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DIREITO 
Me. Adriana Straub 
GUIA DA 
DISCIPLINA 
 2022 
 
 
1 Direito 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
1. DIREITO MORAL ÉTICA 
 
Objetivo 
O objetivo principal deste texto é conceituar direito, moral e ética e esclarecer o que 
são fontes do direito e como se classificam e interpretam as normas jurídicas. 
 
Introdução 
Você já conceituou os termos direito, moral e ética? Já pensou o que representa 
cada uma dessas palavras? 
 
Parece fácil? Difícil? Será que tem alguma importância saber o que significam direito, 
moral e ética? 
 
No dicionário Michaelis online1, entre os vários significados, encontramos: 
Direito - Di.rei.to 
sm 1 O que é justo e conforme com a lei e a justiça. 2 Faculdade legal de praticar ou não praticar 
um ato. 3 Dir Ciência das normas obrigatórias que disciplinam as relações dos homens numa 
sociedade; jurisprudência. Possui inúmeras ramificações. 4 Prerrogativa, privilégio. 
 
Moral - Mo.ral 
adj (lat morale) 1 Relativo à moralidade, aos bons costumes. 2 Que procede conforme à 
honestidade e à justiça, que tem bons costumes. 3 Favorável aos bons costumes. 4 Que se refere 
ao procedimento. 5 Que pertence ao domínio do espírito, da inteligência (por oposição a físico ou 
material). 6 Diz-se da teologia que se ocupa dos casos de consciência. 7 Diz-se da certeza que se 
baseia em grandes probabilidades, e não em provas absolutas. 8 Diz-se da atitude ou 
comportamento de quem está perturbado, confuso ou embaraçado por qualquer circunstância. 9 
Diz-se de tudo que é decente, educativo e instrutivo. 
 
Ética - É.ti.ca 
sf (gr ethiké) 1 Parte da Filosofia que estuda os valores morais e os princípios ideais da conduta 
humana. É ciência normativa que serve de base à filosofia prática. 2 Conjunto de princípios morais 
que se devem observar no exercício de uma profissão; deontologia. 
 
Vamos agora verificar o que os doutrinadores esclarecem sobre esses vocábulos? 
 
 
1 h t tp : / /m ichae l is .uo l . com.br /moderno/por t ugues / index .php?l ingua=por tugues -por tugues&palav ra=di re i to , 
acesso em 23/10/2017. 
http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-portugues&palavra=direito
 
 
2 Direito 
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1.1. Direito – Moral – Ética 
Rizzatto Nunes (2015, p. 73) diz que o termo ‘direito’ comporta pelo menos as 
seguintes concepções: 
“a de ciência, correspondente ao conjunto de regras próprias utilizadas pela Ciência 
do Direito; a de norma jurídica, como a Constituição e as demais leis e decretos, 
portarias etc.; a de poder ou prerrogativa, quando se diz que alguém tem a 
faculdade, o poder de exercer um direito; a de fato social, quando se verifica a 
existência de regras vivas existentes no meio social; e a de justiça que surge quando 
se percebe que certa situação é direito porque é justa”. 
 
 
Para Roberto Senise Lisboa (2008, p. 2) “utiliza-se o vocábulo Direito como a ciência 
ética que estabelece condutas a serem observadas pelas pessoas na sociedade”. 
 
Sergio Pinto Martins (2015, p. 3), na mesma linha, elucida que “são encontrados 
vários significados para a palavra Direito, como norma, lei, regra, faculdade, o que é devido 
à pessoa, fenômeno social etc” e, no que diz respeito à moral e ética, ressalta que: 
 
A moral tem um conceito que varia com o tempo, em razão de questões políticas, 
sociais, econômicas. 
A moral de ontem pode não ser a moral de hoje. Ela varia historicamente e em cada 
sociedade. (p. 6) 
Ética vem do grego ethos, com o significado de modo ser ou caráter. Diz respeito a 
um comportamento que deve ser seguido pelo hábito (p.465). 
 
 
 
 
• Consulte a Unidade 1, págs. 1 a 11, do Livro Introdução ao 
Direito, organizado por Ricardo Glasenapp. 
• Basta acessar: 
https://plataforma.bvirtual.com.br/Acervo/Publicacao/22137. 
 
 
 
 
 
 
1.2. Fontes Do Direito 
Você sabe o que é fonte? 
O dicionário Michalis online, disponível em http://michaelis.uol.com.br, acesso em 
23/10/2017, registra que: 
https://plataforma.bvirtual.com.br/Acervo/Publicacao/22137
http://michaelis.uol.com.br/
 
 
3 Direito 
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Fonte - fon.te 
sf (lat fonte) 1 Manancial de água que brota do solo; nascente. 2 Chafariz. 3 Bica por onde corre 
água ou outro líquido. 4 Chaga aberta com cautério; exutório. 5 Causa, origem, princípio. 6 Texto 
original de uma obra. 7 Qualquer substância que emite radiação. 
 
Assim sendo, no que diz respeito ao direito, fonte é a origem, o princípio do direito. 
 
Como bem destaca Rizzatto Nunes (2015, p. 114), observando-se a doutrina que 
trata do assunto, os conceitos e classificações variam de autor para autor. 
 
A classificação dada por Ricardo Glassenapp (2014, ps. 19-20) é a seguinte2: 
“As fontes do Direito podem ser classificadas como: imediatas e mediatas (ou 
diretas e indiretas); voluntárias e involuntárias; estatais e não estatais”. 
 
 Fontes imediatas e mediatas 
“Fontes imediatas (ou diretas) são aquelas que compõem diretamente o sistema 
jurídico, como as leis em geral (Constituição, decretos, medidas provisórias, portarias etc.), 
especialmente no caso brasileiro. As fontes mediatas (ou indiretas) são os costumes, os 
princípios gerais de direito, a jurisprudência e a doutrina. Alguns autores utilizam outros 
termos, como fontes próprias ou puras (fontes diretas) e impróprias e impuras (fontes 
indiretas). Há também autores que falam de fontes principais (imediatas) e fontes 
acessórias (mediatas)”. 
 
Fontes voluntárias e involuntárias 
“Nesse caso, a classificação refere-se à forma e ao processo de criação das fontes 
do Direito. As fontes voluntárias são resultantes do processo legislativo formal, como é o 
caso das leis. As fontes involuntárias são aquelas que ajudam, indiretamente, na formação 
do Direito, como os costumes”. 
 
Fontes estatais e não estatais 
“Fontes estatais, como o próprio nome indica, são aquelas produzidas pelo sistema 
jurídico do Estado – a legislação, a jurisprudência e os princípios gerais de direito. As fontes 
não estatais, como os costumes e a doutrina, têm sua origem na sociedade civil”. 
 
 
 
2 h t tp : / /un isanta .bv3.d ig i t a l pages .com.br /use rs /pub l i c a t ions /9788543005102/pages /19 , acesso em 
23/10/2017 . 
http://unisanta.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788543005102/pages/19
 
 
4 Direito 
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Define-se jurisprudência como o conjunto das decisões dos tribunais a 
respeito do mesmo assunto. Alguns especificam ‘conjunto das decisões 
uniformes dos tribunais’ e outros falam apenas em ‘conjuntos de decisões’, 
sem referência à uniformidade. (Rizzatto Nunes, 2015, p. 138) 
 
 
 
Leia a decisão abaixo que trata do nascimento de um direito por meio de um costume 
local. 
 
“... A ré comercializava bens de consumo pessoal, através da microempresa Bazar e Mercearia Monte Santo 
(Adélia Trevizani ME.) e fornecia refeições pelo Restaurante Dona Adélia (Alberto Benevuto de Paula Braga 
ME.), estabelecidos no município de Mococa. 
A autora e seu namorado, R. de C. D., adquiriam produtos e tomavam refeições nos aludidos 
estabelecimentos, mediante pagamento mensal e anotação diária no sistema conhecido como "caderneta". 
A Ré denunciou ao Serviço de Proteção ao Crédito, a Autora como devedora da quantia de R$ 252,40. 
A contestação veio instruída com as anotações de fls. 38/43, das refeições tomadas de janeiro a junho de 
2003, assim como, dos produtos adquiridos no bazar (chocolate, coxinhas, salgadinhos, coca-cola, leite, 
aparelho de barbear e assemelhados). 
Foi tomado o depoimento pessoal das partes, confirmando a Ré, dona de ambos os estabelecimentos as 
anotações e o débito existentes, que foram roborados por três testemunhas ouvidas. 
Como bem acentuou a r. sentença recorrida, cabia à autora a prova de suasalegações, consistentes na 
inexistência do débito denunciado. Todavia, a prova produzida pela Ré, convence plenamente de que a 
Autora, ao contrário do afirmado na inicial, frequentava o restaurante, tomava refeições e adquiria bens de 
consumo pessoal. As anotações encontram-se bem detalhadas nos documentos supramencionados, fazendo 
crédito em favor da Ré. 
Repita-se: não trouxe a Autora, como lhe incumbia, nenhum elemento que contrariasse a prova trazida aos 
autos pela apelada ré. 
No tocante ao valor cobrado, justificou a Ré a dedução da quantia de R$ 80,00, paga pela Autora, através do 
cheque de fls. 9. 
É de conhecimento público e notório, o costume interiorano, e até na periferia das grandes cidades, a 
abertura de crédito informal pelos estabelecimentos comerciais, para pagamento no final do mês, 
mediante anotação em "caderneta" ou documento que o valha. 
A relação costumeira se estabelece na mais estrita confiança entre fornecedor e consumidor conhecidos, que 
não pode deixar de ser apreciada e reconhecida nos Tribunais. 
 
 
5 Direito 
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Isto por força do art. 4o, do Decreto Lei n° 4.657, de 04.09.42, Lei de Introdução ao Código Civil, que 
estabelece que 
"quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes, e os princípios gerais 
de direito". 
É precisamente o caso dos autos. 
Trata-se, na verdade, de singela compra e venda de bens de consumo e fornecimento de refeições, que, de 
rigor, não exige mais do que a convergência de vontades verbal. O consumidor recebe o produto, paga por 
ele e consumado está o contrato. Salvo em bens de grande valor, como aparelhos eletrodomésticos e 
automóveis, não se tem o hábito de exigir recibo. Via de regra, o documento fiscal é o suficiente para a prova 
documental do negócio. 
O art. 113, do Código Civil vigente, estabelece: 
"Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos e lugar de sua celebração." 
 
O dispositivo aplica-se como luva ao caso dos autos, nada havendo a contrariar o consumo pela apelante, 
assim como, a regularidade do débito denunciado. 
Obviamente, em razão da solução dada ao feito, não que se cogitar de reparação por danos morais. 
De ser mantida, pelos seus bem lançados fundamentos, a r. sentença da lavra da MM. Juíza ELANI CRISTINA 
MENDES MARUM. 
Nego provimento ao recurso. 
NORIVAL OLIVA 
Relator 
(TJPS - Apelação n° 992.06.035466-5 – j. São Paulo, 06 de julho de 2010) 
https://esaj.tjsp.jus.br/cjsg/getArquivo.do?cdAcordao=4581896&cdForo=0&vlCaptcha=cknsw, acesso em 
23/10/2017. 
 
1.3. Classificação das Normas Jurídicas 
Rizzatto Nunes (2015, p. 249-254) classifica as normas jurídicas quanto à hierarquia, 
à natureza de suas disposições, à aplicabilidade, à sistematização, à obrigatoriedade, à 
esfera do Poder Público de que emanam. 
 
Quanto à hierarquia 
a) Normas constitucionais; 
b) Leis complementares, leis ordinárias, leis delegadas, decretos legislativos e 
resoluções, medidas provisórias; 
c) Decretos regulamentares; 
https://esaj.tjsp.jus.br/cjsg/getArquivo.do?cdAcordao=4581896&cdForo=0&vlCaptcha=cknsw
 
 
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d) Outras normas de hierarquia inferior, tais como portarias, circulares etc. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Quanto à natureza de suas disposições 
a) Normas jurídicas substantivas ou materiais são as que criam, declaram e definem direitos, deveres 
e relações jurídicas. São, por exemplo, as normas do Código Civil, Código Penal, Código 
Comercial, Código de Defesa do Consumidor etc. 
b) Normas jurídicas adjetivas ou processuais são as que regulam o modo e o processo, para o acesso 
ao Poder Judiciário. São, por exemplo, as normas do Código de Processo Civil, do Código de 
Processo Penal. 
 
Quanto à aplicabilidade 
a) Normas jurídicas autoaplicáveis: entram em vigor independentemente de qualquer norma 
posterior; 
b) Normas jurídicas dependentes de complementação: são as que expressamente declaram sua 
necessidade de complementação por outra norma; e, 
c) Normas jurídicas dependentes de regulamentação: designam geralmente que os órgãos do Poder 
Executivo definirão e detalharão sua aplicação e executoriedade. 
 
Quanto à sistematização 
a) Constitucionais 
b) Codificadas 
c) Esparsas 
d) Consolidadas 
 
Quanto à obrigatoriedade 
a) Normas de ordem pública. 
b) Normas de ordem privada. 
 
 
 
 
 
 
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Quanto à esfera do Poder Público de que emanam 
a) Federais. 
b) Estaduais. 
c) Municipais. 
 
 
 
• Para saber mais sobre a Classificação das Normas Jurídicas, consulte as páginas 
56 a 60, do livro Introdução ao Direito, de Clareci mezzomo. 
• Basta acessar: 
https://plataforma.bvirtual.com.br/Acervo/Publicacao/3081 
 
 
 
1.4. Interpretação do Direito 
O Dicionário Michaelis3 registra que interpretar é: 
1 Aclarar, explicar o sentido de: Interpretar leis, textos etc. Interpretamos termos 
obscuros pelos contextos. 2 Tirar de (alguma coisa) uma indução ou presságio: 
Interpretar sonhos. "E Faraó contou-lhe os seus sonhos, mas ninguém havia que os 
interpretasse a Faraó" (Gênesis, 41, 8 - trad. de João Ferreira de Almeida). 3 Ajuizar 
da intenção, do sentido de: Não sei como interpretar o seu sorriso. 4 Traduzir ou 
verter de língua estrangeira ou antiga: Interpretara Homero em português. 5 
Reproduzir ou exprimir a intenção ou o pensamento de: Interpretar a natureza, as 
paixões, os costumes. Interpretava nesse dia a sátira de um poeta cômico. 
 
Nessa linha, interpretar a lei é encontrar seu sentido, significado. 
 
Martins (2015, p. 21) esclarece que a interpretação decorre da análise da norma 
jurídica que vai ser aplicada aos casos concretos e, para tanto, indica as formas de 
interpretação4: 
 
 
3ht tp : / /m ichae l is .uo l . com.br /moderno/po r tugues / index .php?l ingua=por t ugues -
por t ugues&palav ra= in te rp re tar , acesso em 23/10/2017 . 
4 Mar t ins , Serg io P in t o . Ins t i tu ições de Di re i to Públ ico e Pr ivado. 15ª ed. São Pau lo : A t las , 2015. 
https://plataforma.bvirtual.com.br/Acervo/Publicacao/3081
http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-portugues&palavra=interpretar
http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-portugues&palavra=interpretar
 
 
8 Direito 
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a) Gramatical ou literal (verba legis): consiste em verificar qual o sentido do texto gramatical da norma 
jurídica. Analisa-se o alcance das palavras encerradas no texto legal. 
b) Lógica: em que se estabelece conexão entre vários textos legais a serem interpretados; 
c) Teleológica ou finalística: a interpretação será dada ao dispositivo legal de acordo com o fim colimado 
pelo legislador; 
d) Sistemática: a interpretação será dada ao dispositivo legal de acordo com a análise do sistema no 
qual está inserido, sem se ater à interpretação isolada de um dispositivo, mas, sim, a seu conjunto; 
e) Extensiva ou ampliativa: em que se dá um sentido mais amplo à norma a ser interpretada do que ela 
normalmente teria; 
f) Restritiva ou limitativa: dá-se um sentido mais restrito, limitado, à interpretação da norma jurídica; 
g) Histórica: o Direito decorre de um processo evolutivo. Há necessidade de se analisar, na evolução 
histórica dos fatos, o pensamento do legislador não só à época da edição da lei, mas também de 
acordo com a sua exposição de motivos, mensagens, emendas, as discussões parlamentares etc. O 
Direito, portanto, é uma forma de adaptação do meio em que vivemos em razão da evolução natural 
das coisas; 
h) Autêntica: é a realizada pelo próprio órgão que editou a norma, que irá declarar seu sentido, alcance 
e conteúdo, por meio de outra norma jurídica. Também échamada de interpretação legal ou 
legislativa; 
i) Sociológica: em que se verifica a realidade e a necessidade social na elaboração da lei e em sua 
aplicação. O juiz, ao aplicar a lei, deve ater-se aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do 
bem comum. 
 
Síntese: 
• Você aprendeu, neste texto, a distinção entre direito, moral e ética; 
• O que são e quais são as fontes do direito; 
• Classificação das normas jurídicas; 
• Formas de interpretação do direito. 
 
 
 
 
 
 
 
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2. DIREITO CONSTITUCIONAL 
 
Objetivo 
O objetivo deste texto é tecer algumas considerações importantes sobre o Direito 
Constitucional, abordando, para tanto, aspectos relevantes da Constituição Federal. 
 
Você sabe qual é o objeto do direito constitucional? 
 
Ana Flávia Messa (2016, p. 42) diz que o “Direito Constitucional tem por objeto a 
Constituição do Estado, isto é, o estudo sistematizado da organização jurídica fundamental 
do Estado”. 
 
Sergio Pinto Martins (2015, p. 60), esclarece, por sua vez, que o “Direito 
Constitucional é o ramo do Direito Público que estuda os princípios, as regras 
estruturadoras do Estado e garantidoras dos direitos e liberdades individuais”. 
 
Antonio Riccitelli (2007, p. 38), na mesma linha, assegura que: 
Direito Constitucional é o ramo do direito público que tem como foco principal limitar 
os poderes Estado em benefício da preservação dos direitos e garantias individuais 
da população, objetivando seu bem-estar coletivo, premissa básica justificadora da 
própria existência do Estado. 
Por ser guardião da limitação dos poderes do Estado, materializado em sua 
Constituição, o direito constitucional, entre outras coisas, regulamenta sua estrutura 
fundamental, controla sua organização, fiscaliza e garante a clássica divisão 
autônoma e harmônica dos três poderes. 
 
 
Percebeu?! O Direito Constitucional está ligado diretamente à Constituição. 
 
Você sabe quantas Constituições já foram promulgadas/outorgadas no Brasil? 
 
Quer saber? A atual Carta Magna é a sétima desde a Independência do País. 
 
Mas vamos esclarecer o seguinte: Em 1969, a Emenda Constitucional nº 1, de 17 de 
outubro, editou o novo texto da Constituição Federal de 24 de janeiro de 1967. 
 
 
10 Direito 
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Diante desse fato, como ressalta Flávia Messa (2016, p. 85), “há divergência a 
respeito da natureza jurídica desta emenda, de forma que alguns consideram como nova 
Constituição”. 
 
Sergio Pinto Martins (2016, p. 63) também faz essa ressalva: “não é exatamente uma 
Constituição, mas uma emenda constitucional. Na prática, acaba sendo uma Constituição, 
pois alterou toda a Constituição de 1967” e acrescenta: 
A Constituição da República de 1891, a de 1934, de 1946 e de 1988 foram 
promulgadas, tendo sido votadas pela Assembléia Nacional Constituinte. 
As Constituições de 1937, 1967 e a Emenda Constitucional nº 1/69 foram 
outorgadas, impostas às pessoas, por regimes ditatoriais. 
 
Para entender melhor, consulte a Emenda Constitucional nº 01, disponível 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Emendas/Emc_anterior1988/emc01-
69.htm, acesso em 22/03/2019. 
 
 
 
 
Voto censitário era a concessão do direito do voto apenas aqueles cidadãos 
que possuíam certos critérios que comprovassem uma situação financeira 
satisfatória. Desse modo, os cidadãos eram classificados em ativos – que 
pagavam impostos – e passivos que tinham uma renda baixa. Apenas os 
ativos tinham o direito de votar. (...) Hoje, diferente daquela época, o direito 
de voto é universal, independente de renda, raça ou religião. 
Fonte: http://www.turminha.mpf.mp.br/eleicoes/turminha-nas-eleicoes-
2012/voce-sabia/voto-censitario/ 
 Acesso em 22/02/19 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Emendas/Emc_anterior1988/emc01-69.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Emendas/Emc_anterior1988/emc01-69.htm
http://www.turminha.mpf.mp.br/eleicoes/turminha-nas-eleicoes-2012/voce-sabia/voto-censitario/
http://www.turminha.mpf.mp.br/eleicoes/turminha-nas-eleicoes-2012/voce-sabia/voto-censitario/
 
 
11 Direito 
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Importante destacar sobre as Constituições os seguintes aspectos: conteúdo, forma, 
origem, ideologia, modo de elaboração, estabilidade e extensão. 
 
Antônio Riccitelli, em sua obra Direito Constitucional: teoria do Estado e da 
Constituição, ensina que: 
“Assim, interessa predominantemente conhecer as constituições sob os seguintes 
aspectos: conteúdo, forma, origem, ideologia, modo de elaboração, estabilidade e 
extensão. 
 
Quanto ao conteúdo, as constituições podem ser materiais ou formais. 
Constituição material é aquela que contém normas essencialmente ou 
materialmente constitucionais, como dispositivos que se refiram à forma de Estado 
ou de governo e limites de sua ação, como os arts. 1º, 2º e 18 da Constituição 
Federal da República Federativa do Brasil de 1988. As constituições formais 
apresentam normas que não integram a estrutura básica do Estado, mas 
encontram-se formalmente em seus textos. Com relação à forma, as constituições 
podem ser escritas, codificadas e sistematizadas, ou não escritas, conhecidas como 
costumeiras, ou consuetudinárias, por se fundamentar nos costumes, na 
jurisprudência e em convenções. 
Por seu turno, as constituições classificadas sob a égide de sua origem podem ser 
populares, democráticas, promulgadas ou votadas exatamente por exprimir a 
vontade soberana do povo. 
 
Diferentemente das promulgadas, as constituições classificadas como outorgadas 
caracterizam-se pela imposição da vontade autoritária de um governante ou de um 
colegiado. As constituições outorgas não emergem de uma manifestação de 
soberania nacional, mas sim da vontade pessoal e autoritária de um possuidor 
transitório do poder. A fim de revestir de legitimidade a outorga de uma constituição, 
alguns governantes propõem que sejam submetidas a um plebiscito ou referendum, 
conforme fez Napoleão Bonaparte com a Carta francesa de 1799, e como prometeu 
fazer, e não cumpriu Getúlio Vargas no caso da Constituição de 1937. 
A ideologia escolhida pode ser ortodoxa, representada por pensamento único, 
como foi o caso da Constituição Soviética de 1977, ou eclética, formada por várias 
ideologias conciliatórias, como é o caso da Constituição pátria de 1988, apelidada 
de ‘Cidadã”. Quanto ao modo de elaboração, as constituições são classificadas 
em dogmáticas ou históricas. As primeiras são assim conhecidas por sistematizar 
os dogmas da teoria política dominante no momento de sua elaboração. As 
constituições históricas, por seu turno, cristalizam o lento evoluir das tradições, 
como ocorreu coma Constituição inglesa. 
 
A estabilidade ou mutabilidade é outro item que integra o sistema de classificação 
das constituições. Sob esse prisma, uma constituição a fim de ser considerada 
rígida exige para sua alteração um processo mais complexo e solene que o 
ordinário. Não pode ser alterada por um processo comum de elaboração das leis 
ordinárias. A reforma ou emenda de uma Constituição rígida exige a realização de 
amplas discussões, quórum e dois terços em dois turnos, resumindo a adoção de 
procedimentos solenes e especiais. O exemplo clássico de Constituição rígida é o 
da norte-americana, que apresenta um texto expresso para sua reforma. As 
constituições flexíveis ou plásticas podem ser alteradas por meio de processo 
legislativo ordinário. Ainda sob o aspecto da estabilidade, uma Constituição pode 
ser classificada como semirrígida quando reúne características dos dois tipos 
anteriores. 
 
A extensão de uma Constituição é outro item que lhe confere a classificação 
concisa ou sintética, por conter apenas princípios gerais, como a norte-americana, 
ou prolixa ou analítica, por apresentar matéria estranha ao direitoconstitucional 
material, como a Constituição Federal pátria de 1988”. 
 
 
 
12 Direito 
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Roberto B. Dias da Silva (2007, p. 24), em sua obra Manual de Direito Constitucional, 
apresenta a seguinte Classificação da Constituição: 
 
A CONSTITUIÇÃO MATERIAL E A CONSTITUIÇÃO FORMAL 
A constituição material é o conjunto de regras que trata das matérias, dos assuntos, 
dos temas constitucionais, isto é, da estrutura do Estado, das relações de poder e 
dos direitos fundamentais das pessoas. 
Por outro lado, Constituição formal é o conjunto de regras que assume a forma de 
norma constitucional. Assim, os comandos jurídicos inseridos no texto constitucional 
escrito, por meio de um procedimento diferente daquele adotado para a criação das 
demais normas jurídicas, compõem o que se convencionou chamar de Constituição 
formal. 
 
AS CONSTITUIÇÕES OUTORGADAS E AS CONSTITUIÇÕES PROMULGADAS 
Quanto à origem, as Constituições podem ser classificadas em outorgadas ou 
promulgadas. 
As outorgadas são as impostas autoritariamente por quem não recebeu poderes do 
povo para tanto, como por exemplo, a Constituição brasileira de 1937. 
Já as promulgadas são as Constituições que surgem como resultado de um 
processo democrático de elaboração, como a Constituição brasileira de 1988. 
 
AS CONSTITUIÇÕES ESCRITAS E AS CONSTITUIÇÕES COSTUMEIRAS 
Quanto à forma, as Constituições podem ser escritas ou costumeiras. 
 
As Constituições costumeiras são formadas paulatinamente por meio dos costumes, 
decisões judiciais e documentos esparsos, sendo que suas regras não se 
condensam em um único texto escrito e formal, apesar de ser consideradas normas 
que estruturam o Estado e estabelecem os direitos e garantias fundamentais dos 
cidadãos. A Inglaterra é um exemplo típico de um Estado regido por uma 
Constituição costumeira. 
Por outro lado, as Constituições escritas são as que contemplam, em um único texto 
escrito, as normas que estruturam o Estado e fixam os direitos e as garantias 
fundamentais dos cidadãos. Atualmente, a grande maioria dos Estados é regida por 
esse tipo de Constituição, como acontece, por exemplo, no Brasil, na Espanha, em 
Portugal e no Chile. 
 
AS CONSTITUIÇÕES ANALÍTICAS E AS CONSTITUIÇÕES SINTÉTICAS 
Quanto à extensão, as Constituições podem ser classificadas como sintéticas ou 
analíticas. 
As Constituições sintéticas contém poucos artigos, sendo as matérias 
constitucionais reguladas por um número reduzido de disposições normativas. Em 
função desse motivo, a atividade interpretativa dessas Constituições permite, de 
maneira mais acentuada, a atualização dos entendimentos sobre os assuntos por 
elas tratados. Como exemplo de Constituição sintética há a Constituição dos 
Estados Unidos da América. 
As Constituições analíticas – como a Constituição brasileira de 1988 – tratam dos 
temas constitucionais de maneira minuciosa e detalhada, sendo compostas, 
portanto, de vários artigos. 
 
AS CONSTITUIÇÕES RÍGIDAS, SEMIRRÍGIDAS E FLEXÍVEIS 
Quanto à alterabilidade ou modificação, as Constituições podem ser rígidas, 
semirrígidas ou flexíveis. Constituição rígida é aquela que prevê para a sua 
alteração um procedimento mais difícil, mais árduo, mais rigoroso do que o previsto 
para a criação ou alteração das demais regras do ordenamento jurídico. É o caso 
da Constituição Federal de 1988. Constituição flexível é aquela que permite sua 
alteração pelo mesmo procedimento previsto para criar ou alterar a legislação 
ordinária. E Constituição semirrígida é aquela que parte de suas regras requer um 
procedimento de alteração mais difícil do que o exigido para modificar a legislação 
ordinária - como ocorre com as Constituições rígidas – e, em relação a outros 
dispositivos, prevê o mesmo procedimento de alteração para modificar a legislação 
 
 
13 Direito 
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ordinária – como nos casos das Constituições flexíveis. A Constituição brasileira de 
1824 era semirrígida. 
 
A atual Constituição foi promulgada no dia 05 de outubro de 1988. Leia o preâmbulo: 
 
PREÂMBULO 
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional 
Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos 
direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a 
igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem 
preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e 
internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção 
de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. 
 
 De acordo com a Carta Magna, a República Federativa do Brasil constitui-se em 
Estado Democrático de Direito e tem com fundamentos a soberania, a cidadania, a 
dignidade da pessoa humana, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e o 
pluralismo político. Esse é o teor do artigo 1º: 
 
Dos Princípios Fundamentais 
“Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos 
Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito 
e tem como fundamentos: 
I - A soberania; 
II - A cidadania 
III - A dignidade da pessoa humana; 
IV - Os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; 
V - O pluralismo político. 
 
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de 
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. 
 
Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o 
Executivo e o Judiciário. 
 
 
 
 
14 Direito 
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Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: 
I - Construir uma sociedade livre, justa e solidária; 
II - Garantir o desenvolvimento nacional; 
III - Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e 
regionais; 
IV - Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e 
quaisquer outras formas de discriminação”. 
 
Entre outras garantias, estabelece no artigo 5º, os Direitos e Deveres Individuais e 
Coletivos. Veja alguns deles: 
 
Dos Direitos e Garantias Fundamentais 
CAPÍTULO I 
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do 
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta 
Constituição; 
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude 
de lei; 
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante; 
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; 
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização 
por dano material, moral ou à imagem; 
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre 
exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais 
de culto e a suas liturgias; 
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas 
entidades civis e militares de internação coletiva; 
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção 
filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a 
todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei; 
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, 
independentemente de censura ou licença; 
 
 
15 Direito 
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X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, 
asseguradoo direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de 
sua violação; 
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem 
consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou 
para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial; 
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de 
dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, 
nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal 
ou instrução processual penal; 
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as 
qualificações profissionais que a lei estabelecer; 
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, 
quando necessário ao exercício profissional; 
XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer 
pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens; 
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, 
independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião 
anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio 
aviso à autoridade competente; 
XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter 
paramilitar; 
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de 
autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento; 
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas 
atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o 
trânsito em julgado; 
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado; 
XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade 
para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente; 
XXII - é garantido o direito de propriedade; 
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social; 
 
 
 
 
 
16 Direito 
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• Consulte a obra Direito constitucional, de Ana Flávia Messa. 
• Basta acessar: 
 https://plataforma.bvirtual.com.br/Acervo/Publicacao/182492 
 
 
 
 
 
 
Síntese: 
• Este texto abordou o objeto do Direito Constitucional; 
• Quantas Constituições já foram promulgadas/outorgadas no Brasil? 
• Classificação das Constituições; 
• Noções da atual Constituição Federal. 
 
 
 
 
 
 
 
https://plataforma.bvirtual.com.br/Acervo/Publicacao/182492
 
 
17 Direito 
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3. DIREITO CIVIL 
 
Objetivo 
O objetivo deste texto é tecer algumas considerações importantes sobre o Direito 
Civil, abordando, para tanto, aspectos relevantes da Código Civil. 
 
Sergio Pinto Martins (2015, p. 225) diz que Direito Civil é o conjunto de princípios, de 
regras e de instituições que regula as relações entre pessoas e entre estas e os bens de 
que se utilizam. 
 
A Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002, estabeleceu o atual Código Civil. Foi dividido 
em Parte Geral e Parte Especial. 
 
Vamos, agora, analisar alguns itens do Código Civil? 
Iniciaremos com os tópicos personalidade e capacidade. 
 
DA PERSONALIDADE E DA CAPACIDADE 
Você sabia que toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil? 
Isso mesmo! A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas 
a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. 
 
Veja, por exemplo, o caso abaixo: 
“F. R. L. sofreu acidente de trânsito no dia 02 de setembro de 2013. Consta do 
Boletim de Ocorrência nº 8305801, expedido no dia 09 de outubro de 2013, que a autora 
seguia como passageira do automóvel VW Parati 1.6 Surf, prata, 2008, placas DSY-9255, 
pela Rodovia BR 463, Dourados, MS, quando na altura do km 19,1 o condutor do caminhão 
Imp/Volvo FH 12 380 4X2, placas DBM-2165, que vinha no sentido contrário, ao perder o 
controle do veículo, invadiu a contramão obrigando o condutor do veículo Parati a sair da 
pista pela direita, para evitar a colisão frontal e essa manobra culminou com o capotamento 
do Parati. A autora sofreu ferimentos e foi levada ao Hospital Santa Rita pelos Bombeiros, 
sofrendo, em consequência do acidente, o abortamento de gestação que contava dois (2) 
meses”. 
 
Diante desse fato, promoveu ação em face de SEGURADORA LIDER DOS 
CONSORCIOS DO SEGURO DPVAT S/A pleiteando direito próprio de ver-se indenizada 
 
 
18 Direito 
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pela morte do filho nascituro, pois conforme previsto no artigo 2º do Código Civil: “A 
personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde 
a concepção, os direitos do nascituro”. 
 
A ação foi julgada procedente para condenar a ré a pagar para a autora R$ 
13.500,00, com correção monetária a contar do evento danoso e juros de mora à taxa de 
um por cento (1%) ao mês a contar da citação, impondo à ré o pagamento das custas 
processuais e dos honorários advocatícios, que foram arbitrados em dez por cento (10%) 
do valor da condenação. 
 
A Ré recorreu. A decisão foi mantida. 
 
A 27ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo entendeu “o 
nascituro possui direitos da personalidade, inclusive o direito inerente à vida e, por isso 
mesmo, a interrupção da gestação em decorrência do acidente em causa, justifica o 
ajuizamento desta Ação do Seguro DPVAT por morte, nos termos do artigo 3º, inciso I, da 
Lei nº 6.194/74, com as alterações dadas pelas Leis nºs 11.482/07 e 11.945/09. Essa 
indenização é tão devida no caso dos autos quanto haveria de ser caso a autora, no mesmo 
acidente, houvesse perdido um filho já nascido”. (TJSP - Apelação nº 1003162-
54.2014.8.26.0047 – j. 19 de maio de 2015). 
 
Percebeu? Mesmo antes de nascer, a partir da concepção, já se tem direitos 
garantidos. 
 
São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os 
menores de 16 (dezesseis) anos. 
 
E são considerados incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os 
exercer: 
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; 
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; 
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua 
vontade; 
IV - os pródigos. 
 
 
 
19 Direito 
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Ébrio é a pessoa que se embriaga com constância. 
Viciado é a pessoa que usa drogas com frequência. 
Pródigo vem do latim prodigus, prodigere. É a pessoa que gasta 
desordenadamente, que dissipa ou dilapida seu patrimônio sem justificativa. Faz 
despesas inúteis, insensatas e excessivas, podendo ser levado à miséria. 
(Sergio Pinto Martins. 2015, p. 227) 
 
 
A capacidade dos indígenas, de acordo com o Código Civil, será regulada por 
legislação especial. 
 
A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada 
à prática de todos os atos da vida civil. 
 
Mas, cessará, para os menores, a incapacidade: 
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento 
público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, 
ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos; 
II - pelo casamento; 
III - pelo exercício de emprego público efetivo; 
IV - pela colação de grau em curso de ensino superior; 
V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de 
emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos 
tenha economia própria. 
 
O artigo 1.634, do Código Civil, determina que compete a ambos os pais, qualquer 
que seja a sua situação conjugal, o pleno exercício do poder familiar, que consiste em, 
quanto aos filhos:(...) 
VII - representá-los judicial e extrajudicialmente até os 16 (dezesseis) anos, nos atos 
da vida civil, e assisti-los, após essa idade, nos atos em que forem partes, suprindo-lhes o 
consentimento; 
 
 
 
20 Direito 
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Isso quer dizer que, até os 16 anos, os filhos devem ser representados pelos pais. 
A partir dos 16 anos e até os 18 anos, quando cessará a menoridade, devem ser 
assistidos. 
 
A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos 
ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva. Um exemplo 
recente ocorreu com pedreiro Amarildo, desaparecido na Rocinha. A Justiça declarou sua 
morte presumida; 
 
Além disso, se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se 
podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão 
simultaneamente mortos. Por exemplo, quando pai e filho falecem em acidente de avião ou 
deslizamento de terra e não se tem como constatar que faleceu primeiro. 
 
 
 
 Comoriência5 - Morte simultânea de duas ou mais pessoas. 
 
 
 
 
 
Também relevante, no que diz respeito aos direitos da personalidade, é o nome. Veja 
o que estabelecem os artigos 16 a 19, do Código Civil: 
Artigo 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o 
sobrenome. 
Artigo 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações 
ou representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja 
intenção difamatória. 
Artigo 18. Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda 
comercial. 
Artigo 19. O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se 
dá ao nome. 
 
A Lei 6.015, de 31 de dezembro de 1973, que dispõe sobre os registros públicos, 
também assegura que: 
Art. 57. A alteração posterior de nome, somente por exceção e motivadamente, 
após audiência do Ministério Público, será permitida por sentença do juiz a que 
estiver sujeito o registro, arquivando-se o mandado e publicando-se a alteração pela 
 
5 http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portuguesportugues&palavra=comoriência, acesso em 23/10/2017. 
http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portuguesportugues&palavra=comoriência
 
 
21 Direito 
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imprensa, ressalvada a hipótese do art. 110 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 
12.100, de 2009). 
(...) 
§ 8o O enteado ou a enteada, havendo motivo ponderável e na forma dos §§ 2o e 
7o deste artigo, poderá requerer ao juiz competente que, no registro de nascimento, 
seja averbado o nome de família de seu padrasto ou de sua madrasta, desde que 
haja expressa concordância destes, sem prejuízo de seus apelidos de família. 
(Incluído pela Lei nº 11.924, de 2009) 
Art. 58. O prenome será definitivo, admitindo-se, todavia, a sua substituição por 
apelidos públicos notórios. (Redação dada pela Lei nº 9.708, de 1998) 
Parágrafo único. A substituição do prenome será ainda admitida em razão de 
fundada coação ou ameaça decorrente da colaboração com a apuração de crime, 
por determinação, em sentença, de juiz competente, ouvido o Ministério 
Público.(Redação dada pela Lei nº 9.807, de 1999) 
 
Aliás, a justiça autorizou que uma criança em Sergipe tenha em sua certidão de 
nascimento os nomes da mãe biológica e dos pais adotivos Esse foi o primeiro caso de 
pluriparentalidade no Estado6: 
 
Até aqui tudo bem? Vamos continuar? 
 
Então, vamos falar sobre as pessoas jurídicas?! 
As pessoas jurídicas são de direito público, interno ou externo, e de direito 
privado. 
 
São pessoas jurídicas de direito público interno: 
I - a União; 
II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios; 
III - os Municípios; 
IV - as autarquias, inclusive as associações públicas; 
V - as demais entidades de caráter público criadas por lei. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 h t tp : / /not ic ias .uo l . com.b r /cot id iano/u l t imas -not ic ias /2014/02/17/c r i anca -adotada- t era-nome-das -
duas -maes-e-do -pa i -em-ce r t idao-de -nasc imento.h tm , acesso em 23/03/2019. 
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12100.htm#art2
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12100.htm#art2
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L11924.htm#art2
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9708.htm#art1
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9807.htm#art17
http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2014/02/17/crianca-adotada-tera-nome-das-duas-maes-e-do-pai-em-certidao-de-nascimento.htm
http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2014/02/17/crianca-adotada-tera-nome-das-duas-maes-e-do-pai-em-certidao-de-nascimento.htm
 
 
22 Direito 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
 
São Autarquias, por exemplo: 
 
 
 
 
 
São pessoas jurídicas de direito público externo os Estados estrangeiros e todas as 
pessoas que forem regidas pelo direito internacional público. 
 
São pessoas jurídicas de direito privado: 
I - as associações; 
II - as sociedades; 
III - as fundações. 
IV - as organizações religiosas; 
V - os partidos políticos. 
VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada. 
 
Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição 
do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou 
aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que 
passar o ato constitutivo. 
 
O registro declarará: 
I - a denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e o fundo social, quando 
houver; 
II - o nome e a individualização dos fundadores ou instituidores, e dos diretores; 
III - o modo porque se administra e representa, ativa e passivamente, judicial e 
extrajudicialmente; 
IV - se o ato constitutivo é reformável no tocante à administração, e de que modo; 
V - se os membros respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais; 
VI - as condições de extinção da pessoa jurídica e o destino do seu patrimônio, nesse 
caso. 
 
 
 
23 Direito 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Nos casos de dissolução da pessoa jurídica ou cassada a autorização para seu 
funcionamento, ela subsistirá para os fins de liquidação, até que esta se conclua. 
 
Far-se-á, no registro onde a pessoa jurídica estiver inscrita, a averbação de sua 
dissolução. 
 
As disposições para a liquidação das sociedades aplicam-se, no que couber, às 
demais pessoas jurídicas de direito privado. 
 
Encerrada a liquidação, promover-se-á o cancelamento da inscrição da pessoa 
jurídica. 
 
Síntese: 
− Este texto abordou o conceito de direito civil. 
− Direito Civil é o conjunto de princípios, de regras e de instituições que regula 
as relações entre pessoas e entre estas e os bens de que se utilizam. 
− A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei 
põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. 
− Quem são considerados absolutamente incapaz e relativamente incapaz; 
− A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica 
habilitada à prática de todos os atos da vida civil. 
− As pessoas jurídicas são de direito público, interno ou externo, e de direito 
privado. 
 
 
 
 
24 Direito 
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4. DIREITO DO TRABALHO 
 
Objetivo 
O objetivo deste texto é tecer algumas considerações importantes sobre o Direito do 
Trabalho, principalmente no que diz respeito a diferença entre relação de trabalho e relação 
de emprego, requisitos da relação de emprego e sujeitos da relação de emprego: 
empregador e empregado. 
 
Você sabe qual é o objeto de estudo do direito do trabalho? 
Sergio Pinto Martins (2015, p. 397) esclarece que o “objetivo do direito do trabalho é 
estudar o trabalho subordinado,mas também as situações análogas, como o trabalho 
avulso”. 
 
Então, vamos iniciar traçando a diferença entre relação de trabalho e relação de 
emprego? 
 
Você já parou para pensar que nem toda relação de trabalho é uma relação de 
emprego? 
 
4.1. Relação de Trabalho e Relação de Emprego 
Existe diferença entre relação de trabalho e relação de emprego? 
 
A relação de trabalho é gênero e a relação de emprego é espécie. Isso quer dizer 
que dentre as relações de trabalho está a relação de emprego. 
 
Graficamente, Resende (2014, p. 64) passa a seguinte ideia e indica as modalidades 
de relações de trabalho que apresentam características próprias que as diferenciam das 
demais. São elas7: 
 
7 Resende, Ric ardo. D i re i t o do Traba lho Esquemat izado. 4ª . ed. São Paulo : Método, 2014. 
 
 
25 Direito 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
 
• Relação de emprego; 
• Relação de trabalho autônomo; 
• Relação de trabalho eventual; 
• Relação de trabalho avulso; 
• Relação de trabalho voluntário; 
• Relação de trabalho institucional; 
• Relação de trabalho de estágio; 
• Relação de trabalho cooperativado. 
 
4.2. Relação de Emprego 
Neste texto, falaremos de alguns aspectos da relação de emprego. 
 
Relação de emprego é a relação de trabalho subordinado. Para Martinez (2014, p. 
150), essa relação é caracterizada pela necessária cumulação de alguns elementos. São 
eles: 
 
Pessoalidade 
Onerosidade 
Não assunção (pelo empregado) dos riscos da atividade do tomador de serviços 
Duração Contínua ou não eventual 
Subordinação 
 
Pessoalidade quer dizer que o trabalho deve ser prestado por uma específica 
pessoa física. O trabalho não pode ser transferido para outra pessoa. É uma relação intuitu 
personae, ou seja, em razão da pessoa. O empregado não pode ser substituído. 
 
 
 
 
26 Direito 
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Onerosidade significa que, de um lado, o empregado presta serviços e, de outro 
lado, o empregador tem a obrigação de remunerar os serviços prestados. Os serviços não 
podem ser prestados gratuitamente. 
 
O Risco do Empreendimento é do Empregador. O empregado trabalha por conta 
alheia. Essa característica é denominada alteridade. 
 
Duração contínua ou não eventual, isto é, os serviços não podem ser prestados 
de maneira eventual. 
 
Subordinação é evidenciada pela ordem, comando do empregador ao empregado. 
O empregado deve cumprir as determinações do empregador. 
 
E a EXCLUSIVIDADE? É requisito da relação de emprego? 
 
Não! Mas pode ser estipulada por acordo entre as partes. E, nesse caso, se ajustada 
entre empregado empregador, deve ser respeitada. 
 
4.3. Sujeitos do Contrato de Trabalho 
Quem são considerados EMPREGADOR e EMPREGADO? 
 
Os artigos 2º e 3º da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT definem essas duas 
figuras: 
 
Empregador 
Art. 2º - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, 
assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a 
prestação pessoal de serviço. 
§ 1º - Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da relação de 
emprego, os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as associações 
recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos, que admitirem trabalhadores 
como empregados. 
§ 2º - Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, 
personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração 
de outra, constituindo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade 
econômica, serão, para os efeitos da relação de emprego, solidariamente 
responsáveis a empresa principal e cada uma das subordinadas. 
 
 
27 Direito 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
Empregado 
Art. 3º - Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de 
natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante 
Salário. 
Parágrafo único - Não haverá distinções relativas à espécie de emprego e à 
condição de trabalhador, nem entre o trabalho intelectual, técnico e manual. 
 
Assim, na definição de Manus (2014, p. 53) empregado é sempre pessoa física que 
presta serviços subordinados ao empregador, sendo tais serviços contínuos e não 
eventuais e tendo sempre a prestação de serviços caráter oneroso8. 
 
Martinez (2014, p. 239) diz que empregador é a pessoa física, jurídica ou ente 
despersonalizado (este excepcionalmente autorizado a contratar) concedente da 
oportunidade de trabalho, que, assumindo os riscos da atividade (econômica ou não 
econômica) desenvolvida, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviços de 
outro sujeito, o empregado9. 
 
Contrato De Emprego 
Bom, já você já sabe quem são as partes na relação de emprego e quais são os 
requisitos dessa relação. 
 
Se de um lado aparece o empregador e do outro o empregado, unindo os dois, 
surgirá um contrato de emprego. 
 
O artigo 442 da CLT dispõe que: 
Art. 442 - Contrato individual de trabalho é o acordo tácito ou expresso, 
correspondente à relação de emprego. 
 
Dessa forma, o contrato de emprego, de acordo com Martinez (2014, p. 159) pode 
ser classificado em10: 
 
 
 
8 Manus , Pedro Pau lo Te ix e i ra . D i re i to do T raba lho.15ª . ed. São Pau lo : A t las , 2014. 
9 Mar t inez , Luc iano. Curso de d i re i t o do t raba lho. 5ª ed. São Paulo : Sara iva, 2014. 
10 Mar t inez , Luc iano. Curso de d i re i t o do t raba lho. 5ª ed. São Paulo : Sara iva, 2014. 
 
 
28 Direito 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
a) Típico ou nominado porque é consolidado em lei, expressamente previsto 
em norma disciplinadora própria, que a pormenoriza. 
b) Comutativo porque produz direitos e obrigações equivalentes para ambos 
os contratantes. 
c) Sinalagmático porque dotado de direitos, deveres e obrigações contrárias, 
opostos e equilibradas, de modo que a obrigação de um dos sujeitos seja 
fundamento jurídico da existência de outro direito, dever ou obrigação. Não 
havendo trabalho, não há como existir contraprestação; não havendo 
contraprestação, não há como continuar a ser prestado o trabalho. 
d) Oneroso porque pressupõe dispêndios de ambos os sujeitos contratantes. 
e) Personalíssimo porque celebrado intuitu personae, considerando as 
características pessoais e atributos intrínsecos do prestador de serviços. 
f) Não solene, em regra, pois não vinculado a formas sacramentais, bastando 
a mera execução dos serviços, dentro das características próprias ao 
contrato de emprego, para que se entenda validamente constituído o ajuste. 
g) De trato sucessivo porque suas prestações são oferecidas e exigidas de 
forma contínua, renovando-se esse fluxo a cada instante, a cada momento 
em que se vivencia o ajuste. 
 
O mais importante: O contrato de trabalho é um contrato-realidade. Todo o Direito 
do Trabalho é informado pelo princípio da Primazia da Realidade, segundo o qual importa 
mais o que se passa no plano fático do que considerações teóricas ou conclusões baseadas 
na regularidade formal de documentos11. 
 
Anotações Na Carteira De Trabalho 
A Carteira de Trabalho e Previdência Social é obrigatória para o exercício de 
qualquer emprego, inclusive de natureza rural, ainda que em caráter temporário, e para o 
exercício por conta própria de atividade profissional remunerada (Artigo 13, da CLT). 
 
A Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS), além do número, série, data de 
emissão e folhas destinadas às anotações pertinentes ao contrato de trabalho e as de 
interesse da Previdência Social, conterá (artigo 16, da CLT): 
 
11 TRT SP – processo nº 00002031620135020069 – Des. Relator Davi Furtado Meirelles – julgado em 23/10/2014. 
 
 
 
29 Direito 
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I - fotografia, de frente, modelo 3 X 4; 
II - nome, filiação, data elugar de nascimento e assinatura; 
III - nome, idade e estado civil dos dependentes; 
IV - número do documento de naturalização ou data da chegada ao Brasil, e demais 
elementos constantes da identidade de estrangeiro, quando for o caso; 
 
Parágrafo único - A Carteira de Trabalho e Previdência Social - CTPS será fornecida 
mediante a apresentação de: 
a) duas fotografias com as características mencionadas no inciso I; 
b) qualquer documento oficial de identificação pessoal do interessado, no qual 
possam ser colhidos dados referentes ao nome completo, filiação, data e lugar 
de nascimento. 
 
Você sabe o que deve ser anotado na CTPS? 
 
A Carteira de Trabalho e Previdência Social será obrigatoriamente apresentada, 
contra recibo, pelo trabalhador ao empregador que o admitir, o qual terá o prazo de quarenta 
e oito horas para nela anotar, especificamente, a data de admissão, a remuneração e as 
condições especiais, se houver, sendo facultada a adoção de sistema manual, mecânico 
ou eletrônico, conforme instruções a serem expedidas pelo Ministério do Trabalho (artigo 
29, da CLT). 
 
As anotações concernentes à remuneração devem especificar o salário, qualquer 
que seja sua forma de pagamento, seja ele em dinheiro ou em utilidades, bem como a 
estimativa da gorjeta. 
 
As anotações na Carteira de Trabalho e Previdência Social serão feitas: 
a) na data-base; 
b) a qualquer tempo, por solicitação do trabalhador; 
c) no caso de rescisão contratual; ou 
d) necessidade de comprovação perante a Previdência Social. 
 
Exemplificando: Veja um modelo de CTPS. Verifique que existem todos os itens 
elencados no artigo 16 da CLT e foram efetuadas todas as anotações legais: 
 
 
 
30 Direito 
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 Importante: É vedado ao empregador efetuar anotações desabonadoras à 
conduta do empregado ou rasurar sua Carteira de Trabalho e Previdência Social, 
sob pena de pagar indenização. 
 
 
 
Síntese: 
• Neste texto você aprendeu que a relação de trabalho é gênero e a relação de 
emprego é espécie; 
• Os elementos da relação de emprego são: Pessoalidade, Onerosidade, Não 
assunção (pelo empregado) dos riscos da atividade do tomador de serviços, 
Duração Contínua ou não Eventual e Subordinação; 
• Exclusividade não é requisito da relação de emprego; 
• Os sujeitos do contrato de trabalho são empregador e empregado; 
• O contrato de emprego pode ser classificado em: típico ou nominado, comutativo, 
sinalagmático, oneroso, personalíssimo, não solene e de trato sucessivo; 
• O que anotar na CTPS e no livro de registro. 
 
 
31 Direito 
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5. DIREITO EMPRESARIAL 
 
Objetivo 
O objetivo deste texto é abordar o histórico do direito empresarial, conceito de 
empresário, caracterização, inscrição e capacidade. 
 
BREVE EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO EMPRESARIAL 
Antes de traçar a evolução histórica do direito empresarial, é importante saber como 
surgiu o comércio. 
 
Pois bem, nas civilizações antigas não existiam moedas, cartões de crédito ou 
bancos. Então, como os indivíduos compravam e vendiam coisas? 
 
Simples, praticavam o escambo. 
 
E o que é escambo? Escambo é a troca de uma mercadoria por outra. 
 
Com o tempo surge o metal como moeda de troca. A partir daí as pessoas passam 
a utilizar a moeda como uma unidade de valor e decidir se querem comprar imediatamente 
ou se querem poupar para comprar no futuro e, dessa forma, o comércio vai acontecendo 
o tempo todo. 
 
André Luiz Santa Cruz Ramos explica em sua obra, Direito Empresarial 
Esquematizado, que o comércio existe desde a Idade Antiga. Segundo ele, “as civilizações 
mais antigas que temos conhecimento, como os fenícios, por exemplo, destacaram-se no 
exercício da atividade mercantil”12. 
 
12 5ª . ed. rev . a t ua l . ampl . São Paulo : Método, 2015, p . 2 . 
 
 
32 Direito 
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Fonte: http://guiadoestudante.abril.com.br/imagem/mapa-fenicios-ah.JPG, acessado em 10/06/2015. 
 
Na Idade Média, o comércio não se concentra mais em apenas alguns povos. É 
nessa época que surgem as corporações de ofício que começaram a regulamentar a 
atividade mercantil. 
 
Para entender melhor essa trajetória, leia o texto abaixo de Gladston Mamede e 
responda: 
a) O que é usura e monopólio? 
b) Em linhas gerais, qual foi o Código Comercial que mais influenciou outras legislações 
sobre o comércio? Explique. 
 
http://guiadoestudante.abril.com.br/imagem/mapa-fenicios-ah.JPG
 
 
33 Direito 
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“As normas jurídicas de controle da propriedade, dos empreendimentos e dos negócios são tão 
antigas quanto o Direito, o que a Arqueologia deixa claro. Tem-se notícia, hoje, de uma reforma jurídica 
realizada na cidade de Lagash, na Suméria (hoje Iraque), no século XXV a.C., na qual o soberano (ensi) local, 
chamado Ur-Uinim-Enmgina (ou, como se disse no passado, Urukagina), limita a usura e os monopólios. A 
legislação ais antiga conhecida até agora, as Leis de Ur-Nammu, do século XXI a.C., vigentes também na 
Suméria, na cidade de Ur, já trazem normas que proíbem o cultivo em terras de propriedade alheia, limitam 
juros e tabelam preços. O mesmo se verá nas legislações que lhes seguem, de países da mesma região: as 
Leis de Lipt-Ishtar, do século XX a.C. Ainda na antiguidade, deve-se reconhecer a importância da atuação e 
da regulamentação comercial de minoicos, micênicos, hititas, fenícios, gregos e romanos, havendo notícia de 
normas e, até, de institutos jurídicos que, então inventados, aproveitam-se até os nossos dias, como a 
moeda, inventada pelos lídios – a Lídia ficava onde hoje é o planalto central da Turquia. 
Na Idade Média, a atenção social voltou-se para o campo, onde a divisão da propriedade rural em 
grandes estruturas políticas caracterizou o Feudalismo. As cidades, contudo, continuaram a existir e o 
comércio também. Para a mútua proteção, artesão e comerciantes organizaram-se em corporações de ofício 
e essas, por seu turno, tomaram para si a função de regulamentar a atividade mercantil, o que fizeram por 
meio de consolidações de costumes, também chamadas de consuetudos. Essas consolidações marcam o 
início do Direito Mercantil, na medida em que são as primeiras normas integralmente dedicadas ao comércio. 
Quando o feudalismo foi superado e o Estado Nacional ganhou renovada importância, essas normas 
foram utilizadas como referência para a constituição dos chamados Códigos Comerciais. O mais influente 
deles foi o Código Comercial francês, de 1808, que influenciou a muitas legislações a partir do 
estabelecimento da Teoria do Ato de Comércio. Essa teoria está na raiz da distinção entre o ato civil e o ato 
de comércio. Assim, qualquer pessoa que praticasse um ato de comércio estaria submetida ao Direito 
Comercial e não ao Direito Civil. Essa teoria foi repetida no Brasil, com a edição do Código Comercial, em 
1850, quando era Imperador D. Pedro II; cuida-se de uma das normas mais duradouras da história brasileira: 
sua primeira parte, dedicada ao comércio em geral, esteve em vigor até 11 de janeiro de 2003, quando passou 
a viger o Código Civil (Lei 10.406/02). 
(...) Com a edição da Lei 10.406/02, em 10 de janeiro de 2002, a unificação foi enfim concretizada. 
Reconheceu-se que os atos jurídicos civis e comerciais têm a mesma natureza jurídica, estando submetidos 
à Parte Geral do Código Civil, bem como às regras ali dispostas sobre as Obrigações e os Contratos. Isso 
implicou a necessidade de se substituir a antiga teoria do ato de comércio por uma nova referência para as 
relações negociais. A opção escolhida foi a teoria da empresa. (Manual de Direito Empresarial. 9ª. ed. São 
Paulo: Atlas, 2015, p. 2-3) (grifamos) 
 
Essa questão da unificação, todavia, não é pacífica. Fabio Ulhoa Coelho(2014, p. 
44) explica que “no Brasil, consideram alguns autores que o Código Civil teria levado à 
 
 
34 Direito 
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unificação do direito das obrigações. Bem examinada a questão, no entanto, nota-se o 
desacerto do argumento”. Segundo esse Autor: 
Os contratos entre os empresários, no direito brasileiro, em nenhum momento 
submeteram-se exclusivamente ao Código Civil, nem mesmo depois da propalada 
unificação. Tome-se o exemplo da insolvência (ou, quando empresário, falência) do 
comprador. A lei civil estabelece que o vendedor, nesse caso, tem direito de exigir 
caução antes de cumprir sua obrigação de entregar a coisa vendida (CC, art. 495). 
Essa norma nunca regeu, não rege e nem mesmo poderia reger uma compra e 
venda entre empresários, já que a lei de falências (tanto a de 1945 como a de 2005) 
dá ao administrador judicial da massa falida do comprador os meios para exigir o 
cumprimento da avença por parte do vendedor independentemente de prestar a 
caução mencionada na lei civil. 
 
Defendendo a unificação ou não, o fato é que o Código Civil, em 2002, trata do Direito 
de Empresa e revogou, expressamente, a Parte Primeira do Código Comercial, Lei no 556, 
de 25 de junho de 1850 (artigo 2045). 
 
 CONCEITO DE EMPRESÁRIO 
Da Caracterização 
 
O artigo 966 do Código Civil estabelece que: 
Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade 
econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. 
Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, 
de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou 
colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa. 
 
 
Extrai-se desse conceito termos importantes: profissionalismo, atividade 
econômica organizada e produção ou circulação de bens ou serviços. 
 
O termo profissionalismo está ligado a ideia de habitualidade, pessoalidade e 
monopólio das informações que o empresário detém acerca do produto ou serviço objeto 
da empresa. Não é empresária, por exemplo, a senhora que faz ovos de chocolate para 
vender na Páscoa. É um ato esporádico. 
 
A atividade econômica organizada é a própria empresa. Não confunda com 
estabelecimento. Estabelecimento, de acordo com o artigo 1.142, do Código Civil, é todo 
complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por 
sociedade empresária. Por isso, o certo é dizer: Reformarei meu estabelecimento 
empresarial e não reformarei minha empresa. 
 
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L0556-1850.htm#parte primeira
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L0556-1850.htm#parte primeira
 
 
35 Direito 
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Finalmente, produção ou circulação de bens ou serviços diz respeito ao comércio ou 
intermediação de serviços. 
 
Resumindo: Só será empresário aquele que exercer atividade econômica habitual, 
de forma profissional, com a finalidade de produzir ou de circular bens ou serviços. 
 
Da Inscrição 
A inscrição do empresário no Registro Público é obrigatória. Esse é o teor do artigo 
967, do Código Civil 
Art. 967. É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas 
Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade. 
 
A inscrição do empresário far-se-á mediante requerimento que contenha (art. 968): 
I - o seu nome, nacionalidade, domicílio, estado civil e, se casado, o regime de 
bens; 
II - a firma, com a respectiva assinatura autografa; 
III - o capital; 
IV - o objeto e a sede da empresa. 
 
Veja o modelo do formulário denominado “Requerimento de Empresário”, extraído 
do Manual de Registro do Empresário Individual disponível em: 
http://www.institucional.jucesp.sp.gov.br/empresas_manuais.php 
 
http://www.institucional.jucesp.sp.gov.br/empresas_manuais.php
 
 
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Os artigos 968 a 971, do Código Civil, ainda, asseguram que: 
 
Caso venha a admitir sócios, o empresário individual poderá solicitar ao Registro 
Público de Empresas Mercantis a transformação de seu registro de empresário para 
registro de sociedade empresária, observado, no que couber, o disposto nos artigos. 1.113 
a 1.115 do Código. 
 
O processo de abertura, registro, alteração e baixa do microempreendedor 
individual, bem como qualquer exigência para o início de seu funcionamento deverão ter 
trâmite especial e simplificado, preferentemente eletrônico. 
 
O empresário que instituir sucursal, filial ou agência, em lugar sujeito à jurisdição de 
outro Registro Público de Empresas Mercantis, neste deverá também inscrevê-la, com a 
prova da inscrição originária. 
 
Em qualquer caso, a constituição do estabelecimento secundário deverá ser 
averbada no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede. 
 
A lei assegurará tratamento favorecido, diferenciado e simplificado ao empresário 
rural e ao pequeno empresário, quanto à inscrição e aos efeitos daí decorrentes. 
 
Da Capacidade – Quem pode exercer a atividade de empresário? 
Podem exercer a atividade de empresário os que estiverem em pleno gozo da 
capacidade civil e não forem legalmente impedidos. 
 
A pessoa legalmente impedida de exercer atividade própria de empresário, se a 
exercer, responderá pelas obrigações contraídas. 
 
Faculta-se aos cônjuges contratar sociedade, entre si ou com terceiros, desde que 
não tenham casado no regime da comunhão universal de bens, ou no da separação 
obrigatória. 
 
O empresário casado pode, sem necessidade de outorga conjugal, qualquer que 
seja o regime de bens, alienar os imóveis que integrem o patrimônio da empresa ou gravá-
los de ônus real. 
 
 
38 Direito 
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Síntese: 
• Nas civilizações antigas não existiam moedas, cartões de crédito ou bancos; 
• Praticavam o escambo; 
• Com o tempo surge o metal como moeda de troca; 
• “o código comercial francês, de 1808, influenciou a muitas legislações a partir do 
estabelecimento da teoria do ato de comércio. Essa teoria está na raiz da distinção 
entre o ato civil e o ato de comércio. Assim, qualquer pessoa que praticasse um 
ato de comércio estaria submetida ao direito comercial e não ao direito civil. Essa 
teoria foi repetida no brasil, com a edição do código comercial, em 1850, quando 
era imperador d. Pedro ii”; 
• Os atos jurídicos civis e comerciais têm a mesma natureza jurídica, estando 
submetidos à parte geral do código civil, bem como às regras ali dispostas sobre 
as obrigações e os contratos – unificação; 
• A ideia de unificação não é pacífica; 
• O código civil, em 2002, trata do direito de empresa e revogou, expressamente, a 
parte primeira do código comercial, lei no 556, de 25 de junho de 1850 (artigo 
2045); 
• Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica 
organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços; 
• É obrigatória a inscrição do empresário no registro público de empresas mercantis 
da respectiva sede, antes do início de sua atividade; 
• Podem exercer a atividade de empresário os que estiverem em pleno gozo da 
capacidade civil e não forem legalmente impedidos; 
• A pessoa legalmente impedida de exercer atividade própria de empresário, se a 
exercer, responderá pelas obrigações contraídas. 
 
 
 
 
 
 
39 Direito 
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6. DIREITO DO CONSUMIDOR 
 
Objetivo 
O Objetivo deste texto é traçar alguns conceitos relacionados ao direito do 
consumidor adotando, principalmente, a Lei 8.078, de 11 de setembro de 1990, que dispõe 
sobre a proteção do consumidor. 
 
Muito bem! Você sabe quem é considerado consumidor? E fornecedor? O que é 
produto e serviço?O Código de Defesa do Consumidor13 estabelece esses conceitos. Vamos ler? 
Dispõe o artigo 2º que: 
Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto 
ou serviço como destinatário final. 
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que 
indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo. 
Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou 
estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de 
produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, 
distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços. 
§ 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial. 
§ 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante 
remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, 
salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista. 
 
Agora que você já sabe quem é o consumidor. Vamos verificar quais são os direitos 
básicos do consumidor? 
 
Os artigos 6º e 7º, do Código de Defesa do Consumidor, asseguram que: 
Art. 6º São direitos básicos do consumidor: 
 I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas 
no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos; 
II - a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, 
asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações; 
III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com 
especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, 
tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem; 
 
13 D isponíve l em ht tp : / /www.p lana l t o .gov .b r /cc iv i l_03/ l e is /L8078compi lado.h tm , acesso em 
22/03/2019. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8078compilado.htm
 
 
40 Direito 
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IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais 
coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas 
no fornecimento de produtos e serviços; 
V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações 
desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem 
excessivamente onerosas; 
VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, 
coletivos e difusos; 
VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou 
reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, 
assegurada a proteção Jurídica, administrativa e técnica aos necessitados; 
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da 
prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a 
alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de 
experiências; 
IX - (Vetado); 
X - a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral. 
Parágrafo único. A informação de que trata o inciso III do caput deste artigo deve 
ser acessível à pessoa com deficiência, observado o disposto em 
regulamento. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) 
Art. 7° Os direitos previstos neste código não excluem outros decorrentes de 
tratados ou convenções internacionais de que o Brasil seja signatário, da legislação 
interna ordinária, de regulamentos expedidos pelas autoridades administrativas 
competentes, bem como dos que derivem dos princípios gerais do direito, analogia, 
costumes e eqüidade. 
Parágrafo único. Tendo mais de um autor a ofensa, todos responderão 
solidariamente pela reparação dos danos previstos nas normas de consumo. 
 
Todos os direitos contidos no artigo 6º, supracitado, devem ser garantidos ao 
Consumidor, sob pena de serem reparados, inclusive, judicialmente os danos patrimoniais 
e morais eventualmente sofridos. 
 
A Nestlé, por exemplo, não observou o inciso III. Por isso, foi condenada a pagar 
uma indenização a uma consumidora, no valor de R$ 90.000,00, porque não informou a 
presença de ingrediente alergênico na embalagem de seus produtos. 
 
Leia o trecho da decisão proferida em 24/02/2016, na Apelação nº 0168248-
42.2008.8.26.0100: 
As informações extraídas do próprio site da ré também confirmam a ausência de 
informação completa quanto aos componentes do produto vendido. Em nenhum 
momento há referência, seja na embalagem do produto (fls. 144/168) que a bolacha 
e o biscoito em questão possuem leite ou traços de leite, como veio posteriormente 
a ser confessado pela própria NESTLE, embora afirmando que, na época dos fatos, 
não existia nenhuma regulamentação específica acerca da necessidade de alertar 
da existência de produtos alergênicos. (..) 
Evidente, pois, que a NESTLE ao deixar de informar, precisamente, na embalagem 
do produto as substâncias nele contidas, afrontou direito básico do consumidor, 
expondo a sua saúde, considerando-se, portanto, o produto defeituoso já que não 
oferece a segurança que dele se espera. 
 
No que diz respeito à informação, o Código de Defesa do Consumidor trata da oferta, 
nos artigos 30 a 35, e da publicidade, nos artigos 36 a 38. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art100
 
 
41 Direito 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
Você sabia que a oferta e a apresentação de produtos devem assegurar informações 
corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre suas características, 
qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, entre outros dados?! 
 
Isso mesmo! Leia os artigos abaixo: 
Da Oferta 
Art. 30. Toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por 
qualquer forma ou meio de comunicação com relação a produtos e serviços 
oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se 
utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado. 
Art. 31. A oferta e apresentação de produtos ou serviços devem assegurar 
informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre 
suas características, qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos 
de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que 
apresentam à saúde e segurança dos consumidores. 
Parágrafo único. As informações de que trata este artigo, nos produtos refrigerados 
oferecidos ao consumidor, serão gravadas de forma indelével. (Incluído pela Lei nº 
11.989, de 2009) 
Art. 32. Os fabricantes e importadores deverão assegurar a oferta de componentes 
e peças de reposição enquanto não cessar a fabricação ou importação do produto. 
Parágrafo único. Cessadas a produção ou importação, a oferta deverá ser mantida 
por período razoável de tempo, na forma da lei. 
 
E não é só! É proibida oferta ou venda por telefone, quando a chamada for onerosa 
ao consumidor que a origina. 
Art. 33. Em caso de oferta ou venda por telefone ou reembolso postal, deve constar 
o nome do fabricante e endereço na embalagem, publicidade e em todos os 
impressos utilizados na transação comercial. 
Parágrafo único. É proibida a publicidade de bens e serviços por telefone, quando a 
chamada for onerosa ao consumidor que a origina. (Incluído pela Lei nº 11.800, de 
2008). 
 Art. 34. O fornecedor do produto ou serviço é solidariamente responsável pelos 
atos de seus prepostos ou representantes autônomos. 
 
 
 Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento à 
oferta, apresentação ou publicidade, o consumidor poderá, alternativamente 
e à sua livre escolha (artigo 35): 
I - exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta, apresentação 
ou publicidade; 
II - aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente; 
III - rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia eventualmente 
antecipada, monetariamente atualizada, e a perdas e danos. 
 
Quanto à publicidade,

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