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2 Filosofia Medieval - Patrística - caderno

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Filosofia Medieval
O Império Romano
• Após o fim da dominação macedônica e a expansão da cultura hele-
nística, a Grécia caiu sob o domínio da República Romana em 146 a.C.,
após a batalha de Corinto.
• A República, após um grande processo de Guerra Civil, converteu-se
no Império Romano sob o comando de Augusto, em 27 a.C., e a Gré-
cia passou a configurar a Acaia, uma das suas mais importantes provín-
cias.
• A cultura helenística desenvolveu-se no interior do Império, e o gre-
go koiné continuará sendo uma língua dominante, junto ao latim roma-
no.
• Chamamos Antiguidade Tardia o período que vai do século IV à Que-
da de Roma (476 d.C.), que marca a transição para a Alta Idade Média.
• Neste período, observamos a transição gradual da filosofia helenística
para a filosofia cristã, embora a segunda guarda muitas influências da
primeira.
Período Patrístico - Império Romano
• Chamamos Patrística a primeira filosofia cristã, que toma o fim da An-
tiguidade e a Alta Idade Média.
• Ela tem início com os padres apostólicos (séculos I e II d.C.), como os
apóstolos Pedro, Paulo, Tiago e Inácio, e daí vem o seu nome.
• O Cristianismo foi, a princípio, proibido pelos romanos, mas espalhou-
se pelo Império, tendo sido Constantino I o primeiro imperador cristão,
e pacificador da doutrina ao conclamar o Concílio de Niceia.
• Com o imperador Teodósio, a nova fé deixou de ser apenas permiti-
da, mas tornou-se religião oficial do Império em 380 d.C., formalizando a
Igreja Católica como sua portadora.
• Com a queda de Roma, o Cristianismo, já consolidado entre os bár-
baros, expandiu-se do Mediterrâneo a todas as regiões da Europa e do
Oriente.
Período Patrístico - Herança Helenísta
• A doutrina cristã desenvolveu-se, junto a outras doutrinas, entre pen-
sadores formados dentro da filosofia helenista.
• Note que o próprio Novo Testamento foi escrito no grego koiné, ao
passo que o Antigo Testamento judeu foi traduzido do hebraico e do
aramaico para essa língua de uso comum: juntos, formam a Bíblia.
• Do século I ao VIII d.C., encontramos alguns dos principais intelectuais
do período:
◦ Justino, ◦ Hipólito,
◦ Orígenes, ◦ Clemente,
◦ Tertuliano, ◦ Eusébio,
◦ Hilário, ◦ Gregório,
◦ Jerônimo, ◦ João Crisóstomo,
◦ Basílio Magno, ◦ Cirilo,
◦ João Cassiano, ◦ Ambrósio,
◦ Agostinho, ◦ Bento,
◦ Máximo, ◦ João Damasceno.
Santo Agostinho de Hipona - Biografia
• Nascido Aurelius Augustinus, era de uma família de classe média ro-
mana (decuriões) de Tagaste, onde hoje seria a Argélia; sua mãe era
uma cristã de origem árabe.
• Foi educado nos costumes romanos vigentes no Mediterrâneo da
época, estudou retórica e gramática em Cartago, e abraçou o Mani-
queísmo (seita religiosa), vivendo em hedonia.
• Viveu em concubinato e teve um filho, Adeodato, morto ainda jo-
vem; viajou a Roma como professor de retórica e fixou-se em Medio-
lano (Milão) como professor na corte imperial.
• Em contato com os intelectuais da Academia, aprofundou-se no ceti-
cismo e no neoplatonismo: a doutrina de Platão foi extremamente in-
fluente em sua filosofia e teologia.
Conversão, Bispado e Doutrina
• Influenciado por Ambrósio, Agostinho converteu-se à fé cristã em
386 d.C.
• Retornando à África, deus aos pobres todos os bens de sua família e
converteu sua casa em um monastério, onde produziu diversos ser-
mões e pregações.
• Foi ordenado sacerdote e subiu até a posição de bispo na cidade de
Hipona; morreu na mesma cidade em 430 d.C., de velhice, pouco antes
do cerco da tribo vândala.
• Suas obras mais famosas são Confissões, Do Mestre e Cidade de
Deus, nas quais expõe a visão platônica da doutrina cristã que influen-
ciou quase todo o pensamento medieval.
• Discorreu sobre o problema do mal, antigo dilema filosófico da fé
cristã: quem criou o mal? No maniqueísmo popular, havia um equilíbrio
dialético de forças (criação e destruição) responsáveis metafisicamente
pelo funcionamento do mundo.
Neoplatonismo e Cristianismo
• Na filosofia agostiniana, se Deus é o puro bem, Ele dá liberdade aos
seres humanos, simbolizada na possibilidade de acesso ao fruto proibi-
do; o que chamamos mal, portanto, é resultado da vontade humana,
exclui a presença divina e é, assim, a própria ausência do bem.
• Como filósofo platonista, Agostinho traz o dualismo ao pensamento
cristão: somos corpo e alma, somos carne e espírito, há trevas e ilumi-
nação, bem como pecado e salvação.
• Nessa adaptação, a dialética platônica, que nos retira da caverna dos
sentidos a partir da atuação pedagógica do filósofo, é substituída por
uma doutrina voluntarista baseada na fé, que nos permite a iluminação
divina e nos retira da ignorância do pecado - ou seja, a fé precede a
razão, e a segunda deve se submeter à primeira.
• O antigo inatismo de Platão é também reinterpretado: há agora o
mestre interior, o próprio Deus,que nos sussurra o verdadeiro conheci-
mento.
A Cidade de Deus
• Agostinho relaciona a necessidade de uma política mundana, que
apresenta ao cristãos malefícios como a guerra, a escravidão e os jo-
gos de poder como consequência do pecado original - o mundo carnal
está repleto de maldade.
• É nesse sentido que o autor escreveu A Cidade de Deus, de modo
a consolar os cristãos após o Saque de Roma, realizado pelos visigodos
em 410.
• Na obra, mantém-se a dualidade platônica: há a cidade dos homens,
que deve se inspirar pelas virtudes absolutas da Cidade de Deus, o que
inspira a necessidade do governo cristão.
• A obra, um compilado de mais de vinte livros, foi considerada um
marco na constituição da ideia de uma monarquia cristã e representa
um desejo, comum durante toda a Idade Média posterior, de consolida-
ção de um único governo cristão no mundo; não à toa, era considera-
da a obra favorita de Carlos Magno
Citações de Agostinho
• Sobre o tempo: “Chamamos ‘longo’ ao tempo passado, se é anterior
ao presente, por exemplo, cem anos. Do mesmo modo dizemos que o
tempo futuro é ‘longo’, se é posterior ao presente, também cem anos.
Chamamos ‘breve’ ao passado, se dizemos, por exemplo ‘há dez dias’;
e ao futuro, se dizemos ‘daqui a dez dias’. Mas como pode ser breve
ou longo o que não existe? Com efeito, o passado já não existe e o
futuro ainda não existe.” (retirado de Confissões)
• Sobre a política: “Sendo tantos e tão grandes os povos disseminados
por todo o orbe da terra, tão diversos em ritos e em costumes e tão
variados em língua, em armas e em roupas, não formam senão dois
gêneros de sociedade humana, que, conformando-nos com nossas Es-
crituras, podemos chamar de duas cidades. Uma delas é a dos homens
que querem viver segundo a carne, a outra, a dos que querem viver
segundo o espírito.” (retirado de A Cidade de Deus)

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