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Peca - 1

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA CÍVEL DA COMARCA 
DA CAPITAL DE SÃO PAULO 
 
 
 
 
 
 
Autos do Processo nº 3333333-33.2019.8.26.0000 
 
Reintegração de Posse 
 
 
 
 
LÚCIA, brasileira, estado civil, fisioterapeuta, portadora do RG n. ..., inscrita no CPF 
..., com endereço eletrônico..., residente e domiciliada na rua Z nº 215, apto. 52, no bairro Bela 
Vista, município de São Paulo, estado de São Paulo , CEP ... e JOELMA, nacionalidade, estado 
civil, artesã, portadora do RG n. ..., inscrita no CPF ..., com endereço eletrônico ..., residente e 
domiciliada na rua ..., n..., bairro ..., município ..., estado ..., CEP ..., vêm, respeitosamente, a 
este juízo, tendo sido citadas da Ação de Reintegração de Posse promovida por SANDRA, 
brasileira, estado civil, profissão, portadora do RG n. ..., inscrita no CPF..., com endereço 
eletrônico ..., residente e domiciliada na ..., município de São Paulo, estado de São Paulo , 
CEP ..., e REGINA, brasileira, estado civil, profissão, portadora do RG n xxxxxxx, inscrita no 
CPF ..., com endereço eletrônico ..., residente e domiciliada na, município de São Paulo, 
estado de São Paulo , CEP, para ofertar sua CONTESTAÇÃO com RECONVENÇÃO, nos 
termos dos arts. 335 e seguintes e 343 do Código de Processo Civil (CPC), propor: 
 
CONTESTAÇÃO COM RECONVENÇÃO 
 
Pelos fatos e fundamentos expostos em sequência: 
 
I. DA TEMPESTIVIDADE 
 
De início cabe ressaltar que a presente contestação é apresentada de forma tempestiva, 
eis que o mandado de citação foi juntado aos autos há menos de 15 dias úteis, atendendo à 
previsão do art. 335 do CPC. 
 
 
I. BREVE RESUMO DA INICIAL 
 
Trata−se de Ação de Reintegração de Posse ofertada pelas autoras SANDRA e REGINA, 
em que alegam ter sofrido esbulho possessório por parte das rés, e, por consequência, 
pretendem reaver a posse do imóvel. 
No entanto, as alegações das autoras não merecem prosperar, como se demonstrará, eis 
que jamais tiveram a posse do imóvel, não tendo qualquer interesse processual na demanda, que 
deverá ser extinta sem julgamento do mérito. 
 
Da mesma forma, como será demonstrado, as rés sempre tiveram a posse do imóvel, 
inclusive já atendendo aos requisitos para a aquisição por usucapião, razão pela qual já 
promoveram demanda nesse sentido (autos n. 1111111−11.2018.8.26.0100 em tramitação na 1ª 
Vara de Registros Públicos da Comarca da Capital ). 
 
 
II. DAS PRELIMINARES 
 
Considerando que o objeto da presente demanda versa sobre a posse do imóvel ao qual 
a ré reside, considerando ainda a ação ajuizada de usucapião pelas rés, em decorrência do 
princípio da conexão vamos pedir a redistribuição dos autos para a 1ª Vara de Registros 
Públicos deste mesmo Foro. (art. 286, art. 55 par. 3º e no art. 59 do CPC). 
 
 
Art. 55. Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando 
Ihes for comum o pedido ou a causa de pedir. 
 
§ 3º Serão reunidos para juIgamento conjunto os processos que 
possam gerar risco de proIação de decisões confIitantes ou 
contraditórias caso decididos separadamente, mesmo sem 
conexão entre eIes. 
 
 
Ademais, é clara a falta do interesse de agir das Autoras, isso porque as autoras nunca 
tiveram a posse do imóvel em discussão. 
Nos termos do art. 561 do CPC a propositura da Reintegração de Posse ecige que o 
autor já tenha exercido a posse antes, coisa que nunca aconteceu. Desse modo, a ação é 
incabível, pois as autoras carecem de interesse na movimentação do Judiciário. Desse modo, 
deve ser extinta a presente demanda sem julgamento do mérito. 
No entanto, caso não seja acolhida a preliminar de Falta de Interesse, o eu se admite 
apenas por hipótese, e para fim de atender ao princípio da eventualidade, procede−se à discussão 
de mérito. 
 
 
IV. DA CONTESTAÇÃO E SEU MÉRITO 
 
As rés sempre residiram no imóvel por vontade da sra. Roquelina. É incontestável a 
relação afetiva entre Mafalda e a sra. Roquelina, como se fossem mãe e filha. Na verdade, a sra. 
Roquelina só não adotou Mafalda porque a lei à época não permitia. 
Mafalda e seu marido Otávio receberam a posse de Roquelina nos idos dos anos 1960, e sempre 
exercitaram a posse, residindo no imóvel. Inclusive, Otávio foi membro do conselho do 
condomínio, conforme comprova a documentação acostada aos autos, deixando claro que eles 
residiam naquele local e eram reconhecidos pelos demais condôminos. A posse resta claramente 
demonstrada. 
As requeridas são sucessoras de Mafalda e Otávio, por força da relação filial. Mafalda e 
Otávio faleceram nos anos 2003 e 2002, e, por força dos arts. 1206 e 1207 do Código Civil, as 
requeridas, imediatamente, ingressaram na posse do imóvel, somando ao seu tempo de posse, 
o tempo de Mafalda e Otávio. 
Art. 1.206. A posse transmite-se aos herdeiros ou 
legatários do possuidor com os mesmos caracteres. 
Art. 1.207. O sucessor universal continua de direito a 
posse do seu antecessor; e ao sucessor singular é 
facultado unir sua posse à do antecessor, para os efeitos 
legais. 
 
 
Desse modo, não tem qualquer fundamento a alegação de posse por parte das autoras, 
que jamais foram possuidoras, devendo a ação ser julgada totalmente improcedente. 
 
 
 
V. DA RECONVENÇÃO 
 
 
Não bastasse o fato de as autoras não terem jamais exercitado a posse, é amplamente 
claro, pelas provas que serão produzidas, que as requeridas exercitam a posse, em nome próprio 
e como sucessoras de Mafalda e Otávio, desde os idos dos anos 1960, razão pela qual já 
adquiram o direito de propriedade por usucapião, cuja declaração se requer. 
A aquisição da propriedade por usucapião está prevista no CCB nos arts. 1238 e 
seguintes, sendoque as requeridas comprovam claramente, por documentos e testemunhas que 
sua posse excede em muito ao prazo de 15 anos previsto naquele diploma legal. 
 
Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem 
interrupção, nem oposição, possuir como seu um imóvel, 
adquire−lhe a propriedade, independentemente de título e 
boa−fé; podendo requerer ao juiz que assim o declare por 
sentença, a qual servirá de título para o registro no 
Cartório de Registro de Imóveis. 
 
Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo 
reduzir−se− á a dez anos se o possuidor houver 
estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele 
realizado obras ou serviços de caráter produtivo. 
 
V. DOS PEDIDOS 
 
Ante do exposto, requer-se: 
 
 
A. Que sejam intimadas as autoras para responderem aos termos da Reconvenção ofertada, 
no prazo legal; 
B. Que seja reconhecida a conexão entre a presente demanda e a ação de usucapião 
promovida perante a 1ª Vara de Registros Públicos da Comarca da Capital de São Paulo, 
que corre sob nº 1111111− 11.2018.8.26.0100, redistribuindo−se o presente feito para 
aquela Vara, à vista da prevenção, conforme previsto nos arts. 58, 59 e 286 do CPC; 
C. Que seja acolhida a preliminar de falta de interesse processual, com a consequente 
declaração de carência de ação, e extinção do processo sem resolução de mérito, nos 
moldes do art. 485, VI, CPC:
 
 
D. Na eventualidade de não serem acolhidas as preliminares, requer a apreciação do mérito, 
para julgar improcedente a ação proposta e, simultaneamente, que seja julgada procedente 
a Reconvenção ora ofertada, declarando−se a propriedade das ora requeridas, por força da 
usucapião, nos termos acima expostos; 
E. Que sejam as autoras condenadas ao pagamento de custas, despesas processuais e 
honorários advocatícios, a serem arbitrados por este R. Juízo, em razão da sucumbência 
experimentada. 
Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, em especial pela 
prova documental e pela prova testemunha, cujo rol será oportunamente apresentado. 
Informa que não tem interesse na designação de audiência de conciliação. 
 
 
 
 
 
 
Termos em que, 
Pede Deferimento. 
São Paulo, 15 de maio de 2022. 
 
AMANDA ALVES DE MELO OLIVIERAOAB/SP XXX.XXX

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