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Aula 10 - Saúde do Idoso

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LIII Gleice 
MÉDICO DA USF - ACOMPANHAMENTO DO IDOSO 
 
Na legislação brasileira, é considerada idosa a pessoa que tenha 60 anos ou mais de idade. 
Envelhecimento: no nível biológico, o envelhecimento é associado ao acúmulo de uma grande variedade de danos 
moleculares e celulares. Com o tempo, esse dano leva a uma perda gradual nas reservas fisiológicas, um aumento do 
risco de contrair diversas doenças. 
Envelhecimento saudável: processo de desenvolvimento e manutenção da capacidade funcional que permite o 
bem-estar em idade avançada. 
Senescência: processo natural de envelhecimento. 
Senilidade: envelhecimento associado a doenças crônicas ou agudas que alteram o envelhecimento natural 
A senescência pode ser alterada por modificações no estilo de vida, promovendo a saúde. 
 
EPIDEMIOLOGIA 
 
O Brasil envelhece de forma rápida e intensa, segundo o IBGE. 
 
- 1991: 10,7 milhões de idosos 
- 2000: 14,5 milhões 
- 2019: >29 milhões 
- 2060: 73000000 (aumento de 160%) 
 
A OMS considera um país envelhecido quando 14% da sua população possui mais de 65 anos. O que ocorrerá em 
2035. Hoje temos 10,53% de pessoas acima de 65 anos. 
 
Alguns determinantes para o envelhecimento: 
- melhoria nas condições de vida gerais 
- aumento do acesso a serviços médicos preventivos e curativos 
- avanço da tecnologia médica 
- ampliação da cobertura de saneamento básico 
- aumento da escolaridade 
- aumento da renda 
 
 
 
Transição epidemiológica: 
- mudança dos padrões de morbidade, incapacidade e morte 
 
LIII Gleice 
- substituição de doenças transmissíveis por não transmissíveis 
 
O Brasil está passando por uma transição demográfica: 
- redução da taxa de fecundidade 
- redução da mortalidade infantil 
- gerando aumento de idosos e idosos muito idosos 
 
Repercussão para a previdência, gráfico de razão de dependência. 
 
ESTATUTO DO IDOSO 
 
O Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/2013) é uma iniciativa inovadora na garantia de direitos da pessoa idosa, fruto de 
forte mobilização da sociedade, e abrange as seguintes dimensões: 
- direito à vida 
- à liberdade 
- ao respeito 
- à dignidade 
- à alimentação 
- à saúde 
- à convivência familiar e comunitária 
 
Final da década de 90: “envelhecimento ativo: processo de otimização das oportunidades de saúde, participação de 
segurança, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida à medida que as pessoas ficam mais velhas” 
 
Envolve políticas públicas que promovam modos de viver mais saudáveis e seguros em todas as etapas da vida, 
favorecendo a prática de atividades físicas no cotidiano e no lazer, a prevenção as situações de violência familiar e 
urbana, o acesso à alimentos saudáveis e à redução do consumo de tabaco, entre outros. 
 
Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (PNSPI), portaria GM 2 528 de 19 de outubro de 2006. 
Define que a atenção à saúde dessa população terá como porta de entrada a Atenção básica/Saúde da família, tendo 
como referencia a rede de serviços especializada de média e alta complexidade. 
Principais diretrizes: 
- envelhecimento ativo e saudável 
- atenção integral e integrada a saúde da pessoa idosa 
- estimulo as ações intersetoriais 
- fortalecimento do controle social 
- garantia de orçamento 
- incentivo a estudos 
- pesquisas 
 
AVALIAÇÃO DO PACIENTE IDOSO 
Nos idosos, os objetivos de promoção de saúde e prevenção de doenças são: 
- redução da mortalidade por doenças agudas ou crônicas 
- manutenção da independência funcional 
- extensão da expectativa de vida ativa 
- melhora da qualidade de vida 
Promoção de saúde 
- ações de rastreamento (riscos e benefícios) e ações terapêuticas – “preservar a saúde e a autonomia funcional do 
idoso” 
Foco em prevenção de doença se manutenção da saúde 
- redução de morbimortalidade 
- otimizar qualidade de vida, a satisfação em viver 
 
LIII Gleice 
- manter independência e produtividade 
- 77,6% acima de 65 anos são portadores de doenças crônicas, 1/3 com mais de uma doença 
 
Com o aumento da idade: 
- predomínio de doenças crônicas e suas complicações 
- processo saúde doença diferenciado, atípico 
- incidência e prevalência de diversas doenças aumentam 
- alto índice de patologias multiplicas e crônicas 
- diminuição da capacidade funcional devido: déficits sensoriais, demência, incontinência, instabilidade e quedas, 
imobilidade, desnutrição, iatrogenia medicamentosa, isolamento social e depressão 
 
AVALIAÇÃO MULTIDIMENSIONAL DO IDOSO 
É uma ferramenta complementar à consulta. 
Avaliação de funções chave de forma ativa: 
 - visão 
 - audição 
 - função de MMSS/MMII 
 - função cognitiva 
 - humor 
 - risco domiciliar para quedas 
 - atividades da vida diária 
 - incontinência urinária 
 - perda de peso 
 - suporte social 
 
Foco em manter a autonomia e independência do paciente. 
 
Apesar de ser uma população capaz de mudar seus hábitos e usufruir dos benefícios das medidas de prevenção, 
deve-se avaliar cada caso para a ação não ser nociva aos pacientes e dispendiosas aos serviços de saúde. 
 
VISÃO 
- O envelhecimento natural está associado a uma diminuição da acuidade visual por alteração das lentes oculares, 
déficit de campo visual ou doenças de retina. 
- Questionar em consulta sobre a dificuldade para ler, assistir tv, dirigir ou desenvolver suas AVDs por dificuldade 
para enxergar. 
- Se sim, utilizar a tabela de Snellen a aproximadamente 6 metros de distância ou o cartão de Rosenbaum a 35 cm de 
distância do paciente. 
 
AUDIÇÃO 
- 1/3 dos idosos apresenta deficiência auditiva, sendo a presbiacusia (perda progressiva da audição de alta 
frequência) a causa mais frequente 
- geralmente não reconhecido pelo paciente, as vezes relatado pelo acompanhante 
- Teste de Whisper: atrás do paciente a aprox. 33 cm de distância, sussurra uma frase simples como: Qual seu nome? 
- se o teste for positivo, afastar causas obstrutivas, realizar audiometria 
 
FUNÇÃO DE MEMBROS SUPERIORES (MMSS) 
- Avaliar limitação na movimentação de ombros – casos de longa data podem determinar fraqueza muscular, 
diminuição da resistência, dor crônica, distúrbios de sono, limitações de AVDs (atividade de vida diária) 
- Avaliação de função proximal de MMSS: solicitar para o paciente posicionar ambas as mãos na parte posterior do 
pescoço 
- Avaliação distal: capacidade de exercer a função de pinça digital 
 
 
LIII Gleice 
FUNÇÃO DOS MEMBROS INFERIORES (MMII) 
- Afastar problemas de mobilidade e risco de quedas – avaliar problemas de sensopercepção, déficit cognitivos ou 
doenças osteomusculares 
- TUG – Timed up and go 
 
ESTADO MENTAL 
Indicador sensível: perda de memória recente e habilidade de cálculo (rastreio) 
- Folstein mini mental 
- Teste do relógio: avaliar erros, hora errada, ausência de ponteiros, números errados, repetição de números ou 
recusa em fazer o teste 
- Perdas funcionais e psicossociais que acompanham o envelhecimento podem resultar em depressão, transtorno 
mental mais comum em idosos. 
- Você frequentemente se sente triste ou desanimado? – se sim, aplicar escala de depressão geriátrica 
- Avaliar uso de álcool, medicações e diagnósticos diferenciais (causas orgânicas) 
 
Doença orgânica é uma doença que ocorre devido a uma perturbação ou alteração de um órgão. São doenças que 
não se natureza mental, como esquizofrenia, por exemplo. Exemplo de doenças orgânicas: neoplasias, infarto, 
arritmias, doenças cardíacas, etc. 
 
RISCO DE QUEDAS 
- Aproximadamente 30% dos idosos caem anualmente, sendo a incidência de quedas em idosos acima de 80 anos 
em torno de 50% 
- Etiologia multifatorial: mudanças posturais relacionadas a idade, déficit visual, uso de medicações, doenças que 
afetam coordenação e força muscular 
- Presença de escadas inadequadas, má iluminação, tapetes soltos, fios elétricos, cacos de ladrilhos no chão, 
calçados inadequados, ausência de corrimãos, piso escorregadio 
- Investigare tratar riscos/realizar avaliação anual de quedas 
- 25 a 75% de idosos que sofreram fratura de quadril não recuperam seu estado funcional pré-fatura 
 
FATORES DE RISCO PARA QUEDAS: 
- história de queda 
- fraqueza muscular em MMII 
- idade > 80 anos 
- gênero feminino 
- déficit cognitivo 
- problemas de equilíbrio 
- uso de psicotrópicos 
- osteoartrose 
- história de AVC 
- hipotensão ortostática (queda da pressão na mudança de decúbito) 
- queixas de tonturas 
- anemia 
 
ATIVIDADES DA VIDA DIÁRIA 
- Relacionado a aumento de risco de quedas e institucionalização 
- Avaliação de necessidade de apoio ou suporte social 
 
Funções básicas: 
- banho (ele consegue tomar banho sozinho?) 
- alimentação (ele consegue fazer sua própria comida?) 
- vestimenta (ele consegue escolher a roupa, fechar o botão da camisa?) 
- ir ao banheiro 
 
LIII Gleice 
- locomover-se, caminhar 
 
Alterações agudas frequentemente são sintomas de doenças, cujo tratamento ajudaria a reestabelecer a função. 
 
INCONTINÊNCIA URINÁRIA 
- Em torno de 30% dos idosos não institucionalizados apresentam IU e a maioria não relata em consulta médica 
- Questionar: Você já perdeu urina ou sentiu-se molhado? 
- Repercussão emocional e social 
 
ESTADO NUTRICIONAL 
- Desnutrição relacionada a aumento de morbidade, permanência hospitalar prolongada, readmissão mais 
frequente, suscetibilidade a úlcera por pressão e aumento da mortalidade 
- Avaliar problemas médicos, sociais ou emocionais 
- Aferição de peso em consultas, regularmente: 
 perda de peso > 5% em 1 mês ou 10% em 6 meses é significativa 
 
SUPORTE SOCIAL 
- Identificar cuidadores ativos ou em potencial. Compreender a rede social do paciente para caso de incapacidades 
ou emergências. 
Eu tenho que enxergar o paciente em um contexto, no território, na casa, na família. Esse idoso tem filhos? Tem 
alguém que cuida dele? Como é a sua vida financeira? 
 
IDOSO COM MÚLTIPLAS MORBIDADES 
- Apresentação atípica de doenças como perda de apetite, quedas, confusão mental, letargia, tontura, incontinência, 
que podem representar doenças que em jovens não têm sintomas clássicos 
- Necessário avaliação compreensiva para identificar e tratar as causas subjacentes no manejo do indivíduo com 
numerosas doenças 
 
PROCESSO CENTRADO NO PACIENTE 
- Cuidado orientado para seus objetivos, de acordo com seus riscos, condições e prioridades, não pela doença 
- Adesão do paciente ao tratamento, mudança de hábitos, atividades físicas ou outras decisões médicas são 
manifestações do seu desejo e capacidade para atingir um objetivo. Avaliar o foco do paciente (adianta eu falar pro 
paciente de 80 anos que fumou a vida toda que ele tem que parar de fumar?) 
- Além de usar estudos baseados em evidencias, é necessário considerar os múltiplos problemas de cada indivíduo. A 
escolha da abordagem deve refletir as preferências e metas do paciente, o prognostico, os múltiplos problemas e 
síndromes geriátricas e a viabilidade de cada decisão tomada. 
 
Considerar Prognóstico x intervenção 
- A idade não pode ser o único determinante para muitas intervenções e todo tratamento e proposta de medidas 
deve ter como principal meta preservar funções e melhorar a qualidade de vida 
Avaliar quais as prioridades ou necessidade mais imediatas 
- tratamento de processo infeccioso superposto 
- controle de descompensações/sintomas 
- insuficiência cardíaca descompensada 
- DPOC 
- asma 
- DM descompensada 
- exacerbações de AO (osteoartrose) 
 
Fatores que influenciam a adesão ao tratamento: 
- medicações (quantidade de comprimidos por horário) 
- número de tomadas 
 
LIII Gleice 
- custo (não adianta prescrever uma medicação que é 2 mil reais e não tem no SUS, não é acessível) 
- déficit de memória – não lembra da consulta (idoso que mora sozinho começa a fazer confusão com os remédios) 
- déficit cognitivo 
- conflito com desejo do profissional de saúde (não adianta você querer A e o paciente querer B, você vai prescrever 
coisa que não vai ser seguida) 
 
PAPEL DO MFC NO CUIDADO DO IDOSO 
- Prevenção de doenças 
- Diagnóstico correto e plano de tratamento 
- Reduzir risco de fragmentação do cuidado (avaliação por múltiplos especialistas), integralidade (o paciente fica 
perdido nos especialistas, ninguém pega todas as receitas e organiza, às vezes o paciente tem o mesmo exame 
pedido por mais de um médico, algumas vezes o paciente leva resultados de exames pra você e nem foi você que 
pediu) 
- Gestão do caso – organização do cuidado – comunicação entre os profissionais (quando necessário a gente pode 
conversar com esse outro profissional que está cuidando do meu paciente) 
- Evitar medicação ou intervenção que provoque dano 
- Suspensão do que não for necessário 
- Busca de intervenções que melhorem a qualidade de vida 
- Considerar que o processo é dinâmico, podendo mudar as expectativas, as condições e os objetivos (hoje estou 
tratando o meu idoso e o foco é controlar a hipertensão, daqui a 2 meses o meu foco pode ser retirar medicamento 
hipertenso porque meu paciente virou nefropata) 
- Avaliar melhorar lugar e equipe para o cuidado do idoso com multimorbidade (lembrar que o MFC trabalha em 
equipe) 
 - discutir caso com equipe multidisciplinar, considerando paciente e familiar/cuidador 
 - discutir melhor plano de tratamento, assim como acompanhante (PTS, projeto terapêutico singular) 
 - ambiente para avaliação favorável (temperatura, ruídos, luminosidade). Atendimento em consultório, domiciliar, 
enfermaria.

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