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LÍQUIDO AMNIÓTICO O líquido amniótico (LA) desempenha papel fundamental no crescimento do feto desde a fase embrionária na 4ª semana de gravidez. A produção é situada entre o pólo embrionário e o trofoblasto, aparecendo no estágio de blastocisto, em torno de 3 semanas, auxiliando no crescimento e desenvolvimento. Pode ser visualizado através do USG a partir da 5ª a 6ª semana e cresce para obliterar a cavidade âmnica com 12 semanas. Possui como funções: Amortizar o ambiente fetal contra traumas e impactos Propriedades antibacterianas: o líquido é estéril e possui função termorreguladora Permite movimentação fetal e consequentemente o desenvolvimento do sistema musculoesquelético, gastrointestinal e pulmonar Integridade das membranas corioâmnicas impedindo as bridas e malformações: quando há pouco líquido, o bebê pode ter, por exemplo, alterações ortopédicas devido ao menor movimento. O LA provém dos organismos materno e fetal de acordo com a idade gestacional. No início da gestação, a produção de LA é feita pela passagem passiva de líquidos pela membrana amniótica, seguindo gradiente osmótico. No segundo trimestre da gestação, a produção urinária é o fator mais importante na produção do LA. O processo de filtração glomerular fetal começa com 10 a 11 semanas de gestação, época na qual já se pode encontrar urina no espaço amniótico. Nas primeiras semanas é um ultrafiltrado do sangue materno e, no final do primeiro trimestre começa a mudar para plasma fetal. Outras estruturas fetais que contribuem na formação do LA são: TGI, trato respiratório, face fetal da placenta e cordão umbilical. O TGI é fator de regulação e diminuição do volume do LA, por meio da deglutição fetal e absorção intestinal. Esses mecanismos são responsáveis por eliminar cerca de 7mL de LA por dia durante a 16ª semana gestacional, aumentando para 200 a 600mL próximo ao termo. O trato respiratório contribui no “turnover” amniótico por meio do exsudato alveolar, o qual está estimado em 7,8 mL/h a partir do 2º trimestre, entretanto, aproximadamente metade desse volume é deglutido novamente pelo feto antes de atingir o líquido amniótico efetivamente. A presença de diversas substâncias como hormônios, fatores de crescimento e enzimas denota o importante papel que esse líquido exerce na promoção do crescimento fetal, além de ser elemento importante na diferenciação dos epitélios intestinal e pulmonar. Os principais componentes no LA estão em suspensão e dissolução. Entre os elementos em suspensão encontram-se células esfoliadas do âmnio, lanugem e gotículas de gordura. Como elementos de dissolução são encontradas substancias orgânicas e inorgânicas. Os eletrólitos representam as substancias inorgânicas e, entre os compostos orgânicos estão as proteínas, os aminoácidos, a alfatetoproteína, as substancias nitrogenadas não proteicas, os lipídeos, os carboidratos, vitaminas, enzimas, bilirrubina, hormônios e prostaglandinas. A quantidade de LA durante a gravidez é resultado de um balanço entre a sua produção e eliminação. A manutenção do volume é um processo dinâmico, dependente de diversos fatores em diferentes estágios da gravidez. O volume de LA aumenta rapidamente durante o primeiro trimestre da gravidez e permite transporte de água e pequenas partículas através do âmnio e da pele fetal, fase na qual a composição do LA é muito semelhante à do liquido extracelular. A partir de 17 semanas, o volume de LA é regulado por diferentes vias de entrada e saída de líquido através do feto e da placenta. O principal mecanismo responsável pela produção é o trato urinário, seguido pela secreção traqueal e pelas membranas fetais. Entre a 10ª e a 14ª semana existe aumento médio semanal de 20mL, em média, que aumenta para 50mL semanais até a 25ª semana. Na 34ª semana, atinge seu valor máximo e, após a 36ª semana, inicia um processo de redução progressiva até o termo. Os elementos que participam da eliminação do LÍQUIDO AMNIÓTICO LA são o TGI fetal, por meio da deglutição, o trato respiratório, por meio dos movimentos respiratórias fetais e, o elemento mais importante, a reabsorção intramembranosa. As vias de trocas do feto podem ocorrer através da pele, placenta e cordão umbilical. Porém a partir de 20 semanas a pele começa a queratinização como forma de proteção, e as fontes principais de LA passam a ser a urina fetal e o fluído pulmonar. A reabsorção desse líquido se faz principalmente por meio da deglutição fetal, seguida de reabsorção intestinal e trocas através da superfície de membranas que revestem o cordão umbilical, a face fetal da placenta e a parede uterina. A placenta é importante para essa troca de fluídos, principalmente prostaglandinas e prolactina. As membranas e o cordão realizam o transporte de água. Os distúrbios do feto que comprometam qualquer um desses processos afetarão o volume de LA. Como exemplo, os fetos com restrição de crescimento podem redistribuir o fluxo sanguíneo de forma a reduzir o suprimento renal e, consequentemente, a produção de urina fetal. Normalmente, a produção de urina varia de acordo com a idade gestacional em: 18 semanas: produção de 0,3 – 0,6 mL/h de urina 25 semanas: produção de 3,3 mL/h de urina 39 semanas: produção de 26 mL/h de urina e em seguida, diminui progressivamente. As vias de troca sofrem influência da hidratação materna, hipoxemia fetal e concentração renina- angiotensina materno-fetal. Por isso, é imprescindível que a gestante beba muito líquido para auxiliar na formação do líquido amniótico. No trato gastrointestinal, a deglutição fetal e absorção intestinal começam entre 8 e 11 semanas, e os resquícios são transformados no mecônio. Para o balanço amniótico, os mecanismos secretores ocorrem através da urina fetal (400-1200 mL/dia) e exsudato alveolar (600 a 900 mL/dia). A capacidade de troca materno fetal ocorre no espaço interviloso, sem mistura com o sangue materno, apenas ocorre a homeostase. Já os mecanismos de absorção ocorrem a partir das membranas corioamnióticas (80mL/dia) e deglutição fetal (200 a 450 mL/dia) A quantidade de LA de acordo com as semanas da gestação podem ser, aproximadamente: 10ª semana: 30mL 16ª semana: 250mL 20ª semana: 500 mL 28ª semana: 800 mL 34ª semana ocorre o platô: 1000 a 1100 mL Quando a termo, o líquido diminui porque já está pronto para o nascimento: 700 a 800mL LÍQUIDO AMNIÓTICO O Índice do líquido amniótico (ILA) é utilizado como forma de avaliar a produção do líquido e a confortabilidade do feto. Segundo Phelan, deve-se realizar a divisão do abdome em quatro quadrantes e somar a quantidade de líquido em cada um, realizando a soma dos 4 maiores bolsões. Esse valor final pode estar em mL ou cm. O normal é entre 8 e 18cm ou 80 a 180mm. Polihidrâmnio: LA > 2000mL, bolsão vertical máximo >8cm ou ILA > 240mm (ou 24cm) Oligoâmnio: LA < 400 mL, bolsão vertical máximo <2cm ou ILA < 50mm (ou 5cm) O ILA abaixo de 50mm é preciso acompanhar a paciente de perto, e pode ser internada de acordo com o protocolo do hospital. O líquido amniótico possui características como: Aspecto: o Cristalino: indica que o bebê está bem, mas ainda não maturo. o Opalescente com grumos: indica maturação do bebê, incluindo maturidade pulmonar e pele queratinizada. Colorações anômalas: o Amarelado: presença de pus, indica infecção o Esverdeada: mecônio misturado com o LA, indica sofrimento fetal agudo visto que liberou o esfíncter e o bebê deve ser retirado o Castanha: indica óbito fetal As alterações do volume de LA estão classicamente associadas a complicações periparto e aumento do risco perinatal. Nesse contexto, o oligoâmnio refere-se ao volume de líquido amniótico menor que o esperado para a idade gestacional. OLIGOIDRÂMNIO O oligoidrâmnio é a diminuição significativa do volume de líquido amniótico e responsável pela complicaçãode 4% das gestações. A quantidade adequada do LA é indispensável para o desenvolvimento do pulmão fetal visto que possibilita o livro movimento do concepto e ainda atua como barreira contra a infecção. Oligoâmnio: LA < 400 mL, bolsão vertical máximo <2cm ou ILA < 50mm LÍQUIDO AMNIÓTICO A gravidade da alteração do volume de líquido varia de acordo com a etiologia e o momento da gestação em que o quadro se instala. A maioria dos casos ocorre no decurso do 3º trimestre e não apresenta causa identificável. Durante o primeiro trimestre, a etiologia muitas vezes não é clara. O LA reduzido antes de 10 semanas de gestação é raro e o líquido do saco gestacional, nessa fase, é derivado fundamentalmente do compartimento materno, por meio de trocas através da superfície placentária e das membranas, além da contribuição das secreções oriundas da superfície embrionária. Ao fim do primeiro trimestre, começam a ser observadas liberação de urina fetal na cavidade amniótica e deglutição do líquido pelo feto. Dessa forma, distúrbios relacionados ao sistema urinário fetal passam a desempenhar papel importante na etiologia dos casos diagnosticados nessa fase da gestação. Outros fatores associados a oligoidrâmnio no segundo trimestre incluem os maternos e os placentários, assim como a rotura das membranas amnióticas. Ao tornar-se extremamente escasso (300 a 400 mL), o LA fica espesso, viscoso e turvo. Nos casos mais acentuados, fala-se em anidrâmnio. DIAGNÓSTICO O diagnóstico é suspeitado clinicamente, na maioria das vezes, pelos sinais: Altura uterina menor que a esperada para a idade gestacional: principal sinal esperado Redução dos movimentos fetais Mal-estar durante a movimentação fetal Fácil reconhecimento das partes fetais Reatividade uterina exacerbada à palpação DIP variáveis por compressão do cordão umbilical Porém, sua confirmação é através da USG, a qual permite observar o maior bolsão de LA com menos de 2cm de diâmetro vertical. Outros critérios são a ausência óbvia de LA, pequena interface líquido/feto e aconchegamento exagerado das pequenas partes fetais. Após o diagnóstico, é importante realizar avaliação ultrassonográfica fetal detalhada incluindo biometria fetal, pesquisa de anomalias congênitas, marcadores sugestivos de aneuploidia e anormalidades placentárias. Diante da identificação de anomalias fetais, a opção de determinação do cariótipo fetal é oferecida aos pais, tendo em vista que a trissomia do cromossomo 13 e a triploidia fetal são anormalidades associadas ao oligoâmnio precoce. ETIOLOGIA E COMPLICAÇÕES O oligoidrâmnio pode ter como causas: Idiopática Rotura de membranas Causas maternas: síndromes hipertensivas, síndrome anti-fosfolípide, doenças do colágeno, diabetes com vasculopatia, hipovolemia, drogas inibidoras das prostaglandinas ou IECA, anti- inflamatórios Causas placentárias: insuficiência placentária, DPP crônico, gravidez prolongada, síndrome da transfusão feto-fetal em gêmeos Causas fetais: anomalias congênitas, cromossomopatias, CIUR, malformações do trato urinário, pós-datismo, óbito fetal LÍQUIDO AMNIÓTICO Em casos de ausência de doença materna e resultados normais de testes de vitalidade fetal, o oligoidrâmnio, em geral, está associado a doenças renais do feto. O oligoidrâmnio diagnosticado no 3º trimestre é frequentemente associado à rotura prematura de membranas ovulares ou à insuficiência uteroplacentária. Nesses últimos casos, é frequente a associação com doenças maternas e restrição de crescimento fetal. Existem condições fetais graves associadas ao oligoidrâmnio, como, por exemplo: Doença renal: somente o defeito renal bilateral determina oligoidrâmnio. Crescimento intrauterino restrito (CIR): a hipóxia crônica condiciona a redistribuição do débito cardíaco com consequente diminuição do fluxo sanguíneo renal e do volume urinário fetal Amniorrexe prematura Pós-maturidade Óbito fetal Hipoplasia pulmonar (antes de 24 semanas) Anormalidades esqueléticas e faciais (Síndrome de Potter) PROGNÓSTICO O prognóstico perinatal depende da causa, da gravidade, da idade gestacional de instalação e da duração do oligoidrâmnio. Primeiro trimestre: o volume reduzido de LA é um achado de mau prognóstico, com chances importantes de evoluir para perda gestacional precoce. Segundo trimestre: tanto o prognóstico quanto o manejo clinico dependem da etiologia subjacente e da magnitude da redução do líquido. O volume de LA reduzido pode desencadear anormalidades anatômicas e funcionais no feto, como deformações esqueléticas, contraturas e hipoplasia pulmonar. Ocorre com maior frequência de óbito fetal ou neonatal. Terceiro trimestre: pode haver relação inversa entre o volume do líquido amniótico e a incidência de desfecho adverso da gravidez, os quais podem estar relacionados com compressão do cordão umbilical, insuficiência uteroplacentária e aspiração meconial. Em casos de ausência de doença materna e resultados normais de testes de vitalidade fetal, o oligoidrâmnio, em geral, está associado a doenças renais do feto. TRATAMENTO Não há comprovação de eficácia e benefício a longo prazo do tratamento. No entanto, o aumento temporário do volume de LA é possível e pode ser considerado em determinadas circunstâncias. o Hidratação materna: nos casos de LA reduzido como achado isolado, em que o parto não é indicado, o aumento da hidratação oral ou intravenosa com 1 a 2 litros de água pode aumentar transitoriamente o ILA em cerca de 30%, particularmente em pacientes com desidratação. o Amnioinfusão: é pouco utilizado devido a disponibilidade limitada, além de riscos associados ao seu caráter invasivo. Aumenta temporariamente o volume de LA a partir da injeção transabdominal, guiada pela USG, de solução salina no interior da bolsa amniótica. O manejo do oligoidrâmnio é baseada na idade gestacional de diagnóstico e na causa desencadeante. As pacientes com volume reduzido de LA recém-diagnosticadas no início do terceiro trimestre podem ser hospitalizadas para investigação de possíveis causas e monitorização da vitalidade fetal. POLIDRÂMNIO LÍQUIDO AMNIÓTICO Polidrâmnio refere-se ao acúmulo excessivo do LA, excedendo 2000 mL e está associado a recém- nascidos grandes para a idade gestacional. Polihidrâmnio: LA > 2000mL, bolsão vertical máximo >8cm ou ILA > 240mm (ou 24cm) É importante e associação existente entre polidrâmnio e mortalidade feto-materna. O aumento do volume do LA é associado ao aumento do risco de complicações relacionadas à sobrecarga de distensão uterina, podendo relacionar-se com trabalho de parto pré-termo, ruptura prematura de membranas, mau posicionamento fetal, prolapso de cordão umbilical e atonia uterina durante o pós- parto. Polidrâmnio agudo: ocorre antes da 24ª semana de gestação. É caracterizado pelo aumento excessivo do volume de LA em curto espaço de tempo. Essa condição está associada a malformações fetais incompatíveis com a vida, com elevada taxa de mortalidade perinatal e ocorrência de parto pré-termo. Polidrâmnio crônico: ocorre após a 24ª semana de gestação e o volume aumenta durante espaço de tempo mais longo. ETIOLOGIAS De 40 a 60% das causas de polidrâmnio são idiopáticas, com a gestação resultando em recém- nascidos saudáveis. O polidrâmnio pode ter como causas: Idiopática Fatores maternos: DM, aloimunização, infecções maternas como sífilis, toxoplasmose e rubéola. Fatores fetais: anomalias congênitas, gemelaridade, obstruções gastrointestinais, cromossomopatias, anomalias esqueléticas, neurológicas, renais, cardíacas congênitas, endócrinas, hematológicas, tumores fetais, hidropsia, infecções intrauterinas como rubéola, sífilis e toxoplasmose. Fatores placentários: placenta circunvalada e corioangioma. Obs.: a placenta circunvalada relaciona-se à presença de vilos na placacoriônica. Os corioangiomas são tumores placentários formados por capilares sinusoides de dimensões variadas e, quando grandes, comprometem a função placentária, podendo levar a restrição de crescimento intrauterino, malformação fetal, hidropsia fetal não imune e parto pré-termo. Dos fatores fetais, as anomalias congênitas estão associadas a 20% das causas de polidrâmnio, e 47% dos casos dessas anomalias são do SNC, como anencefalia ou defeito do tubo neural, 30% relacionam- se a anomalias no TGI como atresia de esôfago e 7% referem-se a desordens do sistema circulatório como coarctação da aorta e desordens miocárdicas. As anomalias congênitas que mais interferem na dinâmica do LA são as que se relacionam com o mecanismo de deglutição fetal ou absorção de fluido, como obstruções duodenais, fistulas esofágicas e atresias do trato gastrointestinal. A gemelaridade representa 7% dos casos de polidrâmnio e 2/3 desses casos se relacionam à síndrome de transfusão feto-fetal, podendo alcançar proporções severas. Nesses casos, o excesso de sangue na circulação do feto pode resultar em hipervolemia fetal, aumentando o débito cardíaco, com consequente aumento da diurese fetal. É descrito também que fetos macrossômicos possuem aumento do débito cardíaco e volume sanguíneo, resultando no aumento da taxa de filtração glomerular e consequente produção de urina, gerando aumento dos níveis do LA. QUADRO CLÍNICO E DIAGNÓSTICO LÍQUIDO AMNIÓTICO O diagnóstico é baseado no quadro clínico e exame ecográfico. A apresentação clínica depende da quantidade de líquido está presente no interior da cavidade uterina, da velocidade de crescimento uterino e da consequente incompatibilidade da medida da altura do fundo uterino em relação à idade gestacional. Formas leves de polidrâmnio: assintomáticas Aumento repentino de LA com apresentação em formas moderadas e severas do aumento do volume uterino: Dispneia acentuada Taquicardia Palpitação Cianose Edemas de MMII. Polaciúria e obstrução intestinal: pelo aumento do volume uterino com consequente compressão de vísceras adjacentes, intestino e bexiga. Durante o exame físico, a palpação uterina é cística e com dificuldade a ausculta e palpação das partes fetais. A avaliação laboratorial deve ser realizada com o objetivo de detectar os fatores etiológicos do quadro. Podem ser solicitados exames complementares como: Dosagem de glicemia materna Coombs indireto: realizado em gestantes com Rh negativo para verificar incompatibilidade sanguínea Teste de Kleihauer-Betke: pesquisa de hemoglobina fetal no sangue materno Sorologias para rastreio de infecções maternas Pesquisa de anemia fetal Avaliação do risco de cromossomopatias USG: avaliação do volume do LA ILA: superior a 25cm USG morfológica fetal: com o objetivo de rastrear malformações fetais como anencefalia, hidrocefalia, microcefalia, encefalocele, agenesias no trato genitourinário, atresias esofágicas e obstruções gastrointestinais fetais. Amniocentese e cariótipo fetal: a amniocentese retira de 200 a 500mL de LA/h, aliviando os sintomas de dispneia e desconforte abdominal. Deve ser realizada sob visão do USG. Os diagnósticos diferenciais que também podem causar aumento do volume abdominal são: doença trofoblástica gestacional, macrossomia fetal, gemelaridade, ascite materna, cisto de ovário e leiomioma uterino. TRATAMENTO O tratamento depende da avaliação diagnóstica apropriada, dependendo da idade gestacional, maturidade do concepto, presença de malformação congênita e sintomatologia materna. A identificação da etiologia é de grande importância, para que se possam tratar as doenças de base e sempre deve-se suspeitar de diabetes. Por haver risco de desenvolvimento de complicações como o aumento da taxa de mortalidade perinatal, essas gestantes devem ser consideradas de risco. IDADE GESTACIONAL INFERIOR A 32 SEMANAS LÍQUIDO AMNIÓTICO O tratamento deve ser realizado apenas em casos severos ou sintomáticos, com evidente desconforto materno ou na probabilidade de trabalho de parto pré-termo. Nesses casos, indica-se a realização de amniorredução seguida por uso de indometacina. Amnioredução: método de drenagem de liquido por meio de punção uterina e da cavidade amniótica com o objetivo de aliviar o desconforto materno causado pelo excesso de volume. Esse procedimento possibilita prevenir o trabalho de parto pré-termo, ruptura prematura de membranas ovulares, hipóxia e acidemia fetal. Não há consenso sobre a quantidade de fluído que deve ser removida, a rapidez para remoção, a utilização de medicação tocolítica ou o uso de antibióticos profiláticos. O processo é interrompido quando o volume do LA é normalizado, com medição do volume pela USG. Em média, 2 procedimentos são necessários para reduzir o volume de LA cronicamente, embora algumas pacientes necessitem de maior quantidade de drenagens. Após a realização do procedimento, é necessário monitorizar o volume de LA a cada 1 a semanas e o procedimento pode ser repetido no caso de grave polidrâmnio recorrente. As complicações desse procedimento são: desencadeamento do trabalho de parto, descolamento prematuro de placenta, ruptura prematura de membranas, hipoproteinemia e corioamnionite. Indometacina: pertence a classe de medicamentos inibidores da síntese de prostaglandinas, que estimulam a secreção fetal de vasopressina-arginina, diminuindo o fluxo sanguíneo renal fetal, reduzindo, assim, o fluxo de urina fetal. Recomenda-se iniciar a indometacina na dose de 100mg via retal de 8 em 8 horas, por 72 horas. O uso continuo, na dose de 25mg por via oral de 6 em 6 horas deve ser discutido baseado nos resultados obtidos com a dose inicial e nos riscos e benefícios para o concepto. O uso deste medicamento está relacionado ao fechamento precoce do ducto arterioso, podendo ocorrer hipertrofia arterial pulmonar, traduzindo-se, após o nascimento, em hipertensão pulmonar e shunt sanguíneo através do forame oval, que pode resultar em hipóxia neonatal. Portanto, a ecocardiografia fetal é recomendada nas primeiras 24 horas após o início do tratamento e semanalmente, caso não haja alterações. Se observada discreta alteração, a dose deve ser reduzida para 25mg de 12 em 12 horas e nova avaliação do ducto arterioso após 24h. Se constrição grave do canal arterial ou insuficiência tricúspide, o tratamento deve ser interrompido. IDADE GESTACIONAL SUPERIOR A 32 SEMANAS Quando sintomático após 32 semanas de gestação, deve ser tratado unicamente com amniorredução, não sendo recomedado o uso de indometacina. Amniorredução PARTO O tipo de parto utilizado no polidrâmnio depende de indicação obstétrica. Deve-se estar atento a complicações devido à possibilidade de o quadro se associar a distocias fetais, prolapso de cordão umbilical, descolamento prematuro de placenta normalmente inserida, prematuridade, sofrimento fetal e hemorragia materna pós-parto. As medidas terapêuticas utilizadas a fim de diminuir o desconforto materno também auxiliam na redução da probabilidade de parto pré-termo pela sobredistensão uterina. A interrupção da gestação deve ser realizada em hospital de referência devido aos riscos de prematuridade e hemorragia materna pós-parto.
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