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Resumo Política Externa Brasileira - Ditadura Militar a Redemocratização

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A política externa dos governos militares
Bibliografia geral: Gonçalves, Williams da Silva e Miyamoto, Shiguenoli. Os militares na política externa brasileira: 1964-1984.
· O golpe de 1964 foi motivado pela especulação acerca da esquerdização do governo de João Goulart.
· Ele marcou o início de uma nova fase: dos militares exercendo o poder de Estado.
· Sua orientação político-diplomática pautava-se nas ideias difundidas pela Escola Superior de Guerra e a ideia mater era transformar o Brasil em uma grande potência mundial.
· O projeto geopolítico era inserir o Brasil na estratégia de defesa do Ocidente.
· Primeiro, os norte-americanos precisavam perceber a importância do Brasil para a estratégia de confronto com o comunismo. Logo, eles deveriam promover o fortalecimento da economia brasileira e suprir as carências nacionais em defesa.
· Embora, o Brasil afirmasse que não era possível se opor à hegemonia norte-americana sobre o hemisfério, este reconhecimento não significava completa sujeição aos interesses dos estadunidenses.
· A ideia era deslocar a assimetria característica da relação com os EUA a favor do Brasil, transformando este no aliado preferencial. A partir dos investimentos norte-americanos no desenvolvimento e no sistema de defesa nacionais, os Estados Unidos se beneficiariam da aliança com o Brasil.
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→ Governo Castelo Branco ← 
· A política externa independente dos governos Jânio/Jango era antagônica ao projeto dos governos militares. Logo, no início do governo Castelo Branco, devido à forte participação da opinião pública, o apelo para reverter a abordagem de política externa foi caracterizada por forte emocionalismo. No entanto, passada a ressaca do golpe, esse discurso emocional cedeu lugar a uma postura mais racional de defesa dos interesses nacionais.
· Reaproximação com os EUA
· Escola Superior de Guerra - Conselho de Segurança Nacional
· Reconhecimento da bipolaridade no sistema internacional e alinhamento ao bloco ocidental em prol de sua estratégia de segurança e desenvolvimento
· Condicionamento assimétrico à hegemonia norte-americana - a segurança coletiva 
· Rompimento das relações com Cuba haja vista o reconhecimento dos EUA deste como um regime comunista e antagônico no hemisfério - disposição de LBJ de envio de capitais ao Brasil
· Resistência à integração latino-americana - afinidade com os EUA e apreensão dos demais Estados do Cone Sul
· Aliança com o Paraguai pela Ata das Cataratas - resolução de questões fronteiriças
· Adesão à Força Interamericana de Paz de intervenção na ilha de São Domingos, em correspondência com a acusação dos EUA de conspiração com o regime de Fidel Castro. Então, o Brasil assumiu a dianteira da intervenção no âmbito da América Latina - necessidade de afastar os EUA da unilateralidade em intervenção sobre o continente
· A Guerra do Vietnã
· A relação com Portugal e o interesse no continente africano
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→ Governo Costa e Silva ← 
· Revisão dos ganhos com a Aliança para o Progresso e o contexto internacional como um todo
· Necessidade de adequação aos interesses nacionais: “diplomacia da prosperidade”
· Priorização do desenvolvimento, acima da segurança coletiva
· Desenvolvimento como um processo endógeno - descrença em relação à ajuda externa para o projeto
· Obstáculos ao projeto nacional
· Afirmação da soberania e promoção do desenvolvimento
· Descaracterização da bipolaridade e clivagem Norte-Sul (UNCTAD e G77)
· Expansão da base econômica ligada aos foros multilaterais 
· Críticas de Araújo Castro ao sistema internacional, hierarquizado, sobretudo na imagem do Conselho de Segurança
· Livrar-se dos entraves ao poder nacional: não assinatura do TNP
· Tratado do México: não proliferação de armamentos X produção de tecnologia nuclear
· Relações com os EUA - progressivo resfriamento, dados os desacordos entre os interesses nacionais
· Dificuldades econômicas e comerciais travadas pelos EUA (ímpeto norte-americano de contenção da independência de países frente ao seu poder hegemônico)
· Relação com Portugal: continuidade do posicionamento de Castelo Branco de estreitamento das relações e apoio à repressão dos movimentos nas colônias africanas (conter o avanço do comunismo)
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→ Governo Médici ← 
· Final do governo Costa e Silva marcado por uma crise político-ideológica dentro do instituição militar, a qual recebeu esforços para sua preservação diante da nomeação de Médici
· Tendo o aval da instituição como um governo de união dos militares, Médici perseguiu com mais tenacidade o objetivo de transformar o Brasil em uma potência. Logo via-se a necessidade de manter o crescimento econômico logrado nos anos anteriores
· O desenvolvimento passou a ser visto como resultado da interação dos fatores internos e de maneira individual. Em outras palavras, a multilateralidade entre os demais países subdesenvolvidos, no caminho para a superação dos obstáculos impostos pelos países desenvolvidos, deu lugar para a “diplomacia do interesse nacional”, na qual as relações eram bilaterais
· Essa inflexão partia do entendimento de que o Brasil se distanciava dos demais países subdesenvolvidos em razão de seus altos índices de crescimento econômico. Diante disso, almejava-se a participação no centro de decisão da política mundial
· Diplomacia do interesse nacional: defesa da mudança das regras de convivência internacional; defesa da participação política na comunidade internacional em detrimento do crescimento econômico; posição de solidariedade com os países em desenvolvimento e política externa de cooperação com estes
· Otimismo ancorado no milagre econômico
· A reação latino-americana foi de desconfiança, sobretudo pela ênfase na narrativa de ocupação do território nacional, entendida como um requisito para o fortalecimento do poder nacional
· Eleição de Allende no Chile (1970): tensão para os norte-americanos e latino-americanos conservadores em razão do surgimento de uma tendência marxista que ameaçava a estabilidade e a segurança no hemisfério
· Preocupação com o equilíbrio de poder na região e a possibilidade de uma intervenção armada do Brasil aliado aos EUA (we know that as Brasil goes, so will go the rest of that Latin America continent, Nixon)
· Acusação de conspiração dos militares brasileiros no golpe sobre o governo chileno de Allende em 1973
· Estreitamento das relações com o Paraguai: Tratado de Itaipu, assinado em 1973, previa o aproveitamento hidrelétrico do rio Paraná, por meio da construção de uma usina em regime de consórcio → Desconfiança da Argentina sobre as pretensões brasileiras em alterar o equilíbrio de poder regional
· Negociação da abertura comercial para novos mercados e aproximação dos países fornecedores de tecnologia e matérias-primas essenciais ao funcionamento do parque industrial brasileiro 
· Instalação de embaixadas nos países exportadores de petróleo, haja vista sua relevância dada a quantidade de petróleo importado pelo Brasil e a quantidade de commodities exportadas
· Aumento do vínculo comercial com o continente africano, partindo do princípio de que possuíam similaridades históricas e culturais. Além de mercado para exportação, o interesse do Brasil na África derivava da concepção geopolítica de que o Atlântico Sul é vital para a segurança do Estado brasileiro. 
· Por isso, era essencial um bom relacionamento com Portugal e África do Sul. Para os militares brasileiros, os movimentos de independência das colônias portuguesas e o de anti-apartheid dos sul-africanos eram peões do expansionismo soviético (necessidade de segurança no Atlântico Sul)
· Ampliação do mar territorial para proteger os depósitos de petróleo e os interesses pesqueiros. Tal justificativa não convencia os norte-americanos de que não era uma política de poder por parte do Brasil. No entanto, o Brasil não possuía aparato bélico paraimpor controle aeromarítimo e nem desafiar a hegemonia hemisférica norte-americana. Por outro lado, esse posicionamento expressava a vontade de aumentar o grau de independência no sistema internacional
· O nacionalismo militar, buscando patamares mais elevados de desenvolvimento e independência, deslocava o relacionamento com os EUA para bases mais realistas e competitivas
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→ Governo Geisel ← 
· O otimismo relativo ao crescimento econômico acelerado era ameaçado por contradições internas e pelo contexto internacional.
· Internamente, o projeto político de Geisel visava uma distensão do regime autoritário, por meio de medidas graduais de liberalização para o retorno efetivo da democracia.
· No plano internacional, a rivalidade se deslocava do eixo Oeste-Leste para Norte-Sul, uma vez que os interesses do movimento do Terceiro Mundo se consolidavam em forças políticas. 
· O Choque do Petróleo impactou diretamente interesses vitais do Brasil, tendo em vista sua debilidade energética e sua falta de acesso aos centros decisórios do sistema financeiro internacional. Diante disso, houve uma revisão da estratégia político-diplomática brasileira, saindo do bilateralismo que isolava o país no cenário internacional, e assumindo um caráter mais multilateral pela aproximação com o Terceiro Mundo. 
· Em linhas gerais, pode-se definir a política externa brasileira como pragmática e responsável, pois além de defender seus interesses na busca por maiores possibilidades no mercado mundial e na política internacional, essa estratégia mantinha-se fiel aos valores do povo brasileiro.
· Entende-se que houve uma secundarização do CSN no processo decisório da política externa brasileira frente ao Itamaraty. Isso pode ser visto pelo restabelecimento das relações com a China (o que demonstra uma convergência do Brasil com a teoria terceiro-mundista difundida pelos chineses, os quais possuíam grande influência política). Além disso, o reconhecimento da independência da Angola em 1975 garantiu ao Brasil uma posição de destaque no Terceiro Mundo.
· A Nova Política Africana do Brasil era embasada não só nos interesses econômicos no continente, bem como na projeção política do país. Isto é, a defesa de Angola feria as relações com os EUA, uma vez que aquela possuía tendências socialistas. Além disso, o Brasil condenava o apartheid na África do Sul. E diante do conflito árabe-israelense, o governo brasileiro condenou o sionismo israelense e defendeu a construção do Estado-Nacional da Palestina.
· O Projeto Nuclear Nacional tinha defensores e opositores. A defesa girava em torno da possibilidade de autonomia tecnológica, uma vez que o Tratado do México firmava o compromisso brasileiro contra a produção de armas nucleares. Além disso, tinha-se a pacificação mundial como um compromisso que cabia às grandes potências.
· As relações com os EUA também foram abaladas a partir do governo de Jimmy Carter, o qual em defesa dos Direitos Humanos, condenava o autoritarismo de esquerda e de direita. Além das tensões políticas, havia também tensões econômicas. Porém o Brasil lidou com estas de modo a se aproximar com a Europa Ocidental e com o Japão (reflexo do seu pragmatismo).
· No que tange o continente sul-americano, havia um dilema entre a defesa de fronteiras e a cooperação continental.
· O Tratado de Cooperação Multilateral na Amazônia reflete o caráter multilateral da política externa brasileira. Ele incluía os países que incluem parte do bioma em seu território, em busca do desenvolvimento e da sobrevivência da Amazônia.
Bibliografia adicional: SPEKTOR, Matias. Origens e direção do Pragmatismo Ecumênico e Responsável (1974-1979)
· Anúncio da flexibilização das estruturas autoritárias sob o seu regime e do “pragmatismo ecumênico e responsável” que orientaria a PEB
· PEX de Geisel: movimento de crescente independência, autonomia e flexibilidade em relação aos estreitos limites impostos pela estrutura do sistema internacional da Guerra Fria
· O Brasil se livrava do alinhamento automático aos EUA
· O pragmatismo era uma expressão da tentativa brasileira de ganhar maior espaço de manobra no sistema dominado pelas grandes potências
· Possibilidade de mudança, dado o declínio relativo da capacidade militar dos EUA em relação à URSS; a incorporação da China ao equilíbrio de poder global; a força dos países da OPEP; o movimento de descolonização na África e na Ásia; a guerra do Vietnã; a emergência da Europa e do Japão em termos de poder econômico
· Pragmatismo: aproximação da PEX ao projeto normativo de tradições realistas de política internacional: a noção de que o país movia-se em um sistema cujas partes estão estrategicamente interconectadas
· Crença refletida em atitudes políticas concretas, de que o país podia transcender suas circunstâncias históricas, melhorar seu posicionamento relativo na estrutura internacional de poder e ganhar mais responsabilidade e autoridade no cenário internacional
· Adoção da ética da prudência e da autocontenção e o abandono de posturas absolutas em relação aos EUA
· Inovação do pragmatismo: mudanças no tratamento de vínculos com os principais relacionamentos do país (EUA, Bacia do Prata, países andinos, Europa, África, Oriente Médio, China e Japão) e novos posicionamentos na OEA e na ONU
· Cenário internacional de transformações na estrutura internacional de poder permitindo a projeção de países em desenvolvimento; circulação de ideias inovadoras sobre a capacidade destes países frente às grandes potências (econômicas e políticas - habilidade do Terceiro Mundo de introduzir uma agenda global de justiça redistributiva e reforma do ordenamento econômico internacional)
· Cenário nacional: criação de mercado interno em massa e crescimento econômico sem aumento da desigualdade de renda → estratégia de responsabilidade do Estado e das empresas estatais no compromisso com o crescimento e desenvolvimento industrial brasileiro
· Declínio da relevância dos EUA e da Europa na pauta de exportações brasileiras e aumento das relações comerciais com Ásia e África
· Debate entre mercantilismo e o crescimento orientado pelas exportações, e dependentismo e a reprodução de desigualdade históricas que dificultam o desenvolvimento pleno dos países periféricos
· Participação brasileira no comércio internacional era, para o Itamaraty, um instrumento de asserção nacional
· Ênfase ao pacifismo, não-intervencionismo, autodeterminação e segurança coletiva
· Abordagem revisionista da PEB
· Crítica à coexistência pacífica e à política de controle de armamentos por dividir o mundo em esferas de influência e congelar a estrutura de poder mundial, impossibilitando as nações menores de alcançar seus projetos nacionais
· Propósito brasileiro de neutralizar os elementos que viessem a obstaculizar o potencial brasileiro, o qual reside na habilidade para manipular o sistema internacional em seu favor
· Capacidade da diplomacia brasileira de tirar proveito da interdependência entre as nações (lógica de diversificação de mercados, de resistência em associar-se ao movimento dos não-alinhados e da valorização à ordem e à justiça
· Crise do Petróleo: escurecimento das perspectivas do modelo econômico e incerteza sobre a viabilidade do regime autoritário → possibilidade de vincular à PEX à frente do projeto político em 1974
· PEX como uma das ferramentas para ganhar controle sobre as facções militares rivais e angariar apoios da opinião pública nacional
· Geisel e Azeredo da Silveira: para este, a posição relativa de uma nação dependia mais de seu prestígio na sociedade internacional do que de sua força militar (o poder como um atributo social, sustentado por peso econômico)
· A importância das normas, acordos, tratados e convenções internacionais estava atrelada à possibilidade de agregar valor à direção geral do interesse nacional
· PEX: 1) processo decisório para fortalecer seu controle pessoal sobre seus colegas militares, para ganhar a batalha contra a linha dura (restabelecimentocom o mundo socialista e defesa dos movimentos independentistas na África e na China); 2) exposição dos projetos internacionais à mídia e à sociedade civil (fim da censura à imprensa); 3) fomentar o consenso entre as facções da cena política (conservadores e esquerdistas)
· Relação estreita entre Geisel e Silveira, atribuindo ao CSN apenas a função de ritualizar decisões já tomadas pelos dois
· Pragmatismo: agenda não limitada à luta anti-comunista e diálogo com regimes marxistas
· Ecumênico: abertura de fronteiras em regiões anteriormente ignoradas
· Responsável: sem ameaças à continuidade do regime militar (China e URSS sim, porém Cuba não)
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→ Governo Figueiredo ← 
· Iniciado em 1979, no mandato de Figueiredo deveria ocorrer a última etapa da abertura política
· Em termos de política externa, ela se manteve no mesmo curso de Geisel. Talvez, possa se dizer que houve uma diplomacia menos secreta e com um diálogo mais aberto com o Congresso Nacional
· O pragmatismo se consolidava enquanto uma estratégia articulada e coerente
· A linha básica da PEX era o universalismo: adaptação à tendência à mundialização do sistema internacional. Diante da ambivalência do Estado brasileiro, essa adaptação era necessária para promover um diálogo entre a parte integrante do Terceiro Mundo e a outra inserida no Ocidente
· América Latina (Argentina) era prioridade da pauta universalista brasileira, de modo que viagens periódicas ocorreram para dar continuidade às diretrizes aplicadas anteriormente
· A guerra das Malvinas: quando o governo Argentino decidiu recuperar a soberania sobre as ilhas. No entanto, esta não recebeu o apoio que pensou que receberia dos EUA, tendo em vista a aliança anticomunista, devido ao elo entre EUA e Inglaterra na OTAN
· Inoperância dos instrumentos políticos que comprometiam os EUA com a América Latina se outras potências estivessem envolvidas. Diante disso, a não ser que houvesse um ataque soviético/comunista, a segurança coletiva do continente estava à mercê das conveniências políticas norte-americanas
· Exposição das fronteiras ideológicas - desfez-se a ilusão da defesa continental com o aval dos EUA e fez-se necessária uma proteção no Atlântico Sul à altura da importância que os militares atribuíam
· Situação de impotência instrumental, sócio-econômica e militar do Brasil
· Instrumental: falta de equipamento moderno
· Sócio-econômica: baixos índices de integração social e alta dependência de suprimentos externos de petróleo (condicionalidades do sistema financeiro ocidental)
· Militar: despreparo das Forças Armadas concentradas em funções policiais contra-insurgências
· Dificuldades na manutenção de vínculos entre os países latino-americanos que favoreçam o desenvolvimento, sobretudo da relação entre estes com os EUA
· Preocupação com o comportamento futuro dos EUA devido à nova orientação de sua política internacional (fracasso da política de DHs do governo Carter)
· Reagan e o retorno à guerra fria, com reafirmação da bipolaridade → Profundo golpe nas expectativas para o diálogo Norte-Sul e desqualificação política do Terceiro Mundo
· Brasil e EUA
· Diplomatas brasileiros: relatavam o descaso com que a estratégia hegemonista norte-americana comtemplava seus projetos de potênciação do poder nacional
· Militares brasileiros: ressentiam das barreiras que impediam o prosseguimento da discussão de uma nova ordem econômica internacional
· + Pendências econômicas e de tecnologia nuclear = distanciamento das relações entre Brasil e EUA
· Foco na cooperação com a América Latina, com vistas à formação de um anteparo consistente à política ofensiva de Reagan
· Redefinição das relações com a Argentina: neutralidade do Brasil sobre a guerra das Malvinas e aproximação maior com o governo de Alfonsín rumo à redemocratização
· Priorização das relações com a África, concentrada em cultivar mercados consumidores e liberar a rota do Cabo de bloqueios que pudessem prejudicar o consumo nacional de petróleo
· Aprofundamento da política africana do governo Geisel: novas embaixadas
· Vertente terceiro-mundista do universalismo estendeu ao Oriente Médio, fortalecendo as relações com os países da OPEP e clientes do equipamento bélico produzido nacionalmente
· Na Ásia, as identificações políticas e o comércio e cooperação técnico-científico cresciam em relação à China + boas relações com o Japão
· Esvaziamento do relacionamento condescendente e paternalista com as potências ocidentais
· Poder de fala e de contribuição nacional com linhas de coincidência que tocam temas essenciais e são discutidas a partir da aceitação dos valores e interesses nacionais
Bibliografia adicional: FERREIRA, Túlio Sérgio Henriques. A ruína do consenso: a política exterior do Brasil no governo Figueiredo (de 1979 a 1985)
· Processo de redemocratização e novos arranjos de poder político, econômico e social
· Reta de final de liberalização e retorno do poder às mãos dos civis; limites ao projeto de desenvolvimento nacional devido a abalos na conjuntura internacional
· Resposta ao cerceamento dos mercados financeiro e comercial por meio do universalismo
· Projeto de potência acordado entre os militares e a necessidade de ampliar as fronteiras (desenvolvimento econômico e construção do espaço de autonomia nacional)
· Busca de mercados não convencionais e contrapostos ideologicamente aos pressupostos do Estado autoritário justificada pela prioridade de conseguir insumos ao desenvolvimento
· Universalismo: reavivar multilateralismo para superar a crise
· Lógica ecumênica: continuidade do modelo de desenvolvimento, por meio da busca de fontes alternativas de conexões internacionais (aproximação da América Latina, África, Ásia e Oriente Médio, diálogo com países socialistas da Europa Ocidental) → Impossibilidade de ruptura com o modelo de Geisel
· Escolha de Guerreiro para chanceler, a partir do viés ideológico de posicionamento em relação ao universalismo
· Ambivalência: busca por integração no Terceiro Mundo e por inserção no Ocidente desenvolvido (compartilhamento de valores)
· “A confiabilidade da política externa de uma potência intermediária exige, além de um adequado relacionamento diplomático e da coerência, a solidez de um consenso interno”
· Busca do consenso pela política externa, objetivando integrar as massas e superar as ideologias antagônicas das lutas partidárias
· “Procuramos fazer que a atividade diplomática sirva de ponto de união de brasileiros, de coesão política e social, e não a interesses localizados e transitórios”
· Conciliação assimétrica entre os atores - o consenso serviria para reforçar o poder daqueles que já o detinham
· O processo de redemocratização: fortalecimento do consenso relativo aos anseios da nação, se tal fosse conseguido num quadro de amplas franquias democráticas
· Desenvolvimento associado com a prevalência das relações com os EUA e desenvolvimento autônomo
· Parceria Seletiva: estratégia cabível ao Brasil dado o contexto de relativo enfraquecimento da liderança político-ocidental, de polarização do problema energético e pelo neoprotecionismo
· Maior integração no processo decisório, de modo a não marginalizar o Itamaraty das grandes decisões da nação
· PEX de Figueiredo: de solidariedade com o Terceiro Mundo, de silêncio em relação às atitudes do Segundo Mundo e de reivindicações em relação ao Primeiro Mundo
· Ligação com o Primeiro Mundo por interesses culturais, políticos e econômicos, de modo a garantir a sobrevivência do Brasil como um país livre, próspero e democrático
· Posicionamento de Guerreiro frente às críticas ao universalismo: alinhamentos rígidos aumentam a fragilidade do mais fraco
· Países sedentos por crescentes superávits comerciais não podem escolher com quem comerciar
· Teoria que permeia o jogo político: haja vista o dissenso no interior das estruturas burocráticas
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A política externa do governo Sarney
Bibliografia: CORRÊA,Luís Felipe de Seixas. “A Política Externa de José Sarney”
· Transformações no Brasil, pela dissolução do autoritarismo desde o início da década de 1980
· Sarney, em seu mandato, orientou a transição política, conduziu a Assembleia Nacional Constituinte e assegurou a limpidez democrática das eleições presidenciais em 1989
· Ainda, da reincorporação plena do Brasil nos foros internacionais com capacidade de diálogo no concerto mundial
· Internamente: quadro de crise econômica, pelo esgotamento de um modelo de crescimento estatizante e baseado na substituição de importações; em face a um mundo em crise (contradições entre liberal-capitalismo, social-protecionismo europeu e marxismo), e uma América Latina sob os efeitos da década perdida e com dificuldade de executar uma política consistente com o problema da dívida externa
· Agenda política vasta e pressões internas e externas para transformação das estruturas remanescentes do autoritarismo e resolver as demandas sociais e políticas
· Pacto político pela estabilidade: contenção do conflito social e ideológico patente na mobilização popular e no esgotamento do modelo econômico
· Legitimidade pela reforma legislativa concretizada pela convocação da Assembleia Constituinte em 1986 e pelos esforços de ajuste econômico em termos teóricos
· Plano Cruzado: necessidade de ajustes da estrutura da economia brasileira, evidenciado as dificuldades e divergências no quadro político brasileiro
· Linhas mestras do governo Sarney: reforma política e ajuste econômico
· Condicionantes à reinserção do Brasil no cenário internacional, sobretudo com seus principais parceiros
· Democracia: permeabilidade do país às pressões internas e externas
· Reforma econômica: busca por parceiros multilaterais e bilaterais, como mecanismos de inserção e cooperação, dando vazão ao esgotamento do modelo de substituição de importações e à perda de competitividade que arriscavam a marginalização do país diante das novas tendências da economia mundial
· Os governos militares:
· Castello Branco: alinhamento aos EUA com objetivo de valorizar o papel estratégico do Brasil e o projeto de desenvolvimento do país
· Costa e Silva: identificação com causas nacionalistas matizando a relação com os EUA mediante sua autonomia, sobretudo no assunto nuclear
· Médici: segurança nacional tratada de maneira dogmática, privilegiando a aliança com os EUA
· Geisel: recuperação da relação com o mundo árabe, devido à crise do petróleo; pragmatismo responsável (África e Ásia) e certo distanciamento dos EUA (Carter e DHs)
· Figueiredo: continuidade e aprofundamento das relações com a Argentina e da cooperação bilateral
· Celso Lafer: a democracia permitindo ao país colocar, pela voz e pela presença de seu presidente, em nova dimensão e com mais força de atração os interesses nacionais nas mais altas instâncias da discussão bilateral e também nos foros multilaterais
· O presidente demonstrava gosto pelas questões diplomáticas, acompanhando e orientando o trabalho no Itamaraty (Assessoria Pessoal e direta para questões internacionais)
· Externamente:
· América Latina: período de redemocratização (1985-1990); quadro generalizado de crise → consonância no regime democrático permitiu debates para associação e integração; década perdida e os percalços econômicos e sociais 
· Grupo Rio e Grupo de Apoio a Contadora: superação da imagem brasileira na região durante o período militar → Brasil passa a exercer um papel mais efetivo na política regional (canais autônomos de ação diplomática para debate de questões regionais sem a influência dos EUA)
· Reatamento com Cuba, em 1986, devido à pretensão brasileira sobre o cenário regional. No entanto, a intuição política de Sarney evitou que o reatamento se materializasse em situações de constrangimento
· Inovação e continuidade equilibradas por habilidade do presidente
· Argentina: reformulação do relacionamento entre os dois países para superação das rivalidades e da desconfiança e construção de um espaço de entendimento democrático e de integração econômico (germe do Mercosul)
· Esforços mútuos dos governos de Sarney e Alfonsín no reconhecimento do outro como fator para a estabilidade política e a transformação econômica 
· (1988 - Tratado para o Mercado Comum
· Democratização e crise econômica no plano internacional: mudança no relacionamento entre as duas superpotências (sensibilidade brasileira aos incentivos gerados pela disputa entre os dois blocos de poder)
· Esgotamento da URSS 
· Aceleração da tendência à formação dos blocos econômico-comerciais
· Competições econômica, comercial e tecnológica (alteração da lógica no equilíbrio de poder: de militar para competitividade)
· Abertura comercial norte-americana benéfica aos países em desenvolvimento para exportação 
· Agenda de política externa multilateral também em temas: direitos humanos, narcotráfico, não-proliferação, meio ambiente, imigração, terrorismo, crises regionais, democracia
· Desafio brasileiro em integrar as variáveis internas e externas, extraindo as oportunidades abertas pelas transformações ocorridas no Brasil e no mundo, sem incorrer em uma ruptura com o patrimônio diplomático consolidado
· Equilíbrio personificado na figura de Sarney, haja vista suas aptidões intelectuais e políticas, importante para a consolidação da PEB e para a inserção do país no mundo, mediante às adaptações necessárias
· Projeção global usando de valores da democracia para sustentar princípios e objetivos de ação (superação das desconfianças e desimpedimento de canais de comunicação)
· A área dos DHs: alteração do status do Brasil diante da Convenção Interamericana de Direitos Humanos e do Pacto de Direitos Humanos das Nações Unidas (adesão em 1985) - apesar do processo de ratificação, as adesões são marcos da cooperação entre Brasil e organismos governamentais e não-governamentais internacionais (democratização e transparência em face à opinião pública interna e internacional)
· Relação Brasil-EUA clivada de questões de natureza comercial e ameaçada pela questão da dívida externa
· Condicionalidades macroeconômicas: abertura comercial, redução do papel do Estado na economia, controle do déficit público
· Estratégia comercial: necessidade de progredir mas respeitar o tempo do processo decisório do regime democrático; política de encapsulamento dos problemas comerciais para não contaminar outras áreas de relacionamento
· Tensão: inclusão do Brasil em listas de retaliação comercial, anúncio da moratória em 1987
· Objetividade da relação no âmbito político para não contaminar o conjunto das relações - Brasil com espaço reduzido nas preocupação norte-americanas no hemisfério
· Expectativas de Sarney na relação com os EUA → frustração pela incompreensão do governo norte-americano sobre o caminho da transição brasileira e pela incapacidade em sinalizar políticas claras de cooperação
· Apesar das dificuldades da moratória da dívida externa, foi possível promover entendimentos tanto com a Europa Ocidental quanto com o Japão
· Importância do fluxo de investimentos europeus percebida por Sarney, cuja estratégia foi de sensibilização e mobilização dos setores europeus com interesse no Brasil. Além disso, as relações bilaterais com o Japão eram vistas como de alta prioridade
· Retração de investimentos externos e contração de vários mercados de exportação, devido às condições da economia internacional, mas também ao cenário interno: incertezas sobre a instalação da Assembleia Constituinte e o surgimento de tendências mais protecionistas e nacionalistas acerca da indústria
· Possibilidade de isolamento do Brasil devido à imobilização causada pela moratória. Logo, Sarney, na gestão de Maílson da Nóbrega, autorizou as negociações com Bancos. Em seu discurso, ele afirmava que isso era um ato de flexibilidade por parte do Brasil, o qual merecia uma contrapartida dos credores com atitudes e políticas positivas
· A recuperação da credibilidade do Brasil no plano multilateral foi possível por essas linhas de política bilateral
· Complementaçãocom o universalismo pelo retorno do Brasil ao CSNU, dando ao país a oportunidade de participar do processo decisórios de questões importantes para o desenvolvimento da nova ordem mundial
· Reinserção do Brasil nos fóruns de política multilateral → O tratamento internacional do problema ambiental: em Estocolmo, em 1972, seguindo a onda do milagre econômico, o Brasil defendia o desenvolvimento e a não-ingerência sobre assuntos internos dos Estados em matéria ambiental. No entanto, nos anos 1980, essas questões foram trazidas à frente do debate na sociedade brasileira e ganharam força quando problemas ambientais internos se transformaram em escândalos ambientais e sociais, atraindo a atenção da Europa e dos EUA 
· Justificativa do governo: modo de produção e industrialização herdado dos países desenvolvidos era predatório; era necessário compatibilizar o projeto de desenvolvimento com a preservação ambiental → De uma postura defensiva para uma postura aberta e construtiva, o Brasil adquiriu papel de interlocutor em matéria ambiental

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