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Filosofia Medieval • Escolástica e Renascimento • A Escolástica Medieval • Com a pacificação gradativa da Europa e a cristianização dos povos bárbaros, a Igreja passou a ganhar certo poder político entre os séculos VI e VIII. • No fim do século IX, com a crise do Império Carolíngio, coube aos católicos o processo de educação das novas populações, cada vez mais urbanas: é a época das escolas paroquiais, epis- copais e das universidades. • Parcialmente voltada aos leigos, essas escolas dão nome à filo- sofia escolástica, e os grandes intelectuais desse período são padres acadêmicos responsáveis por compor um imenso con- junto de saberes literários, filosóficos, religiosos e científicos. • Os pensadores do período tendem a racionalizar a teologia, levando o diálogo entre a fé e a razão ao limite. • A antiga filosofia platônica é substituída por um neoaristotelis- mo, advindo dos filósofos árabes. Realismo ou Nomialismo? • A discussão filosófica mais importante do período medieval re- toma o antigo problema platônico: os universais (conceitos abs- tratos) têm existência própria ou há apenas seres particulares, que associamos a partir da experiência sensorial? • Para os realistas, existem universais imanentes às coisas. An- selmo de Cantuária e Tomás de Aquino foram realistas impor- tantes. • Para os nominalistas, existem apenas seres particulares e os universais são apenas emissões sonoras vazias (flatus vocis). Gui- lherme de Ockham e Roger Bacon foram nominalistas impor- tantes. São Tomás de Aquino - biografia •Nasceu em Aquino, no reino da Sicília, em 1225, filho de uma família de nobres italianos; consagrou-se na Ordem dos Domini- canos, a contragosto de sua família. • Estudou na Universidade de Paris e tornou-se um professor famoso, discípulo de Santo Alberto Magno. • Leu importantes filósofos árabes, como Averróis, e reabilitou a doutrina aristotélica na filosofia ocidental, conciliando-a com o Cristianismo; em São Tomás a causalidade aristotélica ganha ca- ráter religioso. • Sua doutrina, hoje conhecida como tomismo ou intelectualis- mo, estrutura uma filosofia causal auxiliadora da fé e da teologia no processo de emancipação intelectual do ser humano. • São Tomás morreu em 1274, após dias de intensa doença ocasionada por ter caído de cima do asno que montava rumo ao Concílio de Lyon; especialistas dizem que o filósofo provavel- mente sofreu uma concussão cerebral. As Provas de Existência Divina - Cinco Vias • 1ª via: Deus é o primeiro motor imóvel da realidade, dado que se toda obra se move, precisa de uma causa eficiente que lhe dê movimento. • 2ª via: Deus é a primeira causa da realidade, dado que se tudo é organizado por causalidade, necessitamos de uma primeira causa que nunca foi causada. • 3ª via: Deus é o ser necessário que fundamenta todos os aci- dentes da realidade: logicamente, nenhum de nós nem as coisas do mundo precisariam existir, e se existem, é porque depen- dem de um ser necessário. • 4ª via: Deus é a perfeição máxima que nos permite estipular graus de perfeição entre os seres: é a nossa referência; este é o único argumento platônico de São Tomás. • 5ª via: Deus representa a ordem universal das coisas: se tudo é organizado, precisamos de um governante supremo que tudo organize. “Por todos deve-se entender não apenas as coisas que, conhe- cendo, buscam o bem, mas também aquelas que carecem de conhecimento. Essas tendem para o bem por um desejo natu- ral e não por conhecerem o bem, mas porque são movidas por algo que possui conhecimento, ou seja, pela direção do in- telecto divino do mesmo modo que uma flecha se dirige para o alvo guiada pelo arqueiro.” (São Tomás, Suma Teológica) Renascimento e Revolução Científica •Naturalmente, o movimento escolástico é consequência de um processo gradual de racionalização do mundo medieval, e con- forme vai sendo superado o mundo feudal, esse processo se acentua. • Entre os séculos XV e XVI, a Itália, e posteriormente as de- mais regiões da Europa, vivem um intenso processo de laiciza- ção do pensamento filosófico e científico, fruto da abertura das universidades aos leigos, do capitalismo comercial nascente e do enfraquecimento do poder da Igreja. • Os principais frutos desse período, para a história da Filosofia, são a Reforma Protestante, o Renascimento e a Revolução Ci- entífica. Renascimento • Representa o processo de retomada da cultura clássica, fora do controle eclesiástico e distante do dogma cristão. • Realiza a transição do pensamento medieval à modernidade, retirando a direção religiosa da epistemologia, da política, das ar- tes; constitui um forte humanismo aliado ao antropocentrismo. • Enquanto que Maquiavel constitui uma política realista fora do domínio do direito divino, Montaigne reabilita o ceticismo filosófi- co e a individualidade do sujeito. • Intelectuais importantes como Shakespeare e Da Vinci fundam novas formas de perceber o próprio ser humano: surge o herói moderno, desassociado da vontade divina e a própria beleza hu- mana torna-se modelo da representação artística. Revolução Científica • Muda, também, o conceito de natureza nesse período, o que dá abertura ao nascimento da ciência moderna. • As Escrituras deixam gradualmente de ser a referência da in- vestigação científica, e aos poucos o método indutivo ganha re- levância. • Intelectuais como Galilei e Newton passam a compreender o cosmos como um conjunto de regras físico-matemáticas a se- rem descobertas e utilizadas dedutivamente em casos particula- res. • Esse fenômeno, conhecido como paradigma newtoniano, é a base para o processo de desencanto místico da realidade que funda o pensamento científico moderno.
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