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AULA 07/03
· Fichamento: texto 5 (Apostila UFCV)
“Sócrates, ao final, considera que a língua em sua origem havia sido análoga, isto é, refletia a realidade, foi motivada pelas coisas, mas com o tempo, com o uso, passou a se convencionar os nomes no mundo […]” 
p. 10
Segundo Sócrates, a língua foi uma “ferramenta” criada pelo homem com uma funcionalidade. Mas com o tempo, o uso dela foi tomando um espaço maior, tendo variadas funções. A palavra descrevia, em sentido denotativo, os objetos, as coisas etc., como liparón, que traduzido significa liso.
“Aristóteles em, A Poética, quando trata da linguagem e das ideias, coloca a primeira como meio de expressão da segunda e ainda propõe uma divisão das partes do discurso: letra, sílaba, conectivo, articulação, nome, verbo, flexão, frase. Observe que o autor parte da letra para a frase. Como partes do discurso, o autor considera apenas nome e verbo, e o restante como elementos linguísticos subordinados.”
p. 11
Segundo Aristóteles, a linguagem é o meio que expressa as ideias. Ele sistematiza um discurso numa estrutura bem semelhante a estrutura vigente de várias línguas hoje. Além disso, ele já faz uma relação entre os elementos dessa estrutura e, inclusive, salienta uma relevância ao nome e ao verbo, considerando os demais como subordinados – o que se vê, também, na nossa gramática: as conjunções subordinativas, que são os termos que ligam duas orações sintaticamente dependentes.
“Se a descrição Linguística efetuada na Grécia foi guiada pela Filosofia, Lógica. Em Roma foi distinto, teve como principal característica o estudo normativo da língua latina, dado que se deu no surgimento de uma sociedade urbana frente a uma rural. Logo foi a língua urbana a que foi descrita nas gramáticas latinas […]” 
p. 12
Ao considerar essa comparação das descrições linguísticas entre Grécia e Roma, percebe-se nesta última que surge já uma comunidade de prestígio e outra estigmatizada. A sociedade urbana de Roma nesta época, que seria a de prestígio, possuía o caráter normativo da língua vigente, o Latim, frente à sociedade rural, que estigmatizar-se-ia no âmbito social contemporâneo. Hoje, com as variedades linguísticas (considerando os dialetos, sotaques, normas, idioletos etc.), as comunidades de fala, subdivididas na linguística em variantes de prestígio e variantes estigmatizadas, refletem bem a sociedade romana antiga, embora não tivessem esses conceitos de hoje.
“O destaque merece Quintiliano, pois não apenas se preocupou em descrever a língua latina, com vistas ao ensino, mas também aponta que o uso gramatical deve ter uma funcionalidade, principalmente na constituição de um discurso.” 
p. 13 e 14
O romano Quintiliano idealizou um modo observacional da sua língua contemporânea (Latim) que não se restringia na descrição dela, mas considerava a gramática parte essencial para a construção do discurso. E acrescenta em sua obra: “se ela – a gramática – não estabelecer alicerces seguros para o futuro orador, tudo o que se tiver edificado irá por terra, necessária como é aos pequenos, agradável aos velhos, doce companheira dos retiros; a única talvez que, dentre todos os tipos de estudos, prima pelo trabalho mais que pela aparência.” Quintiliano, portanto, não parte do pressuposto de que a gramática é processo da erudição do homem como sinônimo de embelezamento social, mas a construção do discurso e oratória. 
“Os estudos linguísticos do século XIX influenciaram o pensamento saussureano. Esses estudos contribuíram para um estudo científico da linguagem, cujo foco não se restringe ao conhecimento universal da linguagem, bem como aos estudos eminentemente históricos.”
p. 17
O linguista e filósofo suíço Ferdinand de Saussure, considerado pai da linguística moderna, tornou a língua como ciência por ter sido capaz de inovar os estudos da língua. No entanto, as ideias dele não partiram só de si. Há premissas que influenciaram as ideias de Saussure no século XIX, e que revelam os “pontos de partida” do famigerado linguista. As principais são: as línguas humanas são totalidades organizadas; a ideia da língua como instituição social; a língua como sistema autônomo; a língua como um sistema de signos independente; a língua muda com o tempo e a língua pode ser estudada em si e por si mesma. Saussure, já embasado nestas ideias, propõe suas próprias explicações sobre a língua. Considerando as mudanças ao longo do tempo, houve também explicações para entender tais mudanças. Daí surge o Método Comparativo criado por Humboldt – geógrafo da época –, mas usado por Franz Bopp nos estudos histórico-comparativos, que, mais adiante, daria origem à sua Gramática comparada. 
“O movimento dos neogramáticos surge em oposição à concepção naturalista da língua. […] Para eles, o objetivo principal do pesquisador não era a busca da língua original indo-europeia. Essa seria uma hipótese muito geral sobre as línguas, devendo-se, portanto, estudar as línguas vivas atuais e apreender a natureza da mudança linguística.”
p. 18 
O “buscar” estudar as línguas vivas, particular dos neogramáticos, surgiu depois do século XIX, onde já se estabelecera os ideais de Saussure e outros. Essa separação de estudos da língua remete aos estudos da linguística atuais no que diz respeito à separação dos termos diacronia e sincronia, tidos como um rigoroso princípio metodológico, segundo Margarida Petter.