa Positivo Negativo Fármacos e Drogas que Causam Dependência Toxicologia Clínica 12 Tolerância Aguda: Tolerância desenvolvida logo após a administração de única ou pequena dose. Ex. Alucinógenos. Fenômeno da preferência condicionada por lugar: auto-administração ou não da droga ou fármaco relacionado com o ambiente/lugar. Ex: recaída em ex-usuário (psicológico). OPIÁCEOS E OPIÓIDES OPIÁCEOS: molécula de origem vegetal com ação biológica OPIÓIDES: opiáceo modificado de forma sintética para uso terapêutico; PADRÕES DE USO • Opiáceos: goma de marcar; solução; cachimbos especiais (narguilé); formulações terapêuticas. • Opióides: primeira exposição a partir de prescrição médica; pressão de amigos farmacodependentes (heroína, I.V.); fácil acesso por parte dos profissionais da saúde (abuso). TOLERÂNCIA Ocorre quando há o uso de um reforçador positivo promovido pela liberação exacerbada de dopamina. O excesso da dopamina liberada leva a uma consequente tolerância orgânica, exigindo que o usuário da droga aumente a sua dose para voltar a ter a mesma sensação de antes. Todo reforçador positivo realiza neuromodulação. Usuários ilegais → concentração imprecisa do fármaco Tolerância seletrica → pouca alteração de miose e constipação Tolerância alta: - efeito analgésico - euforizante - depressor respiratório (a redução mínima é aceitável) - evolução para o óbito Ex: Morfina Indivíduo não dependente: 100-200mg → profunda sedação, depressão respiratória e morte. Fármacos e Drogas que Causam Dependência Toxicologia Clínica 13 Indivíduo dependente: 4000mg/2h → praticamente sem efeitos adversos Tolerância cruzada Quando há o uso de fármacos em associação em que todos os fármacos envolvidos promovem algum tipo de tolerância. Há uma escala de dor que segue um protocolo de uso de fármacos, de forma escalonada, para evitar a tolerância a fármacos analgésicos mais fortes. Há uma tolerância cruzada também com o álcool e alguns anestésicos inalatórios. DEPENDÊNCIA Do ponto de vista neurofisiológico, caracteriza-se por: 1. Desejo, compulsão de continuar a utilizar o fármaco; 2. Tendência crescente de aumentar a dose; 3. Tolerância acompanhada de dependência: síndrome de abstinência 4. Síndrome de abstinência: agitação, ansiedade, pupilas dilatadas, bocejo, transpiração, calafrios, febre, vômitos, respiração ofegante, perda de apetite, insônia, hipertensão, perda de peso, rinorréia, convulsões. Período da Síndrome: 5 – 10 dias (sem a substância) → Óbito ou Recuperação MECANISMO DE AÇÃO - há opioides endógenos no cérebro – encefalinas; endorfinas Fármacos e Drogas que Causam Dependência Toxicologia Clínica 14 mu: analgesia e depressão respiratória kappa: analgesia sigma: analgesia delta: comportamento afetivo e euforia Fármacos e Drogas que Causam Dependência Toxicologia Clínica 15 MORFINA • Protótipo dos opiáceos; • Alcaloide natural derivado do ópio; • Utilizada na terapêutica como analgésico para dor visceral intensa. Ex: neoplasias TOXICOCINÉTICA BIOTRANSFORMAÇÃO Liberação de dopamina Urina (55%- 75%) Fezes (inalterada) (7% - 10%) Ar expirado (inalterada) (3%- 6%) Fármacos e Drogas que Causam Dependência Toxicologia Clínica 16 SINAIS E SINTOMAS Intoxicaçao aguda: Intoxicação crônica: Ocorre em fármacodependentes ou pacientes em terapia médica o Frequência respiratória abaixo do normal o Aumento da pulsação e temperatura corporal o Sudorese o Síndrome de abstinência TRATAMENTO BARBITÚRICOS O tempo de excreção dos barbitúricos é diretamente proporcional ao seu tempo de ação, ou seja, quanto maior o tempo de ação do barbitúrico, maior o tempo de permanência no organismo por serem mais lipofílicos. • Por atuar no tronco cerebral causa rapidamente: • Depressão respiratória • Hipotensão • Coma Administração de naloxona (universal para opióides e opiáceos) Intoxicação aguda ou crônica: Restabelece : débito cardíaco frequência respiratória Antecipa a síndrome de abstinência Naturalmente: Suportar o período de abstinência Fármacos e Drogas que Causam Dependência Toxicologia Clínica 17 TOXICOCINÉTICA Biotransformação e Excreção Ação ultracurta: metabólitos conjugados Ação curta e média: Parcialmente inalterados Ação longa: inalterados Toxicodinâmica - Promove ação do GABA, pré e pós sinapse; - Moderada inibição da atividade noradrenérgica Sinais e Sintomas Depende exclusivamente do tipo de barbitúrico e dose. Os barbitúricos de ação ULTRACURTA e CURTA são os mais tóxicos por promoverem uma ação mais rápida em todo o organismo. Oxidação Conjugação Fígado e órgãos com CYP-450 Biotransformação Fenobarbital h id ro x ila conjug Fármacos e Drogas que Causam Dependência Toxicologia Clínica 18 ➔ Intoxicação leve a moderada: fala enrolada, vertigem, confusão e ataxia. A intoxicação por barbitúricos pode levar a um processo de profunda depressão do SNC e consequente óbito. Os procedimentos devem ser rápidos assim que for constatado que o paciente se intoxicou por barbitúricos Estágio 1: Estupor, mas responde ao comando verbal Estágio 2: Não responde a todos os estímulos, mas reflexos e sinais vitais estão intactos Estágio 3: O indivíduo não responde aos estímulos e reflexos, mas apresenta sinais vitais estáveis. Estágio 4: Não responde aos estímulos, reflexos e os sinais vitais estão instáveis. O coma é iminente. Estado Comatoso: Depressão do SNC e óbito por parada cardiorrespiratória Dependência Uso repetido em curtos intervalos de tempo gera tolerância: - Metabólica (farmacocinética) - Farmacodinâmica (neuroadaptação) - Cruzada: anestésicos por inalação e etanol Rapidez de efeito → Tolerância T1/2 A dependência pode ocorrer após 2 meses de tratamento, quando ocorre neuroadaptação (em dose terapêutica) A retirada abrupta causa síndrome de abstinência com a seguinte sintomatologia: ✓ Debilidade; ✓ Ansiedade; ✓ Alucinações; ✓ Delírios; ✓ Convulsões. E V O L U Ç Ã O Fármacos e Drogas que Causam Dependência Toxicologia Clínica 19 Tratamento Não há antídotos, apenas esquemas e condutas terapêuticas: 1. Terapia de suporte; 2. Descontaminação do trato gastrintestinal;3. Aumento da excreção (alcalinizar a urina); 4. Hemodiálise (barbitúricos de ação longa)
Compartilhar