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Resumo Política Externa Brasileira - Rio Branco a San Tiago Dantas

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Resumo PEB I - P1
1. Introdução
a. Aspiração Internacional e Política Externa - LIMA
A autora aborda a questão territorial tratada por meio de negociação e arbitragem, contida na agenda de Política Externa durante a gestão de Rio Branco, quem carrega o rótulo de mito fundador da diplomacia brasileira
· A formação do Estado brasileiro nos moldes de Estado autônomo e com base num discurso soberanista e desenvolvimentista
· As alianças de política externa com o governo dos EUA tinham um cunho pragmático, da defesa dos interesses nacionais
· Pode-se considerar a Política Externa Brasileira insulada, com base na centralização no Executivo e na participação da elite brasileira, a qual legitimava os posicionamentos do Brasil. Esses aspectos refletem uma estrutura social oligárquica e meritocrática
Papel de mediador em temas de economia e comércio internacionais
Modelos de Política Externa: 
· inglês (de relação especial com os EUA): interdependência econômica, aliança militar e distanciamento regional (relação triangular: Brasil, EUA e América Latina)
· francês (de autonomia)
· e alemão (de inserção regional)
Houveram três momentos de ruptura: pós-1964, Geisel (1974) e Collor (1990)
2. A construção do Estado e a Política Externa no Império
a. O Brasil e a ideia de América Latina - BETHELL
A aproximação com a América Latina é mais construída do que natural
· E fora construída a partir de uma perspectiva europeia (francesa, sob à dominação de Napoleão III no México) no contexto de independência dos Estados da América Espanhola e Portuguesa
Construção do Estado com base em um padrão europeu de soberania
· A Política Externa surge vinculada ao Estado, com a primeira agenda sobre o tema de definição de fronteiras (construção do Estado territorial)
· Até então, as relações externas do Brasil eram com a Europa: um Estado monárquico com resistências às iniciativas interamericanas
· Diferenciação Brasil e resto da América Latina no século XIX: império, escravidão, monarquia, agrário; havia uma aversão de Simon Bolívar ao Brasil, com base nessa estrutura política e social, o que o fez decidir por excluir do Congresso do Panamá
A iniciativa bolivariana via como inimigos os EUA, por possuírem interesse territorial na América Latina (destino manifesto dos EUA sobre a América Latina), bem como a Europa
· A não inserção do Brasil partia que questões não só identitárias, como políticas e o Brasil estava fora dessas construções políticas, uma vez que era um império, próximo à Europa, escravocrata e monarquia
Guerra Hispano-Americana → Pan Americanismo: liderança no Ocidente pelos ideais de republicanismo, liberdade e democracia (englobando a América do Sul)
· Evitar a desintegração espanhola e a intervenção das metrópoles
· Doutrina Monroe (1823)
· Nesse mesmo período, na Europa, haviam esforços para a restauração monárquica pós Napoleão
As relações Brasil-EUA no final do século XIX revelavam incoerência entre os ideais presentes no Brasil e os defendidos pelo pan americanismo
· Sob D. Pedro II, o Brasil possuía uma postura cosmopolita e uma política externa em busca de autonomia frente às potências
O abolicionismo não estava necessariamente ligado ao fim da monarquia. No entanto, foi da Proclamação da República (um ano após a Abolição da Escravatura), em 1889, que surgiu o aval internacional para a participação do Brasil da Conferência de Washington
3. O advento da República e a Política Externa na Primeira República
a. História da Política Exterior do Brasil - CERVO
República (1889)
· O reconhecimento pela Comunidade Internacional destacava o caráter pacífico com o qual havia se dado a proclamação. No entanto, havia um receio do comprometimento da institucionalidade devido ao viés militar da Primeira República; temia-se a possibilidade de instauração de uma ditadura Militar, o que distanciaria o advento da República da vontade nacional. Por isso, algumas nações aguardaram as primeiras eleições para reconhecer
· Por sua vez, os EUA tinham o interesse de reconhecer antes da Europa, assumindo uma postura coerente com o Pan americanismo, de modo a se tornar um “padrinho de batismo político”, o que se consolidou em uma aliança entre Brasil-EUA (dessa forma, observa-se que havia também o interesse do Brasil)
· Concomitantemente, houve o fim da simpatia e do otimismo britânico. Estes teceram críticas à administração pública do Brasil, a partir do receio acerca da liberalização e das condições de comércio. Eles sugeriam que após D. Pedro II, a administração do país estava na mão de aventureiros, anarquistas, próximos às repúblicas hispânicas. Desse modo, desde o princípio, a diplomacia brasileira buscava desfazer sua imagem negativa no cenário internacional, a fim de não comprometer as finanças e a economia nacionais
· A diplomacia brasileira no início da vida republicana visou mitigar os efeitos negativos das convulsões internas no exterior
· O interesse do Brasil na relação e na aliança com os EUA estava na consolidação do território nacional, uma vez que a questão lindeira de política externa fora herdada do período imperial. Além disso, a América do Sul se inseria na agenda política externa, com um interesse comercial baseado no sentimentalismo republicano (privilegiar o contexto americano - republicanizar as RIs)
· Rupturas: pan americanismo → americanização; monarquia/Europa → república/sistema continental; organização de novas instituições e PEx
· A rivalidade com a Argentina se agravou após a euforia republicana, devido à preocupação com o rearmamento naval como pretensão hegemônica na platina
· A Revolta da Armada (1893-94): iniciou de um movimento contrário à assunção de Floriano Peixoto, por parte da Marinha, criando uma rivalidade entre Marinha e Exército, o que gerava um contexto interno de instabilidade. A repercussão no exterior gerava preocupação quanto à integridade da unidade nacional e à possibilidade de aproximação das condições no restante da América do Sul
· Logo, houve uma intervenção em nome dos “interesses superiores da humanidade”, por parte de EUA, Grã-Bretanha, França e Portugal, a qual foi bem vista pelo governo de Floriano Peixoto, muito embora ferisse a soberania nacional. Todos eles possuíam interesses comerciais 
· 
REORIENTAÇÃO DA POLÍTICA EXTERNA BRASILEIRA NA PASSAGEM PARA A REPÚBLICA
→ APROXIMAÇÃO DOS EUA: A INTERVENÇÃO NORTE-AMERICANA FOI DECISIVA PARA A VITÓRIA DE FLORIANO PEIXOTO E AINDA AUMENTOU A INFLUÊNCIA SOBRE O GOVERNO BRASILEIRO
Barão de Rio Branco (1902-12)
· A política externa brasileira foi figurada em rio Branco, o que permitiu a continuidade com as trocas de governo. Diante disso, ele assumiu o rótulo de mito fundador, pois a diplomacia ligou-se ao Estado
· Consolidação do Americanismo pela aproximação com os EUA, o que servia às elites políticas do Brasil. Rio Branco enxergava a Doutrina Monroe como um instrumento de defesa da integridade territorial no continente, em face de agressões europeias, e de liberalidade para o desenvolvimento de cada nação americana
· Os EUA possuíam prerrogativa de política internacional (atuando de maneira intervencionista), com base no Corolário Roosevelt, que afirmava a sua tarefa de dirigir povos menos competentes. Diante do medo da agressividade europeia, valorizava-se o papel dos EUA na política internacional no continente sul-americano
· Na visão da Argentina, a aproximação do Brasil com os EUA era como um pacto pelo qual o Brasil exerceria hegemonia na América do Sul, por delegação norte-americana (rearmamento naval brasileiro)
· Rio Branco possuía uma visão mais realista, enxergando o peso dos EUA na nova distribuição de poder mundial e a América Latina em sua área de influência. Logo, ele pregava a amizade com um caráter defensivo-preventivo, uma vez que não havia coesão suficiente entre os países hispânicos para se opor aos EUA
· Era como se a integridade e a paz na América Latina fosse consequência da efetividade da Doutrina Monroe
CONCEITOS IMPORTANTES
REORIENTAÇÃO DA POLÍTICA EXTERNA: RUPTURA COM A PRÁTICA DO IMPÉRIO; APROXIMAÇÃODOS PAÍSES HISPANO-AMERICANOS (ATRAVÉS DOS EUA); MANUTENÇÃO DE QUESTÕES LINDEIRAS NA AGENDA DE POLÍTICA EXTERNA COMO UMA HERANÇA IMPERIAL
→ RIO BRANCO FOI CAPAZ DE OBSERVAR A POTENCIALIDADE DOS EUA NO ÂMBITO REGIONAL NO SÉCULO XIX
TÓPICOS DE POLÍTICA EXTERNA: AMERICANISMO; RIO BRANCO E O COROLÁRIO ROOSEVELT (O BRASIL E O SUBSISTEMA DE PODER NORTE-AMERICANO); A QUESTÃO DO ACRE; O CONTEXTO SUL-AMERICANO; OS TRATADOS DE LIMITES
COROLÁRIO ROOSEVELT: AMPLIAÇÃO DA EFETIVIDADE E DOS PRINCÍPIOS DA DOUTRINA MONROE; ADESÃO DO BRASIL A ESSA POLÍTICA HEMISFÉRICA DOS EUA; AFASTAMENTO DAS INGERÊNCIAS EXTERNAS (MEDO DA EUROPA); PERCEPÇÃO DE RIO BRANCO A PARTIR DE SUA LEITURA DE MUNDO; PRIMEIRA EMBAIXADA DO BRASIL NOS EUA EM 1905; UNIDADE POLÍTICA SUL-AMERICANA SOB A INFLUÊNCIA DOS EUA
INTERESSES E GANHOS DO BRASIL
QUESTÃO DO ACRE;
JUSTIFICATIVAS DE RIO BRANCO E JOAQUIM NABUCO PARA O AMERICANISMO: EUA DESPONTANDO COMO POTÊNCIA MUNDIAL
→ VISÃO REALISTA: PREVENTIVO X DEFENSIVO
→ PROTEÇÃO DOS EUA: MARGEM DE MANOBRA PARA QUESTÕES LINDEIRAS PENDENTES
Visão realista de Rio Branco {pragmatismo nas escolhas e orientação por interesses}
· A questão do Acre: ideologia da Doutrina Monroe era de contenção da influência europeia no território. Dessa forma, sendo as companhias presentes no Acre europeias, elas poderiam gerar influência ou dominação como ocorreu da inserção da Inglaterra na Índia. Por isso, o Brasil denuncia o governo bolivariano como território litigioso que ia contra os valores da Doutrina Monroe
· O contexto sul-americano: enxergava-se a Doutrina Monroe como “delegada” ao Brasil na América do Sul, uma vez que houve rearmamento e inserção diplomática nos EUA. Além disso, havia a política de boa-vizinhança com o resto do continente, como estratégia de equilíbrio de poder (contra a Argentina). Embora não houvesse contestação por parte do Brasil, não se pode afirmar que houve alinhamento automático, uma vez que havia defesa dos interesses e pretensões nacionais
b. A Raiz das Coisas: Rui Barbosa - CARDIM
Rui Barbosa
· Individualmente, um homem com carreira política em defesa do progresso e desenvolvimento econômico, da República e da abolição, Rui Barbosa contribuiu para tópicos da Constituição Federal de 1891, a partir das ideias de Estado, Direito e liberdade, federalismo e universalismo
· Sua figura marcou a entrada do Brasil na política internacional, em Haia, em 1907. Além disso, em termos de política externa, ele participou como membro da Suprema Corte Permanente de Justiça Internacional da Liga das Nações e foi negociador na questão do Acre
· Rui Barbosa observava a existência de poucos Estados autônomos no concerto mundial e criticava o sistema internacional, uma vez que não havia igualdade no tratamento das nações, sobretudo acerca do processo decisório. Portanto, ele defendia a igualdade jurídica entre os Estados, opondo-se à proposta de criação de um Tribunal Permanente de Arbitragem - o que os EUA apoiavam (essa divergência evidencia que não houve alinhamento automático)
· Embora o Brasil já tivesse histórico de multilateralidade na sua atuação em Conferências Pan Americanas, pode-se dizer que Rui Barbosa foi pioneiro da diplomacia multilateral em âmbito mundial
· A escolha de Rui Barbosa para representação na Conferência de Haia não foi imediata, pois sua aparência não era favorável à imagem externa do Brasil. No entanto, apesar da primeira escolha de Rio Branco ter sido Joaquim Nabuco, problemas físicos o impediam de comparecer eficazmente do encontro
· De modo geral, a Conferência em Haia visava discutir o questões para controle de guerras. Contudo, a 1ª GM evidencia seu fracasso nesse ponto
· Primeira Guerra Mundial: os EUA tornam-se o principal parceiro comercial do Brasil a partir de 1916, colhendo frutos do americanismo; após rompimento de relações com a Alemanha, em 1917, o Brasil reconhece o Estado de Guerra e é o único país da América do Sul a participar da guerra
· Racionalização e burocratização da Política Externa Brasileira, por meio do Itamaraty e do MRE
c. A candidatura do Brasil a um assento permanente na Liga das Nações - GARCIA
· O Brasil esteve presente na Conferência de Paz de Paris, no pós-guerra, o que significou a representatividade da América Latina e das potências menores. Dessa forma pode-se dizer que o Brasil atuou como membro fundador da Liga das Nações. No entanto, quanto à participação efetiva na Liga, o Brasil buscou uma estratégia de troca com os EUA, já que eles recusaram a participação. O Brasil defendia a necessidade de um representante do continente americano, ainda mais um aliado às potências vitoriosas da guerra.
· Pode-se dizer que por ser o único país da América, ainda que como membro não-permanente, a participação na Liga das Nações representava um alinhamento não automático com os EUA, certa autonomia
· A pretensão do Brasil em assumir um assento permanente na Liga das Nações partia do contexto interno, uma vez que o governo e a velha república encontravam-se em crise e a obtenção de prestígio internacional serviria como um escape
4. A Política Externa do primeiro governo Vargas a Kubitschek
a. Estado Novo: política externa e projeto nacional - CORSI
De que forma a política externa foi importante para o desenvolvimento econômico e o surgimento de um projeto nacional?
· Contexto internacional da segunda metade da década de 1930: política armamentista de Hitler; invasão da Etiópia pela Itália, expansionismo japonês na Ásia; guerra civil espanhola. Todas disputas imperialistas por área de influência
· Na América Latina, a disputa pela área de influência se dava entre EUA e Alemanha, o que se intensificou após a Primeira Guerra
· A Alemanha desempenhava sua influência por meio de propaganda ideológica, marcos de compensação e comércio exterior. Já os EUA, com uma economia mais fechada do que a britânica, sentiam-se ameaçados pela Alemanha, além de possuir interesse estratégico e geopolítico no Nordeste brasileiro e firmar um Acordo Comercial com o Brasil em 1934
· Acirramento dos conflitos internacionais e a industrialização como alternativa de desenvolvimento: o Brasil tinha um projeto nacional que direcionava as escolhas políticas do governo Vargas. Apesar do peso econômico e da democracia que os EUA representavam e do totalitarismo presente na Alemanha, o Brasil via em ambos os países possibilidades de novos rumos de Política Externa e Econômica. As grandes potências tinham objetivos e interesses expansionistas sobre os países mais fracos em posição de vulnerabilidade e o governo brasileiro que lutava por mercados e matérias primas mobilizou toda a sua política externa em torno de questões econômicas
· Instabilidade na América do Sul, marcada pela Guerra do Chaco entre Bolívia e Paraguai, pela Questão da Letícia entre Peru e Colômbia, além da rivalidade histórica entre Brasil e Argentina
· Internamente, o Brasil observava seu atraso econômico, a instabilidade política e o despreparo das forças armadas. Logo, o governo assumiu um objetivo de conquistar a independência nacional, desfazendo-se de tal vulnerabilidade, por meio do desenvolvimento industrial. A meta era transformar o Brasil em potência regional, tornando-se preeminente na América do Sul, com o apoio dos EUA
· Visando ampliar mercados, exportações e produção de manufaturados, a política econômica do Brasil associou o Estado à burguesia nacional. Dessa forma, não só o Estado estimularia setores estratégicos, bem como o capital privado tornava-se importante no processo de industrialização (foco em bens de produção e infraestrutura)
· O objetivo de independência nacional do Brasil passava por termos militares, pela capacidade de produzir armamentos e fortalecer a economia, bem como por um projeto de siderurgia/indústria pesada desde 1939
· Política externa mais independente: embora não se abandonasse o americanismo, flexibilizaram-se as relações em torno dos interesses nacionais, favorecendo os intercâmbios militares e comerciais com a Alemanha. Nesse sentido, diz-se que o governo Vargas soubeaproveitar os espaços das disputas imperialistas (dos interesses dos EUA e da Alemanha no território brasileiro)
· A Alemanha era o segundo principal parceiro comercial do Brasil (comércio de compensação), o que feria a necessidade dos EUA de atrair e manter aliados diante de sua política de boa-vizinhança. No entanto, o Brasil mantinha intercâmbio militar com a Alemanha e, em 1938 firmou um acordo, o que gerou um atrito com os EUA, haja vista o acordo de livre comércio prévio entre eles → O Brasil assumia riscos em nome do interesse da industrialização
· Os EUA, sob Roosevelt, pressionam o Brasil, argumentando sobre dumping alemão e sobre os limites impostos pelo acordo de livre comércio em 1935; porém tinham dificuldade em enquadrar rigidamente o Brasil
b. Neutralidade dependente: o caso do Brasil (1939-42) - MOURA
· Durante os primeiros anos da Segunda Guerra Mundial, os EUA assumiram um posicionamento neutro. Por sua vez, o Brasil mantinha relações tanto com os EUA, quanto com a Alemanha, sobretudo comerciais. No entanto, o episódio de Pearl Harbor em 1941 ocasionou na entrada dos EUA na guerra e na pressão sobre o Brasil para um posicionamento, por meio de negociações de aparelhamento militar (que ia de encontro ao objetivo de independência nacional do Brasil)
· Em 1940, uma Comissão Mista Brasil-EUA tinha sido criada, com base no interesse estratégico dos norte-americanos no Nordeste brasileiro
· Equidistância pragmática: para o autor, era a estratégia assumida pelo Brasil em relação às duas potências (EUA e Alemanha), o que permitia uma capacidade de barganha em prol de seus interesses nacionais (militares, políticos e comerciais)
· Autonomia na dependência: apesar do americanismo característico da diplomacia brasileira, a neutralidade na eclosão da segunda guerra era negociada em nome dos interesses nacionais brasileiros {siderurgia, aparelhamento militar e processo decisório). Essa barganha foi possível até 1941, com a entrada dos EUA na guerra
· 1930: redefinição devido à manutenção do conservadorismo; nova lógica de negociação com Alemanha e EUA, em vista de oportunidades
· 1937: Estado Novo; neutralidade e necessidade de aparelhamento militar (Alemanha) e projeto siderúrgico (EUA)
· 1939: bloqueio naval britânico resolve o impasse norte-americano do comércio de compensação entre Brasil e Alemanha, no entanto a influência política e militar se mantém
· 1941: Pearl Harbor e o valor de solidariedade continental aliado ao americanismo permitem uma negociação do aparelhamento militar com os EUA, em troca da entrada do Brasil na guerra contra a Alemanha
· 1942: entrada do Brasil na guerra e fim da estratégia de equidistância pragmática (alinhamento com os EUA)
c. A Segurança Coletiva Continental: o sistema interamericano, o TIAR e a Guerra Fria - MOURA
· Organização do cenário internacional e regional
· 1944: Dumbarton Oaks
· 1945: Yalta, Conferência no México (sistema de segurança regional), Ata de Chapultepec
· 1947: TIAR (Tratado Interamericano de Assistência Recíproca)
· 1948: OEA
· Compromisso de rompimento das relações dos países latinos com o Eixo; e Brasil condicionado pelos acordos com os EUA para obtenção de fundos
· 1942-45: relações militares por acordos bilaterais (EUA-Brasil)
· 1944: Dumbarton Oaks (EUA, URSS, GB deliberam sobre o formato futuro da ONU - Conselho de Segurança deliberativo e Assembleia Geral consultiva, com todas as organizações regionais subordinadas a ela)
· 1945: Yalta (Roosevelt, Churchill e Stalin decidem sobre o fim da Segunda Guerra); Conselho de Segurança da ONU e o direito de veto das grandes potências, cujas rivalidades tornam o órgão inativo)
· 1945: Conferência Interamericana no México para discutir sobre a posição da América Latina na Nova Ordem Internacional (sem a participação da Argentina), a partir de uma abordagem regional, o que representava um dilema aos EUA (globalistas v. regionalistas). Ficou estabelecida a assistência e solidariedade recíprocas, ou seja defesa mútua contra agressão)
· EUA: política de boa vizinhança de Roosevelt; conceito multilateral de defesa (noção hemisférica/continental); defesa nacional (Exército e Marinha); ampliação do perímetro de defesa (Nordeste brasileiro)
· Diminuição da capacidade de barganha do Brasil com os EUA, pois foi estabelecida uma aliança especial para ajuda econômica, além disso, em 1945, Vargas saiu do poder
· 1947: assinatura do TIAR e rompimento das relações com a URSS
· Governo Dutra: novo governo constitucional a partir de 1946
· Política Externa de alinhamento estreito aos EUA para defesa no novo conflito global, em busca de vantagens como posição militar única na América Latina. Além disso, participação na Conferência de Bretton Woods e das conversações no pós-guerra
· A Doutrina Truman, aliada ao TIAR, serviram para fortalecer a contenção da URSS e estabelecer uma defesa hemisférica. Além disso, a Conferência de Bogotá que adotou a carta da Organização dos Estados Americanos, em 1948, serviu para consolidar a hegemonia norte-americana sobre o continente
d. A política externa no segundo governo Vargas - HIRST
· Apesar de ser a mesma pessoa, a orientação da política externa do segundo governo Vargas, em comparação com o primeiro, é bem diferente, dado o contexto internacional distinto e o fato de que Vargas foi eleito. Externamente, os EUA assumiam a posição de potência mundial, não havendo mais a possibilidade de barganhar com outra, como fora com a Alemanha no pré 2ª Guerra Mundial. Além disso, internamente, havia um jogo de oposição dentro do Congresso
· Em linhas gerais, o segundo governo Vargas modificava o objetivo de política externa vindo do governo Dutra como alinhamento estreito com os EUA, tornando-se em prol do desenvolvimento econômico, por meio de relações econômicas e comerciais internacionais. O princípio norteador da política externa do segundo governo Vargas era o alinhamento político e militar com os EUA, em nome da solidariedade ocidental. No entanto, o nacionalismo ainda se fazia presente no discurso autonomista do ponto de vista econômico, bem como na busca pelo fim da dependência e a ampliação das possibilidades internas, e também na utilização do capital estatal (vide Petrobrás)
· Vargas partia da percepção da situação de marginalidade do Brasil no contexto internacional; isto é, ele identificava o desinteresse dos EUA e o fato de que o Brasil não possuía objeto de negociação. Para ele, era necessário recuperar o poder de barganha para atingir seu objetivo de política externa. Porém o desafio era encontrar outro lado para recorrer
· Em 1952, o governo Vargas formalizou um decreto de regulamentação da remessa de lucros do capital estrangeiro, em busca de obter vantagens nas negociações com os EUA. Nesse mesmo ano, os EUA propuseram um Acordo Militar ao Brasil, o que gerou divergências no cenário político interno
· A UDN surgira como um partido liberal e ligado à elite, que por sua vez era ligada ao capital estrangeiro. No entanto, eles serviram como oposição ao governo Vargas e assumiam posicionamentos distintos de acordo com o teor da negociação em pauta (internamente ao partido, havia divisões). Um exemplo da flexibilidade com que a UDN se mobilizava para posicionar-se como anti-Varguista foi a criação da Petrobrás como uma empresa estatal; se fosse com base em seus princípios basilares, a UDN deveria ser contra a completa estatização, porém como o governo dos EUA também era, eles mobilizaram forças no Congresso para que Vargas fosse contrariado também a nível externo
· Ao Acordo Militar, Vargas soube contornar a situação no âmbito político, por meio de um Acordo Atômico com os EUA, no qual fornecia minerais ao parceiro. A questão envolvida nesse Acordo Militar, era que havia expectativas de vantagens como em 1942, as quais foram frustradas. Além disso, a eclosão da Guerra da Coreia e a pressão para a participação do Brasil geraram maior oposição, dessa vez do setor militar nacionalista. Diante disso, Vargas via-se barganhando com múltiplas parcelas da sociedade:militares, o próprio partido, a oposição e a opinião pública; sem contar o governo americano e a proposta de um Acordo Militar, cujo processo decisório era dificultado
· O governo dos EUA se opunha ao nacionalismo econômico do governo Vargas, e sua posição de potência mundial, estabelecia uma relação assimétrica com o Brasil, o qual perdia muito do seu espaço de negociação
· Questiona-se se houve um esgotamento da política externa brasileira, em termos da capacidade de negociação e de obtenção de vantagens econômicas pelo alinhamento com os EUA
e. Desenvolvimento e Multilateralismo - SILVA
JK (1956-1961)
TRANSFORMAÇÃO ECONÔMICA E SOCIAL DO BRASIL
→ ASSOCIAÇÃO AO CAPITAL ESTRANGEIRO
→ INDUSTRIALIZAÇÃO DE BENS DE CONSUMO
→ DINÂMICA TERRITORIAL
· Operação Pan-Americana (1958): foi uma proposta de JK para atrair investimentos dos EUA para todo o continente. Assim como Vargas, percebendo a condição de marginalidade em relação aos EUA, ele realiza uma inflexão na Política Externa Brasileira, em busca de autonomia na solidariedade, condicionando o alinhamento aos EUA a benefícios às nações em condição de subdesenvolvimento. O argumento se baseava na possibilidade desse subdesenvolvimento gerar problemas de segurança, e, consequentemente, uma ameaça comunista no continente (1959: Revolução Cubana)
· Nesse contexto, nota-se uma continuidade do caráter desenvolvimentista e de multilateralidade da política externa brasileira
· JK exigia um compromisso por parte dos EUA com o desenvolvimento, sobretudo do continente. De certa forma, a sua proposta, a Operação Pan-Americana, revela que autonomia e alinhamento são incoerentes (o que teria sido a dificuldade para governabilidade de Vargas)
· País de inserção periférica; teoria da dependência
· Condicionamento externo: EUA e América Latina sob a Guerra Fria
· Havia baixa prioridade de investimento dos EUA para a América Latina, principalmente durante o governo Eisenhower (republicano). No seu segundo governo, surge o princípio de Coexistência Pacífica (1956)
· A URSS observa a movimentação e passa a oferecer ajuda econômica aos países subdesenvolvidos. A saída dos EUA para conter a influência soviética na América Latina, foi o apoio às ditaduras militares no continente. No entanto, a oscilação de preços dos itens de exportação aumentavam a vulnerabilidade econômica da América Latina. E, além da recusa por acordos de estabilização de preços pelos EUA, o Congresso norte-americano demonstrava certa resistência em auxiliar o Terceiro Mundo. Logo, em 1958, houve o rompimento com o FMI, por parte do governo brasileiro
· A eleição de JFK mudou o rumo das relações entre EUA e América Latina, firmando uma aliança para o progresso. Entretanto, em 1962, Cuba foi expulsa da OEA e a crise dos mísseis agravou as relações entre os dois países. O Brasil mostrou-se desfavorável à primeira decisão, revelando o caráter independente da política externa do governo Jânio/Jango
5. A Política Externa Independente
a. O Nacionalismo Desenvolvimentista e a Política Externa Independente - VIZENTINI
· Jânio e Jango
· Desenvolvimento: busca por ampliação do mercado externo (retomada das relações diplomáticas e comerciais com a URSS), a partir da formulação autônoma dos plano de desenvolvimento econômico, com o Plano Trienal
· Desarmamento/Desenvolvimento: busca pela manutenção da paz por meio da coexistência pacífica, o que justificava o desenvolvimento econômico do Terceiro Mundo
· Descolonização: não intervenção em assuntos internos, autodeterminação dos povos, primado absoluto do Direito Internacional
b. San Tiago e Política Externa Independente - ARCHER
· San Tiago Dantas foi o Ministro das Relações Exteriores a partir de 1961. Ele promoveu uma reunião, contando com a presença de diplomatas e especialistas em diversos assuntos, para discutir e examinar os temas de relações internacionais pertinentes à Política Externa Brasileira. Essa reunião serviu para sistematizar a política externa independente característica do período Jânio/Jango
· Ordenamentos da PEx independente: preservação da paz (desarmamento), não intervenção e autodeterminação (descolonização), ampliação do mercado externo (desenvolvimento) 
· Desenvolvimento e multilateralismo - ajuda internacional: articulação de pequenas e médias potências fora ou à margem das ideologias e das polarizações militares
· O Brasil assumiu uma posição autonomista, em busca de independência e, para isso, resistia à adesão automática às diretrizes dos EUA. Pela primeira vez, pode-se dizer que houve uma oposição ao Americanismo
· Além da retomada das relações com a URSS, houve uma diversificação nas relações externas do Brasil, incluindo países africanos e, sobretudo, uma aproximação com as nações latino-americanas (não só comerciais, como diplomáticas - UNCTAD -, embora o Brasil nunca pertencesse ao movimento dos não-alinhados)
· Premissas de Política Externa estabelecidas: desenvolvimento e emancipação econômica; conciliação entre democracia e reforma social para o fim da luta de classes
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