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Alterações de Líquido Amniótico Líquido amniótico → • O líquido amniótico tem funções impor- tantes para o crescimento e desenvolvi- mento fetal; • Proteção mecânica: diminui o impacto no feto em caso de trauma materno; • Importante para o desenvolvimento do sis- tema músculo-esquelético, que precisa de espaço para se desenvolver; • Fundamental para o desenvolvimento pulmonar: ausência ou redução significa- tiva do líquido amniótico, que resulta em hi- poplasia pulmonar. Enquanto dentro do útero, ocorre a troca gasosa por meio do cor- dão umbilical, podendo evoluir para óbito no recém-nascido após o nascimento por não ter desenvolvimento pulmonar e, con- sequentemente, incapacidade respiratória; • É importante para o desenvolvimento do trato gastrointestinal; • Ajuda a manter o equilíbrio térmico; • Evita algumas infecções: o LA tem anti- corpos maternos; • Nutrição na fase embrionária, até a forma- ção da circulação uteroplacentária. → • 1º trimestre: é produzido principalmente pelo cório frondoso. Por um mecanismo de transudação, atravessa as membranas ovu- lares que envolvem o cordão umbilical até a pele do feto (até as 26 semanas, quando ocorre a queratinização e, com isso, é im- possibilitada a troca do líquido); • 2º e 3º trimestres: é produzido pelo: - Trato genitourinário: com 12 semanas tem início de seu funcionamento, que ainda é por transudação. A função de produção de urina tem início a partir de 17 semanas, com produção de cerca de 70% do líquido am- niótico fetal; - Trato respiratório: produz cerca de 15% do líquido amniótico. Os outros 15% são produzidos pelo mecanismo da transuda- ção; • A absorção do líquido amniótico ocorre: - Trato respiratório; - Transmembranas; - TGI (deglutição): é o principal meca- nismo de absorção, havendo a transferência de componentes do líquido para a circula- ção fetal; • Os eventos que desencadeiam um excesso ou diminuição de líquido amniótico estão relacionados a alterações nos mecanismos de produção ou na absorção. → • Trato urinário: em torno de 400-1200 ml/dia; • Exsudato alveolar: 600- 900 ml/dia; • Deglutição fetal: 200-500 ml/dia; • Espaço interviloso: 80ml/dia; • Intra-membrana e transmembrana: 200-500 ml/dia. → • O volume de LA aumenta até 32 a 36 se- manas, havendo queda de sua quantidade após esse período; • No pós-datismo, ocorre a redução do lí- quido amniótico, que é fisiológica. Porém, a sua diminuição antes desse período indica alguma patologia; • Variações do LA relacionam-se a um au- mento da morbimortalidade perinatal; • O líquido amniótico tem um volume de aproximadamente 2 litros na cavidade am- niótica, sendo sua mensuração muito difícil; • A melhor técnica seria a injeção de con- traste numa concentração determinada na cavidade amniótica e avaliar quanto foi a di- minuição dessa concentração após um perí- odo de tempo pela punção do líquido, Marianne Barone (15A) Obstetrícia – Prof. Rafael Davi Botelho porém, é um método muito invasivo e que aumenta a chance de rotura prematura das membranas; • Padrão-ouro: USG é o padrão ouro, per- mitindo avaliar o estado de normalidade ou possíveis alterações do líquido; • Palpação: realizada antes da USG, po- dendo permitir identificar se o líquido está em quantidades aumentada ou diminuída (tem-se a palpação mais facilitada de partes do feto); • Observação direta (intra-operatória); • Subjetiva; • Semi-quantitativos: - Maior bolsão vertical; - Maior bolsão em 2 diâmetros; - ILA; - Método da diluição de contraste (padrão- ouro); • Índice de líquido amniótico (ILA): é o método para a avaliação quantidade do lí- quido amniótico em número. Deve ser rea- lizado com a paciente em posição supina, em que tem-se a: - Divisão uterina em 4 quadrantes utili- zando a cicatriz umbilical e a linha nigra como referência; - Transdutor perpendicular ao chão e a li- nha; e paralelo a coluna da paciente; - Medida do maior bolsão vertical em mm, este que corresponde a estimativa do vo- lume por meio da medida da profundidade, pela qual se observa apenas a presença de líquido, livre de partes fetais ou cordão um- bilical. Em outras palavras, é o maior es- paço entre a parede do útero e a placenta que não tenha pedaços do feto no meio; • ILA= somatória dos 4 bolsões obtidos, sendo o ILA normal: 8 – 18cm; • Assim como na RCIU, para cada IG tem- se os percentis 5 e 95: abaixo do percentil 5 apresenta uma diminuição do líquido e acima de 95 tem-se o aumento do LA, po- dendo ser avaliado em valores de cm; - ILA normal: > 5 cm; - ILA diminuído: < 18 – 20cm; - ILA aumentado: >18-20cm. Oligoâmnio → • Volume de líquido amniótico menor de 400ml, resultante, na maioria dos casos, de insuficiência placentária com fluxo sanguí- neo placentário diminuído; • ILA: < 5cm. → • Insuficiência placentária: é a principal causa de oligoâmnio. O início de um pro- cesso de hipoxemia sanguínea fetal resulta no fechamento (contração) da circulação periférica e maior abertura (dilatação) da circulação central, resultando numa menor chegada de sangue aos rins, que produz me- nos urina e, consequentemente, tem-se uma menor produção de líquido amniótico. Trata-se de um mecanismo indireto que in- dica que pode estar havendo uma insufici- ência placentária; • Ruptura prematura de membranas: rupturas de grande magnitude podem causar uma perda de líquido amniótico maior que a capacidade fetal de produção, podendo ter diferentes consequências com as diferentes idades gestacionais, como alteração no de- senvolvimento pulmonar, sistema esquelé- tico, TGI; • Pós-termo: é um importante sinal de alerta a queda de quantidade de LA; • Anomalias fetais de TGU (trato genitou- rinário): após a 17ª semana gestacional, mais de 70% do LA é produzido pela urina, com isso, algum comprometimento na pro- dução de urina causa diminuição da produ- ção do líquido amniótico; - Agenesia renal e displasias renais: o rim não funciona e não produz urina. Antes das 17 semanas, tem-se uma presença nor- mal de líquido, por serem produzidos pelas membranas, porém, quando a produção passa a depender dos rins, há uma queda im- portante na sua quantidade; - Uropatia obstrutiva alta/ válvula de uretra posterior: nesse caso, tem-se o fun- cionamento normal do rim, que apresenta produção de urina, porém, tem-se uma obs- trução que impede sua passagem para a be- xiga e uretra, deixando de atingir a cavidade amniótica e, como consequência, ocorre o acúmulo de urina, apresentando a bexiga di- latada (sinal de fechadura), até que se te- nha o refluxo da urina para os ureteres e rins, evoluindo com perda da funcionabili- dade renal por processo inflamatório e com- pressão renal. A amniocentese é realizada para coleta e análise da urina fetal, e, de acordo com quantidades de sódio, potássio e microglobulina, pode-se avaliar a funcio- nabilidade renal, sendo uma alternativa para a passagem da urina e formação do líquido amniótico (importante na maturação pulmo- nar) o uso de fetoscópio para retirada da vál- vula de uretra posterior (ainda terá compro- metimento do TGU ao longo da vida); - Atresia ureteral; - Displasias renais: rim policístico. → • Comprometimento da vitalidade fetal; • Hipoplasia pulmonar; • Malformações esqueléticas (deforma- ções): resultam da falta de espaço para mo- vimentação do feto intraútero, visto que, o desenvolvimento de deformações não é genético nessas situações, com desenvolvi- mento anômalo de membros (displasia es- quelética). → • 4 parâmetros biológicos agudos fetais: reatividade cardíaca, movimentos respirató- rios, movimentos fetais e tônus muscular; • 1 parâmetro de cronicidade: líquido am- niótico. As alteraçõesde LA ocorrem entre 48-72h, devendo ter maior atenção em caso de diminuição da sua quantidade por poder indicar uma insuficiência placentária, que causa hipoxemia e possível perda de reati- vidade cardíaca, movimento respiratório e tônus. → • Fase canalicular (16-24 semanas): de- senvolvimento anormal dos ácinos e da vas- culatura pulmonar, que é o período de início da produção de LA pelos rins e perda de produção membranosa, por isso que, altera- ções nessa produção resultam na hipoplasia pulmonar; • ILA < 5 cm como critério isolado não tem correlação direta com hipoplasia pulmonar (deve-se realizar a medida da circunferência torácica em comparação com a circunferên- cia abdominal, apresentando um percentual de diferença que sugere hipoplasia pulmo- nar); • Atenção: oligoâmnio de instalação até 26 semanas, com duração de pelo menos 2 se- manas e preferencialmente se > 5 semanas. → • Deve-se descobrir a causa, com medidas para tentar minimizar as consequências, quando possível; • Não apresenta um tratamento propria- mente dito. Polidrâmnio → • Excesso de líquido amniótico em qual- quer fase da gestação: - Volume maior de 2.000ml, que é causado pela incapacidade do feto em engolir ou ab- sorver normalmente o LA; - ILA>24cm (deve sempre considerar ILA normal de 8 a 18cm); - Maior bolsão (medida de 1 bolsão)> 8cm. → • Idiopático; • Drogas: lítio (é contra-indicada na gesta- ção, devendo-se avaliar risco x benefício); • Maternas: Diabete mellitus. A glicose ul- trapassa a placenta por difusão facilitada, então, quando a mãe faz hiperglicemia, au- tomaticamente o feto também faz hipergli- cemia, desenvolvimento um mecanismo de defesa por não ser diabético, dando início na produção de insulina para permitir uma maior entrada de insulina na célula, tor- nando feto GIG, por excesso da ação da in- sulina (auxílio na entrada de glicose + ação como fator de crescimento) e ocorre, tam- bém, o aumento da liberação de glicose na urina, que aumenta a osmolaridade e leva junto uma maior quantidade de água, cau- sando polidrâmnio (ocorre deglutição, po- rém a liberação é tão grande que não dá conta) = principal causador; • Fetais: malformações fetais relacionadas; - Distúrbio da deglutição; - Distúrbio de progressão do LA no TGI: a atresia de esôfago é a principal (ocorre a deglutição, porém tem-se uma re- gurgitação) e atresia duodenal; - Distúrbio de produção/excreção uriná- ria: isoimunização Rh resulta numa anemia hemolítica, com aumento da FC e consumo do oxigênio (que não está sendo adequada- mente transportado, piorando a anemia). Ocorre ingurgitamento das células cardía- cas e, no átrio direito, estimula liberação peptídeo natriurético atrial, aumentando a liberação de urina = polidrâmnio, como um mecanismo compensatório da insuficiência cardíaca; - Distúrbios de movimentação fetal: na maioria das vezes está relacionada a doen- ças musculares esqueléticas, como displasia esquelética, doença gênica que caminha sempre associada a distúrbio neurológico; - Diabetes insipidus fetal (ADH); • SNC (distúrbio de deglutição): qualquer alteração no sistema cerebral pode resultar em problemas na deglutição, como anence- falia, hidrocefalia, iniencefalia, hidranence- falia, encefalocele, microcefalia; • TGI (obstrução, não progressão): tumo- res cervicais (comprime o tórax), atresia esofágica, hérnia diafragmática, estenose duodenal, pâncreas anular, gastrosquise, onfalocele (dependendo do grau de com- pressão das estruturas), fenda palatina; • Trato respiratório: MAC (cistos pulmona- res grandes que podem comprimir o pul- mão), quilotórax (compressão); • Trato genitourinário: hamartoma renal fetal (tumor hiperdinâmico que funciona como o mecanismo da insuficiência renal), JUP unilateral, nefroma mesoblástico; • Sistema músculo esquelético: displasia óssea, distrofia miotônica, síndrome Pena- Shokeir, síndrome acinesia ou hipocinesia fetal; • Hidropisias imune e não imune (geral- mente é causada por infecções); • Teratoma sacro-coccígeo, aneurisma da veia de galeno (circulação hiperdinâmica): sequestram o sangue para dentro dele fa- zendo com que o feto tenha a necessidade de aumentar a FC, desenvolvendo insufici- ência cardíaca e com os mesmo mecanismo de dilatação (as câmaras levam a liberação de peptídeo natriurético atrial); • Cromossomopatias (T21); • Gestação gemelar monocoriônica: des- balanço entre as anastomoses arterioveno- sas, que dividem em feto receptor e feto do- ador, em que o doador perde líquido e fica anêmico, enquanto o receptor tem excesso de sangue e polidrâmnio (recebe excesso de sangue, com circulação hiperdinâmica e perfunde mais o rim, podendo evoluir com uma insuficiência cardíaca e também liberar peptídeo natriurético atrial). → • Dores abdominais; • Desconforto respiratório: quando o poli- drâmnio é muito grande (é indicado inclu- sive drenar esse líquido); • Dificuldade técnica para fazer a USG; • Encurtamento cervical: a pressão in- traamniótica começa a aumentar e causa maior dilatação do colo uterino, chamada de encurtamento do colo (= maior risco de tra- balho de parto prematuro); • Trabalho de parto prematuro: um dos mecanismos que pode desencadear trabalho de parto prematuro é a hipoxemia na mus- culatura uterina. O aumento da pressão pelo excesso de líquido diminui a circulação di- recionada para o útero, que se torna mais re- ativo; • Descolamento prematuro de placenta; • Prolapso de cordão; • Apresentação anômala. → • Amniorredução através da amniodre- nagem seriada: punção para retirada de LA, indicada em casos de desconforto res- piratório apenas, pois aumenta o risco de ro- tura prematura da membrana; • Drogas: inibidores de prostaglandinas (anti-inflamatório), com redução do débito urinário fetal. Pode promover o fechamento da artéria aferente do rim, diminuindo o fluxo que chega ao rim e diminui a produ- ção de LA e de urina, porém, pode causar insuficiência renal, sendo, também contra- indicado após 34 semanas pois estimulam o fechamento precoce do ducto arterioso e hi- pertensão pulmonar.
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