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U N O PA R PRIN C ÍPIO S D E ELETRIC ID A D E E M A G N ETISM O Princípios de eletricidade e magnetismo Cibele Abreu Makluf Princípios de eletricidade e magnetismo Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Makluf, Cibele Abreu ISBN 978-85-8482-463-2 1. Eletricidade. 2. Magnetismo. 3. Eletromagnetismo. I. Título. CDD 537 Makluf. – Londrina : Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2016. 184 p. M235p Princípios de eletricidade e magnetismo / Cibele Abreu © 2016 por Editora e Distribuidora Educacional S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. Presidente Rodrigo Galindo Vice-Presidente Acadêmico de Graduação Mário Ghio Júnior Conselho Acadêmico Dieter S. S. Paiva Camila Cardoso Rotella Emanuel Santana Alberto S. Santana Regina Cláudia da Silva Fiorin Cristiane Lisandra Danna Danielly Nunes Andrade Noé Parecerista André Luiz Delvas Froes Francine de Mendonça Fábrega Thatiane Cristina dos Santos Editoração Emanuel Santana Cristiane Lisandra Danna André Augusto de Andrade Ramos Adilson Braga Fontes Diogo Ribeiro Garcia eGTB Editora 2016 Editora e Distribuidora Educacional S.A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041-100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ Sumário Unidade 1 | Princípios de eletricidade Seção 1 - Eletrostática 1.1 | Carga elétrica 1.2 | Condutores e isolantes 1.3 | Princípios da eletrostática 1.4 | Lei de Coulomb 1.5 | Campo elétrico 1.6 | Linhas de força de um campo elétrico 1.7 | Potencial elétrico 1.8 | Energia potencial elétrica Seção 2 - Correntes elétricas em movimento 2.1 | Corrente elétrica 2.2 | Tensão elétrica e resistência 2.3 | Lei de Ohm 2.4 | Associação de resistores 2.5 | Instrumentos básicos de medidas elétricas 2.5.1 | Amperímetro 2.5.2 | Voltímetro 2.5.3 | Ohmímetro 2.5.4 | Wattímetro Unidade 2 | Campo magnético e forças magnéticas Seção 1 - Introdução ao magnetismo 1.1 | Ímã e suas características 1.2 | Materiais magnéticos e não magnéticos 1.3 | Lei de Coulomb para o magnetismo 1.4 | Campo magnético e linhas de campo magnético 1.5 | Fluxo magnético 1.6 | Densidade de campo magnético 1.7 | Permeabilidade magnética 1.8 | Relutância magnética 9 13 13 16 17 18 21 25 27 29 35 35 41 47 48 53 53 53 53 54 59 63 66 70 71 72 73 74 75 77 Seção 2 - Movimento de partículas carregadas em um campo magnético 2.1 | Movimento de partículas carregadas em um campo magnético 2.2 | Força magnética 2.3 | Potencial de um polo magnético 2.4 | Potencial de um dipolo magnético 2.5 | O efeito Hall Unidade 3 | Fontes de campo magnético Seção 1 - Campo eletromagnético 1.1 | Campo magnético criado por correntes 1.2 | Lei de Ampère 1.2.1 | Aplicações da lei de Ampère Seção 2 - Força magnética sobre correntes 2.1 | Forças magnéticas sobre correntes 2.2 | Força magnética entre dois fios condutores paralelos 2.3 | Torque sobre uma espira percorrida por corrente – momento magnético Seção 3 - Fontes de campo magnético 3.1 | Fontes do campo magnético 3.1.1 | Campo magnético gerado em torno de um condutor retilíneo 3.2 | Campo magnético gerado no centro de uma espira circular 3.3 | Campo magnético gerado no centro de uma bobina longa ou solenoide 3.4 | Campo magnético gerado por um toroide Unidade 4 | Indução eletromagnética Seção 1 - Indução eletromagnética 1.1 | Introdução 1.2 | O fluxo magnético 1.2.1 | Variação do fluxo magnético 1.3 | Lei de Faraday 1.4 | Lei de Lenz Seção 2 - Força eletromotriz 2 | Força eletromotriz produzida pelo movimento 2.1 | Campos elétricos induzidos 2.2 | Força magnetizante (campo magnético indutor) 2.3 | Força magnetomotriz 2.4 | Correntes de Foucault 81 81 84 90 91 92 99 103 105 110 111 119 119 123 125 131 131 131 133 135 138 145 149 149 151 153 155 157 165 165 168 170 172 173 2.5 | Circuitos magnéticos 2.5.1 | Campo magnético 2.5.2 | Indutor 2.5.3 | Perdas em materiais ferromagnéticos 175 175 178 178 Apresentação Caro aluno, o estudo dos princípios de eletricidade e magnetismo é de extrema importância e proporcionou o desenvolvimento em diversas áreas, sobretudo as ligadas à Engenharia. Os fenômenos elétricos e magnéticos estão ligados diretamente aos acontecimentos de nosso cotidiano. Podemos citar o acendimento de uma lâmpada, os relâmpagos, o funcionamento de um motor elétrico, de um celular, entre outros. Nada disso seria possível sem os estudos realizados nessa área. Sabendo da importância que a eletricidade e o magnetismo têm para o ser humano, vamos entender esses conceitos e descobrir de que forma ocorrem os fenômenos elétricos e magnéticos. O estudo da eletricidade pode ser dividido em: eletrostática, eletrodinâmica e eletromagnetismo, sendo que, ao longo das unidades, você conhecerá cada um desses conceitos. Na unidade 1, você verá as os conceitos da eletrostática, que é o estudo das cargas elétricas em repouso, em que analisaremos as características e interações entre as cargas elétricas, a força e o campo elétrico, e o potencial elétrico. Em um segundo momento, serão apresentados os conceitos de Eletrostática, que é o estudo das cargas em movimento, e serão abordadas as características das correntes elétricas, as resistências elétricas e suas associações possíveis, além dos instrumentos utilizados nas medições elétricas. Na unidade 2, iremos nos dedicar ao magnetismo, que é o estudo de fenômenos magnéticos. Serão apresentados os conceitos sobre os ímãs, o campo magnético e suas linhas de campo, a força magnética, bem como as características do potencial dos polos e dipolos magnéticos e a interpretação do efeito Hall. Na unidade 3, você verá o estudo do eletromagnetismo, que trata das interações entre os campos elétricos e magnéticos. Será apresentado o campo magnético criado através de correntes elétricas e a força magnética a que as correntes estarão submetidas nesse campo, as leis que regem esse estudo, que são as leis de Biot- Savart e de Ampére, bem como diferentes fontes que são capazes de gerar um campo magnético. Na unidade 4, serão apresentados outros importantes conceitos ligados ao eletromagnetismo, como o estudo da indução eletromagnética, do fluxo magnético e os fundamentos das Leis de Faraday e Lenz. Caro aluno, inicia-se aqui seu processo de aprendizado em Princípios de Eletricidade e Magnetismo. É muito importante a sua dedicação nesse momento para que possamos, juntos, realizar essa tarefa com sucesso. Trace planos e metas para aperfeiçoar o seu processo de aprendizagem, procurando sempre aprofundar seus estudos através de outras fontes, a fim de estender seu conhecimento sobre o tema proposto. Bom trabalho! Unidade 1 PrinCíPios de eletriCidAde Objetivos de aprendizagem: Nesta unidade, você será levado a estudar e compreender: • Os principais conceitos sobre a eletricidade. • A eletricidade estática. • As propriedades da força e do campo elétrico. • A importância do potencial elétrico. • Os conceitos teóricos e características das correntes elétricas. • Os fundamentos da Lei de Ohm. • De que forma os resistores podem ser associados. Cibele Abreu Makluf • Cargas elétricas. • Forças e campos elétricos. • Potencial elétrico. • Corrente elétrica. Seção 1 | Eletrostática Seção 2 | Correntes elétricas em movimento Princípios de eletricidade U1 10 • Resistência elétrica. • Lei de Ohm. • Associação de resistores. • Instrumentos de medidas elétricas. Princípios de eletricidade U1 11 Introduçãoà unidade Caro aluno, você terá, nesta unidade, uma introdução aos conceitos de eletricidade. Sabemos da importância que a eletricidade tem para o ser humano e quanto desenvolvimento ela proporcionou. Por isso, vamos juntos entender esses conceitos e descobrir de que forma ocorrem vários fenômenos elétricos que fazem parte do nosso cotidiano, como os relâmpagos. Vamos iniciar nosso estudo vendo conceitos de eletrostática, como as características das cargas elétricas, as forças e o campo elétrico, bem como o potencial elétrico. Na sequência, vamos iniciar o estudo de eletrodinâmica, em que veremos alguns conceitos e características das correntes elétricas, as particularidades das resistências elétricas, descobrindo qual sua função dentro de um circuito e como elas podem ser associadas, bem como alguns instrumentos principais utilizados para as medições elétricas. Você é essencial nesse processo de aprendizagem. Bom trabalho! Princípios de eletricidade U1 12 Princípios de eletricidade U1 13 Seção 1 Eletrostática Caro aluno, esta seção apresenta as três partículas elementares que formam o átomo. Você verá de que maneira os corpos são carregados eletricamente e como calcular uma carga elétrica. Falaremos sobre as cargas elétricas e as linhas de campo que elas carregam. Definiremos e explicaremos os campos elétricos e o surgimento das forças elétricas, além das particularidades e como calcular o potencial elétrico para um conjunto de cargas. Todos esses conceitos são importantes para a compreensão de muitos fenômenos da eletricidade e do magnetismo, como o funcionamento de motores elétricos, o surgimento de um relâmpago, entre outros. Vamos lá? Bons estudos! introdução à eletricidade A eletricidade estuda os fenômenos ligados às cargas elétricas. Podemos citar: • Eletrostática: temos o estudo das cargas em repouso, bem como dos processos de eletrização, das forças eletrostáticas, do campo elétrico e do potencial elétrico. • Eletrodinâmica: temos o estudo das cargas em movimento, bem como da corrente elétrica e dos elementos dos circuitos. 1.1 Carga elétrica A matéria é constituída por átomos, sendo o núcleo atômico composto por: Princípios de eletricidade U1 14 • Prótons (partículas de carga positiva). • Nêutrons (partículas sem carga). Ao redor do núcleo, na eletrosfera, temos: • Elétrons (partículas de carga negativa). Foi comprovado de maneira experimental que um próton afasta outro próton, um elétron afasta outro elétron e prótons e elétrons se atraem mutuamente, ou seja, cargas de mesmo sinal se afastam e de sinais opostos se atraem. Esse fenômeno é conhecido como princípio da atração e repulsão e é mostrado na Figura 1.1. Os nêutrons são eletricamente neutros, e não são afetados por cargas elétricas, não as atraem ou repelem. A carga elétrica é representada por Q ou q e sua unidade é o Coulomb (C). Esse valor é determinado através da carga elétrica elementar (e) onde: e = 1.6 x 10-19 A carga elementar nada mais é que uma quantidade mínima (quantum) de carga, sendo essa indivisível. As cargas dos prótons e elétrons são idênticas e opostas, tal que: Q p = +e = 1,6 x 10-19C Q e = -e = -1,6 x 10-19C A Tabela 1.1 mostra resumidamente as propriedades das três partículas elementares: Figura 1.1 | Princípio da atração e repulsão Fonte: O autor. Princípios de eletricidade U1 15 De forma geral, os corpos são neutros eletricamente, pois possuem números iguais de prótons e elétrons em sua composição. Lembre-se, a carga de elétrons e dos prótons é igual em módulo, mas oposta no sinal. Se os números de prótons e elétrons são diferentes, dizemos que o corpo está eletrizado, conforme mostramos a seguir. Tabela 1.1 | Propriedades das partículas elementares Fonte: O autor. Partícula Massa (grama) Massa relativa Carga elétrica (Coulomb) Carga relativa Próton (+) 1,7 x 10-24 1 1,6 x 10-19C +1 Nêutron (0) 1,7 x 10-24 1 0 0 Elétron (-) 9,1 x 10-28 1/1836 -1,6 x 10-19C -1 Um átomo eletricamente neutro poderia ganhar ou perder prótons e elétrons, e tornar-se carregado. entretanto, os prótons estão fortemente ligados aos nêutrons no interior do núcleo atômico devido às forças nucleares. Para modificar o conteúdo de prótons em um átomo, você precisa atuar de maneira muito violenta sobre ele (por exemplo, por fissão nuclear, como em uma bomba atômica, ou pela fusão nuclear, como ocorre no interior do sol). Portanto, todos os fenômenos elétricos do dia a dia são causados por elétrons, pois são eles que têm mobilidade, na parte mais exterior do átomo, em uma região conhecida como eletrosfera. n p = n e : corpo eletricamente neutro. n p > n e : corpo eletricamente positivo. n p < n e : corpo eletricamente negativo. Princípios de eletricidade U1 16 A quantidade de carga de um corpo é quantizada, o que significa que ela sempre aparece em “pacotes inteiros”, múltiplo da carga das partículas presentes em seu interior. Levando em consideração que o elétron contribui com (–e) na carga total e o próton contribui com (+e) na carga total, dessa forma, temos: Q = (n p - n e ) . e Onde n p é o número de prótons e n e o número de elétrons. Q > 0, o corpo está eletrizado positivamente. Q < 0, o corpo está eletrizado negativamente. Q = 0, o corpo está eletricamente neutro. 1.2 Condutores e isolantes A facilidade com que os elétrons se movimentam dentro de um material o classifica como um bom ou mau condutor. Nos bons condutores, existe uma facilidade para a movimentação dessas cargas; podemos citar como exemplos os metais, o corpo humano e a água da torneira. Já nos maus condutores, também conhecidos como isolantes, não há movimentação de cargas; é o caso do plástico, da borracha e da água destilada. Fique atento: um isolante pode ser forçado a se tornar um condutor se for submetido a um potencial elétrico muito elevado. em um dia seco, antes de entrar em casa, você esfrega os pés em um tapete de fibras, sendo este um mau condutor. o atrito entre os seus pés e as fibras do tapete gera correntes elétricas que ficam armazenadas no seu corpo. Quando você toca na maçaneta metálica para abrir a porta, o que acontece? Princípios de eletricidade U1 17 1.3 Princípios da eletrostática A eletrostática possui dois princípios: a) Atração e repulsão: as cargas com sinais iguais se afastam e as de sinais opostos se atraem. b) Conservação de cargas elétricas: Em um sistema eletricamente isolado, a soma algébrica das cargas positivas e negativas é constante. A Figura 1.2 mostra esse princípio. A pesquisa científica permite a criação de materiais com propriedades muito úteis. Os semicondutores, por exemplo, possuem propriedades intermediárias entre os condutores e os isolantes. Um exemplo, muito útil na indústria de equipamentos eletrônicos, são as ligas de silício e germânio. Temos também os materiais considerados supercondutores ou condutores perfeitos, pelos quais as cargas se movimentam sem nenhuma resistência. Por exemplo, o mercúrio torna- se supercondutor a temperaturas extremamente baixas, cerca de -269 °C. liMA, Hugo. Condutores e isolantes. Universidade de santa Cecília. disponível em: <https://drive.google.com/file/ d/0B4dWrkB2lh2soedlnHhPrFVfWUk/view?usp=sharing>. Acesso em: 03 mar. 2016. Figura 1.2 | Princípio da conservação de cargas Fonte: O autor. Princípios de eletricidade U1 18 Após a interação dos corpos A e B, a carga total final e a carga total inicial são iguais. 1.4 lei de Coulomb De acordo com experimentos realizados por Coulomb, considerando duas cargas e quaisquer, conclui-se: Propriedade 1: o módulo da força elétrica é proporcional ao inverso do quadrado da distância entre as cargas. Propriedade 2: trata-se de uma força central, ou seja, a direção da força coincide com a direção da linha que une as duas cargas. Dessa forma, podemos escrever que a força sobre q 1 exercida por q 2 é: F 21= Kq 1 q 2 (r 21 )2 E a força elétrica sobre q 2 exercida por q 1 é: F 12 = Kq 1 q 2 (r 12 )2 Onde r 12 =r 21 representa a distância entre as cargas q 1 e q 2 . Se as cargas tiverem mesmo sinal, a força será de repulsão, e, se forem de sinais opostos, a força será de atração. O fator K da equação é chamado de constante de proporcionalidade e seu valor depende do meio onde as cargas estão inseridas. No caso do vácuo, temos: K = 1 4πε 0 Onde ε 0 = 8,85 . 10-12C2/N . m2 é a permissividade do vácuo. Forma vetorial da lei de Coulomb A força, como um vetor, possui propriedades direcionais, como é mostrado na Figura 1.3. Princípios de eletricidade U1 19 Figura 1.3 | Sentido das forças eletrostáticas Figura 1.4 | Vetores de força para duas cargas com mesmo sinal Fonte: Adaptado de Filho (2012). Fonte: Adaptado de Filho (2012). Na Figura 1.3, temos a orientação vetorial entre duas cargas elétricas para (a) cargas positivas, (b) cargas negativas e (c) para cargas opostas, sendo que a força de atração ou repulsão atua ao longo da linha que as une. Vamos observar agora a Figura 1.4, na qual os vetores das forças entre duas cargas de mesmo sinal são demonstrados. O módulo da força eletrostática, em termos vetoriais, pode ser representado por: F 12 = r 12 ^ → Kq 1 q 2 (r 12 )2 Sendo que F12 → a força exercida de q 1 sobre q 2 , r 12 representa o módulo do vetor r12 → e r12 ^ indica o vetor unitário do sentido de r12 → : r 12 r 12 = → r 12 → Fonte: Adaptado de Filho (2012). Princípios de eletricidade U1 20 Já a força exercida de q 2 sobre q 1 é F21 → , que pode ser expressa por: F 21 = r 21 ^ → Kq 1 q 2 (r 21 )2 Como foi dito, r 21 ^ possui sentido oposto a r12 ^ , o que determina que: F 12 = - F 21 → → exemplo de aplicação Considere duas partículas de mesmo sinal, como mostra a figura a seguir, sendo q 1 = 5µC e q 2 = 7µC. Elas estão separadas a uma distância d = 4 m e se encontram no vácuo. Qual o módulo das forças de interação entre essas partículas? Dado que K, no vácuo, vale K = 9 . 109 N . m2 / C2 . Resolução: F= = Kq 1 q 2 9 . 109 x 5-6 x 7 . 10-6 (r)2 (4)2 F = 19,7 . 10-3 N GUssoW, Milton. Eletricidade básica. 2. ed. são Paulo: Bookman, 2007. Princípios de eletricidade U1 21 Caro aluno, a videoaula a seguir traz os conceitos da lei de Coulomb, abrangendo esses conceitos de forma interativa e interessante. o vídeo está disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=449UV7- r0Gc>. Acesso em: 17 fev. 2016. 1.5 Campo elétrico As cargas elétricas criam em sua volta uma região de perturbação eletrostática, que é bem descrita em termos de um campo elétrico. Ele está presente no espaço e influencia qualquer carga q nessa região, causando uma força F. A força F pode ser de atração ou repulsão, dependendo do sinal de Q. O campo elétrico é representado, em cada ponto do espaço, por um vetor simbolizado por E → . Em um determinado ponto, seu módulo E é chamado intensidade de campo elétrico. Observando a Figura 1.5, a carga Q forma um campo elétrico no espaço à sua volta. É inserida uma carga de prova q, sendo que nesse exemplo ela foi colocada em cima do ponto P1. Observa-se o surgimento de uma força elétrica que atua Figura 1.5 | Campo elétrico Fonte: Flores (2012). Princípios de eletricidade U1 22 sobre essa carga de prova q. Dessa forma, podemos definir a intensidade do campo elétrico nesse ponto P1: E = → q F → As unidades geralmente utilizadas são: • F: N (Newton). • q: C (Coulomb). • E: N/C (Newton/Coulomb). Em relação à direção e sentido do vetor campo elétrico em um determinado ponto, esses são dados pela direção e sentido da força que atua em uma carga de prova positiva colocada nesse ponto. Isso é demonstrado na Figura 1.6. Figura 1.6 | Vetor campo elétrico para carga positiva Fonte: Adaptado de Flores (2012).Fonte: Adaptado de Flores (2012). Analisando a Figura 1.6, vamos focar primeiramente no ponto P1. Imaginemos que uma carga de prova positiva foi colocada nesse ponto. Pelo que já foi estudado, sabemos que essa carga vai ser repelida com uma força para a direita. Da mesma forma, nesse ponto, o vetor campo elétrico seria também horizontal e no sentido da direita. No caso do ponto P2, temos, portanto, um vetor vertical e voltado para cima, já que ele teria uma força de repulsão também nessa direção e sentido, mantendo no caso a carga de prova positiva. Para os pontos P3 e P4, seguimos a mesma linha, e os sentidos e direções dos seus vetores podem ser vistos na Figura 1.6. Princípios de eletricidade U1 23 Vamos dar outro exemplo, sendo que a carga Q agora está eletrizada negativamente, como pode ser observado na Figura 1.7. Iniciaremos novamente pelo ponto P1. Nesse caso, é observado que ela seria atraída por Q com força para esquerda; sendo assim, o vetor campo elétrico será também para esquerda. Dessa mesma forma, nos pontos P2, P3 e P4, teremos os vetores campo elétrico. Perceba que o campo elétrico pode ser definido independentemente da carga de prova. A carga de prova nos permite verificar a existência do campo elétrico, observando a força resultante, como mostra a Figura 1.8. A intensidade do campo elétrico será calculada por: A constante K, como já foi visto anteriormente, é a constante de proporcionalidade e seu valor depende do meio em que as cargas estão inseridas. Figura 1.7 | Vetor campo elétrico para carga negativa Figura 1.8 | Campo elétrico em função da carga Q Fonte: Adaptado de Flores (2012). Fonte: Adaptado de Firmino (2010). Fonte: Adaptado de Flores (2012). Fonte: Adaptado de Firmino (2010). E = d2 K |Q| Princípios de eletricidade U1 24 A Figura 1.9 traz os sentidos dos campos elétricos. Figura 1.9 | Sentido do campo elétrico Fonte: Firmino (2010). A Figura 1.9 pode ser resumida em: Intensidade: E = |q| F Direção: mesma de F → (na reta que une as cargas). Sentido: q>0 é o mesmo da Força. q<0 é contrário ao da Força. exemplo de aplicação Uma carga de prova de q = 6µC está sujeita a uma força de intensidade F = 12 N. Determinar o módulo do campo elétrico. Princípios de eletricidade U1 25 Resolução: 1.6 linhas de força de um campo elétrico As linhas de força são linhas imaginárias construídas em torno de uma carga elétrica ou de uma distribuição de cargas, com a finalidade de demonstrar o comportamento do campo elétrico em certa região do espaço. Podemos definir também como a linha que é tangente, em um dado ponto, ao vetor campo elétrico nesse mesmo ponto. A Figura 1.10 mostra alguns exemplos de linhas de força. Podemos observar na figura que as linhas produzidas por somente uma carga puntiforme são retas que passam por essa carga; já para mais de uma carga, as linhas de campo são curvas. Podemos observar a Figura 1.11, em que os vetores campo elétrico correspondem, respectivamente, aos pontos A, B, C e D, sendo que a linha de força que passa por esses pontos é tangente aos vetores de campo. E = = 2 . 106 N/C = |q| 6 . 10-6 F 12 Figura 1.10 | Linhas de campos elétricos Fonte: Filho (2012). Princípios de eletricidade U1 26 Figura 1.11 | Vetores do campo elétrico Fonte: Firmino (2010). As diferentes linhas de força não se cruzam em nenhum ponto. A intensidade do campo elétrico é proporcional à densidade das linhas, isto é, quanto mais próximas as linhas se encontram, mais intenso é o campo. A definição de linha de força é puramente geométrica, mas algumas conclusões podem ser destacadas: • Conhecendo uma dada linha de força, por exemplo, pode-se saber a direção do campo elétrico em qualquer ponto sobre ela (direção da tangente à linha de força nesse ponto). • Vamos imaginar que uma carga q foi adicionada em um ponto A de uma linha de força, como pode ser visto na Figura 1.12. Temos que o campo elétrico é tangente à linha de força nesse ponto. A força que atuana carga q pode ser calculada e tem a mesma direção do campo elétrico. Assim, podemos concluir que também é tangente à linha de força no ponto A. Dessa forma, em cada ponto, a tangente à linha nos mostrará a direção da força que irá atuar em uma determinada carga, naquele ponto. sabemos que as linhas de força nunca se cruzam, mas você consegue imaginar como os estudiosos chegaram a essa conclusão? o que aconteceria se elas se cruzassem? Princípios de eletricidade U1 27 Figura 1.12 | Vetor campo elétrico e força Fonte: Firmino (2010). GUssoW, Milton. Eletricidade básica. 2. ed. são Paulo: Bookman, 2007. 1.7 Potencial elétrico Relembrando os conceitos de mecânica, quando temos uma força paralela ao movimento de um corpo, gerando deslocamento, podemos dizer, então, que essa força realizou trabalho sobre o corpo. Esse trabalho pode ser calculado pela expressão: W = F . d . cos θ onde θ é ângulo formado entre a direção do deslocamento do corpo e a força aplicada. Sendo: W: Trabalho [J (Joules)]. F: Força que atua no corpo [N (Newton)]. d: Deslocamento [m (metros)]. Agora, iremos pensar em conceitos de eletrostática. Vamos imaginar que uma carga de prova q positiva está sendo deslocada, como mostra a Figura 1.13, do ponto A para o ponto B, com uma velocidade constante. Princípios de eletricidade U1 28 Figura 1.13 | Deslocamento de uma carga no campo elétrico Fonte: O autor.Fonte: O autor. O trabalho que a força F teve de realizar para mover a carga do ponto A para o ponto B é medido. A diferença de potencial entre esses dois pontos pode ser expressa pela equação seguinte. É importante lembrar que o potencial elétrico é a capacidade dos corpos eletrizados realizarem trabalho, ou seja, se atraírem ou repelirem conforme as forças geradas em um campo elétrico. V A - V B = q W AB Ou ∆V= q W AB Onde: • V A é o potencial elétrico no ponto A. • V B é o potencial elétrico no ponto B. • W AB é o trabalho para deslocar a carga do ponto A para o B. • q é a carga. • ∆V é a variação de potencial. A unidade é Joules/Coulomb=Volts Normalmente, é considerado que o ponto A está no infinito, o que determina que o seu potencial seja nulo. Dessa forma, a equação pode ser reescrita: Princípios de eletricidade U1 29 É importante salientar que o que é relevante no cálculo de trabalho é a diferença de potencial, e não o valor absoluto de cada um dos potenciais. Outro ponto importantíssimo é a possibilidade de calcular o potencial gerado por cargas pontuais diretamente. Temos: V= r K . q Para mais de uma carga pontual, o potencial será a soma dos potenciais gerados por cada carga (princípio da superposição): V= Σ V i = Σ r i K . q i n n i = 1 i = 1 Onde r i representa a distância entre cada carga q i e o ponto onde se calcula o potencial elétrico. exemplo de aplicação Sendo uma partícula onde q= 2 . 10-5 se deslocando em um campo elétrico do ponto A para o B. O trabalho realizado pela força elétrica é de W = 4 . 10-3J. Qual será a diferença de potencial entre os dois pontos? Resolução: ∆V= = 200V= q 2 . 10-5 W 4 . 10-3 1.8 energia potencial elétrica Temos a realização de trabalho também pelas forças elétricas, pois há energia potencial armazenada em um campo elétrico. O potencial elétrico é definido como a capacidade que um corpo carregado possui para atrair ou afastar outras cargas elétricas, ou seja, sua capacidade de realizar trabalho. Um campo elétrico criado pelo corpo carregado com carga Q e a inserção de uma carga q sofrendo a ação de uma força F. Dessa forma, F realiza trabalho sobre a partícula, sendo que ela adquire energia. São as grandezas força e deslocamento V= q W Princípios de eletricidade U1 30 da partícula que irão determinar o trabalho, sendo que essas dependem da posição da partícula no campo elétrico. A energia potencial elétrica E p adquirida vai depender do ponto P onde ela estiver. É conhecido que em cada ponto P do campo a força é expressa por F = q . E → → , sendo que a força é diretamente proporcional à carga q, logo o trabalho W e a energia potencial da partícula E p também serão proporcionais a q. Dessa forma, podemos definir o potencial elétrico em um dado ponto P por: V= q E p onde V é o potencial elétrico (unidade J/C=Volts), E p é a energia potencial e q é a carga. Adotamos os mesmos referenciais utilizados no potencial para a energia potencial elétrica. Sendo assim, considerando um campo elétrico gerado por uma carga Q, o potencial elétrico por convenção é: exemplo de aplicação Sendo uma carga de q=-6µC colocada em um determinado ponto P onde o potencial elétrico é V = 2 . 104 V, determine sua energia potencial elétrica. V= q E p → E p = V . q = 2 . 104 x (-6 . 10-6) = -0,12J • No infinito, ele é nulo. • Para Q positivo, o potencial é crescente e positivo. • Para Q negativo, o potencial é crescente e negativo. Princípios de eletricidade U1 31 GUssoW, Milton. Eletricidade básica. 2. ed. são Paulo: Bookman, 2007. 1. Considerando um corpo condutor de eletricidade, que possui prótons e elétrons, responda às questões a seguir: a) Ele estará eletrizado de forma negativa ou positiva? b) Qual o valor da carga elétrica? 2. Podemos afirmar, em relação à natureza dos corpos extensos, em situações típicas de nosso dia a dia, carregados ou neutros eletricamente, que: I - Sendo um corpo carregado, podemos dizer que em seu interior o número de elétrons é diferente do número de prótons. II - Um corpo carregado possui cargas elétricas. III - Um corpo neutro não possui cargas elétricas. IV - Não é possível carregar eletricamente dois corpos de materiais distintos por meio do atrito. V - Um corpo neutro possui prótons e elétrons em mesmo número. Estão corretas as afirmações: a) I, II e III. b) I, II e V. c) I e IV. d) II, IV e V. e) II, III e V. Princípios de eletricidade U1 32 3. Temos duas cargas no vácuo, Q A =-4µC e Q B =9µC, conforme mostra a figura: 4. Vamos considerar o triângulo da figura, onde duas cargas Q 1 = 3µC Q 2 =5µC estão localizadas nos vértices A e B do triângulo equilátero. Qual seria o potencial elétrico em C? 5. A figura a seguir representa uma superfície equipotencial. Determine qual o trabalho para transportar uma carga q=5µC do ponto A para o B. Considere K = 9 . 109 N . m2/C2. Qual o campo resultante em P? Princípios de eletricidade U1 33 Princípios de eletricidade U1 34 Princípios de eletricidade U1 35 Seção 2 Correntes elétricas em movimento Caro aluno, esta seção apresenta a corrente elétrica e a densidade de corrente. Iremos nos aprofundar no assunto, calculando sua intensidade e interpretando o sentido dessas correntes em relação ao campo elétrico. Em seguida, estudaremos os circuitos elétricos e uma de suas principais componentes, a resistência elétrica. Além disso, serão apresentados quais parâmetros determinam esse tipo de elemento e que tipos de associação podem ser feitos com os resistores. Discutiremos a lei de Ohm, e finalizando a seção, veremos os principais instrumentos utilizados para a medição das grandezas elétricas. Vamos lá? Bons estudos! 2.1 Corrente elétrica Um gerador elétrico é um equipamento que transforma energia mecânica em energia elétrica. Basicamente, ele tem como função manter uma diferença de potencial elétrico (ddp) entre os terminais ou polos A e B, dado por V A - V B . Temos também o exemplo das pilhas, que são muito usadas como fonte de energia elétrica e também para manter a diferença de potencial, e, portanto, o movimento dos elétrons. A Figura 1.14 traz uma pilha ligada a um condutor. Figura 1.14 | Pilha ligada a um condutor Fonte: O autor. Princípios de eletricidade U1 36 O maior potencial é considerado o polo positivo, e o menor é o polo negativo. Dizemos que um condutor elétrico se encontra em equilíbrio eletrostático quando os elétrons se encontram livres e se movimentamde forma desordenada. Quando ele é ligado aos polos do gerador, passa a estar sujeito a um campo elétrico E → , no sentido do polo positivo para o negativo, como mostra a Figura 1.15. Nela, os elétrons estão sob a ação de uma força elétrica, F e , onde F e = q . E → → Essa força tem sentido contrário a E → , já que os elétrons estão carregados negativamente. Ela faz com que os elétrons adquiram um movimento ordenado, no sentido e direção de F e → . Corrente elétrica é o movimento ordenado das cargas elétricas. 1. intensidade da corrente Sendo um condutor ligado a um gerador, os elétrons atravessam uma seção transversal de um condutor em um dado ∆t (intervalo de tempo), como mostra a Figura 1.16. Dessa forma, o valor absoluto da carga elétrica que passa por essa seção transversal pode ser expresso por: ∆q = n . e Onde • n é o número de elétrons; • e a carga elementar, 1.6 . 10-19C. Figura 1.15 | Condutor ligado ao gerador Fonte: Adaptado de Franco (2013). Figura 1.15 | Condutor ligado ao gerador Fonte: Adaptado de Franco (2013). Princípios de eletricidade U1 37 A intensidade média de corrente elétrica é definida como: ∆q ∆tI = Unidade: Ampère (A) A corrente pode ser contínua ou alternada. Dizemos que ela é contínua quando o sentido do campo elétrico (portanto, o sinal da diferença de potencial) não muda com o tempo. Para a corrente alternada, temos uma mudança periódica no sentido do campo elétrico. Perceba que os polos do gerador devem, nesse caso, inverter periodicamente seu sinal. O polo positivo, após algum tempo, torna-se negativo. A Figura 1.17 traz exemplos dessas duas correntes de intensidade constante, sendo o primeiro gráfico para a corrente contínua e o segundo para a alternada. Podemos observar, no primeiro gráfico, de corrente contínua, que a diferença de potencial nos polos do gerador não inverte. Os elétrons movem-se sempre no mesmo sentido, em média. No segundo gráfico, o fluxo de elétrons dentro do fio ocorre de maneira a ter troca do sentido da corrente várias vezes, portanto os elétrons fazem um movimento de vaivém no fio. Figura 1.16 | Elétrons atravessando uma seção transversal de um condutor Fonte: O autor. Figura 1.17 | Gráfico de corrente contínua e alternada Fonte: Queiroz (2014). Princípios de eletricidade U1 38 o movimento de vaivém da corrente alternada traz grandes benefícios, por isso essa corrente foi adotada em nossa rede elétrica. Com ela é mais fácil transmitir voltagens altas, a uma maior distância e com menores perdas. nesse sentido, a corrente alternada se torna bem mais eficaz na transmissão que a corrente contínua. A frequência com que a corrente faz essa troca depende de país para país, mas no Brasil um ciclo ocorre a 60 Hz; sendo assim, a troca de sentido ocorre a aproximadamente 120 vezes por segundo. A corrente alternada permite a utilização em circuitos de alguns componentes que não permitiriam a movimentação contínua dos elétrons. São exemplos os capacitores e os transformadores. 2. sentido da corrente Dentro de um condutor metálico, o sentido dos elétrons será contrário ao do campo elétrico, sendo F e = q . E → → , e q carga negativa (elétrons). Devemos ficar atentos, pois, por convenção, determinou-se que o sentido da grandeza física corrente elétrica deve ser igual ao do campo elétrico dentro de um condutor, e nessas condições ela é chamada de corrente convencional. Observe a Figura 1.18. Figura 1.18 | Sentido convencional Fonte: Adaptado de Franco (2013). Princípios de eletricidade U1 39 exemplo de aplicação Em uma seção reta de um fio, a cada 2 segundos passam 5 . 1018 elétrons. Qual é a corrente elétrica que percorre o fio? ∆q ∆tI = ∆q= n . e = 5 . 1018 x 1,6 . 10-19 = 8 . 10-1C 8 . 10-1 2 I = 4 . 10-1 = 400mA 3. densidade de corrente Vamos considerar um campo elétrico uniforme E → , contendo uma carga de prova q. Como vimos anteriormente, essa carga sofre a ação de uma força, como mostrado na Figura 1.19, definida por: F = q . E → → Unidade: Newton (N) Você se deparou com uma vítima que está ligada a um condutor de energia e está recebendo uma descarga elétrica. Como você procederia para tentar salvá-la? Figura 1.19 | Força em uma carga submetida a campo elétrico Fonte: Adaptado de Junior e Aquino (2010). Princípios de eletricidade U1 40 De acordo com a lei de Newton, sendo essa carga livre, ela irá se movimentar, sofrendo uma aceleração determinada por: F → a = → m Unidade de aceleração: m/s2 Sendo m a massa da partícula carregada em kg. Uma partícula submetida a uma força elétrica constante por tempo suficiente atingiria grandes velocidades, próximas à velocidade da luz. Entretanto, um meio condutor é muito diferente de um vácuo perfeito. Em meios líquidos, gasosos ou sólidos, temos colisões constantes entre as partículas e, como consequência, é transferida uma parcela de sua energia. Sendo o campo E → constante, em meio homogêneo, essas colisões restringem o movimento da carga a uma velocidade média constante, que podemos chamar velocidade de deriva ou de deslocamento, representada por V d → . Ela possui a mesma direção do campo elétrico. V = µ . E → → Onde µ é a constante de mobilidade. Vamos observar agora uma seção reta uniforme S apresentada na Figura 1.20. Suponha um meio condutor com uma densidade volumétrica ρ de elétrons livres, movendo-se com uma velocidade de deriva Vd → . Em um tempo ∆t, os elétrons movem-se a uma distância ∆L = Vd . ∆t. Assim, em um volume S . ∆L teremos uma carga ∆q = ρS∆L atravessando a seção transversal S, e a corrente elétrica pode, então, ser definida por: Figura 1.20 | Cargas em uma seção de um condutor Fonte: Junior (2010). I = = = ρ . S . V d . ρ . S .∆q ∆L ∆t ∆t Princípios de eletricidade U1 41 2.2 tensão elétrica e resistência Observando a Figura 1.21, vamos supor um aparelho elétrico colocado entre os pontos A e B, sendo que esses possuem um potencial V A e V B e a ddp entre os dois pontos é ∆V = V B - V A . Unidades: • I: corrente elétrica (A). • Vd → : velocidade de deriva (m/s). • ρ: densidade volumétrica de carga (C/m3). • S: área da seção atravessada (m2). • ∆L: comprimento da seção (m). Considerando a equação de corrente, vista anteriormente, vamos dividi-la pela área da seção S, obtendo dessa forma a densidade de corrente J: I S J = Unidade: A/m2 GUssoW, Milton. Eletricidade básica. 2. ed. são Paulo: Bookman, 2007. Figura 1.21 | Circuito elétrico Fonte: Adaptado de Franco (2013).Fonte: Adaptado de Franco (2013). Princípios de eletricidade U1 42 Essa diferença de potencial também é chamada de tensão elétrica. Vimos anteriormente que, quando é estabelecida uma tensão nos terminais de um condutor, o campo elétrico provoca uma corrente elétrica, através do movimento ordenado dos elétrons. O choque desses elétrons com os átomos do condutor produz calor. Certos materiais condutores oferecem maior resistência a essa passagem da corrente elétrica do que outros. A essa propriedade damos o nome de resistência elétrica. Podemos dizer, em outros termos, que uma parte da energia do gerador é transformada em energia elétrica (energia da movimentação dos elétrons da corrente) e outra parte em energia térmica, que chamamos de efeito Joule. 1. resistores Alguns fatores como material, dimensão do condutor e temperatura determinam a resistência elétrica. • Unidade de resistência elétrica: ohm. • símbolo: Ω. No caso de alguns condutores utilizados nas redes elétricas, transformadores e motores, buscam-se os menores valores de resistência, reduzindo, assim, a perda de energia. Nos circuitos eletrônicos, a corrente é limitada através de resistores. Os resistores são um elemento físico, em geral fios ou filmes metálicos. Embora na maioria dos casos estejamos interessados na menor resistência possível, transmitindo a energia elétrica com o mínimo de perdas, em algumas situações nosso maiorinteresse é na geração de calor, como no caso dos aquecedores. São exemplos fogões, chuveiros e secadores elétricos, entre muitos outros. Os elementos utilizados para esse fim são os resistores, comercialmente denominados de resistências. • Simbologia Em um circuito, os símbolos que representam um resistor são: Quanto maior a resistência elétrica, maior será a dificuldade para a passagem de corrente. Princípios de eletricidade U1 43 2. resistividade A resistência elétrica dos materiais condutores depende de alguns parâmetros: • Comprimento do fio (L). • Área da seção transversal (A). • Temperatura. • Material. Figura 1.22 | Simbologia dos resistores Fonte: Afonso e Filoni (2011). AFonso, Antonio; Filoni, enio. Eletrônica: circuitos elétricos. instituto Paula souza. disponível em: <https://drive.google.com/ file/d/0B4dWrkB2lh2sWkZQoVFwdnntMke/view?usp=sharing>. Acesso em: 04 mar. 2016. Figura 1.23 | Condutor Fonte: Afonso e Filoni (2011). Princípios de eletricidade U1 44 A. influência do material: resistividade A resistividade ρ é propriedade de cada material. A Tabela 1.2 mostra a resistividade de alguns materiais. Unidade: Ω . m B. influência do comprimento Sendo apenas o comprimento variado, como mostra a Figura 1.24, conclui-se que: A resistência elétrica é diretamente proporcional ao comprimento do condutor. C. influência da área da seção transversal do condutor De acordo com a Figura 1.25, diferentes diâmetros de fios foram utilizados e pode-se concluir que: Tabela 1.2 | Valores de resistividade para diferentes materiais Material ρ (Ω . m) Prata 1,6 . 10-8 Cobre 1,7 . 10-8 Ouro 2,3 . 10-8 Alumínio 2,8 . 10-8 Tungstênio 4,9 . 10-8 Platina 10,8 . 10-8 Ferro 11,0 . 10-8 Nicromo 110 . 10-8 Figura 1.24 | Variação de comprimento do condutor Fonte: Afonso e Filoni (2011). Princípios de eletricidade U1 45 d. Cálculo da resistência Dessa forma, pode-se concluir que: A resistência elétrica de um condutor é diretamente proporcional ao comprimento e à resistividade, e inversamente proporcional à área da seção transversal. Sendo: R = ρ . L A Onde: • R é a resistência elétrica (Ω). • ρ é a resistividade elétrica do material (Ω . m). • L é o comprimento do condutor (m). • A é a área da seção transversal do condutor (m2). exemplo de aplicação A resistência de um chuveiro elétrico é feita de um fio de níquel enrolado. Calcule o comprimento do fio do resistor desse chuveiro; sabendo que a resistência R = 7,8 Ω, a área da seção transversal do fio vale 1 . 10-6 m2 e a resistividade do níquel é de ρ = 7,8 . 10-8 Ω . m A resistência elétrica é inversamente proporcional à área da seção transversal do condutor. Figura 1.25 | Área da seção transversal Fonte: Afonso e Filoni (2011). Princípios de eletricidade U1 46 Resolução: R = ρ . → 7,8 = 7,8 . 10-8 x L A L 1 . 10-6 L = 100 m e. influência da temperatura sobre a resistência elétrica O aumento da temperatura, para grande parte das substâncias, ocasiona uma maior resistência elétrica, já que ocorre uma maior movimentação das partículas e, portanto, maior número de colisões entre essas partículas e os elétrons livres no interior do condutor. Existem exceções, como o grafite, em que o aumento do número de elétrons livres predomina sobre o grau de agitação das moléculas, fazendo com que a resistividade diminua com o aumento da temperatura. R = R 0 (1+α∆θ) Onde: • R é a resistência elétrica nova na temperatura final θ f . • R0 é a resistência elétrica nova na temperatura final θ 0 . • ∆θ = θ f - θ 0 , é a variação de temperatura (°C). • α é o coeficiente de temperatura do material (°C-1). A Tabela 1.2 traz alguns valores de α: Tabela 1.2 | Valores e temperaturas Material α(°C-1) Platina 3,0 . 10-3 Alumínio 3,2 . 10-3 Cobre 3,9 . 10-3 Prata 4,0 . 10-3 Tungstênio 4,5 . 10-3 Ferro 5,0 . 10-3 Nicromo 0,2 . 10-3 Princípios de eletricidade U1 47 Com a variação da temperatura, a resistividade pode ser equacionada por: ρ = ρ 0 (1+α∆θ) Onde: • ρ é a resistividade do material na temperatura final θ f . • ρ 0 é a resistividade do material na temperatura inicial θ 0 . 2.3 lei de ohm Vamos analisar a Figura 1.26, na qual temos um resistor, a uma temperatura constante, que passa uma corrente de intensidade i, com uma ddp entre seus terminais. Ao mudar a diferença de potencial de forma sucessiva para U 1 , U 2 , ..., temos, respectivamente, as correntes I 1 , I 2 ,.... Em um resistor bem comportado, que siga a lei de Ohm, verifica-se que o quociente das diferenças de potencial por suas respectivas correntes gera uma característica constante do condutor, como mostrado a seguir. U = = = cte = R U 1 U 2 I I 1 I 2 A 1º lei de Ohm relaciona a diferença de potencial com a passagem da corrente elétrica, ou seja: U R = I Unidade: Ohm (Ω) Figura 1.26 | Circuito Fonte: Adaptado de Franco (2013).Fonte: Adaptado de Franco (2013). Princípios de eletricidade U1 48 exemplos de aplicação Ao ser estabelecida uma ddp de 50V entre os terminais de um resistor, estabelece-se uma corrente elétrica de 5A. Qual a resistência entre os terminais? Resolução: U 50 R = = 10 Ω=I 5 2.4 Associação de resistores Circuitos elétricos utilizados na indústria, em geral, são muito complexos, associando muitos componentes. Entretanto, existem maneiras de simplificar a análise, por meio de regras, como as que apresentaremos a seguir. Podemos sempre definir uma resistência equivalente, substituindo um conjunto de resistências associadas. A resistência equivalente (R eq ) transmitirá a mesma corrente que o sistema substituído, quando submetida a uma mesma ddp. A. Associação em série Nesse tipo de associação, temos a mesma corrente passando por todos os resistores do circuito. Entretanto, cada resistência é submetida a uma parcela diferente da ddp total entre os pontos A e B. Observe a Figura 1.27. Nesse tipo de associação, a resistência equivalente é a soma das resistências do circuito, como representado a seguir: R eq = R AB = R 1 + R 2 + ... + R N exemplo de aplicação A diferença de potencial entre dois resistores é de 220V, como mostra a figura a seguir. Qual é a diferença de potencial entre os extremos do resistor de 10Ω? Figura 1.27 | Circuito em série Fonte: Afonso e Filoni (2011). Princípios de eletricidade U1 49 Resolução: R eq = R 1 + R 2 = 100 + 10 = 110Ω U tot 220 I = = 2A=R eq 110 U 1 = R 1 . I = 10 . 2 = 20V B. Associação em paralelo Nesse tipo de associação, temos a mesma tensão para todos os resistores, uma vez que todas estão conectadas diretamente aos pontos A e B. Por outro lado, por cada resistência passará uma corrente elétrica distinta. Observe a Figura 1.28. O inverso da resistência é equivalente, nesse caso, à soma dos inversos das resistências do circuito. Dessa forma: Figura 1.28 | Circuito em paralelo Fonte: Afonso e Filoni (2011). 1 1 1 1 1 1 = = + + + ... +R eq R AB R 1 R 2 R 3 R N Princípios de eletricidade U1 50 exemplo de aplicação Considere o circuito da figura, no qual temos três resistores em paralelo. Determine o valor da resistência do resistor R e da corrente i. Resolução: A diferença de potencial é a mesma para todos os resistores: U = 20 . 0,3 = 6V Determinando a corrente: U = 6 = 15 . i → i = 0,4A Determinando a corrente que passa pelo resistor R, conhecemos a corrente total que se divide entre os três resistores. I tot = 0,8 = 0,4 + 0,3 + I' I' = 0,1A Determinando o Resistor R: U = R . I → 6 = R . 0,1 → R = 60Ω • Casos particulares de associações em paralelo ⇒ Duas resistências diferentes: Nesse caso, temos duas resistências diferentes em paralelo, como mostra a Figura 1.29. Figura 1.29 | Circuito em paralelo Fonte: Afonso e Filoni (2011). R 15Ω 20Ω i 0,3A 0,8A Princípios de eletricidade U1 51 ⇒ Resistores de mesmo valor: Observe a Figura 1.30, em que todos os resistores têm o mesmo valor R 0. A resistência equivalente é determinada por: Percebam que, para n resistores de mesmo valor, teríamos: Temos, então: 1 1 1 1 R 2 + R 1= = + =R eq R AB R 1 R 2 R 2 R 1 1 1 1 1 1 + 1 + 1 3 = + + = =R eq R 0 R 0 R 0 R 0 R 0 1 R 2 R 1=R eq R 2 + R 1 Figura 1.30 | Circuito em paralelo com resistores iguais Fonte: Afonso e Filoni (2011). R 0R eq = 3 R 0R eq = n C. Associações mistas Como o próprio nome diz, temos associações paralelas e em série combinadas. A simplificação para se encontrar a resistência equivalente deve acontecer parcialmente em cada associação. O método a ser utilizado consiste na nomeação de nós e terminais da associação com letras. Princípios de eletricidade U1 52 nós são pontos do circuito onde a corrente se divide. terminais são pontos do circuito entre os quais se quer determinar a r eq . exemplo de aplicação Encontrar a resistência equivalente do circuito a seguir: Resolução: Inicialmente, devemos encontrar o valor da associação de resistores em paralelo: 1 1 1 = +R eq 20 30 Fazendo o mínimo múltiplo comum, temos: 1 1 603 + 2 5 = = = = 12Ω→ →R eq R eqR eq 560 60 Temos, agora: Princípios de eletricidade U1 53 Duas resistências em série: R eq = 12 + 50 = 62 Ω 2.5 instrumentos básicos de medidas elétricas Os instrumentos de medidas elétricas medem algumas grandezas vistas, como a corrente, a tensão, a potência e a energia. Veremos agora os instrumentos responsáveis por essas medidas: 2.5.1 Amperímetro Esse instrumento é usado para a medição das correntes elétricas. Ele deve estar ligado em série com o circuito ou elemento que se deseja medir, sendo que o circuito deve ser aberto nesse local. Devido a isso, para garantir que haja precisão nas medições, a resistência interna dos amperímetros deve ser bem pequena comparada com os circuitos. Esse tipo de instrumento pode medir correntes contínuas ou alternadas, podendo possuir, de acordo com a qualidade do instrumento, várias escalas, para uma maior precisão de medidas. 2.5.2 Voltímetro Esse instrumento é utilizado para medir a tensão elétrica de um circuito. A exibição desse valor pode se dar através de ponteiro móvel ou um mostrador digital. As diferenças de tensão entre pontos em um circuito devem ser medidas colocando o voltímetro em paralelo com a seção do circuito entre os dois pontos. Para garantir a precisão nas medidas, a resistência interna desse instrumento deve ser muito grande em comparação com as resistências do circuito. Eles podem também medir tensões contínuas ou alternadas, dependendo da qualidade do instrumento. 2.5.3 ohmímetro Esse instrumento mede a resistência elétrica. Os ohmímetros precisos possuem um circuito eletrônico responsável por fornecer uma corrente constante através da resistência e outro circuito que mede a tensão V; sendo assim, a resistência é Princípios de eletricidade U1 54 calculada através da equação R=V/I. Para altas precisões, os ohmímetros com as características citadas acima não são adequados. São utilizados, portanto, um ohmímetro de precisão que possui quatro terminais, os chamados contatos de Kelvin. 2.5.4 Wattímetro Esse instrumento é usado para medir a potência elétrica. Ele possui quatro ponteiras, que devem ser ligadas em série para a medição de corrente e em paralelo para medir a tensão do equipamento ou circuito. Mensagem Final ao Aluno Caro aluno, vimos nesta unidade importantes conceitos sobre a eletrostática e a eletrodinâmica. Você agora é capaz de entender vários aspectos sobre a eletricidade. É importante que você busque mais informações sobre o assunto para desenvolver um entendimento mais amplo. Lembre-se: você é a principal ferramenta do seu conhecimento! Bons estudos! BelCHior, Fernando. Medidas Elétricas. Universidade Federal de itajubá, 2014. disponível em: <https://drive.google.com/file/ d/0B4dWrkB2lh2soXVvceJwee5laXM/view?usp=sharing>. Acesso em: 25 fev. 2016. senAi. Medidas Elétricas. 1996. disponível em: <https://drive. google.com/f i le/d/0B4dWrkB2lh2sbFVtt0xwcddwbHM/ view?usp=sharing>. Acesso em: 25 fev. 2016. Princípios de eletricidade U1 55 1. Sendo um condutor metálico percorrido por uma corrente de 5A: a) Qual é a quantidade de partículas que irá atravessar a seção transversal desse condutor? b) Que tipo de partícula se move no condutor? 2. Em circuitos elétricos, é comum a utilização de fusíveis, um fio é projetado para fundir, abrindo o circuito, se a corrente ultrapassar certo valor. Suponha que o material a ser usado em um fusível é fundido quando a densidade de corrente ultrapassar 440 A/cm2. Que diâmetro do fio cilíndrico deve ser usado para fazer um fusível que limite a corrente em 0,5A? 3. Se o comprimento e o diâmetro de um resistor forem duplicados, o que acontece com sua resistência? a) É dividida por 4. b) É dividida por 2. c) A mantém. d) É multiplicada por 2. e) É multiplicado por 4. 4. Considere um resistor de fio metálico, que tem uma resistência de 60Ω. Foi observado que, ao cortar 3 m do fio, essa resistência passou a ser de 15Ω. Qual o comprimento total desse fio? 5. Dado o circuito a seguir: Princípios de eletricidade U1 56 Determine: a) A resistência equivalente da associação. b) A intensidade da corrente elétrica em cada resistor. c) A intensidade da corrente elétrica total. U1 57Princípios de eletricidade Referências AFONSO, Antonio; FILONI, Enio. Eletrônica: circuitos elétricos. Instituto Paula Souza, 2011. FILHO, José. Carga elétrica e a lei de coulomb. Ceará: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia, 2012. FIRMINO, Sandro. Campo elétrico. Rio Grande do Sul: Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, 2010. FLORES, Carlos. Campo elétrico e potencial elétrico. Rio Grande do Sul: Universidade Federal de Santa Maria, 2012. FRANCO, Fabio. Corrente elétrica. Rio Grande do Norte: Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia do Rio Grande do Norte, 2012a. FRANCO, Fabio. Resistência elétrica. Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia do Rio Grande do Norte, 2012b. GRAÇA, Cláudio. Eletromagnetismo. Notas de aula do Departamento de Física CCNE. Universidade Federal de Santa Maria, 2012. HAROLD, Marcos. Carga e Matéria. Salvador: Organização Educacional Farias Brito, 2013. JUNIOR, Naasson; AQUINO, Claudio. Corrente elétrica. Universidade Estadual Paulista, 2010. KREBS, Paulo. A carga elétrica e a lei de Coulomb. Rio Grande do Sul: Universidade Federal de Pelotas, 2012. LIMA, Marcos. Potencial elétrico. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2012. QUEIROZ, Alan. Corrente contínua e alternada. Rio Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2014. TELES, Lara. Notas de aula de eletricidade e magnetismo. Instituto de Tecnologia da Aeronáutica (ITA), 2008. WEULER, A. et al. Potencial elétrico. Pará: Universidade do Estado do Pará, 2008. Unidade 2 CAMPo MAGnétiCo e ForçAs MAGnétiCAs Cibele Abreu Makluf Objetivos de aprendizagem: Nesta unidade, você terá a oportunidade de estudar e compreender: • As propriedades dos ímãs e como eles interagem entre si. • As características das linhas de um campo magnético e fluxo magnético. • O movimento de partículas carregadas em um campo magnético e no fluxo magnético. • Como analisar a força magnética. • Como analisar o potencial de um polo e um dipolo magnético. • Magnetismo. • Linhas de campo magnético e fluxo magnético. • Parâmetros de magnetismo. Seção 1 | Introdução ao magnetismo Campo magnético e forças magnéticas U2 60 • Movimento de partículas carregadas no campo magnético. • Força magnética. • Potencial de um polo magnético. • Potencial de um dipolo magnético. • Efeito Hall. Seção 2 | Movimento de partículas carregadas em um campo magnético Campo magnético e forças magnéticas Campo magnético e forças magnéticas U2 61 Introdução à unidade Caro aluno, nesta unidade faremos uma introdução aos conceitosdo magnetismo. Ele é peça fundamental no desenvolvimento de diversas áreas, sobretudo ligadas à Engenharia. Sabemos que ímãs são peças fundamentais em muitos equipamentos elétricos e eletrônicos. Além disso, os conhecimentos de magnetismo são importantes para a fabricação de motores elétricos, celulares, laptops, entre outros aparatos que utilizamos diariamente. Vamos começar nosso estudo vendo os conceitos iniciais de magnetismo, como a formação dos campos magnéticos, as linhas de campo formadas, entre outras características. Na sequência, vamos entender como as partículas carregadas se movimentam dentro de um campo, devido à força magnética à qual são submetidas, além das características do potencial do polo e dipolo magnéticos. Você é essencial nesse processo de aprendizagem. Bom trabalho! Campo magnético e forças magnéticas U2 62 Campo magnético e forças magnéticas Campo magnético e forças magnéticas U2 63 Seção 1 Introdução ao magnetismo Caro aluno, esta seção apresenta os conceitos introdutórios sobre o magnetismo, explicando as principais características dos ímãs. Veremos como são formadas as linhas de campo magnético e suas particularidades. Serão apresentados também os conceitos da densidade de campo, fluxo magnético, permeabilidade magnética e relutância, mostrando a importância desses conceitos no campo magnético. Todos esses conceitos são relevantes para a compreensão dos fenômenos que envolvem o magnetismo. Vamos lá? Bons estudos! introdução ao magnetismo Possivelmente, você já manuseou um ímã e pôde perceber nele algumas propriedades características desse objeto, como a atração de objetos de ferro ou de uma liga metálica que tenha esse material na sua composição. Outro fato ocorre quando aproximamos dois ímãs e percebemos que, dependendo de como estão posicionados, eles podem se atrair ou se repelir. Você sabia que o planeta Terra tem em sua volta um campo magnético? É ele que causa o movimento das bússolas, que são muito úteis para ajudar quem pratica caminhadas na natureza ou navegação a encontrar seu caminho. Ele também é responsável por nos proteger das partículas de alta energia do Sol. Sem a existência do campo magnético, não haveria vida na Terra da forma que conhecemos. Veremos, ao longo da unidade, como ele se manifesta. Campo magnético e forças magnéticas U2 64 O campo magnético na Terra o planeta terra se comporta como se fosse um grande ímã. o seu campo magnético é representado pelas linhas de indução que saem do polo norte magnético e entram pelo polo sul magnético, como mostra a Figura 2.1. Analisando a Figura 2.1, podemos ver que as linhas de indução saem de uma região próxima ao polo sul geográfico da terra e entram em outra próxima ao polo norte geográfico. de acordo com isso, podemos entender por que a agulha imantada de uma bússola aponta para o norte terrestre, já que lá se encontra o polo sul do campo magnético da terra e, como sabemos, os polos magnéticos de tipos diferentes são atraídos. em relação à bússola, ela não aponta exatamente para o norte da terra, mas sim para uma região próxima, já que os polos geográficos e magnéticos encontram-se um pouco desalinhados. esse desvio entre o norte geográfico e a orientação da bússola é chamado de declinação magnética, como mostra a Figura 2.2. Figura 2.1 | Campo magnético terrestre Fonte: Oliveira, Veit e Araújo (2010). Campo magnético e forças magnéticas Campo magnético e forças magnéticas U2 65 o que se acredita sobre a existência do campo magnético terrestre é que ele seja gerado por uma corrente de magma carregada eletricamente, presente no interior da terra. em breve, estudaremos a maneira como correntes elétricas podem gerar campos magnéticos, então será possível compreender o fato com maior detalhamento. Figura 2.2 | Declinação magnética Fonte: Oliveira, Veit e Araújo (2010). o que aconteceria se o planeta terra perdesse seu campo magnético? Campo magnético e forças magnéticas U2 66 1.1 ímã e suas características Os ímãs podem ser naturais ou artificiais e são encontrados em diversos formatos. Geralmente, são utilizados em aplicações tecnológicas como motores e geradores eletromagnéticos, dínamos de automóveis, disco rígido de computadores. Vamos ver algumas de suas propriedades. A. Polos Magnéticos Ao aproximarmos um ímã de limalhas de ferro, é observado que essas são atraídas de forma mais intensa pelas extremidades do ímã, como mostra a Figura 2.3. As extremidades de um ímã são chamadas de polos magnéticos. B. orientação norte-sul Ao suspender um ímã de maneira que ele possa girar livremente, veremos que ele naturalmente se alinha com uma direção especial. Essa direção é aproximadamente o eixo norte-sul da Terra. Dessa forma, convencionou-se que a extremidade que aponta para o norte geográfico seria o polo norte do ímã (denotado N), e, para o sul, o polo sul do ímã (denotado S). Observe a Figura 2.4, na qual uma agulha magnética se alinha com o campo magnético da Terra. Figura 2.3 | Limalhas de ferro em contato com um ímã Fonte: Oliveira, Veit e Araújo (2010). Campo magnético e forças magnéticas Campo magnético e forças magnéticas U2 67 C. Atração e repulsão Quando aproximamos dois ímãs, como eles interagem? Eles podem se atrair ou se repelir. Se colocarmos os dois ímãs para girar livremente, descobrindo e marcando qual o polo norte e o polo sul em cada um deles, e depois aproximarmos os polos, notaremos que: • Caso os polos magnéticos sejam do mesmo tipo, irão se repelir. • Caso sejam diferentes, irão se atrair. A força magnética entre esses polos, de atração ou repulsão, irá variar de forma parecida com a Lei de Coulomb para cargas elétricas, vista na unidade anterior, ou seja, a força varia com o inverso do quadrado da distância entre eles. Figura 2.4 | Agulha magnética se alinhando com o campo magnético da Terra Fonte: Oliveira, Veit e Araújo (2010). Figura 2.5 | Forças de repulsão e atração nos ímãs (continua) Sul geográfico Norte geográfico Campo magnético e forças magnéticas U2 68 Fonte: O autor. d. inseparabilidade dos polos Ao partir um ímã, cada pedaço será individualmente um novo ímã, com seu próprio polo norte e sul. Ao tomar qualquer dos pedaços e cortar ao meio, teremos dois outros ímãs, de forma que seu tamanho muda, mas suas características continuam as mesmas. Observe a Figura 2.6. Dessa forma, não importa quantas vezes você divida um ímã, sempre haverá o surgimento dos dois polos. Não existe na natureza um monopolo magnético (um único polo separado). Figura 2.6 | Divisão de um ímã Fonte: O autor. exemplos de aplicação Observe a figura a seguir: Campo magnético e forças magnéticas Campo magnético e forças magnéticas U2 69 Um ímã se aproxima de uma bola de metal. Podemos afirmar, em relação à bola: a) Ela será atraída pelo polo norte e repelida pelo polo sul. b) Ela será atraída pelo polo sul e repelida pelo polo norte. c) Ela será atraída por qualquer um dos polos do ímã. d) Ela será repelida por qualquer um dos polos do ímã. e) Ela será repelida pela parte mediana do ímã. Resolução: A alternativa correta é a letra C. edMinister, Joseph. Eletromagnetismo. 2. ed. rio de Janeiro: Artmed, 2006. os ímãs são utilizados em diversas aplicações tecnológicas, como nos discos rígidos mecânicos de computadores (Hds), onde um disco metálico é recoberto por uma fina camada de material magnético (ímãs microscópicos). Para efetuar a gravação de uma determinada trilha, um pequeno eletroímã, que faz parte da cabeça de leitura e gravação do Hd, aplica seu campo magnético sobre as moléculas de óxido de ferro da superfície de gravação, causando o alinhamento das partículas com esse campo magnético. dependendo da orientação dos ímãs, temos um bit 0 ou um bit 1, que representam a menor quantidade de informação que pode ser armazenada ou transmitida. Campo magnético e forças magnéticas U2 70 1.2 Materiaismagnéticos e não magnéticos Os materiais magnéticos são aqueles que reagem fortemente a campos magnéticos. Além de serem atraídos por ímãs, eles podem ser transformados em ímãs por um processo conhecido como magnetização. Os materiais magnéticos possuem uma característica magnética em seus átomos ou moléculas, de maneira que cada átomo é um pequenino ímã. Entretanto, em geral, os átomos estão distribuídos desorganizadamente no corpo, com seus polos norte e sul desalinhados, de maneira que o corpo composto não age como um ímã. Mas existem diversos processos que permitem a formação de um ímã a partir de um material magnético, como veremos a seguir. Os materiais que não possuem tais características internas, ou que reagem muito pouco a campos magnéticos, são chamados não magnéticos, como o alumínio ou os plásticos. Uma forma simples de magnetizar alguns tipos de materiais é através da aplicação de um campo magnético forte o suficiente para alinhar as estruturas magnéticas internas do próprio material. O ferro é um exemplo típico de material em que isso funciona. existem diferentes tipos de magnetismo na natureza, sendo esses classificados de acordo com a intensidade e a diferença de seus efeitos. são: ferromagnetismo, paramagnetismo e diamagnetismo. o fenômeno conhecido como ferromagnetismo é a capacidade que certos materiais, como o ferro, níquel ou o cobalto, têm de reagir a um campo magnético. é baseado na atração desses materiais por ímãs ou na persistência da magnetização na ausência do campo magnético, criando os ímãs permanentes. Quando um material ferromagnético é exposto a um campo magnético, seus dipolos atômicos serão alinhados ao campo, criando um ímã. Para que ocorra a sua desmagnetização, um campo magnético na direção oposta pode ser aplicado, ou ainda através da elevação da temperatura. Um exemplo de ferromagnetismo são os ímãs de geladeira. o paramagnetismo pode ser visto nos materiais que necessitam estar sob a ação de um campo magnético para a magnetização. Caso o campo magnético seja retirado, o material irá se desmagnetizar. Quando magnetizados, são considerados ímãs de baixa intensidade. todos os materiais existentes podem ser considerados materiais diamagnéticos. esse fenômeno consiste na repulsão que esse material sofre quando é exposto a um campo magnético, já que apresenta um Campo magnético e forças magnéticas Campo magnético e forças magnéticas U2 71 1.3 lei de Coulomb para o magnetismo Como vimos na unidade anterior, Coulomb, através dos seus experimentos, contribuiu muito para a eletrostática. Para o magnetismo, também realizou alguns experimentos com ímãs. Ele colocou dois ímãs separados a certa distância, como pode ser visto na Figura 2.7. Medindo a força entre eles, Coulomb chegou à seguinte equação: F = hm 1 m 2 (r 12 )2 momento dipolar magnético com sentido oposto ao campo. essa é uma propriedade de difícil percepção, sendo praticamente impossível percebê-la caso o material possua uma das outras propriedades citadas. sAMBAQUi, Ana; MArQUes, luis. Apostila de eletromagnetismo. instituto Federal de educação, Ciências e tecnologia de santa Catarina. disponível em: <https://drive.google.com/file/ d/0B4dWrkB2lh2snHU2M2tCszFnWWM/view?usp=sharing>. Acesso em: 28 fev. 2016. Figura 2.7 | Experimentos de Coulomb Fonte: Freitas e Zancan (2011). Campo magnético e forças magnéticas U2 72 Onde: • F: força magnética [Newton (N)]. • h: constante magnética do meio. • m: massa magnética [Weber (Wb)]. • d: distância entre os corpos [metros (m)]. Assim como em eletrostática introduzimos o conceito de carga elétrica para podermos medir a força entre corpos eletrizados, em magnetismo é possível introduzir o conceito de massa magnética para que possamos medir a força entre corpos magnetizados. edMinister, Joseph. Eletromagnetismo. 2. ed. rio de Janeiro: Artmed, 2006. 1.4 Campo magnético e linhas de campo magnético O campo magnético atua na região em torno de um ímã, onde há a ação das forças magnéticas de repulsão ou de atração. As chamadas linhas de campo magnético são a representação visual desse campo. Essas linhas ainda podem ser chamadas de linhas de indução magnética ou linhas de fluxo magnético. Elas são linhas imaginárias, saindo do polo norte e entrando no polo sul, como pode ser visto na Figura 2.8. Campo magnético e forças magnéticas Campo magnético e forças magnéticas U2 73 As linhas de campo magnético nunca se cruzam, sendo sempre linhas fechadas que saem do polo norte e entram no polo sul do ímã. É observado que, quando há uma maior concentração de linhas, significa que mais intenso será o campo elétrico na região, portanto, mais intensa será a força magnética gerada. As linhas saem ou entram de forma perpendicular à superfície do polo e são tangentes ao campo magnético, como mostra a Figura 2.9. 1.5 Fluxo magnético O fluxo magnético φ se refere à quantidade de linhas de campo que entram na área de uma superfície. A Figura 2.10 mostra o fluxo magnético. Figura 2.8 | Linhas de campo magnético Figura 2.9 | Linhas de campo magnético tangentes ao campo Fonte: Dias (2011). Fonte: O autor. Campo magnético e forças magnéticas U2 74 Fonte: O autor. Figura 2.10 | Fluxo magnético Unidade: Weber: 1 Weber = 1Wb - 1T . m2 = 1 kg . m2 s2 . A 1.6 densidade de campo magnético A relação entre o fluxo magnético e a área de uma superfície, sendo essa perpendicular à direção do fluxo, é chamada de densidade de campo magnético (B). Essa grandeza ainda pode ser chamada de densidade de fluxo magnético, ou simplesmente campo magnético. B = φ A Onde: • B: densidade de fluxo magnético [Tesla (T)]. • φ: fluxo magnético [Weber (Wb)]. • A: área da seção perpendicular ao fluxo (m2). • 1T = 1Wb/m2. Vamos analisar a Figura 2.11. Podemos observar que a direção do vetor B → é sempre tangente às linhas em qualquer ponto, sendo que o vetor da densidade de campo magnético será o mesmo das linhas de campo. Campo magnético e forças magnéticas Campo magnético e forças magnéticas U2 75 Onde houver um maior número de linhas de campo, teremos uma grande densidade de campo; caso as linhas estejam mais espaçadas, a densidade de campo será menor. exemplo de aplicação Sabendo que um ímã natural produz um fluxo magnético de 2mWb a uma determinada distância na direção de seu alinhamento N-S, qual será a densidade de fluxo magnético que atravessa uma chapa quadrada de lado 2 cm que se encontra perpendicular ao ímã nessa posição? Resolução: A = L x L = 0,02 x 0,02 = 4 . 10-4 m2 B = φ A = 2 . 10-3 4 . 10-4 = 5T 1.7 Permeabilidade magnética Podemos observar diferentes comportamentos para materiais magnéticos e não magnéticos colocados na área das linhas de campo de um ímã. Os não magnéticos, como o vidro, causam pouca alteração na distribuição das linhas. Os materiais magnéticos, como o ferro, causam distorção nas linhas mais próximas, que se concentram em seu interior. Vide Figura 2.12. Figura 2.11 | Vetor densidade de campo magnético Fonte: Sambaqui e Marques (2012). Campo magnético e forças magnéticas U2 76 Figura 2.12 | Linhas de campo em materiais magnéticos e não magnéticos Fonte: Sambaqui e Marques (2012). Testando distintos objetos de mesmo tamanho e formato, mas de diferentes composições, a influência mais ou menos intensa nas linhas de campo pode ser descrita por meio da permeabilidade magnética µ dos materiais. Então, podemos definir a permeabilidade magnética como a facilidade com que as linhas de campo atravessam um material. A permeabilidade do vácuo é: µ0 = 4 π . 10-7 Wb A . m Os materiais não magnéticos possuem a permeabilidade bem próxima à do vácuo. Temos também: • Materiais diamagnéticos: permeabilidade é um pouco menor que a do vácuo. • Materiais paramagnéticos: permeabilidade é um pouco maior que a do vácuo. • Materiais ferromagnéticos: permeabilidade centenas a milhares de vezes maior quea do vácuo. Dessa forma, temos a permissividade relativa: µ r = µ m µ 0 Onde: • µ r : permissividade relativa do material. • µ m : permissividade de um dado material. • µ 0 : permissividade no vácuo. Campo magnético e forças magnéticas Campo magnético e forças magnéticas U2 77 1.8 relutância magnética Chamamos de relutância magnética a medida de oposição que um meio oferece para se estabelecer e concentrar as linhas de campo magnético. Podemos calculá-la por: ℜ = I µ . A Onde: • ℜ: relutância magnética [A/Wb]. • I: comprimento médio do caminho magnético das linhas de campo [m]. • µ: permeabilidade do meio [Wb/A·m]. • A: área da seção transversal [m2]. Princípio de relutância mínima é quando se tem dois materiais com permeabilidades diferentes como caminho magnético para as linhas de campo, estas se dirigem para o de maior permeabilidade. Observe a Figura 2.13. Podemos observar na Figura 2.13 que o ferro, um material com alta permeabilidade, terá maior concentração das linhas e representará um caminho de menor relutância para estas. Já no caso do vidro, com baixa permeabilidade, não há uma grande concentração das linhas de campo, representando um caminho de alta relutância. Figura 2.13 | Campos magnéticos de alta e baixa relutância Fonte: Sambaqui e Marques (2012). Ferro Vidro Campo magnético e forças magnéticas U2 78 1. Sobre o magnetismo, podemos afirmar que: I - Ao cortar um ímã em pedaços, todos os ímãs formados apresentam os dois polos, não importando o tamanho do pedaço. II - Ao cortar um ímã no meio, cada um dos pedaços ficará com um polo. III - Os materiais ferromagnéticos não têm propriedades magnéticas e não podem ser atraídos por ímãs. IV - Ao aproximar dois polos iguais de um ímã, haverá uma força de repulsão, e se os polos forem diferentes haverá uma força de atração. V - A Terra possui as características de um ímã, gerando seu próprio campo magnético. São corretas: a) I, II e III. b) I, III e IV. c) I e IV. d) I, IV, V. e) II e IV. 2. Uma bussola foi colocada perto de um ímã que gera um campo magnético bem mais intenso do que o campo magnético da Terra. Qual a figura que representa de que forma a agulha da bússola irá permanecer? Campo magnético e forças magnéticas Campo magnético e forças magnéticas U2 79 3. Um ímã natural produz um fluxo magnético de 5µWb em uma determinada região à frente dele, na direção do eixo N-S. Calcule a densidade de fluxo que atravessa um círculo metálico de raio 1 cm que está perpendicular a esse ímã. 4. Observe as figuras a seguir: Através de experimentos, foi notado que P atrai S e repele T, Q repele U e atrai S. Diante dessas conclusões, podemos afirmar que: a) as barras PQ e TU são ímãs; b) as barras PQ e RS são ímãs; c) as barras RS e TU são ímãs; d) as três barras são ímãs; e) só a barra PQ é um ímã. Campo magnético e forças magnéticas U2 80 5. Uma placa retangular de lados 10,5 m e 13,2 m é atravessada por um campo magnético uniforme de intensidade 1,45 mT. Qual é, aproximadamente, o fluxo magnético sobre a placa? a) 2,10 Wb. b) 0,20 Wb. c) 1,03 Wb. d) 0,83 Wb. e) 3,15 Wb. Campo magnético e forças magnéticas Campo magnético e forças magnéticas U2 81 Seção 2 Movimento de partículas carregadas em um campo magnético Caro aluno, esta seção apresenta como as partículas carregadas reagem à presença de um campo magnético, dando origem a uma força magnética que depende da carga da partícula e, de uma maneira muito especial, também de sua velocidade. Veremos ainda as características do potencial de polo e de um dipolo magnético e discutiremos o efeito Hall. Todos esses conceitos são importantes para a compreensão dos fenômenos que envolvem o magnetismo. Vamos lá? Bons estudos! 2.1 Movimento de partículas carregadas em um campo magnético Vimos em eletricidade que a presença de um campo elétrico é comprovada através da inserção de uma carga de prova q no local. Para o campo magnético temos um caso semelhante: • A dimensão da força magnética que a partícula sofre dependerá de sua carga, de sua velocidade e também do campo magnético presente no meio. • Sendo a velocidade da partícula paralela à direção do campo, teremos uma força nula. • A força é perpendicular ao plano formado entre velocidade e campo. • O sentido da força em uma carga positiva é contrário ao de uma carga negativa. • A intensidade da força é proporcional ao seno do ângulo entre a velocidade e o campo. Campo magnético e forças magnéticas U2 82 Todas as características acima podem ser resumidas na seguinte equação (note o produto vetorial de dois vetores): F → mag = qv → x B → Unidade: Tesla (T) Onde: • F → mag : força magnética. • Q: carga da partícula. • v → : velocidade da partícula. • B → : campo magnético. exemplo de aplicação Uma partícula de carga q=1µC entra em um campo elétrico B = 3 . 102 T com velocidade de v = 0,1 m/s. Qual é a força magnética a que essa partícula estará sujeita, sabendo que há um ângulo de 30 graus entre os vetores velocidade e campo elétrico? Resolução: F → mag = qv → x B → = q . B . v . sen(θ) = 1 . 10-6 . 0,1 . 3 . 102 . 0,5 = 1,5 . 10-5N Vamos comparar o que já descobrimos sobre a força magnética com nossos conhecimentos prévios de eletricidade? Podemos tirar algumas conclusões: • A força elétrica é paralela ao campo elétrico; já a força magnética é perpendicular ao campo. • A força elétrica atua sobre cargas em repouso e em movimento; já a magnética, apenas sobre cargas em movimento. Figura 2.14 | Força eletromagnética Fonte: Silva (2012). Campo magnético e forças magnéticas Campo magnético e forças magnéticas U2 83 • A força elétrica realiza trabalho no deslocamento de uma partícula, a força magnética não. A força magnética não realiza trabalho sobre cargas elétricas, pois essa força é sempre perpendicular ao seu deslocamento. A força magnética não causa variação na energia cinética da partícula, uma vez que ela é responsável somente por uma alteração na direção do movimento. em sistemas macroscópicos de cargas em movimento, entretanto, pode haver realização de trabalho. Um exemplo: um fio condutor retilíneo, submetido a um campo magnético, é percorrido por uma corrente i. é observado um deslocamento do fio, paralelo à direção da força magnética que surge neste, como mostra a Figura 2.15, caso haja um campo magnético entrando na folha. na primeira situação, a corrente é nula; sendo assim, nada acontece com o fio, já que as cargas estão em repouso e não sofrem a ação do campo magnético. na segunda situação, é estabelecida uma corrente no sentido de baixo para cima, surgindo uma força F para a esquerda, sendo que o fio se desloca também para a esquerda. nesse caso, há realização de trabalho no fio devido à força magnética. na terceira Figura 2.15 | Fio transportando corrente Fonte: Vieira et al. (2010). Campo magnético e forças magnéticas U2 84 situação, a corrente é invertida, surgindo, dessa forma, uma força magnética para a direita, sendo que o fio também será deslocado para a direita. novamente, houve realização de trabalho no fio devido à força magnética. Como explicar o trabalho realizado? A força magnética que age no fio é a soma das forças que atuam nas cargas individuais que carregam a corrente, sendo que em cada uma dessas cargas a força magnética é perpendicular ao deslocamento desta. se as cargas não estivessem ligadas ao fio, elas percorreriam uma trajetória circular, mas, como estão ligadas ao fio, as ligações químicas que as mantêm presas ao fio fazem com que elas tentem defletir (puxar) o fio. Aí está o segredo desse trabalho realizado devido a uma força magnética que age em um fio. 2.2 Força magnética A direção e o sentido da força magnética são determinados corretamente quando efetuamos o produto vetorial da velocidade pelo campo magnético, como na equação acima. Podemos