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1Teorias e Práticas de Currículo
O Campo do Currículo e 
as Teorias Curriculares
Núcleo de Educação a Distância 
www.unigranrio.com.br
Rua Prof. José de Souza Herdy, 1.160 
25 de Agosto – Duque de Caxias - RJ
Reitor
Arody Cordeiro Herdy
Pró-Reitor de Administração Acadêmica
Carlos de Oliveira Varella
Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-graduação
Emilio Antonio Francischetti
Pró-Reitora Comunitária
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Direção geral: Jeferson Pandolfo
Revisão: Camila Andrade e Laís Sá
Produção editoração gráfica: David Vieira
Desenvolvimento do material: Alba Valéria de 
Sant´Anna de Freitas Loiola
Desenvolvimento instrucional: Luana Przybylovicz
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mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, da Unigranrio.
Sumário
O Campo do Currículo e as Teorias Curriculares
Objetivos .......................................................................................... 4
Introdução ........................................................................................ 5
1. Currículo: Histórico do Campo ................................................ 6
2. Teorias Tradicionais do Currículo ............................................. 9
3. Implicações das Teorias Tradicionais nas Práticas ...................... 11
Síntese ............................................................................................ 15
Referências Bibliográficas ................................................................... 16
Objetivos
Ao final desta unidade de aprendizagem, você será capaz de:
 ▪ Identificar os principais aspectos do pensamento curricular 
tradicional na realidade brasileira e a influência de teorias 
curriculares estrangeiras;
 ▪ Refletir sobre o campo do currículo, tomando como base as teorias 
curriculares e o cotidiano das escolas.
4 Teorias e Práticas de Currículo
Introdução
Nesta unidade, você irá perceber que, nos Estados Unidos, o campo do 
currículo sofreu profunda transformação na década de 1970. Se, inicialmente, 
a preocupação era com uma forma de racionalizar o currículo, propondo, 
de forma científica, modelos e atividades pedagógicas que padronizassem o 
comportamento de alunos e os conhecimentos a serem aprendidos, em dado 
momento, essa busca por uma padronização sofreu duras críticas.
Segundo Moreira (2002), houve um movimento em que diversos 
pesquisadores estavam insatisfeitos com os caminhos e com as perspectivas 
adotadas no campo do currículo. Para eles, as pesquisas nesse campo buscavam 
assumir uma perspectiva isenta de conceitos políticos e históricos, adotando 
uma abordagem prescritiva.
Dessa maneira, esse movimento modificou a forma como as pesquisas 
sobre o currículo passaram a ser desenhadas. Se, antes, o foco era a proposta de 
um currículo, a partir desse momento, buscava-se compreender o processo que 
dava origem a esse currículo, ou seja, o fim não era o mais importante, mas, sim, 
os movimentos que faziam parte do desenvolvimento daqueles documentos.
Mas agora você deve estar se questionando: o que vem a ser o Campo 
do Currículo? Como, esse movimento que ocorreu nos Estados Unidos, 
impactou a realidade brasileira? É também sobre essas questões que você irá 
estudar ao longo desta unidade. Além disso, você perceberá, de forma mais 
profunda, as principais características das teorias curriculares e irá observar 
como elas serão percebidas no contexto da escola. 
Dessa forma, esperamos que você busque ampliar sua percepção sobre 
as questões sociais que envolvem o currículo e a construção das identidades 
nos contextos escolares.
1. Currículo: Histórico do Campo
Antes de iniciarmos uma contextualização histórica do campo do 
currículo, é fundamental uma descrição mais objetiva do que vem a ser um 
campo no contexto da pesquisa. Para tal, a definição construída a partir da 
Sociologia pelo sociólogo Pierre Bourdieu, de acordo com Moreira (2002), é 
uma referência relevante dada à natureza plural e fértil de suas publicações. 
Veja como Moreira descreve a obra de Pierre Bourdieu.
Pierre Bourdieu pode certamente ser considerado um dos maiores 
sociólogos da contemporaneidade. Seu pensamento marcou a 
Sociologia e suas obras são, hoje, referenciais, devido à fertilidade 
dos instrumentos conceituais que emprega para compreender as 
estratégias de reprodução da desigualdade e as lutas simbólicas que 
os agentes sociais travam, no plano cultural, por apropriação de 
bens e, consequentemente, por monopólio da competência e do 
poder. (MOREIRA, 2002, p.89-90)
Como, então, Bourdieu descreve o campo científico?
O campo científico é um espaço de pesquisa que se constrói a partir 
de posições de supremacia e que, para mantê-las, será preciso estar em 
consonância com regras tácitas acordadas entre os participantes que estarão 
em constante luta para defender sua posição entre os dominadores. 
Bourdieu (1976 apud ORTIZ, 1983) apresenta o Campo Científico 
como um espaço de lutas. Para ele, o que está em jogo é a manutenção 
do monopólio e da autoridade, que dará aos envolvidos o poder de agir de 
forma legitimada pela autoridade reconhecida diante dos demais membros de 
determinada comunidade. 
Por exemplo, para ter seu texto publicado em um evento científico, 
você precisa seguir determinadas regras, não é verdade?! Todos os participantes 
desse evento se submetem a elas, para que cada pesquisa tenha valor. Percebeu 
como Bourdieu tem razão?
Portanto, podemos afirmar que não há um único campo, mas, sim, 
vários campos, como: o campo das Artes, o da Literatura e, neste caso, o 
6 Teorias e Práticas de Currículo
do Currículo. Nele, observaremos a luta entre as correntes que buscam 
ascender e aquelas que já estão legitimadas e estabelecidas, ou seja, a luta 
entre movimentos que buscam legitimar seus espaços de pesquisa.
O Campo Científico, assim como a ciência, não é neutro. Ele sempre 
buscará construir identidades sociais que atendam a certas demandas, sejam elas 
políticas, econômicas ou culturais. Acompanhe a seguinte linha do tempo e analise 
de que forma o currículo atual foi evoluindo e sendo construído historicamente. 
Contexto histórico do campo do currículo
Ocorre a transição do regime feudal 
para a sociedade capitalista. O ensino 
perde sua característica individual para 
um modelo de ensino em classe.
“A criança e o currículo”: John Dewey enfatiza 
uma proposta centrada em conceitos filosóficos, 
como meio de resolver problemas sociais. O foco 
era preparar a criança com base em sua realidade 
para viver em democracia. Publicação da obra The curriculum 
(1918), de Bobbitt: Representava a 
necessidade econômica de 
especialização - A Administração 
Científica focava no adulto.
Política, cultura e resistência são temas 
presentes nas questões do currículo. 
Nomes como Apple e Giroux trazem 
novas perspectivas ao campo do currículo. 
O professor passa a ser visto como 
liderança moral e intelectual, e não só 
como instrutor.
Início de uma proposta na qual o currículo se 
torna mais inclusivo, ocorrendo um diálogo 
entre culturas variadas – Multiculturalismo.
A escola passa a ser apontada como aparelho 
ideológico: Eclodem movimentos culturais e sociais, 
destacando-se os trabalhos de Bourdieu e Passeron, 
Baudelot e Establet, na França. A escola, por 
intermédio do currículo, passa a ser tratada como 
parte do Aparelho Ideológico do Estado (Althusser), 
reprodutora da estrutura social (Bourdieu e 
Passeron), dual e orientada pelos interesses da 
classe capitalista (Baudelot e Establet).
1902
Década de 1960
Década de 1990
Séculos XV e XVIII
1918
Década de 1980
Figura 1: Contexto histórico do campo do currículo. Fonte: Adaptado de Silva (2006).
7Teorias e Práticas de Currículo
Que tal complementarmos o conceito de campo proposto por Bourdieu? 
Neste artigo, os autores trazem, de forma bastante didática, o conceitode Campus, além de uma boa discussão sobre as hierarquias e lutas 
internas nos diferentes campos da vida social. 
Agora que você já tem um panorama da evolução histórica da 
pesquisa no campo do currículo, veremos a perspectiva americana, que foi 
forte influenciadora das pesquisas no campo do currículo e da prática escolar 
também no Brasil. 
Se, no início, buscava-se construir como ideal um currículo que 
formasse o indivíduo com habilidades para as letras e artes, esse modelo já 
não condizia com o movimento industrial que se seguia no período da guerra 
civil nos Estados Unidos.
Em 1902, John Dewey publicou a obra A criança e o currículo. A 
proposta desse filósofo e pedagogo era uma abordagem progressista, isto 
é, que preparasse a criança para 
viver em democracia, questionar a 
realidade e viver em harmonia com 
os ideais de cooperação. Para ele, era 
desejável que a escola estimulasse 
momentos em que a criança pudesse 
externar experiências as quais já está 
acostumada, além de propor outras 
novas; ou seja, ensinar a partir de 
elementos que a criança já conhecesse.
A proposta que segue a corrente progressista de Dewey era 
centrada em uma perspectiva com foco no resultado. Com a publicação 
da obra The Curriculum, por Franklin Bobbitt, em 1918, termos como 
“eficiência” e “organização” passaram a ser elementos presentes no campo 
do ensino. Bobbitt reforçava um modelo curricular centrado no conteúdo, 
na disciplina e na padronização. Para tal, o reforço, a repetição e a avaliação 
eram instrumentos centrais no processo de ensino. Nessa época, a escola 
deveria ensinar os conteúdos que melhor preparassem os indivíduos para 
Saiba Mais
Leia mais
Biografia
Para um melhor conhecimento 
sobre os feitos de John 
Dewey, veja um resumo de 
sua biografia. 
Leia mais
8 Teorias e Práticas de Currículo
https://revistascientificas.ifrj.edu.br/revista/index.php/revistapct/article/view/14
http://revistascientificas.ifrj.edu.br:8080/revista/index.php/revistapct/article/view/14/14
https://novaescola.org.br/conteudo/1711/john-dewey-o-pensador-que-pos-a-pratica-em-foco
https://novaescola.org.br/conteudo/1711/john-dewey-o-pensador-que-pos-a-pratica-em-foco
o mercado de trabalho e, para isso, era preciso construir modelos que 
evitassem “falhas”; logo, era preciso avaliar, mensurar e sistematizar todo o 
processo reproduzido nas escolas. Um modelo disciplinar que logo estaria 
presente nas organizações.
Como podemos perceber em nossa atuação e vivência escolar, esse 
modelo ainda não foi totalmente superado. É importante levarmos em conta 
que estamos tratando de teorias e que, embora sejam modelos reconhecidos 
por variadas comunidades científicas como carentes de adaptações, não é fácil 
mudar um hábito que, por vários anos, foi se reproduzindo e construindo 
identidades. Nossa formação sofreu uma influência muito forte dessa proposta 
tradicional, e a quebra desse paradigma é demorada. 
Ao mesmo tempo, é preciso lembrar que vivemos em uma sociedade 
capitalista e que os valores que permeiam os anseios desse ideal serão 
reforçados pela escola, já que este é o local em que se preparam os alunos 
para reproduzir valores. O currículo, enquanto instrumento de construção de 
valores e culturas, irá reforçar os conteúdos que sejam adequados aos valores 
que a sociedade quer construir.
2. Teorias Tradicionais do Currículo
Até aqui, você já foi apresentado a nomes como Dewey e Bobbitt, que 
foram teóricos importantes nesse movimento tradicional do currículo, mas o 
que propunham essas teorias?
Malta (2013, p.344) as descreve com o seguinte objetivo: “A teoria 
tradicional procura ser neutra, tendo como principal foco identificar os 
objetivos da educação escolarizada, formar o trabalhador especializado 
ou proporcionar à população uma educação geral, acadêmica”.
Ao olharmos os objetivos das teorias tradicionais do currículo de 
forma distanciada, podemos pensar sobre a importância da formação de 
alguns alunos com habilidades para assumir o desenvolvimento científico e 
9Teorias e Práticas de Currículo
tecnológico da sociedade, e de outros com habilidades para assumir atividades 
mais operacionais, certo?! Então, por que esse modelo seria um problema?
Reflita sobre isso enquanto aprofundamos outras perspectivas da teoria.
Como vimos anteriormente, a corrente chamada progressista teve 
como principal teórico o filósofo e pedagogo John Dewey (1859-1952). 
Para Malta (2013), essa corrente não tinha como foco principal a economia, 
mas, sim, a democracia. Dessa forma, considerava importante também “os 
interesses e as experiências das crianças e jovens. Seu ponto de vista estava 
mais direcionado à prática de princípios democráticos, sendo a escola um 
local para essas vivências” (MALTA, 2013, p.345).
Esse modelo privilegiava a capacidade de aprendizagem e dava ao aluno 
liberdade para construir seus conhecimentos e certezas. O professor, por sua 
vez, deveria mediar os conteúdos escolares de forma contextualizada e a partir 
de problemas, sem que os conceitos fossem finalizados com respostas prontas. 
Por outro lado, ainda na corrente tradicional, havia uma proposta 
mais inspirada na teoria da administração, implementada pelo modelo do 
engenheiro norte-americano Taylor. Essa abordagem mais tecnocrata 
foi proposta por Bobbitt (1876-1956). Nesse modelo, os estudos sobre o 
currículo tinham como objetivo compreender os mecanismos de reprodução 
de comportamentos e construção de habilidades que fossem adequadas às 
demandas das fábricas. Assim, a escola deveria preparar para o mundo com a 
mesma precisão que uma fábrica cuida de sua linha de produção.
Malta (2013, p.345) descreve esse período da seguinte forma:
O currículo era uma questão de organização e ocorria de forma 
mecânica e burocrática. A tarefa dos especialistas em currículo 
consistia em fazer um levantamento das habilidades, em desenvolver 
currículos que permitissem que essas habilidades fossem 
desenvolvidas e, finalmente, em planejar e elaborar instrumentos de 
medição para dizer, com precisão, se elas foram aprendidas. Essas 
ideias influenciaram muito a educação, até os anos 1980, nos EUA 
e em muitos países, inclusive no Brasil.
10 Teorias e Práticas de Currículo
Planejar, mensurar e corrigir são os termos que permeiam a corrente 
proposta por Bobbitt. O aluno, nesse modelo, é representado como um 
recipiente vazio, que irá ser preenchido com os conhecimentos que o farão 
produtivo para a sociedade; o currículo, por sua vez, é o instrumento que 
controla e padroniza os comportamentos.
Agora, volte a pensar sobre o que foi perguntado no início deste tema. 
Por que esse modelo seria um problema?
Lembra do filme que representa o julgamento da escola? Ali, é 
representado o que um modelo que desconsidera a individualidade, as 
múltiplas inteligências e os contextos de aprendizagem pode fazer com o 
espaço escolar. O aluno, ao não se reconhecer como habilidoso para aprender 
aqueles conteúdos apresentados como mínimos e fundamentais, acaba por se 
sentir incapaz e excluído do modelo escolar. 
São as inquietações que surgem dessas considerações que vão servir de 
contorno para as outras teorias sobre o currículo. Ao propor um modelo centrado 
no conteúdo e no modelo de Bobbitt, estamos privilegiando a competição, 
o consumismo e a individualidade, uma vez que o aluno “só terá valor” pela 
quantidade de conhecimentos legitimados pela escola que ele consegue reter. 
O fato é que aquilo que é ensinado na escola é apenas uma parte das variadas 
culturas e saberes que estão presentes no cotidiano de toda a sociedade. Sendo 
assim, esta se torna uma abordagem extremamente elitista e excludente.
3. Implicações das Teorias Tradicionais nas Práticas
As teorias tradicionais partem do pressuposto de que não há necessidade 
de questionar sobre o que deve ser ensinado, mas que os esforços devem 
ser concentrados em refletir sobre “como ensinar o que deve ser ensinado”. 
Essa proposta não acredita em outra forma de conhecimentosem ser aquela 
ensinada na escola, com uma abordagem técnica. Somente os conteúdos 
validados pelo currículo vigente podem atender às demandas da sociedade, no 
que diz respeito à construção de uma sociedade eficiente; assim, esses teóricos 
acreditam não haver ideologia no modelo de seleção dos conteúdos – eles são 
legítimos e inquestionáveis.
11Teorias e Práticas de Currículo
Sacristán (2013) aponta o equívoco desse pensamento. Para ele, o 
currículo não é “neutro, universal e imóvel, mas um território controverso e 
conflituoso a respeito do qual se tomam decisões e são feitas opções que não 
são as únicas possíveis (SACRISTÁN, 2013, p.23).
Pense, agora, no seguinte cenário: o aluno vê, no dia a dia, manifestações 
culturais que são ricas e compartilhadas por todos em sua comunidade. 
Sua linguagem e fala são compreendidas perfeitamente por todos aqueles 
inseridos em seu cotidiano. No entanto, ao chegar à escola, tudo aquilo que 
ele já conhece deve ser substituído por conteúdos que estão no livro didático e 
que precisam ser exaustivamente repetidos e fixados em um modelo insípido 
e desconectado da realidade.
Nesse contexto, é necessário destacar pelo menos três pontos a respeito 
do currículo proposto pela teoria tradicional do currículo. 
 ▪ O primeiro é: O aluno é um recipiente vazio, no qual tudo que é 
necessário ao seu desenvolvimento pode ser ensinado pela escola, a 
partir dos conteúdos selecionados? Isso garantirá seu sucesso escolar?
As pesquisas sobre educação respondem a essas perguntas de forma 
negativa. O aluno traz saberes de sua vivência comunitária e familiar que, 
muitas vezes, o próprio professor desconhece. Pense em uma criança criada 
em um meio rural, por exemplo. A sua vivência em relação aos ciclos lunares, 
à terra e ao plantio pode ser superior a de um professor que não tenha crescido 
nesse meio, não é verdade? Portanto, saber todas as flexões verbais em tempo 
e modo não garante o sucesso do aluno ao conduzir o manejo da lavoura e 
da pecuária; dessa forma, o que é ensinado na escola será de pouca valia para 
aquele aluno. Por essa razão, existe a necessidade de currículos diferenciados 
e influenciados pelo contexto. 
Esse foi um exemplo superficial, mas que ilustra, de forma mínima, a 
necessidade de se questionar o que deve ser ensinado na escola, e não somente 
como deve ser ensinado.
 ▪ O segundo ponto é: Se o aluno não for capaz de alcançar aqueles 
saberes legitimados pelo currículo vigente, significa que ele não 
poderá ter um espaço na sociedade?
12 Teorias e Práticas de Currículo
Novamente, a resposta é não. Nessa proposta de currículo, ao privilegiar 
a técnica, ela desconsidera a relevância das artes para a sociedade. É preciso 
refletir sobre as múltiplas habilidades que podem ser desenvolvidas com 
objetivos diversos, contrariando, assim, a proposta de Taylor, que objetivava 
o espaço das organizações.
 ▪ O terceiro ponto: Relaciona-se ao aprendizado. Todas as crianças 
aprendem ao mesmo tempo e da mesma maneira?
Como educador em formação, você deve saber que não. Ao 
observarmos o desenvolvimento infantil, podemos afirmar que há fases 
de amadurecimento biológico que permitirão que a criança avance em seu 
desenvolvimento motor, por exemplo. Contudo, isso não significa que uma 
criança entre nove e doze meses, que ainda não anda, jamais andará, nem 
que será preciso a mãe obrigá-la a realizar exercícios repetitivos diários para 
que venha a andar. Isso só deve acontecer em casos de aconselhamento 
médico. No entanto, é essa a proposta do modelo tecnicista. 
Um outro exemplo é quando os alunos precisam desenvolver certas 
habilidades para cálculo, em determinada etapa. Todos deverão repetir 
exaustivamente a tabuada, e aqueles que não chegarem aos conhecimentos 
mínimos serão reprovados. Quem controla se o aluno alcançou ou não o 
conhecimento esperado é o professor, com base em avaliações padronizadas, 
que serão aplicadas de forma pontual.
O grupo Pink Floyd fez uma música chamada Another Brick In The 
Wall, a qual expõe a crueldade da escola que machuca as crianças ao 
desconsiderar seus saberes e buscar controlar suas mentes com modelos 
de repetição e punição. Assista ao clipe e veja a tradução da letra. 
Analisando a música e o clipe citados, percebemos que esse é um 
exemplo de representação crítica ao modelo punitivo de educação. O clipe 
retrata as consequências psicológicas que as crianças podem sofrer quando 
Vídeo
Assista agora
13Teorias e Práticas de Currículo
https://www.youtube.com/watch?v=mP-ZAgsMAkE
https://www.youtube.com/watch?v=mP-ZAgsMAkE
não conseguem alcançar os objetivos da proposta tecnicista. Se você observar 
atentamente, verá que a forma de tijolos também representa uma metáfora 
para uma abordagem de padronização de todos, construindo encaixes e moldes 
para atender ao ideal do mercado. Que tal levar essas questões também para 
o espaço de discussão do fórum? 
Depois de refletirmos sobre todos esses exemplos, como você 
percebe esse modelo de currículo? Agora é o momento de discutir com seus 
colegas e professores sobre o impacto dessa proposta no modelo de escola 
que temos hoje.
14 Teorias e Práticas de Currículo
Síntese
Durante a unidade, você acompanhou uma contextualização do campo 
do currículo, partindo da definição que Bourdieu propõe para o campo. 
Baseando-se nessa definição, foi apresentado um cenário histórico, que serviu 
como origem para o desenvolvimento da teoria tradicional do currículo. 
Dessa forma, foi apresentada, primeiramente, a abordagem progressista com 
a proposta de John Dewey. Esse é um modelo focado no desenvolvimento 
humano, na construção de uma sociedade democrática, respeitando o espaço 
originário do educando.
Em seguida, foi analisada a proposta de Bobbitt, que via o campo 
do currículo como um espaço de reflexão sobre o “como se deve ensinar”, 
ou seja, como desenvolver habilidades, comportamentos e competências 
necessárias que formem o indivíduo para o mercado de trabalho. Essas eram 
as suas principais preocupações e foi no modelo de administração, proposto 
por Taylor, que o autor elaborou sua resposta. De acordo com essa proposta, 
o currículo deveria ser instrumento de ensino de conteúdos técnicos e de 
comportamentos que disciplinassem o aluno para a vivência industrial.
Para finalizarmos o estudo desta unidade, foram propostas reflexões 
e discussões a respeito de como essa teoria interferiu na prática escolar e nas 
relações no espaço da escola.
15Teorias e Práticas de Currículo
Referências Bibliográficas
ARAÚJO, Flávia Monteiro; ALVES, Elaine Moreira; DA CRUZ, Monalise 
Pinto. Algumas reflexões em torno dos conceitos de campo e de habitus 
na obra de Pierre Bourdieu. Revista Eletrônica Perspectivas da Ciência e 
Tecnologia. 1984-5693, v. 1, n.1, p.31-40, 2008. Disponível em: https://
revistascientificas.ifrj.edu.br/revista/index.php/revistapct/article/view/14. 
Acesso em: 23 set. 2021.
FERRARI, Márcio. John Dewey, o pensador que pôs a prática em foco. 
Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/1711/john-dewey-o-
pensador-que-pos-a-pratica-em-foco. Acesso em: 15 fev. 2018.
LAGE, Ana Cristina Pereira. Pedagogia escolanovista. Disponível em: 
www.histedbr.fe.unicamp.br/navegando/glossario/verb_c_pedagogia_
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LUCAS CAMARGO. Another Brick In The Wall - Pink Floyd (Legendado 
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Acesso em: 21 fev. 2018.
MALTA, Shirley Cristina Lacerda. Uma abordagem sobre currículo e 
teorias afins visando à compreensão e mudança. Espaço do currículo. v. 6, 
n. 2, p.340-354, 2013. Disponível em: http://www.okara.ufpb.br/ojs/index.
php/rec/article/view/3732. Acesso em: 15 fev. 2018.
MOREIRA, Antonio Flavio Barbosa. O campo do currículo no Brasil: 
construção no contexto da ANPED. Cadernos de Pesquisa. N º 117, 2002.
16 Teorias e Práticas de Currículo
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http://www.okara.ufpb.br/ojs/index.php/rec/article/view/3732http://www.okara.ufpb.br/ojs/index.php/rec/article/view/3732
http://www.okara.ufpb.br/ojs/index.php/rec/article/view/3732
ORTIZ, Renato (org.). Pierre Bourdieu: Sociologia. São Paulo: Ática, 
1983. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/3001954/
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SACRISTÁN, José Gimeno. Saberes e incertezas sobre currículo. Porto 
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histórico-cultural. 2006. Disponível em: www2.faced.ufu.br/colubhe06/
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17Teorias e Práticas de Currículo
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/3001954/mod_resource/content/0/Renato%20Ortiz%20%28org.%29.-A%20sociologia%20de%20Pierre%20Bourdieu.pdf
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/3001954/mod_resource/content/0/Renato%20Ortiz%20%28org.%29.-A%20sociologia%20de%20Pierre%20Bourdieu.pdf
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http://www.okara.ufpb.br/ojs/index.php/rec/article/view/3732
	Currículo, 
Conhecimento e Cultura
	Objetivos
	Introdução
	1.	O Currículo como Formador de Identidades
	1.1	Exigências Curriculares para o Diálogo entre Culturas
	1.2	Relação entre Sociedade, Economia e Currículo
	Síntese
	Referências Bibliográficas
	_30j0zll
	_ms3agjh2e5l8
	Pensamento
Curricular Crítico
	Objetivos
	Introdução
	1.	Teorias críticas do currículo
	1.1	As Correntes que Influenciaram a Teoria Crítica
	2.	Implicações das Teorias Críticas nas Práticas
	Síntese
	Referências Bibliográficas
	Teorias Pós-críticas e 
Novos Estudos em Currículo
	Objetivo
	Introdução
	1.	Teorias Pós-críticas e Novos Estudos em Currículo
	2.	Implicações das Teorias Pós-críticas nas Práticas
	Síntese
	Referências Bibliográficas
	Estudos Culturais
do Currículo
	Objetivo
	Introdução
	1.	Estudos Culturais
	2.	Implicações dos Estudos Culturais nas Práticas 
	Escolares
	Síntese
	Referências Bibliográficas
	_k4t44upa9710
	_a8mmuqwwvarq
	Questões Atuais de Currículo
	Objetivo
	Introdução
	1.	Diversidade Cultural/Multiculturalismo
	1.1.	Lei 10.639/03 
	Síntese
	Referências Bibliográficas
	Referências Bibliográficas
	Síntese
	Introdução
	1. 	Livro Didático, DCNs e Propostas Curriculares
	2. 	Lei 9394/96, DNCs e Propostas Curriculares, 		Base Nacional Curricular Comum e 
	Reflexões Críticas
	2.1 	Qual o Papel da LDB?
	2.2 	Parâmetros Curriculares Nacionais 
	2.3 	Base Nacional Comum Curricular - O que é e o que ela propõe?
	Objetivo
	_gjdgxs
	_30j0zll
	Práticas Curriculares na Escola
	Objetivo
	Introdução
	1.	Observação e Análise de Práticas Escolares
	2.	Reflexões Críticas
	Síntese
	Referências
	Currículo, 
Conhecimento e Cultura
	Objetivos
	Introdução
	1.	O Currículo como Formador de Identidades
	1.1	Exigências Curriculares para o Diálogo entre Culturas
	1.2	Relação entre Sociedade, Economia e Currículo
	Síntese
	Referências Bibliográficas
	O Campo do Currículo e 
as Teorias Curriculares
	Objetivos
	Introdução
	1.	Currículo: Histórico do Campo
	2.	Teorias Tradicionais do Currículo
	3.	Implicações das Teorias Tradicionais nas Práticas
	Síntese
	Referências Bibliográficas
	Pensamento
Curricular Crítico
	Objetivo
	Introdução
	1.	Teorias Críticas do Currículo
	1.1	As Correntes que Influenciaram a Teoria Crítica
	2.	Implicações das Teorias Críticas nas Práticas
	Síntese
	Referências Bibliográficas
	Teorias Pós-críticas e 
Novos Estudos em Currículo
	Objetivo
	Introdução
	1.	Teorias Pós-críticas e Novos Estudos em Currículo
	2.	Implicações das Teorias Pós-críticas nas Práticas
	Síntese
	Referências Bibliográficas
	Estudos Culturais
do Currículo
	Objetivo
	Introdução
	1.	Estudos Culturais
	2.	Implicações dos Estudos Culturais nas Práticas 
	Escolares
	Síntese
	Referências Bibliográficas
	Questões Atuais de Currículo
	Objetivo
	Introdução
	1.	Diversidade Cultural/Multiculturalismo
	1.1.	Lei 10.639/03 
	Síntese
	Referências Bibliográficas
	Práticas Curriculares na Escola
	Objetivo
	Introdução
	1.	Observação e Análise de Práticas Escolares
	2.	Reflexões Críticas
	Síntese
	Referências
	Teoria e Prática do Currículo
	Objetivo
	Introdução
	1. 	Livro Didático, DCNs e Propostas Curriculares
	2. 	Lei 9394/96, DNCs e Propostas Curriculares, 		Base Nacional Curricular Comum e 
	Reflexões Críticas
	2.1 	Qual o Papel da LDB?
	2.2 	Parâmetros Curriculares Nacionais 
	2.3 	Base Nacional Comum Curricular - O que é e o que ela propõe?
	Síntese
	Referências Bibliográficas
	O Campo do Currículo e 
as Teorias Curriculares
	Objetivos
	Introdução
	1.	Currículo: Histórico do Campo
	2.	Teorias Tradicionais do Currículo
	3.	Implicações das Teorias Tradicionais nas Práticas
	Síntese
	Referências Bibliográficas