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Elementos do Contrato de Trabalho Os elementos integrantes e constitutivos do contrato de trabalho não se diferenciam muito daqueles identificados no Direito Civil. Também falaremos aqui dos elementos essenciais, elementos naturais e elementos acidentais. Os elementos essenciais são os fundamentais à formação do contrato de trabalho. Sendo assim, sua ausência ou irregularidade podem acabar por comprometer a validade ou mesmo a existência do contrato celebrado. Nos termos do art. 104 do Código Civil, a validade do negócio jurídico requer: I — agente capaz; (No direito do trabalho: consideram-se as idades específicas para contratação de acordo com a função – ex: vigilante tem que ser maior de 21 anos); II — objeto lícito, possível, determinado ou determinável; III — forma prescrita ou não defesa em lei. (No direito do trabalho: não há formalidades exigidas; pode ser verbal ou escrito, expresso ou tácito) Os elementos naturais estão normalmente ligados à estipulação sobre as condições e formas da prestação dos serviços acordados no contrato de trabalho. Não são obrigatórios, mas costumam ser encontrados sempre. Na verdade, possuem esse nome exatamente porque sua verificação no contrato é muito recorrente, praticamente inevitável, na prática. As disposições de jornada de trabalho, horas extras, salário, função, etc., são exemplos de elementos naturais do contrato de trabalho: se as partes não dispõem nada sobre a jornada de trabalho, prevalece a de 8h diárias (art. 7°, XIII, CF); se não definem salário, prevalece o salário supletivo, ou seja, equipara-se o salário do novo contratado com o salário de trabalhador que exerça mesma função, ou, caso não haja, o salário mínimo vigente; se não se acorda nada sobre a função do trabalhador, presume-se que ele acordou com qualquer que seja a função compatível com suas condições pessoais humanas; etc. Por fim, temos os elementos chamados de acidentais. Possuem essa nomenclatura porque eles são excepcionais e sua verificação no contrato é episódica, configurando-se como o termo (que pode ser inicial ou final) e a condição (que pode ser suspensiva ou resolutiva). A diferença notória entre o termo e a condição está na certeza, ou incerteza, do fato que levará ao início ou ao término do contrato de trabalho. Termo “é o acontecimento futuro e certo determinante do início ou do fim da relação contratual”, enquanto condição “é o acontecimento futuro e incerto determinante do início ou do término da eficácia da relação contratual”. Ainda sobre o termo no contrato de trabalho, indica-se a leitura do art. 443 da CLT. Nulidades do Contrato de Trabalho Efeitos da nulidade do contrato de trabalho A nulidade implica a invalidação do ato ou do negócio, gerando, no plano jurídico, a não produção dos efeitos entendidos pelas partes quando da formação contratual por causa da inobservância de requisitos necessários à sua formação. (Ex.: menor de idade trabalhando em alguma atividade noturna). Classificação das nulidades A nulidade do contrato de trabalho pode ser absoluta (hipótese em que irá atingir o ato por inteiro) ou relativa, (hipótese em que irá atingir apenas parte do ato, possibilitando a manutenção da validade e vigência do restante). Além disso, a nulidade pode ser, ainda, de cunho subjetivo (invalidação irá decorrer de falta de capacidade do sujeito ou de vício de vontade) ou objetiva (invalidação diz respeito a outros requisitos integrantes do ato ou do negócio, como a falta de licitude do objeto). Aplicação da nulidade A aplicabilidade integral da teoria trabalhista das nulidades é percebida nas hipóteses de trabalho proibido e nos casos em que se verificam defeitos contratuais irremediáveis. Assim, ao menor de 14 anos, em qualquer hipótese, ao menor de 16 anos não aprendiz e ao menor de 18 anos quando o trabalho for noturno, insalubre ou perigoso, estará configurada a falta de capacidade para celebrar contrato de trabalho, razão pela qual o trabalho é absolutamente proibido e o contrato que o estabeleça, nulo. Nessas situações, o contrato de trabalho será nulo de pleno direito, sendo assegurado, porém, ao menor, o recebimento de todos os direitos trabalhistas até o momento da decretação da nulidade, a partir do qual a permanência do contrato de trabalho fica inviabilizada (efeito ex nunc em proteção ao menor). Por outro lado, a aplicação da teoria trabalhista das nulidades será afastada quando se tratar de trabalho ilícito. O objeto do contrato de trabalho deve estar de acordo com a Lei, a ordem pública e os bons costumes. Assim, tratando-se de ilicitude do objeto, o contrato de trabalho sequer gerará efeitos. Trata-se de situações em que a nulidade percebida é tão intensa, afrontando bem social tão relevante, que o Direito do Trabalho cede espaço à regra geral do Direito Civil, não produzindo nenhum efeito, nem mesmo a compensação monetária razoável pelo serviço realizado pelo empregado (Arts. 104, II, 166, II e 66, p.ú. do CC/2002). OJ SDI-1 199, TST: “É nulo o contrato de trabalho celebrado para o desempenho de atividade inerente à prática do jogo do bicho, ante a ilicitude de seu objeto, o que subtrai o requisito de validade para a formação do ato jurídico”. Por fim, existe ainda a aplicabilidade parcial da teoria trabalhista das nulidades, que se refere à situação bastante específica na qual existe afronta ao interesse público, sem que, no entanto, a contratação tenha como fundamento um objeto ilícito. Trata-se do caso de contratação de empregados pelo Poder Público sem o respectivo concurso, nos termos exigidos pelo art. 37, II e § 2º, da Constituição Federal. Apesar de existir muita discussão a respeito do tema, o TST adotou posicionamento sobre a situação no sentido de aplicação parcial da teoria das nulidades. A nulidade do contrato de trabalho é decretada, assegurando-se, neste caso exemplificado, ao trabalhador já empossado desta forma irregular, a contraprestação pelos serviços prestados e o direito ao FGTS. Dessa forma, o TST não garante ao trabalhador todos os direitos trabalhistas do período anterior à invalidação (e, portanto, não aplica integralmente a teoria trabalhista das nulidades), mas também não remove do empregado todos seus direitos. Súmula 363, TST: “A contratação de servidor público, após a CF/1988, sem prévia aprovação em concurso público, encontra óbice no respectivo art. 37, II e § 2º, somente lhe conferindo direito ao pagamento da contraprestação pactuada, em relação ao número de horas trabalhadas, respeitado o valor da hora do salário mínimo, e dos valores referentes aos depósitos do FGTS”. Lei N 9.601/1998 - Contrato Provisório de Trabalho O contrato provisório de trabalho é tratado na Lei n° 9.601/1998. É uma exceção à regra do Direito do Trabalho que relaciona a atividade laboral em uma duração indeterminada. Por conta disso, o contrato provisório de trabalho é uma modalidade contratual laboral a termo, pois tem prazo máximo de duração definido em lei. Ele pode ocorrer para qualquer tipo de atividade desenvolvida pela empresa, mas ela deverá cumprir dois requisitos: ● as contratações deverão significar aumento no número de empregados; ● a estipulação necessita ser em convenção ou negociação coletiva para poder existir. CARACTERÍSTICAS O contrato provisório de trabalho tem natureza de contrato formal, pode ser pactuado permitindo prorrogações sucessivas, desde que não rompa o prazo de até dois anos. Ela é pactuada através de negociação coletiva e seu término antecipado gerará indenização estipulada também em negociação coletiva. ESTABILIDADE A referida modalidade contratual de trabalho gera garantias de estabilidade para determinadas categorias sociais. Esse rol de protegidos está estabelecido no seguinte artigo da Lei n° 9.601: Art. 1º [...] §4º São garantidas as estabilidades provisórias da gestante; do dirigente sindical, ainda que suplente; do empregado eleito para cargo de direção de comissões internas de prevenção de acidentes; do empregado acidentado, nos termos do art 118 da Lei nº 8.213,de 24 de julho de 1991, durante a vigência do contrato por prazo determinado, que não poderá ser rescindido antes do prazo estipulado pelas partes. Classificação dos Contratos de Trabalho - Contrato por Prazo Determinado Caracterizando-se como ressalva à regra de contratação, que é por prazo indeterminado, os contratos por prazo determinado dependem de previsão em lei para imbuir de validade a sua celebração, ou seja, apenas podem ser pactuados de forma regular se nos casos expressamente previstos no diploma legal. Os casos de celebração contratual por prazo determinado estão previstos na Consolidação das Leis de Trabalho (artigo 443) ou na legislação esparsa (Ex: contrato de safra e contrato rural por pequeno prazo — Lei n. 5.889/73; contrato de trabalho temporário — Lei n. 6.019/74; contrato de trabalho do atleta profissional de futebol — Lei n. 9.615/98). Vejamos as hipóteses da CLT: Art. 443. O contrato individual de trabalho poderá ser acordado tácita ou expressamente, verbalmente ou por escrito, por prazo determinado ou indeterminado, ou para prestação de trabalho intermitente. § 2º - O contrato por prazo determinado só será válido em se tratando: a) de serviço cuja natureza ou transitoriedade justifique a predeterminação do prazo; b) de atividades empresariais de caráter transitório; c) de contrato de experiência. Ocorrendo a contratação por prazo determinado fora das hipóteses autorizadas por lei, será tal contrato irregular, considerando-se, neste caso, como por prazo indeterminado, como ensina Maurício Godinho Delgado: “Os contratos a termo distinguem -se dos contratos por prazo indeterminado por estarem submetidos a lapsos temporais estreitos e rígidos; por se pautarem por normas rigorosas no que tange à sua sucessividade e à sua prorrogação; por produzirem direitos rescisórios mais restritos; por não se subordinam à mesma amplitude de efeitos própria à interrupção e à suspensão contratuais e às garantias de emprego que incidem nos contratos por prazo indeterminado”. CLASSIFICAÇÃO O termo poderá ser: certo (quando é determinado por meio de dia específico. Por exemplo, 21 de maio do próximo ano); incerto (hipótese em que não há fixação exata de dia, mas seja certa sua ocorrência no futuro. Por exemplo, final da temporada de verão na praia ou término da safra e da colheita). Considerando tratar-se de modalidade de contratação excepcional, o legislador determina diversos requisitos para os contratos por prazo determinado. A inobservância destas regras faz com que o contrato passe a reger-se pelas regras do contrato de trabalho por prazo indeterminado. Prazo máximo de duração: nos casos de serviços e de atividades transitórias, o contrato por prazo determinado não deverá ser estipulado por prazo superior a 2 (dois) anos; além disso, o contrato de experiência não poderá ultrapassar 90 (noventa) dias (art. 445, CLT). ATENÇÃO: desrespeitado esses prazos máximos, os contratos passarão automaticamente a ser contratos por prazo indeterminado. Prorrogação do contrato: na hipótese de celebração por prazo inferior ao máximo permitido pelo art. 445 da CLT, o contrato poderá ser prorrogado, expressa ou tacitamente, apenas uma vez, sob pena de passar a reger-se por prazo indeterminado (art. 451, CLT). A somatória dos dois períodos (primeiro período de contratação + prorrogação) não pode ir além do prazo limite de duração do contrato por prazo determinado de 2 anos ou 90 dias, no contrato de experiência. Súmula 188, TST: “O contrato de experiência pode ser prorrogado, respeitado o limite máximo de 90 (noventa) dias”. Celebração de novo contrato por prazo determinado (sucessividade): deverá ser considerado como de prazo indeterminado o contrato que sobrevier, dentro de seis meses, a outro contrato por prazo determinado, salvo se a expiração deste dependeu da execução de serviços especializados ou da realização de certos acontecimentos (art. 452, CLT). Essa disposição visa a impedir o empregador de ficar realizando novas contratações por prazo determinado com o fim de burlar a norma trabalhista. Término do Contrato por Prazo Determinado A extinção do contrato de trabalho por prazo determinado acontece naturalmente devido ao cumprimento do prazo acordado (extinção normal), mas também pode acontecer de forma antecipada com a dispensa do trabalhador pelo empregador, com o pedido de demissão elaborado pelo empregado ou com o instituto da justa causa por qualquer das partes (extinção anormal). Na hipótese de extinção normal do contrato por prazo determinado, são devidas as seguintes verbas rescisórias: ● saldo de salário; ● 13º proporcional; ● férias proporcionais, ● acrescidas de 1/3; ● liberação do FGTS (sem a indenização de 40%). Por outro lado, temos as hipóteses de extinção anormal do contrato por prazo determinado, que podem se dar pelos seguintes motivos: Rescisão antecipada por iniciativa do empregador (dispensa sem justa causa) Gera ao trabalhador o direito ao recebimento de verbas rescisórias (saldo de salário; 13º proporcional; férias proporcionais acrescidas de 1/3; liberação do FGTS), e também ao recebimento de indenização específica prevista no art. 479 da CLT, referente ao montante da metade dos salários que lhe seriam devidos pelo período restante do contrato. Rescisão antecipada por iniciativa do empregado (pedido de demissão) Enseja o direito ao recebimento de verbas rescisórias (saldo de salário; 13º proporcional; férias proporcionais, acrescidas de 1/3). O trabalhador, no entanto, terá que indenizar o empregador pelos prejuízos que resultarem desse término antecipado. Tal indenização não poderá, todavia, ser maior que àquela a que teria direito o trabalhador caso a rescisão antecipada tivesse sido por iniciativa do empregador (art. 480, CLT). Rescisão em contrato contendo cláusula assecuratória de rescisão antecipada Na hipótese de as partes terem colocado, no contrato de trabalho por prazo determinado, dispositivo que assegure reciprocamente o direito de rescindir o pacto antecipadamente, exercido o direito, a extinção do contrato será guiada pelas regras dos contratos por prazo indeterminado (art. 481, CLT). Destarte, nessa hipótese, além do pagamento do saldo de salário, do 13º salário proporcional e das férias proporcionais acrescidas de 1/3, será devido aviso prévio e, no caso de demissão sem justa causa, também será devida a indenização de 40% dos depósitos do FGTS. Súmula 163, TST: “Cabe aviso prévio nas rescisões antecipadas dos contratos de experiência, na forma do art. 481 da CLT”. Rescisão antecipada em decorrência de prática de justa causa O exercício de justa causa pelo empregado implica o término imediato do contrato de trabalho por prazo determinado, com pagamento apenas do saldo de salário. Por outro lado, se a justa causa for praticada pelo empregador, ocorrerá a rescisão indireta do contrato, incidindo todos os direitos rescisórios fundamentais em uma dispensa sem justa causa, inclusive aviso prévio e indenização de 40% dos depósitos do FGTS (além do saldo de salário, 13º salário proporcional, férias proporcionais acrescidas de 1/3 e levantamento do FGTS). Rescisão antecipada por culpa recíproca A hipótese de culpa recíproca (justa causa de ambas as partes) implica a rescisão imediata do contrato a termo, tendo o trabalhador direito a 50% do valor do aviso prévio, do 13º salário, das férias proporcionais (Súmula 14, TST) e a metade da indenização, ou seja, 20% dos depósitos do FGTS (art. 14 e art. 9º, § 2º, Decreto n. 99.684/90). Contrato por Prazo Determinado - Cláusulas Assecuratória de Direito Recíproco e Estabilidade Estabilidade no Contrato por Prazo Determinado Quando um empregador contrata um funcionário através de contrato por prazo determinado, mas não sabe muito bem até quando precisará dele, utilizar-se-á os princípios que regem os contratos por prazo indeterminado se a rescisão contratual ocorrer antes do fim do termo ajustado. Importante ressaltar que a utilização desses princípios se dará somente no conjunto de verbasrescisórias. CLT - Art. 481 - Aos contratos por prazo determinado, que contiverem cláusula assecuratória do direito recíproco de rescisão antes de expirado o termo ajustado, aplicam-se, caso seja exercido tal direito por qualquer das partes, os princípios que regem a rescisão dos contratos por prazo indeterminado. Para dar segurança jurídica e trabalhista ao empregado e ao empregador, na situação exposta haverá aviso prévio no caso de extinção antecipada. Quando a extinção antecipada é por iniciativa do empregado As verbas devidas serão o saldo do salário, 13° salário proporcional e férias mais seu 13% proporcional. Lembrando que nessa hipótese não ocorrerá multa, e o empregado deve conceder aviso prévio. Quando a extinção é por iniciativa do empregador As verbas devidas serão exatamente as mesmas do contrato por prazo indeterminado. Também não haverá multa, e o empregado deve conceder aviso prévio. A regra geral é que, no contrato por prazo determinado, não existirá estabilidade, independentemente da função. Todavia, existem duas exceções pacificadas pela jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho: a empregada gestante e o funcionário que retornou ao emprego após ficar afastado por acidente de trabalho: Súmula nº 244 do TST (...) III - A empregada gestante tem direito à estabilidade provisória prevista no art. 10, inciso II, alínea “b”, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, mesmo na hipótese de admissão mediante contrato por tempo determinado. Súmula nº 378 do TST I - É constitucional o artigo 118 da Lei nº 8.213/1991 que assegura o direito à estabilidade provisória por período de 12 meses após a cessação do auxílio-doença ao empregado acidentado. (ex-OJ nº 105 da SBDI-1 - inserida em 01.10.1997) (...) III – O empregado submetido a contrato de trabalho por tempo determinado goza da garantia provisória de emprego decorrente de acidente de trabalho prevista no art. 118 da Lei nº 8.213/91.
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