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CULTURA CLÁSSICA CONTRIBUIÇÕE LINGÚISTICAS-Literatura Grega Antiga-Homero e os generos literários da Antiguidade

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CULTURA CLÁSSICA: CONTRIBUIÇÕES 
LINGUÍSTICAS
A LITERATURA GREGA ANTIGA: HOMERO E 
OS GÊNEROS LITERÁRIOS DA ANTIGUIDADE
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Olá!
Nesta aula, vamos conhecer a maior e mais duradoura das muitas contribuições das culturas antigas, grega e
romana, a literatura e a arte. Os gregos são os criadores dos modelos literários que ainda se desenvolvem no
Ocidente: a poesia épica, a lírica e a tragédia. Em prosa e verso os gregos possuem o mérito de ter influenciado os
rumos das letras ocidentais.
Nesta aula, surge o nome de Homero, pai das letras gregas e ocidentais, com suas famosíssimas obras, a Odisseia
e a Ilíada, que chegarão a Roma, inaugurando a arte latina, com o mestre Virgílio, em Eneida. Vamos às letras
antigas?
Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:
1. Identificar os traços literários de Homero em suas obras.
2. Reconhecer os gêneros literários da antiguidade grega.
3. Verificar as características da poesia épica, da lírica e da tragédia grega.
4. Relacionar a literatura latina de Virgílio, na Eneida, com a literatura homérica.
1 A Literatura Grega Antiga: Homero e os Gêneros 
Literários da Antiguidade
Nesta aula, vamos conhecer as maiores e mais duradouras das muitas contribuições das culturas greco-romanas
antigas ao mundo moderno: a literatura e a arte.
Os gregos são os criadores dos modelos literários que ainda se desenvolvem no Ocidente: a poesia épica e lírica e
a tragédia. Em prosa e verso, os gregos possuem o mérito de ter influenciado os rumos das letras ocidentais.
Nesta aula, surge o nome de Homero, pai das letras gregas e ocidentais, com suas famosíssimas obras, a Odisseia
e a Ilíada, que chegarão a Roma, inaugurando a arte latina, com o mestre Virgílio, em Eneida.
2 A literatura grega de Homero: Odisseia e a Ilíada
Segundo Jorge Piqué (2009), para entendermos a importância capital da obra homérica é preciso contextualizar
as características mais relevantes das sociedades Breco-latinas do período clássico:
O Legado Clássico, ou Herança Clássica, que recebemos da Antiguidade greco-latina poderia ser sintetizado em
quatro grandes temas:
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Os gregos e romanos criaram e aperfeiçoaram os maiores gêneros da literatura ocidental e influenciaram
fortemente muitas literaturas posteriores, especialmente a partir do Renascimento.
Criaram sistemas políticos e jurídicos que desenvolveram os princípios da justiça, liberdade política e
democracia.
A filosofia grega é o fundamento do pensamento ocidental; especialmente por meio de Platão e Aristóteles.
Suas artes plásticas (pintura, cerâmica, escultura) e arquitetura continuam a atrair a admiração depois de mais
de 2.000 anos.
A obra 'homeriana' da Odisseia e da Ilíada é o parâmetro do poema épico antigo, por causa de sua vinculação às
raízes primitivas e populares da Grécia arcaica. 
Os gregos narraram suas memórias ao longo dos tempos, de modo anônimo, até que o poeta e cantador Homero
as colecionasse e as compendiasse, fazendo também com que elas, citadas por filósofos e poetas, se tomassem
obra escrita.
Por isso mesmo, a poesia épica possui os traços das narrativas de fundo histórico. Um ensaio previsto na obra do
grande Heródoto, como ciência do discurso de fatos e da memória da civilização grega.
Os poemas homéricos possuem tom eloquente em seus versos (hexâmetros) e duração das vogais, como se
tivessem sido feitos para serem falados em voz alta. Pois até o periodo helenistico, a ritmação própria da poesia
indicava que estavam associados à literatura e música, que depois do III°. séc. a. C tomarão rumos diversos.
Nos festivais religiosos e nos folgedos populares estariam escondidas as suas raízes? Pela alta qualidade literária,
Odisseia e Ilíada representavam a culminância de uma longa tradição de composições poéticas orais.
E, mesmo referindo-se em linhas gerais aos traços da sociedade micênica, estes poemas foram, provavelmente,
compostos durante o século -VIII, no fim da Idade das Trevas. Para os gregos e também para nós, os dois mais
importantes autores de epopeias (poemas em versos épicos) foram Homero (c. -750) e Hesiodo (c. -700).
Segundo Piquet (2008), pode-se dividir em três períodos o desenvolvimento literário na Grécia.
As obras da literatura grega antiga são datadas entre o séc. VIII a.C. e o séc. IV d. C., ou seja, aproximadamente
1200 anos de tradição literária ininterrupta. No curso nos concentraremos especificamente no período arcaico,
quando foi composta a Ilíada.
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Período Arcaico
No período arcaico da história grega, surgem dois importantes gêneros literários, que terão continuidade até os
dias de hoje, a poesia épica e a poesia lírica.
A Poesia Épica (séc. VIII a.C): se conservam nela reminiscências que remontam à Guerra de Troia e à época
micênica (séc. XII a.C.). É poesia épica a epopeia homérica, representada nos dois poemas, a Ilíada e Odisseia.
Tradicionalmente vinculada à poesia épica está também a Teogonia, de Hesíodo, e seu poema didático, Os
Trabalhos e os Dias.
A poesia "Lírica" (séc. VII e VI a.C.): Representada por autores como Alceu, Safo, Estesícoro, Alcmano, etc... Surge
junto com a filosofia dos pré-socráticos (Tales, Heráclito, Parmênides, Demócrito, etc...). Estas são as primeiras
obras em prosa, embora alguns filósofos também utilizassem a poesia. A poesia era a única forma de expressão
literária.
Período Clássico (séc. VIV a.C.)
Tradicionalmente, o período é delimitado por dois acontecimentos marcantes.
• Se inicia em 480 a.C., com a vitória dos gregos sobre os persas.
• E finaliza em 338 a.C., com Filipe da Macedeinia, o pai de Alexandre, conquistando Atenas.
O chamado “Século de Péricles", quando Atenas é a mais importante cidade e grande centro cultural da Grécia.
Temos nas letras o desenvolvimento do Teatro (tragédia), com os três grandes autores, Esquilo, Sófocles,
Euripides, e da História, com Heródoto e Tucídides.
O séc. IV a.C: É quando surge a filosofia de Platão e Aristóteles, a Comédia chega ao seu ápice com Aristófanes e a
Oratória ganha destaque com Ésquines e Demóstenes.
Período Helenístico (338 a.0 - 30 a.C) e Greco-Romano
Inicia-se com a hegemonia macedônica sobre a Grécia, devido às conquistas de Alexandre, o Grande. Outros
centros de atividade, como Alexandria e Pérgamo, substituem Atenas.
Novos gêneros são criados, como a novela. Roma conquista a Grécia e recebe sua influência, que retransmite
para o mundo, especialmente nas regiões orientais. Autores como Apolodoro (mitógrafo), Menandro
(comediógrafo), Calímaco (poeta lírico), são representativos dessa época.
A épica ressurge com Apolônio de Rodes, autor da Argonoutico. É nesse período que, primeiro, o Velho
Testamento é traduzido do hebraico para o grego e, mais tarde, o Novo Testamento é escrito em grego koiné, um
dialeto derivado do grego ático.
Sobre o nome de Homero, não há consenso de que ele tenha realmente existido ou de que tenha escrito qualquer
uma das duas epopeias, tradicionalmente chamadas de poemas homéricos. Para o historiólogo Heródoto (484-
425 a.C.), Homero teria vivido 400 anos antes dele (Hdt. 2.53).
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Os estudos recentes, porém, situam a data de composição da Ilíada e da Odisseia no fim da Idade das Trevas (c.
-750) ou no início do Período Arcaico (-750/-713).
O uso predominante do dialeto jônico sugere que o autor dos poemas veio provavelmente da kir-lia. Que ele era
um aedo cego nascido especificamente em Quios ou em outro lugar da região e se chamava Homero, porém, não
tem qualquer comprovação histórica.
A autoria dos poemas homéricos que permanece 'quaestio disputatae' (discussão irresoluta), desde o Período
Helenístico, pode ser resumida assim:
É indiscutível, no entanto, sua influência sobre toda a literatura ocidental. A Eneida, de Virgílio (-30/-19), Os
Lusíadas, de Camões (1572) e o Ulisses, de Joyce (1921) são apenas alguns dos numerosos exemplos de
influência direta.
3 Os Gêneros Literários da Antiguidade Clássica Grega
Poesia épica
Cantada por gerações inumeráveisde poetas cantores, os 'aedos', discutida por Filósofos como Platão, a obra
homérica representa uma potente memória da nação grega. Naquele momento, a poesia grega não era o que
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atualmente chamamos de "poesia". Não havia rimas e sim uma estruturação do verso em sílabas longas e breves,
de tal modo que a declamação adquiria uma musicalidade muito própria à língua grega.
E os versos eram sempre acompanhados de música, pois para os gregos a poesia e a música andavam sempre
juntas.
• Homero (séc. VIII a.C.) - Ilíada, Odisseia.
• Hesíodo (c. 700 a.C.) - Teogonia, Os Trabalhos e os Dias.
A Odisseia
Segundo Janko, 1982, a Odisseia foi composta, possivelmente, entre 743 e 713 a.C., alguns anos depois da Ilíada.
O título do poema deriva do nome do principal protagonista, Odisseu, herói grego mais conhecido entre nós pelo
nome romano, Ulisses.
Figura 1 - Ulisses e o gigante Potifemo
Enquanto a Ilíada é uma história de guerra, a Odisseia é basicamente uma história de viagens fantásticas. Neta,
[Homero] relata as aventuras de Odisseu após a Guerra de Troia. Durante dez anos o herói tenta retornar a itaca,
seu reino, onde o aguardam ansiosos o pai Laerte, a esposa Penélope e o filho Tetêmaco; numerosas aventuras,
porém, retardam sua volta. Em itaca, a esposa (Penélope) e o filho (Tetêmaco) são constantemente pressionados
por pretendentes ao trono e à esposa de Odisseu, tido como desaparecido.
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Figura 2 - Odisseu e Nausícaa, de Charles Gleyre
O poema começa no vigésimo ano de sua partida para Troia (dez anos de guerra, mais dez anos de viagens), e as
aventuras dos anos anteriores são contadas pelo próprio Odisseu. No final, é claro, Odisseu consegue retornar ao
lar e à família, matar todos os pretendentes e recuperar seu reino.
A poesia lírica
Esta forma literária nasceu da fusão do poema épico com o instrumento que a acompanhava, a lira. As formas
foram então se diversificando; variedades c novas técnicas surgiram, como: a ode, a elegia, os epitáfios, as
canções, as baladas e outras mais que se desenvolveriam posteriormente como o soneto e o madrigal.
A primeira característica da poesia beira e a maior liberdade quanto ao número de silabas dos versos. Ela
também foi de grande influência sobre a poesia dramática. que se apresentava com duplo caráter: épico e lírico
(objetivo/subjetivo).
Hesíodo
Hesíodo é o mais antigo poeta grego no início do Período Arcaico. A sua obra poética pode ser considerada como
poesia épica. Na Antiguidade, Hesíodo era tão considerado quanto Homero.
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Figura 3 - Antigo busto de bronze, o chamado Pseudo-Sêneca, que atualmente especula-se como sendo um 
retrato imaginativo de Hesíodo
Através de Os Trabalhos e os Dias, sabe-se que ele viveu em Ascra, na Beócia, no final do século VIII ou início do
século - VII (c. -700), período de crise agrícola e social. Filho de um imigrante de Orne, na Ásia Menor, que se
tornou agricultor e vivia com dificuldade em uma pequena propriedade rural próxima 1 do Mente Hélicon.
A exemplo do pai, Hesíodo viveu de sua pequena propriedade rural, mas parece pequena recebido treinamento
de rapsodo e, certamente, conhecia os poemas homéricos. Como os poemas homéricos, sua obra parece ser uma
coletânea de mitos e tradições conservados oralmente no caso, tradições da Beócia, região em que viveu.
Hesíodo foi, no entanto, o primeiro a utilizar suas próprias experiências como tema de poesia e a cantar a vida
simples do homem do campo.
Obras sobreviventes
Dois de seus poemas chegaram integralmente até nós, a Teogonia e Os Trabalhos e os Dias.
• Os Trabalhos e os Dias
O poeta relata seus problemas legais com o irmão Perses, fornece informações minuciosas sobre a agricultura, e
discorre sobre a importância da Justiça e do trabalho.
• A Teogonia
Conta a formação do mundo (cosmogonia) e a origem dos deuses (teogonia) e heróis; é um verdadeiro catálogo
de deuses.
Muitos dos episódios na Eneida, que narra um tempo mítico, têm uma correspondência síncrona com a
atualidade de Augusto.
Por exemplo. o escudo de Eneias, simbolizando a batalha do Ácio, quando Otávio Augusto derrotou Marco
Antônio em 36 a.C. e a previsão de Anquises, no Hades. sobre as glórias de Marcelo, filho de Otávia, irmã do
imperador.
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Virgílio concluiu a Eneida em 19 a.C.. A obra está 'completa" mas não está ainda "pronta" segundo o seu criador.
Virgílio gostaria ainda de visitar os lugares que aparecem no poema e revisar os versos dos cantos finais. Mas
adoeceu e, ás portas da morte. pediu a dois amigos que queimassem a obra por não estar ainda 'perfeita'.
O grande poema, já conhecido de alguns amigos coevos, não foi destruido para nossa felicidade e fortuna
literária. Sem a epopeia virgiliana, não haveria Orlando Furioso, O Paraíso Perdido, Os Lusiadas, dentre outros
grandes clássicos da literatura mundial.
Características da obra
Assim como Homero, Hesíodo usou basicamente o dialeto Fênico e os versos hexâmetros datílicos característicos
da epopeia. Certamente conhecia os poemas homéricos, pois os epítetos épicos e expressões formulares que
utilizou são semelhantes; mesmo o vocabulário lembra muito a poesia de Homero.
Mas enquanto que estruturalmente a poesia hesiódica se assemelha à homérica, a temática tem ao mesmo tempo
uma distância pequena e grande.
• Pequena, se considerarmos a Teogonia: Homero recorre frequentemente a narrativas míticas; Hesíodo 
preocupa-se em agrupar os deuses e heróis em um catálogo organizado e inteligível.
• Grande, se considerarmos Os Trabalhos e os Dias: Homero canta a vida e os problemas dos aristocratas; 
Hesíodo descreve a dura vida quotidiana dos camponeses, suas preocupações e problemas. As nítidas e 
precisas imagens que evoca, inclusive, indicam conhecimento pessoal e profundo da vida rural e de seus 
problemas.
Rapsodo é o nome dado a um artista popular ou cantor que, na antiga Grécia, ia de cidade em cidade recitando
poemas (principalmente epopeias).
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wikIi/Rapsodo
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http://pt.wikipedia.org/wikIi/Rapsodo
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As características da Poesia Épica Latina
Virgilio - Uma epopeia por encomenda
Bucólica (poema pastoril) e Geórgicas (poema agrícola) haviam dado fama a Virgílio. Por Isso, o imperador
Augusto encomendou-lhe a composição de um poema épico que cantasse a glória e o poder de Roma. Um poema
que rivalizasse e, quiçá. superasse Homero, e também que cantasse, indiretamente, a grandeza de César Augusto.
Assim, Virgílio elaborou um trabalho que, além de labor linguístico e conteúdo poético, é também propaganda
política.
Composta por 12 cantos, num total de 9826 versos, a Eneida, a maior obra do poeta Virgílio (Publius Virgilius
Maro, 70-19 a.C.) é considerada, simultaneamente, uma obra de tom mitológico e histórico.
• Mitológico, porque narra a história do herói Eneias, utilizando-se de lendas tradicionais do povo 
romano.
• Histórico, porque utiliza este argumento para exaltar Roma e Augusto. procurando valorizar tanto os 
feitos do imperador quanto os feitos mais remotos do seu povo.
Desta forma, o poeta conseguiu realizar a tarefa que Augusto lhe incumbira, compondo a epopeia latina por
excelência, capaz de equiparar-se à Ilíada e à Odisseia, consagradas epopeias homéricas.
Quanto ao estilo e à finalidade da poesia, o contraste é profundo. tem estilo didático e pessoal. distante da
'grandiosidade' e impessoalidade de Homero. Enquanto que o poeta da alada e da Odisseia nada fala de si mesmo
e descreve os festins e as guerras dos aristocratas a urna audiência de aristocratas, Hesíodo identifica-se, usa
quase sempre a primeira pessoa, dá opiniões.
Todavia, esta não era a única preocupação da Eneida: Virgílio procurou retratar, também, os valores e virtudes
que fundamentavam a sociedade latina, fazendo. assim. uma síntese das correntes de pensamento em difusão em
Roma. e as práticas religiosas que prevaleceram de 44 a.C. a 14 d. C. época de Augusto, considerada a de maior
prosperidade para a religiãoromana.
A poesia lírica na Grécia antiga
A poesia lírica foi a expressão literária mais marcante do Período Arcaico, ligada diretamente ao
desenvolvimento social da pólis e ao florescimento cultural que acompanhou o processo de migração grega para
a Ásia Ocidental e para as ilhas do Egeu.
A qualificação "lírica", usada até hoje, foi criada durante o Período Helenístico; na época clássica era
correntemente usada a palavra "mélica”, que significa "canto acompanhado de música", de onde se formou a
palavra portuguesa melodia.
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Recorria-se também com frequência à palavra "ode", que significa canto. Havia dois tipos principais: a lírica
monódica, declamada em geral pelo próprio poeta acompanhado pela música de um só instrumento (a lira, por
exemplo); e a lírica coral, apresentada por um coro, com ou sem acompanhamento musical.
Os mais importantes viveram entre a primeira metade do século -VII e a primeira metade do século -V, nas
primeiras décadas do Período Clássico. Segundo os eruditos alexandrinos, havia txn cânone de nove poetas
líricos, cujos nomes foram conservados pela Antologia Palatina (AP 9.571):
Muitos outros poetas importantes têm sido estudados e divulgados nos últimos anos, graças a descobertas
papirológicas. Com exceção das odes triunfais de Nadam e de Baquílides, no entanto, somente uns poucos
poemas completos e outros tantos fragmentos chegaram até nós.
A Elegia
É uma das formas mais antigas. Conservou fortes ligações com a poesia épica, sua antecessora, e deve ter sido em
sua origem um canto litúrgico acompanhado de música para, entre outras coisas, enterros e banquetes fúnebres.
O metro utilizado era o dístico elegíaco. Havia vários tipos de poesia elegíaca:
• a elegia guerreira,
• a elegia moral e filosófica,
• a elegia amorosa,
• e a elegia gnômica.
O declamador era, em geral, acompanhado por um tocador de autos. Entre os principais representantes estão
Calino de Éfeso, Tirteu de Esparta, Mimnermo de Cólofon, Sólon de Atenas e Teógnis de Mégara.
O lambo
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A poesia iâmbica é também bastante antiga e se caracterizava pelo tom pessoal, pela alegria de viver e pela
sátira, o que a distância significativamente da poesia épica. O acompanhamento habitual era também o autos;
esse gênero, no entanto, nem sempre era apresentado com acompanhamento musical.
O metro mais usado era o trímetro iâmbico, embora nas sátiras em geral também se usasse o dístico elegíaco
com certa frequência. Principais representantes: Arquíloco de Paros, Semênides de Amargos e Hipônax de Éfeso.
O mais antigo e o mais considerado pelos antigos foi Arquíloco.
A canção
A poesia cantada com acompanhamento musical, também conhecida por ode ligeira e mélica, muitas vezes se
confunde com a própria denominação genérica “lírica monódica”. Os poetas mélicos cantavam principalmente o
amor e os prazeres da vida e, além de cantar, tocavam geralmente também o bárbitos, instrumento semelhante à
lira, mas com sete cordas ao invés de quatro.
A métrica desses poemas era muito variada e habitualmente característica de cada autor. Os versos eram
agrupados em estrofes[1] e cada tipo de estrofe recebeu, em geral, o nome do poeta que à utilizava: sáfica (Safo
de Lesbos), alcaica (Alceu de Mitilene), e anacreôntica (Anacreonte de Teos).
Hybris
Sentimento que conduz os heróis da tragédia à violação da ordem estabelecida através de uma ação ou
comportamento que se assume como um desafio aos poderes instituídos (Leis dos deuses, leis da cidade, leis da
família, leis da natureza)
Pathos
Sofrimento, progressivo, do(s) protagonista(s), imposto pelo Destino (Anankê) e executado pelas Parcas (Cloto,
que presidia ao nascimento e susto o fuso na mão; Láquesis, que fiava os dias da vida e os seus acontecimentos;
Átropos, a mais velha das três irmãs, que, com a sua tesoura fatal, cortava fio da vida), como consequência de sua
ousadia.
Ágon
Conflito (a alma da tragédia) que decorre da hybris desencadeada pelo(s) protagonista(s) e que se manifesta na
luta contra os que zelam pela ordem estabelecida.
Anankê
É o Destino. Preside às Parcas e se encontra acima dos próprios deuses, aos quais não é permitido desobedecer-
lhe.
Peripécia
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Segundo Aristóteles, “Peripécia é a mutação dos sucessos no contrário”, Assim, poderemos considerar um
acontecimento imprevisível que altera o normal rumo dos acontecimentos da ação dramática, ao contrário do
que a situação até então poderia fazer esperar...
Anagnórise (Reconhecimento)
Segundo Aristóteles, “o reconhecimento, como indica o próprio significado da palavra, é a passagem do ignorar
ao conhecer que se faz para a amizade ou inimizade das personagens que estão destinadas para a dita ou a
desdita.” Aristóteles acrescenta: "A mais bela de todas as formas de reconhecimento é a que se dá juntamente
com a peripécia, como, por exemplo, no Édipo.” O reconhecimento pode ser a constatação de acontecimentos
acidentais, trágicos, mas, quase sempre, se traduz na identificação de uma nova personagem, como acontece com
a figura do Romeiro no Frei Luís Sousa.
Catástrofe
Desenlace trágico, que deve ser indiciado desde o início, uma vez que resulta do conflito entre a hybris (desafio
da personagem) e a ananké (destino), conflito que se desenvolve num crescendo de sofrimento (pathos) até ao
clímax (ponto culminante). Segundo Aristóteles, a catástrofe “é uma ação perniciosa e dolorosa, como o são
mortes em cena, as dores veementes, os ferimentos e mais casos semelhantes".
Katharsis (Catarse)
Purificação das emoções e paixões (idênticas às das personagens), efeito que se pretende da tragédia, através do
terror (phobos) e da piedade (eleos) que deve provocar nos espectadores.
Atragédia, a mais antiga obra literária representada por atores em espaço especializado, o teatro, é um dos mais
importantes gêneros literários legados pela Grécia Antiga. Do século -IV em diante, a tragédia entrou em franco 
declínio e só iria recuperar parte de seu antigo esplendor dois milênios depois - mas as obras de Shakespeare
(1564/1616), de Racine (1639/1699) e de outros autores são, na realidade, formas evoluídas da tragédia.
O gênero trágico, em sua forma mais pura, só subsiste na obra dos três grandes poetas atenienses:
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Esquilo
“Esquilo foi o primeiro a elevar de um para dois o número dos atores; diminuiu a importância do coro e fez do
diálogo protagonista” (Aristóteles, Po. 1449 a15)
O mais antigo dos poetas trágicos cuja obra chegou até nossos dias. Aristóteles sustentava que foi ele o
verdadeiro criador da tragédia ática e, para os atenienses, era uma verdadeira instituição.
Embora somente tragédias inéditas fossem habitualmente admitidas nos festivais de Atenas, depois da morte de
Esquilo suas obras eram frequentemente reapresentadas — às custas da cidade — e chegaram a ser premiadas
várias vezes nos concursos.
As mais importantes fontes de informações sobre a vida de Esquilo são a “Vita anônima'. Sabe-se de certo apenas
que nasceu em -525 em Elêusis, perto de Atenas, e que morreu em -456 na Sícília, em Gela.
Era provavelmente de família aristocrática e seu pai chamava-se Eufórion. Segundo a tradição, lutou contra os
persas em Maratona (-490) e em Salamina (-480).
Já em vida, seu prestígio era grande. A tradição registra pelo menos duas e talvez três viagens à Sicília, sede de
algumas das mais poderosas poleis da época, para apresentar Suas peças: a primeira em -476/-475, a segunda
Fique ligado
Das oitenta tragédias compostas por Ésquilo restam-nos, desgraçadamente, apenas sete; das
cento e vinte de Sófocles, temos igualmente apenas sete; dentre as oitenta obras dramáticas de
Eurípides, somente dezessete tragédias e um drama satírico sobreviveram.
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provavelmente entre -471 e -456 e, com certeza, lá estava ele em -456, quando morreu.
Seu túmulo tornou-se local de peregrinação e, em meados do século -IV, uma estátua sua foi colocada no centro
do teatro de Dioniso, em Atenas.
Ésquilo reduziu a primitivaimportância do coro e acrescentou um segundo ator, tornando possível o diálogo
entre os personagens e a ação dramática. É provável que tenha também introduzido aperfeiçoamentos no
vestuário e nos cenários, a julgar pela dificuldade técnica de algumas de suas encenações.
Em As Rás, comédia representada em -405, Aristófanes compara Ésquilo e Eurípides, com vantagem para o
primeiro. Apesar do tom jocoso, várias características da obra esquiliana são reconhecidas e mencionadas. É um
raro
testemunho da impressão que o poeta causou naqueles que Viveram (quase) em sua época.
Sófocles
Sófocles, o segundo dos poetas trágicos canônicos, foi ainda em vida o mais bem sucedido autor de tragédias do
século -V.
Consta que obteve o maior número de vitórias nos concursos dramáticos de Atenas..
Os atenienses veneravam Ésquilo e compreendiam apenas em parte Eurípides; mas amavam Sófocles
apaixonadamente.
Desde sua primeira vitória, aos 28 anos, Sófoctes foi festejado e homenageado como |o maior dos poetas trágicos.
De acordo com a tradição biográfica, participou ativamente da vida pública de Atenas.
Nasceu perto de Atenas, em Colono, por volta de -496; era de família abastada, mas não aristocrática; o pai 
chamava-se Sófilos. Viveu sempre em Atenas e lá morreu, nonagenário, em -406/-405.
Era bem apessoado e afável; consta que foi amigo de Péricles e de 
Heródoto e que Íofon, seu filho, e Áriston, seu neto, foram 
tragediógrafos de renome. Diz-se que, meses antes de sua morte, ao 
saber que Eurípides morrera, vestiu o coro de preto e, em lágrimas, 
deu ao público a notícia.
Características da obra
A poesia de Sófocles é simples e elegante, nobre mas sem pompa; algumas das mais belas linhas da poesia grega
são de sua autoria.
O personagem sofocliano é um ser humano ideal, dotado dos mais 
elevados atributos humanos. Seu caráter, habilmente delineado 
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pelo poeta, frequentemente contrasta com o de outros personagens. 
Como se costuma dizer, ao teocentrismo de Ésquilo opunha-se o 
antropocentrismo de Sófocies.3
Das tragédias sobreviventes, apenas o Filoctetes pôde ser datado com precisão. Note-se que Édipo Tirano é mais
conhecida pela tradução incorreta, Édipo Rei.
Édipo Rei (mais corretamente: Édipo Tirano) — de Sófocles é, entre nós, a mais célebre e a mais, representada
das tragédias gregas. Tanto o filósofo Aristóteles, na Antiguidade, quanto os dramaturgos franceses do século
XVII consideravam-na a mais bem construída das tragédias gregas.
Saiba mais
Adata exata desta tragédia de 1530 versos não é conhecida; estima-se a primeira apresentação
entre -429 e -425. Sabe-se que Sófocles foi contemplado em segundo lugar no concurso
dramático e que o primeiro lugar coube a um certo Filocles, possivelmente sobrinho de Ésquito.
	Olá!
	1 A Literatura Grega Antiga: Homero e os Gêneros Literários da Antiguidade
	2 A literatura grega de Homero: Odisseia e a Ilíada
	3 Os Gêneros Literários da Antiguidade Clássica Grega
	As características da Poesia Épica Latina
	Esquilo
	Sófocles

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