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Civil – Prof. André Roberto Data: 30/05/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 1 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br Assuntos tratados: 1º Horário. Prescrição e Decadência / Prescrição / Direito Obrigacional / Direito de Propriedade / Causas Suspensivas 2º Horário. Causas Suspensivas / Causas Interruptivas / Decadência / Fraude contra Credores e Fraude à Execução (aula passada) 1º Horário PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA 1. Prescrição Na legislação anterior, a prescrição e decadência eram tratadas da mesma forma e no mesmo dispositivo legal, o que dificultava sua diferenciação. Para alguns, a prescrição atingiria o direito de ação e o direito subjetivo preservado. Com a edição do CC/02, sedimentou-se que a prescrição alcança a pretensão, enquanto que a decadência esta relacionada ao direito potestativo, caracterizando-se o último pelo estado de sujeição. 1.1. Direito Obrigacional A obrigação é o vínculo que une o credor ao devedor em torno de uma prestação positiva (dar ou fazer) ou negativa (não fazer). Toda obrigação tem por objeto uma prestação economicamente apreciável, assim ao credor se confere um direito pessoal e patrimonial. Ao sujeito passivo se atribui um débito, um dever originário que é o dever de prestação. Essa relação obrigacional objetiva o adimplemento e, com a sua consumação há a extinção da obrigação. Se tudo se der normalmente, não há relevo quanto à prescrição, afinal ela nasce com a violação de um direito. Com a violação, pelo inadimplemento, surge para o seu titular a pretensão, conforme art. 189; em face do devedor, surge a responsabilidade, conforme art. 389. Art. 189. Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos prazos a que aludem os arts. 205 e 206. Civil – Prof. André Roberto Data: 30/05/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 2 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado. Doutrina clássica coloca o direito de pretensão como sinônimo do direito de ação, de modo que a violação faz surgir para o titular o direito de ir a juízo, sendo que o direito de ação é o direito de exigir do Estado uma prestação. Embora algumas provas na área federal adotem a visão clássica, hoje, majoritariamente entende-se que o direito de ação não se confunde com direito de pretensão. O direito de ação é o direito subjetivo direcionado ao Estado de se exigir uma decisão de mérito, o que não está preso à pretensão. A pretensão consiste na exigibilidade da própria reparação do dano pela via coercitiva. O credor irá exercer sua pretensão por meio da ação; a ação é o veículo através do qual se deduz a pretensão, assim, embora estejam ligados, não se confundem. Isso fica claro porque, com a prescrição, a pretensão se extingue, mas o direito de ação persiste. Em outras palavras, quando ocorre a prescrição, a pretensão se extingue e o direito de ação permanece e ainda haverá a possibilidade de se obter, em juízo, a prestação jurisdicional de mérito, ainda que seja uma sentença de improcedência, com fundamento na prescrição. Percebe-se que o direito de ação é dirigido ao Estado, enquanto a pretensão é dirigida ao réu. O direito de crédito consiste em direito de receber certa prestação por parte do devedor em favor do credor. O dever de prestação se resolve com o mero dever de fazer ou não fazer. O objeto da responsabilidade é mais amplo, além do cumprimento da prestação, é exigível o pagamento das perdas e danos correspondentes. Trata-se aqui da Teoria Dualista Alemã, que reconhece no direito obrigacional dois direitos distintos: a. Dever originário: débito (shuld); b. Dever sucessivo: responsabilidade (haftung). Com base na teoria supra, pôde-se separar dois momentos distintos. Assim, pode ser que a responsabilidade seja extinta, como ocorre diante da prescrição, mas que o débito persista. Embora seja comum que os dois subsistam concomitantemente, pode ser que existam separadamente. Tem-se débito sem responsabilidade nas obrigações naturais e dívidas prescritas. Há um dever originário cujo inadimplemento não acarreta a responsabilidade, pois não há meios coercitivos para exigir. Não há possibilidade de se constranger o devedor ao pagamento, cabe a ele apenas o pagamento espontâneo. Civil – Prof. André Roberto Data: 30/05/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 3 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br Há também a responsabilidade sem débito, encontrada na responsabilidade por terceiro (como na fiança), na responsabilidade sem débito atual (quando, por exemplo, se dá imóvel em garantia para dívida futura) e na responsabilidade extracontratual. Nessa última hipótese, a responsabilidade existe sem a pré-existência de um débito negocial, o que existe é um dever geral de conduta em razão de ilícito cometido. Sujeito ativo e passivo não se encontravam relacionados até o momento de ocorrência do dano. Em se tratando de obrigações, toda pretensão prescreve, em razão da segurança jurídica. A ausência de prazo fixado não permite aferir que seria imprescritível, devendo-se aplicar o prazo geral de 10 anos do art. 205 do CC. Trata-se de questão de ordem pública, não se podendo falar em imprescritibilidade decorrente da ausência de prazo específico. Art. 205. A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo menor. O exercício da pretensão interromperá a prescrição até que o Judiciário profira uma decisão de mérito. No entanto, o problema se dá quando não se deduz através da ação essa pretensão, o que acarretará a consumação da prescrição. Como qualquer questão de ordem pública, também a prescrição será em certa medida indisponível. Deve-se avaliar a prescrição sob duas perspectivas: a. Prescrição como instituto jurídico, por ser voltada à segurança jurídica, é questão de ordem pública e irrenunciável quando vista em abstrato. Não podem as partes convencionar contra o instituto, não podem pretender retirar para o futuro qualquer possibilidade de consumaçãode prescrição. Não se pode renunciar prescrição ainda não consumada, pois ainda se daria no plano abstrato. Portanto, não se pode tornar, ab initio, uma prestação imprescritível. Pelo art. 391 do CC a responsabilidade recai sobre o patrimônio do devedor, que fica livre do peso da responsabilidade, em concreto, com a prescrição. Assim, por efeito da prescrição, o devedor pode auferir uma vantagem patrimonial, pois ele não é mais obrigado ao pagamento da dívida e não pode ter mais seus bens constringidos. Art. 391. Pelo inadimplemento das obrigações respondem todos os bens do devedor. b. Diferente se dá diante da prescrição consumada, caso em que há extinção da responsabilidade. A responsabilidade recai sobre o patrimônio do devedor, quando se extingue, seu patrimônio se vê desonerado, fica livre do peso da responsabilidade, não ocorrendo em abstrato, mas em concreto Civil – Prof. André Roberto Data: 30/05/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 4 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br a vantagem patrimonial do devedor. O efeito da prescrição consumada é disponível, o que é indisponível é a prescrição enquanto instituto jurídico, conforme art. 191. Art. 191. A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, e só valerá, sendo feita, sem prejuízo de terceiro, depois que a prescrição se consumar; tácita é a renúncia quando se presume de fatos do interessado, incompatíveis com a prescrição. Continua a ser possível essa renúncia que restabelece a exigibilidade e permite o pagamento da dívida. Todavia, o CPC, no seu art. 219 §5º, passou a prever a seguinte situação: Art. 219. A citação válida torna prevento o juízo, induz litispendência e faz litigiosa a coisa; e, ainda quando ordenada por juiz incompetente, constitui em mora o devedor e interrompe a prescrição. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973) § 5o O juiz pronunciará, de ofício, a prescrição. (Redação dada pela Lei nº 11.280, de 2006) Trouxe-nos um problema, pois se de um lado pode haver o reconhecimento da prescrição de ofício, por outro, pode a parte também renunciá-la. Dá-se uma divisão doutrinária a respeito da possibilidade de o juiz reconhecer a prescrição de ofício. Vejamos: Humberto Theodoro e Alexandre Câmara entendem que a constitucionalidade do dispositivo dependeria do momento em que o juiz pretendesse pronunciar-se sobre a prescrição. Segundo tais autores, caso o julgador se pronunciasse ao receber a inicial e, portanto, antes da manifestação do réu, a possibilidade de reconhecimento e ofício da prescrição estaria restrita a duas possibilidades: do crédito tributário, em que a prescrição extingue o próprio direito, não sendo admissível a renúncia; ou em se tratando de réu incapaz, em que a declaração de ofício seria plenamente possível se favorável a ele. Nos demais casos, o pronunciamento de ofício acerca da prescrição só poderia ocorrer após o pronunciamento do réu e dependendo do teor dessa resposta. Poderia o réu renunciar à prescrição consumada com o reconhecimento da dívida ou oferecer- se ao pagamento parcelado da dívida (art. 745-A do CPC), havendo impedimento para o pronunciamento de ofício do juiz. Todavia, se a resposta do réu fosse no sentido de não reconhecer o dever alegado pelo autor, ou de suscitar a ocorrência da prescrição, o reconhecimento de ofício pelo juiz seria plenamente compatível. Civil – Prof. André Roberto Data: 30/05/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 5 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br Art. 745-A. No prazo para embargos, reconhecendo o crédito do exeqüente e comprovando o depósito de 30% (trinta por cento) do valor em execução, inclusive custas e honorários de advogado, poderá o executado requerer seja admitido a pagar o restante em até 6 (seis) parcelas mensais, acrescidas de correção monetária e juros de 1% (um por cento) ao mês. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006). § 1o Sendo a proposta deferida pelo juiz, o exeqüente levantará a quantia depositada e serão suspensos os atos executivos; caso indeferida, seguir-se-ão os atos executivos, mantido o depósito. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006). § 2o O não pagamento de qualquer das prestações implicará, de pleno direito, o vencimento das subseqüentes e o prosseguimento do processo, com o imediato início dos atos executivos, imposta ao executado multa de 10% (dez por cento) sobre o valor das prestações não pagas e vedada a oposição de embargos. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006). Contudo, o réu pode preferir que se julgue a matéria que ele deduz acerca do crédito do que ver reconhecida a prescrição. Art. 940, CC - Aquele que demandar por dívida já paga, no todo ou em parte, sem ressalvar as quantias recebidas ou pedir mais do que for devido, ficará obrigado a pagar ao devedor, no primeiro caso, o dobro do que houver cobrado e, no segundo, o equivalente do que dele exigir, salvo se houver prescrição. O autor que demanda, abusivamente, débito indevido, cobrando o que não lhe é devido ou o que já foi pago, responde civilmente ao devedor injustamente demandado, salvo se tratar-se de prescrição, pois o credor não está impedido a exigir dívida prescrita; ele somente se sujeitaria à sucumbência (custas processuais), mas não sofreria a sanção do art. 940 do CC. Pode ser que o réu prefira o pronunciamento de mérito por parte do Judiciário, afastando qualquer dúvida quanto a ser ou não um bom pagador no caso concreto. Para fins de prova, entende-se que é possível, sem adentrar mais profundamente no caso concreto, pronunciar-se de ofício sobre a prescrição consumada. A discussão gira em torno apenas de quando e como. Cumpre ainda observar que a prescrição, como decorre da produção de um dano, será apurada por ação com natureza condenatória. Violado o direito, nasce para o titular uma pretensão de exigir a responsabilização do devedor. 1.2. Direito de Propriedade Civil – Prof. André Roberto Data: 30/05/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 6 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br O proprietário, que titulariza direito subjetivo real de propriedade, tem por objetouma coisa (res). O proprietário poderá exercer poderes imediatos sobre a coisa, quais sejam, usar, fruir e dispor. Aqui se tem um direito universal, numa idéia de que todos ocupariam o pólo passivo da relação, tendo em vista o dever geral de conduta. Nos termos do art. 1.228 caput, violado o direito de propriedade, terá o proprietário a pretensão reivindicatória (reivindicatio), de exigir que se restitua aquilo que lhe é próprio, tirando-se das mãos de quem injustamente a possua ou a detenha. Haverá uma responsabilidade de restituir a coisa através da ação reivindicatória. Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha. Diferentemente do que se dá no âmbito obrigacional, no direito de propriedade, entende-se que o direito de reaver a coisa existirá enquanto houver melhor título em favor do proprietário. A questão é saber qual a vigência da propriedade. Em regra, a propriedade é perpétua, o direito subjetivo de propriedade é perpétuo. O prazo para exercer a pretensão reivindicatória não existe, podendo-se exercer a qualquer tempo. É por isso que a doutrina de um modo geral afirma que as ações reivindicatórias seriam imprescritíveis, não sendo atingidas pela prescrição extintiva. Tanto no depósito como o comodato, o depositário/comodatário exercem a posse direta, assumem a obrigação de restituir e não têm o ânimo de dono, por isso não tem a posse o condão de usucapir. Como não ocorre a usucapião, sempre poderá se exigir a coisa. O que pode acontecer é a chamada prescrição aquisitiva. Só se deixa de ter a pretensão reivindicatória uma vez que se deixa de ser proprietário. Na proprietária, a inércia do proprietário por si só não gera efeito, só há mudança se encontrarmos no pólo passivo um devedor que exerça posse qualificada. Se a posse é exercida com animus domini, mansa e pacífica, pública (sem clandestinidade) e ininterrupta (pelo prazo que a lei estabelece), dá-se o fenômeno de aquisição originária de propriedade, deixando de existir para o antigo proprietário. Perde-se a pretensão reivindicatória porque o outro passa a ser o possuidor de melhor título, outro passa a ser proprietário. Então, no âmbito do direito de propriedade não se fala em prescrição extintiva. No que se refere aos bens públicos, como não podem ser objeto de usucapião, não se sujeitam a qualquer prescrição, não se dá a extinção pela prescrição aquisitiva nem pela reivindicatória. Civil – Prof. André Roberto Data: 30/05/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 7 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br Com a edição do art. 190 do CC, o legislador pôs fim à discussão doutrinária quanto à possibilidade de se utilizar aquela pretensão prescrita como meio de defesa, havendo quem entendesse que o que se perderia era o direito de agir e não o de se defender, admitindo-se, por exemplo, seu aproveitamento em sede de compensação. O novo Código Civil acabou com a polêmica, assim o direito não pode ser utilizado nem como argumento da tese autoral nem como meio de defesa para o não pagamento da dívida. Art. 190. A exceção prescreve no mesmo prazo em que a pretensão. Nos termos do art. 192, toda prescrição é legal, não há prescrição convencional. Não podem as partes ajustar no contrato prazo prescricional maior ou menor que aquele que a lei prevê. Isso esta ligado à ideia de que a prescrição em abstrato é indisponível. Art. 192. Os prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo das partes. Vale observar que não se admite nem mesmo a fixação de prazo prescricional superior em prol do consumidor. Os prazos da prescrição extintiva encontram-se apenas em dois artigos do CC, nos arts. 205 (regra geral) e 206 (prazos especiais). Não se tratando dos prazos em referência e também não sendo caso de usucapião, todos os demais prazos do CC/02 serão decadenciais. Art. 205. A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo menor. Art. 206. Prescreve: § 1o Em um ano: I - a pretensão dos hospedeiros ou fornecedores de víveres destinados a consumo no próprio estabelecimento, para o pagamento da hospedagem ou dos alimentos; II - a pretensão do segurado contra o segurador, ou a deste contra aquele, contado o prazo: a) para o segurado, no caso de seguro de responsabilidade civil, da data em que é citado para responder à ação de indenização proposta pelo terceiro prejudicado, ou da data que a este indeniza, com a anuência do segurador; b) quanto aos demais seguros, da ciência do fato gerador da pretensão; III - a pretensão dos tabeliães, auxiliares da justiça, serventuários judiciais, árbitros e peritos, pela percepção de emolumentos, custas e honorários; Civil – Prof. André Roberto Data: 30/05/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 8 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br IV - a pretensão contra os peritos, pela avaliação dos bens que entraram para a formação do capital de sociedade anônima, contado da publicação da ata da assembléia que aprovar o laudo; V - a pretensão dos credores não pagos contra os sócios ou acionistas e os liquidantes, contado o prazo da publicação da ata de encerramento da liquidação da sociedade. § 2o Em dois anos, a pretensão para haver prestações alimentares, a partir da data em que se vencerem. § 3o Em três anos: I - a pretensão relativa a aluguéis de prédios urbanos ou rústicos; II - a pretensão para receber prestações vencidas de rendas temporárias ou vitalícias; III - a pretensão para haver juros, dividendos ou quaisquer prestações acessórias, pagáveis, em períodos não maiores de um ano, com capitalização ou sem ela; IV - a pretensão de ressarcimento de enriquecimento sem causa; V - a pretensão de reparação civil; VI - a pretensão de restituição dos lucros ou dividendos recebidos de má-fé, correndo o prazo da data em que foi deliberada a distribuição; VII - a pretensão contra as pessoas em seguida indicadas por violação da lei ou do estatuto, contado o prazo: a) para os fundadores, da publicação dos atos constitutivos da sociedade anônima; b) para os administradores, ou fiscais, da apresentação, aos sócios, do balanço referente ao exercício em que a violação tenha sido praticada, ou da reunião ou assembléia geral que dela deva tomar conhecimento; c) para os liquidantes, da primeira assembléia semestral posterior à violação; VIII - a pretensão para haver o pagamento de título de crédito, a contar do vencimento, ressalvadas as disposições de lei especial; IX - a pretensão do beneficiário contra o segurador, e a do terceiro prejudicado, no casode seguro de responsabilidade civil obrigatório. § 4o Em quatro anos, a pretensão relativa à tutela, a contar da data da aprovação das contas. § 5o Em cinco anos: I - a pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou particular; Civil – Prof. André Roberto Data: 30/05/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 9 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br II - a pretensão dos profissionais liberais em geral, procuradores judiciais, curadores e professores pelos seus honorários, contado o prazo da conclusão dos serviços, da cessação dos respectivos contratos ou mandato; III - a pretensão do vencedor para haver do vencido o que despendeu em juízo. Não há preclusão temporal para arguição da prescrição. O fato de são ter sido arguida na primeira instância, não impede que se alegue em grau de recurso, salvo no caso de renúncia tácita. Art. 193. A prescrição pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição, pela parte a quem aproveita. Mas, deve-se ater que, assim como a tempestividade e o preparo, os recursos especial e o extraordinário têm como requisito o prequestionamento. Mesmo que a prescrição possa ser alegada em qualquer grau, há impedimento de admissibilidade de recurso quando a matéria não foi ventilada em grau inferior. Na sequência, o art. 194 foi revogado pelo art. 219 p. 5º do CPC. Art. 194. O juiz não pode suprir, de ofício, a alegação de prescrição, salvo se favorecer a absolutamente incapaz. (Revogado pela Lei nº 11.280, de 2006) Art. 219, § 5o O juiz pronunciará, de ofício, a prescrição. (Redação dada pela Lei nº 11.280, de 2006) O art. 195 deixava claro que o pronunciamento de ofício pelo juiz só poderia ocorrer em favor dos absolutamente incapazes; quanto aos relativamente incapazes, a alegação cabe ao assistente. Isso perdeu a importância em face da possibilidade atual de reconhecimento de ofício em favor de qualquer pessoa. Art. 195. Os relativamente incapazes e as pessoas jurídicas têm ação contra os seus assistentes ou representantes legais, que derem causa à prescrição, ou não a alegarem oportunamente. Sabe-se que em favor dos incapazes não corre a prescrição, mas deve-se ater para o seguinte: o absolutamente incapaz (art. 3º do CC) realmente não tem contra si o fenômeno da prescrição, conforme art. 198, I; mas, quanto aos relativamente incapazes (art. 4º do CC), corre sim a prescrição, ressalvado o direito de regresso contra o assistente, nos termos do art. 195. Art. 198. Também não corre a prescrição: I - contra os incapazes de que trata o art. 3o; Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil: I - os menores de dezesseis anos; Civil – Prof. André Roberto Data: 30/05/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 10 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos; III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade. Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer: I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido; III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; IV - os pródigos. Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada por legislação especial Art. 195. Os relativamente incapazes e as pessoas jurídicas têm ação contra os seus assistentes ou representantes legais, que derem causa à prescrição, ou não a alegarem oportunamente. Tratando-se de usucapião de imóvel, por ser indivisível, as causas que obstam, suspendem ou interrompem a prescrição em favor de um co-proprietário se estenderá aos demais. Assim, tendo-se apenas um dos co-proprietários como absolutamente incapaz, também se interrompe a prescrição quanto aos demais. As mesmas causas que impedem o curso da prescrição, também o fazem quanto à usucapião. Art. 1.244. Estende-se ao possuidor o disposto quanto ao devedor acerca das causas que obstam, suspendem ou interrompem a prescrição, as quais também se aplicam à usucapião. Art. 201. Suspensa a prescrição em favor de um dos credores solidários, só aproveitam os outros se a obrigação for indivisível. Cessão de crédito não interrompe a prescrição. O direito se transmite no estado em que está, tratando-se de transmissão inter vivos ou mortis causa. O herdeiro terá o mesmo prazo que teria a quem sucedeu, ou seja, o prazo que já vinha transcorrendo, continuará a fluir sem interrupção ou suspensão. 1.3. Causas Suspensivas A prescrição não é prazo fatal, podendo ser impedida, suspensa ou interrompida. As causas podem ser agrupadas em três suas categorias: a. Art. 197 causas inter partes; b. Art. 198 causas erga omnes; c. Art. 199 causas fundadas na ausência de exigibilidade. Civil – Prof. André Roberto Data: 30/05/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 11 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br As categorias dos arts. 197 e 198 dizem respeito ao status do sujeito passivo, ao que ele é ou à situação em que ele esta, são questões pessoais. Por isso, o art. 201 determina que tais causas não se comunicam, salvo de o objeto for indivisível. O art. 197 traz aquela prescrição que só corre entre pessoas determinadas, isso em razão do vínculo pessoal que há entre elas. Vale-se ater que o inciso I do art. 197 deve ser entendido amplamente, englobando também os companheiros em união estável. Art. 197. Não corre a prescrição: I - entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal; II - entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar; III - entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores, durante a tutela ou curatela. Nesse contexto, uma dívida terá seu prazo suspenso em face de devedor que futuramente se torna cônjuge de credora. Mas, mesmo que a dívida tenha outros co- devedores, não atingirá os demais, pois não há causa de suspensão quanto aos demais. O art. 198 traz as causas suspensivas erga omnes. Art. 198. Também nãocorre a prescrição: I - contra os incapazes de que trata o art. 3o; II - contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados ou dos Municípios; III - contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo de guerra. Há autores que sustentam que contra os ausentes do art. 22 do CC, aqueles assim declarados por decisão judicial, não correria a prescrição. Desse modo, a benesse não estaria restrita somente aos ausentes do país em serviço público da União, dos Estados ou dos Municípios (inciso II). O que ocorre é que o CC/16 incluía o ausente no rol dos absolutamente incapazes, fazendo com que não corresse a prescrição em seu prejuízo. O CC/02, todavia, retirou o ausente do rol dos incapazes. Art. 22. Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem dela haver notícia, se não houver deixado representante ou procurador a quem caiba administrar-lhe os bens, o juiz, a requerimento de qualquer interessado ou do Ministério Público, declarará a ausência, e nomear-lhe-á curador. Numa prova objetiva, pode ser que a banca considere que contra os ausentes não corre a prescrição, tendo em vista se tratar de afirmação majoritária na doutrina, ainda que não haja expressa disposição legal nesse sentido. Civil – Prof. André Roberto Data: 30/05/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 12 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br 2º Horário As hipóteses do art. 199 dizem respeito à ausência de exigibilidade, situação em que a pretensão ainda não está presente e por isso não começa a correr a prescrição. Art. 199. Não corre igualmente a prescrição: I - pendendo condição suspensiva; II - não estando vencido o prazo; III - pendendo ação de evicção. Espécie de obrigação Exigibilidade Constituição em mora Positivas, líquidas e com termo de vencimento. No vencimento (arts. 331 e 199) Art. 331. Salvo disposição legal em contrário, não tendo sido ajustada época para o pagamento, pode o credor exigi- lo imediatamente. No vencimento (mora ex re) Art. 397. O inadimplemento da obrigação, positiva e líquida, no seu termo, constitui de pleno direito em mora o devedor. Positivas, sem termo de vencimento. Imediata (art. 331) Depende de prévia interpelação (mora ex persona).1 Art. 397, Parágrafo único. Não havendo termo, a mora se constitui mediante interpelação judicial ou extrajudicial. Interrupção da prescrição, sendo que o prazo começa a correr novamente por inteiro. Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á: V - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor; Condicionais Implemento da condição. (Arts. 332 e 199)2 Dar ciência do devedor para constitui-lo em mora, o que 1 Os efeitos da mora não poderão ser imputados ao devedor até que ele seja imputado em mora. Civil – Prof. André Roberto Data: 30/05/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 13 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br Art. 332. As obrigações condicionais cumprem-se na data do implemento da condição, cabendo ao credor a prova de que deste teve ciência o devedor. lembra a situação da mora ex persona. No caso do inciso III do art. 199, tem-se como causa de suspensão a pendência de ação de evicção. Como cediço, a situação ocorre quando o alienante transfere uma coisa ao adquirente e o adquirente paga o preço com base em um contrato oneroso, mas surge um terceiro evictor que ingressa com uma ação reivindicatória em face do adquirente, alegando que a coisa o pertence ainda que tenha sido adquirida de boa fé. O adquirente deverá denunciar a lide ao alienante, nos termos dos arts. 70 do CPC e 456 do CC. CPC, Art. 70. A denunciação da lide é obrigatória: I - ao alienante, na ação em que terceiro reivindica a coisa, cujo domínio foi transferido à parte, a fim de que esta possa exercer o direito que da evicção Ihe resulta; CC, Art. 456. Para poder exercitar o direito que da evicção lhe resulta, o adquirente notificará do litígio o alienante imediato, ou qualquer dos anteriores, quando e como lhe determinarem as leis do processo. Parágrafo único. Não atendendo o alienante à denunciação da lide, e sendo manifesta a procedência da evicção, pode o adquirente deixar de oferecer contestação, ou usar de recursos. Nesse contexto, a evicção só ocorrerá no momento em que houver a perda da coisa. Sem a perda, o prejuízo não se consumou, então não há pretensão em face do alienante, apenas mera expectativa de prejuízo. Desse modo, enquanto estiver pendente a ação de evicção, não começará a correr a prescrição em face do alienante. A pretensão só será inequívoca, se iniciando a prescrição, com o trânsito em julgado da ação que decrete a evicção. 2 No caso das obrigações condicionais, a jurisprudência já decidiu que, ocorrendo o acidente e com ele o sinistro, a prestação se torna exigível, a partir de quando começa a iniciar a prescrição. Com a ciência da seguradora, passa-se a sofrer os efeitos nocivos da mora. A princípio, a ciência teria o condão de interromper a prescrição, o que faz que volte a ser contado do início. Todavia, o art. 202, V diz que a constituição em mora deve se dar por meio judicial. O STJ tem entendido que a simples comunicação extrajudicial do segurador da ocorrência do sinistro não interrompe a prescrição, mas apenas a suspende. O prazo volta a correr a partir do momento em que a seguradora fornece a resposta, além disso, o prazo volta a correr de onde parou, não sendo reiniciado. Civil – Prof. André Roberto Data: 30/05/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 14 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br 1.4. Causas Interruptivas A matéria encontra-se disciplinada nos arts. 202 a 204 do CC. As causas interruptivas podem ser agrupadas em apenas duas categorias: a. Exercício da pretensão pelo titular do direito ou terceiro interessado art. 202 incisos I a V; ou b. Reconhecimento do dever pelodevedor art. 202, VI. Por disposição do legislador, a interrupção da prescrição só pode se dar uma vez, nos termos do art. 202 caput. Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar- se-á: O inciso I é o mais polêmico do dispositivo legal. No caput do art. 219 do CPC, seria a citação válida interromperia a prescrição, enquanto pelo Código Civil se daria com o despacho de citação, ainda que por juízo incompetente. Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar- se-á: I - por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o interessado a promover no prazo e na forma da lei processual; CPC, Art. 219. A citação válida torna prevento o juízo, induz litispendência e faz litigiosa a coisa; e, ainda quando ordenada por juiz incompetente, constitui em mora o devedor e interrompe a prescrição. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) Tem-se entendido majoritariamente que se tem três momentos a observar: distribuição, despacho (cite-se) e citação válida: Distribuição Despacho Citação Válida “Cite-se” Pelo art. 219 do CPC, o “Cite-se” interrompe a prescrição sob condição de a citação válida ser efetivada no prazo legal. Se a citação válida não for efetivada no prazo legal, por fato imputável ao autor, ele perde o benefício da interrupção no momento do “Cite-se”, havendo a interrupção apenas a partir da citação válida. Desse modo, se o autor deu causa, pode ocorrer a prescrição entre o “Cite-se” e a citação válida. Civil – Prof. André Roberto Data: 30/05/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 15 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br Se a citação válida foi promovida no prazo legal, os efeitos retroagiriam até o momento da distribuição, isso, é claro, se a inicial estava apta a ser despachada no momento em que foi distribuída, não sendo necessário emendar a inicial, recolher custas complementares ou juntar novos documentos. Trata-se de benesse relevante, pois pode ser que, entre a distribuição e o “Cite-se”, o Judiciário tenha demorado por demais para fazê-lo. A regra do CPC, então, permaneceria a proteger a parte nesse caso. Então, a prescrição pode se dar entre a distribuição e o despacho e entre o despacho e a citação válida, desde que o autor não promova as diligências que lhe cabiam. Ainda há controvérsia acerca do inciso I no que se refere a quantas vezes poderia o “Cite-se” efetivamente interromper a prescrição. Na visão de Caio Mário, à exceção do inciso I, o “Cite-se” poderia ocorrer por diversas vezes, tantas vezes quanto fossem os despachos liminares de conteúdo positivo haveria interrupção. Para o autor, só haveria a impossibilidade de interromper a prescrição diante do fenômeno da perempção. A segunda corrente seguida, dentre outros, por Flávio Tartuce, que deve prevalecer majoritariamente na prática, entende que o “Cite-se” só interrompe uma vez, mas a formação da relação jurídica-processual com a citação válida suspende a prescrição até o trânsito em julgado, conforme art. 202, parágrafo único. Art. 202, §único, CC - A prescrição interrompida recomeça a correr da data do ato que a interrompeu, ou do último ato do processo para a interromper. Com o ajuizamento da ação, há interrupção da prescrição, que voltará a correr pelo início a partir do último ato do processo. Com a promoção de nova ação, e com o novo “Cite-se”, o prazo voltaria a correr, com o restante do prazo que sobrou e assim sucessivamente. Enquanto houver processo, há suspensão. A cada vez que o processo for extinto sem resolução do mérito, ter-se-á um prazo menor de prescrição. Finalmente, embora a lei não preveja expressamente, tem-se entendido que o parágrafo serviria para fundamentar também a prescrição intercorrente no Direito Civil em situação que o último ato praticado pela parte levou o processo a uma paralisação indevida. No caso em que a ausência de movimentação pelo interessado, leva à paralisação do prazo por tempo suficiente à consumação da prescrição, observar-se-á a prescrição intercorrente, que não ocorrerá enquanto o autor for diligente. Art. 202, Parágrafo único. A prescrição interrompida recomeça a correr da data do ato que a interrompeu, ou do último ato do processo para a interromper. Civil – Prof. André Roberto Data: 30/05/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 16 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br Deve-se observar que no inciso II do art. 202, o protesto deve ser judicial, sendo que com o “Cite-se” tem-se a interrupção efetiva. Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar- se-á: II - por protesto, nas condições do inciso antecedente; O inciso III traz o protesto extrajudicial e merece destaque. A Súmula 153 do STF dizia que o mero protesto cambial não interrompia a prescrição, isso porque somente interromperia a prescrição as causas expressamente previstas em lei. Como o protesto cambial no CC/16 não era elencado como causa de interrupção, a jurisprudência não o entendia como capaz de gerar interrupção. O que se tem hoje é a não aplicação da Súmula 153 em face do disposto no art. 202, III do CC. Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar- se-á: III - por protesto cambial; Súmula 153 do STF - Simples protesto cambiário não interrompe a prescrição. No inciso IV, a interrupção também é judicial, ocorrendo especificamente nos casos de inventário e falência. Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar- se-á: IV - pela apresentação do título de crédito em juízo de inventário ou em concurso de credores; No caso da falência a sua decretação, pela Lei de Recuperação e Falência, suspende os prazos prescricionais. Ao se habilitar o crédito, obtém-se o benefício da interrupção, de modo que o prazo voltará a ser contado do início. Se não houver habilitação do crédito, ter-se-á a suspensão apenas, e não a interrupção. O inciso V salienta que o ato que constitua em mora o devedor deve ser judicial. Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar- se-á: V - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor; No quadro acima posto, viu-se que, na mora ex persona, a constituição em mora pode se dar judicial ou extrajudicialmente, nos termos do art. 397, parágrafo único. Paralelamente, no art. 405, determina-se que os juros de mora contam-se desde a citação inicial. Civil – Prof. André Roberto Data: 30/05/2011O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 17 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br Art. 397, Parágrafo único. Não havendo termo, a mora se constitui mediante interpelação judicial ou extrajudicial. Art. 405. Contam-se os juros de mora desde a citação inicial. Indaga-se qual o propósito de notificação extrajudicial, afinal com ela não se interrompe a prescrição e tampouco se inicia a contagem dos juros de mora, não se podendo imputar ao devedor os efeitos principais. Apenas com a citação obtêm-se os dois efeitos. Daí tem-se duas formas de ver a questão. Nas provas objetivas, deve-se seguir a interpretação literal, assim a mera notificação extrajudicial não interrompe a prescrição e não serve para contagem dos juros de mora. Em oposição, há uma segunda corrente, que pode ser citada em provas discursivas, defendida dentre outros por Gustavo Tepedino, que entende que se deve fazer uma interpretação sistemática, admitindo-se que, nos termos do art. 397, parágrafo único, se alcance os dois efeitos: constituição em mora para fins de interrupção da prescrição e para fins de contagem dos juros. O inciso IV ingressa na segunda categoria das causas interruptivas, qual seja, de reconhecimento do dever pelo devedor. Aqui o legislador fala em “extrajudicial”, mas o que há é reconhecimento extrajudicial, não se trata de notificação. Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar- se-á: VI - por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do direito pelo devedor. 2. Decadência O ambiente da decadência se dá em relação jurídica diferente. Tem-se sujeito ativo que titulariza direito potestativo e que está relacionado ao sujeito passivo, a quem se atribui um estado de sujeição. O sujeito ativo pode exercer pretensões por meio de ação constitutiva, desconstitutiva ou modificativa. Como não se trata de dever de prestação, não há que se falar em inadimplência. O direito potestativo só depende de seu titular, não sendo passível de ser violado pelo sujeito passivo. Não existe pretensão condenatória, pois não há violação. Tais direitos potestativos poderão ou não sujeitar-se a prazo. Se houver prazo, terá natureza decadencial. Por exemplo, o direito potestativo de anular negócio jurídico em razão de vício de consentimento deve ser exercido no prazo decadencial de 4 anos a contar de sua celebração nos termos do art. 208 do CC, enquanto o direito Civil – Prof. André Roberto Data: 30/05/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 18 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br de se divorciar é direito potestativo sem prazo para ser exercido, podendo se dar durante toda a constância do casamento. Diante disso, nem todo prazo será legal, é possível que as partes estabeleçam prazos convencionais. A decadência pode ser legal ou convencional. A decadência legal se refere àqueles casos em que o ordenamento considerou de ordem pública, estabelecendo um prazo fatal para determinada questão. É, por exemplo, o caso de se anulação de negócio jurídico por vício de consentimento, como se dá diante de erro, dolo, lesão, etc. Em outros casos, o legislador omite-se, deixando a cargo das partes fixarem o prazo decadencial, sendo o que ocorre na decadência convencional. É o caso de cláusula que confere direito de arrependimento em contrato de compra e venda e o de concessão de garantia contratual suplementar em relação à garantia legal. É comum a assertiva que a decadência não se suspende nem se interrompe. O CC vigente admite que a decadência possa ser suspensa ou interrompida, mas desde que haja previsão legal expressa, como se dá no art. 208. Art. 207. Salvo disposição legal em contrário, não se aplicam à decadência as normas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição. Art. 208. Aplica-se à decadência o disposto nos arts. 195 e 198, inciso I. Assim como se viu quanto à prescrição, também não corre prazo decadencial contra o absolutamente incapaz, nos termos do art. 198, I. Outro caso é do art. 446, em que diante da pendência de garantia legal, não corre o prazo prescricional, sendo caso em que o prazo convencional obsta o prazo legal. Art. 446. Não correrão os prazos do artigo antecedente na constância de cláusula de garantia; mas o adquirente deve denunciar o defeito ao alienante nos trinta dias seguintes ao seu descobrimento, sob pena de decadência. Outro caso é do art. 26 § 2º do CDC: Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em: § 2° Obstam a decadência: I - a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o fornecedor de produtos e serviços até a resposta negativa correspondente, que deve ser transmitida de forma inequívoca; II - (Vetado). Civil – Prof. André Roberto Data: 30/05/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 19 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br III - a instauração de inquérito civil, até seu encerramento. Em uma interpretação a contrario sensu do art. 209, entende-se por válida a renúncia à decadência convencional. Art. 209. É nula a renúncia à decadência fixada em lei. A decadência legal deve ser pronunciada de ofício e é irrenunciável, enquanto a decadência convencional deve ser alegada pelas partes e é renunciável, como visto. Art. 210. Deve o juiz, de ofício, conhecer da decadência, quando estabelecida por lei. Art. 211. Se a decadência for convencional, a parte a quem aproveita pode alegá- la em qualquer grau de jurisdição, mas o juiz não pode suprir a alegação Ações meramente declaratórias não se submetem a prazo prescricional ou decadencial, é o que ocorre no caso do negócio nulo previsto no art. 169. Art. 169. O negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação, nem convalesce pelo decurso do tempo. Outro é exemplo de ação de usucapião, em que, depois de consumado o prazo aquisitivo de propriedade, cabe ajuizamento de ação declaratória. A qualquer tempo, o possuidor pode ingressar com a ação de usucapião, não há prazo limite para tal; o que há é prazo limite para aquisição do direito. O caput do art. 204 diz respeito a obrigações divisíveis e não solidárias. Art.204. A interrupção da prescrição por um credor não aproveita aos outros; semelhantemente, a interrupção operada contra o co-devedor, ou seu herdeiro, não prejudica aos demais coobrigados. Se a obrigação for solidária, deve-se seguir o parágrafo primeiro, de modo que a interrupção em favor de um favorecerá a todos; e aquele contra um prejudica os demais. Por exemplo, o co-devedor que ajuizar ação beneficia aqueles que se mantiveram inertes. Isso só ocorre quanto à interrupção, não ocorre na suspensão. Art. 204, § 1o A interrupção por um dos credores solidários aproveita aos outros; assim como a interrupção efetuada contra o devedor solidário envolve os demais e seus herdeiros. A indivisibilidade impõe efeito extensivo, assim como se dá na solidariedade. Art. 204, § 2o A interrupção operada contra um dos herdeiros do devedor solidário não prejudica os outros herdeiros ou devedores, senão quando se trate de obrigações e direitos indivisíveis. No caso do parágrafo 3º, a interrupção produzida contra o devedor principal gera o mesmo efeito quanto ao fiador. Isso porque, diante de causa de interrupção em Civil – Prof. André Roberto Data: 30/05/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 20 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br favor do devedor, o credor encontra-se impossibilitado de em face dele exercer seu direito e, do mesmo modo, o fiador goza do benefício de ordem, o que se configura outro óbice ao credor. Se a interrupção também não se estendesse ao fiador, o credor ver-se-ia impossibilitado de exercer seu direito, esvaziando o instituto da fiança. § 3o A interrupção produzida contra o principal devedor prejudica o fiador. Fraude contra Credores e Fraude à Execução (aula passada): A discussão é antiga, existente desde o CC/16, quanto à opção do legislador em tratar a fraude contra credores como causa de anulabilidade. O art. 165 do CC diz que os negócios motivados pela fraude contra credores sujeitam-se à anulabilidade e o valor daí auferido deve ser incorporado ao acervo do devedor. Art. 165. Anulados os negócios fraudulentos, a vantagem resultante reverterá em proveito do acervo sobre que se tenha de efetuar o concurso de credores. Parágrafo único. Se esses negócios tinham por único objeto atribuir direitos preferenciais, mediante hipoteca, penhor ou anticrese, sua invalidade importará somente na anulação da preferência ajustada. No at. 178, fala-se em prazo decadencial para anulação. Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado: II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico; Pela letra da lei, entender-se-ia pela anulabilidade do negócio, haveria desconstituição do negócio com retorno ao estado anterior, de modo que o bem ou o valor a ele equivalente retorna ao patrimônio do devedor e favorece a todos os credores, mesmo que apenas um dos credores tivesse ajuizado a ação revocatória/pauliana. Nesse contexto, seria exigida a demonstração da insolvência, com configuração do eventus damni. Em julgado recente, mais precisamente em Informativo de abril, o STJ entendeu que, se o negócio foi praticado em fraude contra credores, o credor pode arguir a ineficácia relativa, permitindo-se que o credor reouvesse o bem ou o valor dele proveniente. Por ação pauliana, a sentença diria ineficaz o negócio para as partes, mantendo-se sua validade no que se refere ao terceiro. O valor resultante da hasta publica serviria para quitação do crédito específico do credor que moveu a ação pauliana. Civil – Prof. André Roberto Data: 30/05/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 21 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br Como se vê, pela letra da lei, o saldo remanescente deveria retornar ao acervo. Mas, para o STJ, o remanescente deve ser direcionado ao terceiro, pois o negócio jurídico seria válido e eficaz em relação a todos, menos em relação àquele que promoveu a ação pauliana. A ineficácia só opera efeitos no âmbito daquelas partes dentro daquele negócio, ao passo que a anulação devolveria as partes ao estado anterior, favorecendo a todos os credores. Para fins de prova, se a questão versar sobre a literalidade da lei, deve-se seguir o art. 165, a fraude contra credor seria causa de nulidade, beneficiando todos os credores, pois se voltaria ao status quo ante; em se tratando de posição jurisprudencial, deve-se entender pela ineficácia relativa.
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