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CURSO DE DIREITO NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA – NPJ ESCRITÓRIO MODELO EXECELENTISSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CIVIL E DE FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE MACAPÁ/AP Wairlan Carvalho 9-DIV EMPRESA BGM ALUGUEL DE MÓVEIS E DECORAÇÃO DE INTERIORES S.A, pessoa jurídica de direito privado, sediada na av. xxx, n° XX, bairro xxx, Macapá-AP, inscrita no CNPJ n° xxx.xxx.xxx/xxxx-xx, representada através de seu gerente, por intermédio de seu Advogado que está subscreve, com procuração em anexo, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, com fulcro no art. 19, inciso I, e art. 20, do NCPC, propor: AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA c/c RESTITUIÇÃO DE INDÉBITO/COMPENSAÇÃO COM PEDIDO DE MEDIDA LIMINAR em face de MUNICÍPIO DE MACAPÁ, com sede na prefeitura municipal, inscrita sob o CNPJ de n° xx.xxx.xxx/xxxx-xx, localizada na Avenida xxx, n° xxx, bairro xxxx, nesta cidade de Macapá/AP, CEP xxxxx-xxx, neste ato representado por seu Procurador Municipal, pelos motivos de fato e de direito a seguir demonstrados: I- DO CABIMENTO DA AÇÃO DECLARATÓRIA A ação declaratória, prevista nos artigos 19 e 20, do Novo Código de Processo Civil, é apropriada para afastar dúvidas e solucionar divergências sobre a existência, inexistência e o modo de ser da relação jurídica. Para isso, a dúvida deve ser real e concreta, não se admitindo meras conjecturas. CURSO DE DIREITO NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA – NPJ ESCRITÓRIO MODELO O artigo 19, do CPC diz que o interesse do autor pode limitar- se à declaração da existência, da inexistência e do modo de ser de uma relação jurídica. Para que em concreto de apresente o interesse, faz-se necessário que exista a incerteza jurídica. Como se vera nos fatos, o autor é uma empresa, constituída no ano de 2015 e que, desde essa data, vem pagando o ISS sobre uma atividade que não gera incidência do referido imposto. Por esta razão, objetivando confirmar e concretizar, por meio de sentença, a inexistência dessa relação jurídica, considera-se cabível a ação declaratória de inexistência de relação jurídico tributária. II- DOS FATOS A empresa BGM Aluguel de Móveis e Decorações de Interiores S.A, sediada na cidade de Macapá e com atividade dedicada a a) locação de móveis para residências e b) decoração de interiores. A pessoa jurídica foi instituída no ano de 2015 e, por orientação de seu contador, vem pagando, desde a data, o ISS (imposto sobre serviços) devido sobre a locação dos móveis para residências e sobre seus serviços de assessoria na área de decoração. Basicamente, seu faturamento vem se dividindo entres as duas atividades mencionadas. Neste ano, o senhor X assumiu o cargo de novo gerente da empresa BGM aluguel me móveis e decoração de interiores S.A. Administrador nato, experiente em sua área de atuação e ciente do posicionamento adotado pelo Supremo Tribunal Federal acerca da não incidência de ISS sobre a operação de locação de bens móveis, resolveu por entrar com a presente ação, objetivando o não pagamento da referida exação a partir dos meses que vem a se seguir. Ainda, nesta mesma, deseja reaver os valores que foram pagos indevidamente a titulo de ISS, inclusive mediante compensação, nos termos da do art. 74, da lei nº 9.430/96. III- DO DIREITO 1. DA NÃO INCIDÊNCIA DA COBRANÇA DO IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS CURSO DE DIREITO NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA – NPJ ESCRITÓRIO MODELO Inicialmente cumpre mencionar que não há incidência do ISS sobre a operação locação de bens móveis, tendo em vista as recentes decisões do Supremo Tribunal Federal. Conclui-se que a locação de bens móveis não constitui uma prestação de serviços, mas apenas a simples disponibilização de uma bem, seja ele móvel ou imóvel, para a utilização de um locatário sem quaisquer prestações de serviços. Também, esta atividade não consta anexa na lista de serviços da Lei Complementar nº 116/20031. Dessa forma, a locação de bens móveis ou imóveis não tem incidência do ISS por não se caracterizar serviços e não ter previsão em Lei Complementar. Neste mesmo sentido, a súmula vinculante do STF: “é inconstitucional a incidência do imposto sobre serviços de qualquer natureza sobre operações de locação de bens móveis”. Por esta razão, não há fundamentação legal que comprove a incidência da cobrança do referido imposto no caso em tela. 2. DA INCONSTITUCIONALIDADE DA INCIDÊNCIA DO ISS Como explanado, a incidência da cobrança é considerada inconstitucional. Durante algum tempo, o próprio STF tinha apenas uma visão do que seria o conceito constitucional de serviço. Isso começou a mudar quando se iniciou as discussões de que a locação de bens móveis não expressa uma obrigação de fazer pois não implica um esforço humano. Daí, a inconstitucionalidade de sua tributação pelo ISS. A tese veio ser adotada sob forma de Súmula Vinculante, de nº 31, que tem o seguinte teor: “É inconstitucional a incidência do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISS sobre operações de locação de bens móveis.” 1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp116.htm CURSO DE DIREITO NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA – NPJ ESCRITÓRIO MODELO Ressalta-se que a súmula deve ser interpretada a cerca de não haver na atividade uma prestação de serviços. Somente se gera incidência de ISS se a atividade for seguida de uma forma de serviço, O QUE NÃO OCORRE NO CASO EM TELA, já que a empresa SOMENTE loca os móveis e ao final do período de locação, tem seus materiais restituídos. Esse entendimento, inclusive, tem sido reconhecido e foi objeto do Recurso Extraordinário 116.121, onde o Supremo Tribunal Federal considerou que a locação de imóveis não pode ser qualificada como serviço. O voto do ministro Celso de Mello defendeu que o ISS somente pode incidir sobre obrigações de fazer, a cuja matriz conceitual não se ajusta a figura contratual da locação de bens imóveis. Assim tem se mantido as decisões recentes sobre o assunto: AÇÃO RESCISÓRIA. SENTENÇA QUE OFENDE EXPRESSA E LITERAL DISPOSIÇÃO DE LEI, CONTRÁRIA INCLUSIVE A POSIÇÃO JÁ SEDIMENTADA DO E. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. NÃO INCIDÊNCIA DO ISS SOBRE LOCAÇÃO DE BENS MÓVEIS. PROCEDÊNCIA PARCIAL DO PEDIDO DA RESCISÓRIA. No caso presente a sentença ofende o art. 156, III da Constituição Federal, segundo interpretação que o próprio E. Supremo Tribunal Federal já sedimentou em inúmeros arestos já editados ao tempo em que o decisum rescindendo foi prolatado. Nesses termos a rescisão da sentença está a ser impor e outra precisa ser proferida, dessa feita para se conceder a ordem e livrar a Autora (Impetrante) do recolhimento do ISS, fruto de contrato de locação de veículos que celebrou com a COMLURB, objeto da concorrência nº 09/2005. Não se pode dar a compensação pretendida, nem se deve acolher a postulação do Município para que os efeitos dessa decisão sejam admitidos apenas ex nunc. A procedência do pedido está a se impor, de forma parcial e o Município responderá pela sucumbência, com honorários de R$2.000,00 (dois mil reais). (TJ-RJ - AR: 200800600415 RJ 2008.006.00415, Relator: DES. CAETANO FONSECA COSTA, Data de Julgamento: 16/09/2009, SETIMA CAMARA CIVEL, Data de Publicação: 25/09/2009) Assim, conclui-se que é inconstitucional a incidência de ISS nas operações de locação de bens móveis, não devendo ser tributada por ISS. 3. DA RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO DO ISS O contribuinte tem direito à restituição total, parcial, ou ainda à compensação do ISS recolhido indevidamente pelo município. O autor, CURSO DE DIREITO NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA – NPJ ESCRITÓRIO MODELO empresa BGM veio pagando indevidamente, durante os últimos 5 (cinco) anos, o ISS de competência municipal, mesmo não praticando um fato gerador que ensejasse na cobrança.Nos termos do art. 165, CTN, o sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio protesto, à restituição total ou parcial do tributo, seja qual for a modalidade do seu pagamento. Ademais, este direito só se extingue com o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, ou seja, o autor segue no período estabelecido de prazo nos termos do art. 168, do CTN. Art. 168. O direito de pleitear a restituição extingue- se com o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contados: I - Nas hipótese dos incisos I e II do artigo 165, da data da extinção do crédito tributário; (Vide art 3 da LCp nº 118, de 2005) II - Na hipótese do inciso III do artigo 165, da data em que se tornar definitiva a decisão administrativa ou passar em julgado a decisão judicial que tenha reformado, anulado, revogado ou rescindido a decisão condenatória. Nesse mesmo encalço, a lei nº 9.430/96, em seu artigo 74, estabelece que o sujeito passivo que apurar o crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição, e que seja passível de restituição ou de ressarcimento, poderão ser utilizados na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer outros tributos e contribuições. Nestes termos, requer que seja restituído os valores totais que foram pagos nos últimos 5 anos de contribuição do ISS indevido, e, se for o caso de não ser aceita a restituição, que seja possível a compensação de débitos próprios. 4. DA CONCESSÃO DA TUTELA DE URGÊNCIA A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo. CURSO DE DIREITO NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA – NPJ ESCRITÓRIO MODELO Como constatável no artigo 300, do CPC, que regula as disposições gerias relativas à tutela de urgência, assim redigido: “Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo”. O primeiro requisito, como bem leciona Cândido Rangel Dinamarco, é: "Probabilidade é a situação decorrente da preponderância dos motivos convergentes à aceitação de determinada proposição, sobre os motivos divergentes. As afirmativas pesando mais sobre o espírito da pessoa, o fato é provável; pesando mais as negativas, ele é improvável (Malatesta) No caso em questão, a probabilidade do direito restou comprovada pela demonstração de que a cobrança, relativa ao ISS de locação de bens móveis, é indevidamente tributada e cobrada, vez que o ato praticado pelo autor não é compatível com a hipótese de incidência prevista em lei, assim, se caracteriza como tributação inconstitucional, alé da clara ofensa à súmula nº 31, do STF. Já o risco ao resultado útil do processo pode ser entendido como sendo a possibilidade de ofensa à busca pelo bem da vida em prazo razoável, sem que se permita postergação da prestação jurisdicional. Este restou comprovado, uma vez que, a empresa BGM vem pagando um tributo indevido, precisando retirar dinheiro de seu sustento próprio para pagá-lo. Se tiver de continuar a efetuar um pagamento indevido, corre chances até mesmo de fechar sem lucros rentáveis. Assim, presentes todos os requisitos autorizadores da tutela de urgência, requer que seja impedida a continuidade da cobrança do ISS, indevidamente, acerca da atividade de locação de móveis. IV- DOS PEDIDOS Diante dos fatos expostos, Requer-se-a: CURSO DE DIREITO NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA – NPJ ESCRITÓRIO MODELO I. Que a ação declaratória seja conhecida e julgada TOTALMENTE PROCEDENTE, confirmando a tutela liminar requerida; II. Que seja concedida a tutela provisória de urgência pleiteada; III. Que haja a restituição total dos valores pagos ou que o crédito possa ser utilizado na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições, nos termos do art. 74, da Lei nº 9.430/96. IV. Que seja o Município de Macapá condenado a restituir totalmente os impostos indevidamente pagos, devidamente atualizados pela Taxa SELIC; V. Que a prefeitura de Macapá seja devidamente citada para, caso queira, oferecer respostas às acusações; Atribui-se à causa o valor de R$ xxxxxxxxxxxxxxx Nesses termos, Pede deferimento. Local, data. Advogado OAB XXX
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