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Eficácia Jurídica - IED Privado II Prof. Maurício Requião

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Eficácia Jurídica 
Pensando a rigor, fato jurídico só se realiza quando chegamos ao plano 
da eficácia; 
Eficácia diz respeito aos efeitos produzidos pelo negócio jurídico; 
Podemos ter situações que a modificação acontece somente no que se 
refere à produção de efeitos (não é que o ato seja inválido e por isso não 
produza efeitos, é que o efeito é postergado ou condicionado); 
Essa produção de efeitos do fato (eficácia) pode ter limitações: 
 → Limitação de ordem pessoal (subjetiva): 
Em regra, o negócio jurídico só produz efeitos para os envolvidos 
(exceção: fraude contra credores); 
A produção de efeitos na esfera jurídica alheia só pode acontecer por ato 
de vontade do sujeito que permite a intromissão ou por determinação 
legal; 
Caso não exista permissão de intromissão ou determinação legal, 
geralmente, essa invasão de esfera jurídica sem autorização é 
caracterizada como ato ilícito; 
A eficácia não é necessariamente eterna, pode ser que o efeito aconteça e 
se perca (ex.: prescrição), pode ser que ele não aconteça no início e 
depois passe a acontecer (ex.: ato anulável produz efeitos até o 
requerimento de sua nulidade - “Eficácia enterimística” - algo que 
acontece e pode ser desconstituído); 
A eficácia, ao contrário da validade, não é analisada de forma radical ou 
absoluta, pode ser que um fato jurídico seja eficaz para mim e não para 
você; 
A eficácia, de certa forma, é fluida, não se vincula somente a um tudo ou 
nada (extremos), possui algumas mutabilidades não encontradas no 
plano da validade; 
 ◦ Compra e venda non domino: Eficaz apenas para o comprador e 
devedor, mas não para o dono da coisa, porque o devedor não é 
legitimado. Negócio jurídico válido e eficaz para os contratantes, 
produzindo efeitos de obrigação de indenizar o dono. 
Categorias Eficaciais 
Partem da ideia de verificação das esferas jurídicas afetadas; 
Todos possuem sua esfera jurídica, que é a totalidade de situações e 
relações jurídicas de uma pessoa; 
• Situação Jurídica Básica: 
Menor eficácia possível; eficácia inicial; a simples existência de um fato 
jurídico no mundo jurídico em si é um efeito; 
Simplesmente a norma passa a existir no mundo jurídico; 
Normalmente, fica encoberta por efeitos jurídicos que vão acontecer 
depois; 
Todas as outras situações jurídicas se desenvolvem com base nessa; 
É útil basicamente para situações de nulidade. 
• Situação Jurídica Simples ou Unissubjetiva: 
Há apenas um sujeito; uma só esfera jurídica envolvida; 
Efeitos que dizem respeito, via de regra, a status e qualificações do 
sujeito (ex.: nascimento infere posse de personalidade); 
Algumas não são nem suscetíveis de violação; 
Outras, que são violáveis, são oponíveis erga omnes, ou seja, pode ser 
defendido contra a violação de qualquer outra pessoa (não são muito 
relacionais); 
É sobre o sujeito em si, não de um sujeito em relação a outro. 
• Situação Jurídica Complexa ou Multissubjetiva: 
Nesse gênero, temos o fato de que, para surgir essa situação, precisamos 
de pelos menos dois sujeitos (duas partes contratantes); 
Essa situação se divide em duas: 
 → Situação Jurídica Complexa Unilateral: 
Traz como característica que, embora eu precise dois sujeitos, o efeito 
gerado traz vinculação a somente um desses sujeitos envolvidos; 
Ex.: promessa de recompensa – para criação de promessa de 
recompensa é preciso direcioná-la a alguém, nem que seja o público, mas 
só quem está vinculado àquela promessa é quem promete. 
 → Relação Jurídica: 
Categoria de maior destaque dentre as categorias eficaciais; 
Ocorre quando há efeitos que afetam ambas as esferas jurídicas, 
ampliando enormemente a complexidade da relação (duas esferas 
vinculadas); 
Aqui, a realização do que eu quero depende da conduta do outro; 
Ser relação jurídica traz essencialmente a intersubjetividade, só tem 
relação jurídica se há pelo menos dois sujeitos envolvidos; 
Traz uma correspectividade de direitos e deveres sobre certo bem 
jurídico; 
O contrato é um negócio jurídico cujo tipo é a relação jurídica; 
 ◦ Doutrina de Orlando Gomes: Ao contrário do que ele pensa, ser dono 
de algo não é relação jurídica, pois a coisa possuída não tem direito ou 
dever em face do possuidor, sendo situação jurídica unissubjetiva. 
Condição, Termo e Encargo 
São cláusulas criadas pela vontade dos sujeitos que vão modificar a 
eficácia do negócio jurídico; 
• Condição: 
O sujeito, de alguma forma, vincula a eficácia do negócio jurídico a um 
evento futuro e incerto; 
A característica principal da condição é a aleatoriedade; 
Ou seja, a condição trata de um evento que pode acontecer e pode não 
acontecer; 
Ex.: Maurício diz a Geovana que, se ela tirar 10 na prova, irá dar pra ela 
um livro; 
A condição pode funcionar barrando os dois extremos eficaciais: 
 → Condição Suspensiva: Enquanto a condição não acontece o efeito 
está suspenso, que só se dá se a condição acontecer; 
Ex.: Nesse momento, Maurício não deve o livro a Geovana, ele só vai 
dever a partir do momento que ela tirar 10 na prova; 
As condições física e juridicamente impossíveis quando suspensivas 
anulam completamente o negócio jurídico (Art. 123/CC); 
Na condição suspensiva, o sujeito ainda não tem o direito e sim uma 
expectativa de direito; 
Embora o sujeito não tenha o direito e não possa exigi-lo (porque a 
condição ainda não se implementou), ele pode realizar medidas protetivas 
desse direito; 
Ex.: Com a promessa de ganhar o livro (direito eventual), Geovana pode 
entrar com uma ação palmirana contra Maurício para anular doação caso 
ele resolva doar o bem a ela prometido, para que ele não se torne 
futuramente insolvente. 
 → Condição Resolutiva: Os efeitos acontecem até a concretização da 
condição, a partir do momento que ela acontece os efeitos cessam; 
Ex.: Maurício empresta um livro a Geovana até que ela passe matéria IED 
Privado II; 
As condições física e juridicamente impossíveis quando resolutivas não 
anulam o negócio jurídico com um todo, mas são desprezadas (Art. 
124/CC); 
O implemento de uma condição resolutiva não anula os efeitos até então 
acontecidos até a realização da condição. 
Limitações legais às condições: 
 → Não podem acontecer condições que vá contra a lei, os bons 
costumes ou a ordem pública; 
Bons costumes e ordem pública são conceitos indeterminados; 
Ao contrário do que muitos podem pensar, o termo “bons costumes” não 
está ligado à vida sexual, e sim a práticas adequadas em sociedade e à 
vida comum; 
 → As condições não podem privar o negócio jurídico de todo seu efeito; 
Ex.: Contrato de compra e venda que tem como condição o 
acontecimento de um evento externo (além da entrega do imóvel) para 
que ocorra o pagamento. 
 → Não podem acontecer condições que dependam do arbítrio exclusivo 
de uma das partes; 
Isso porque não existia a característica da aleatoriedade. 
O próprio descumprimento dessas limitações gera consequências 
diferentes nas condições suspensivas e resolutivas! 
 → As condições ilícitas anulam o negócio jurídico como um todo; 
Ex.: Maurício promete um livro a Geovana se ela matar Ricardo. 
 → As condições incompreensíveis ou contraditórias também invalidam o 
negócio jurídico; 
Ex.: Se Geovana passar e ao mesmo tempo perder em IED Privado II, 
Maurício dará a ela um livro. 
A aleatoriedade da condição pode estar nos modos mais diversos 
possíveis, pode ser algo que independa de qualquer pessoa, pode ser 
algo que dependa parcialmente de uma das partes; 
Por isso, o legislador quis preservar a aleatoriedade da condição criando 
uma regra de que, se alguém agir maliciosamente para interferir no 
implemento da condição, a lei considera que se deu o oposto; 
Ex.: Maurício promete a Geovana que, se ela fizer a travessia Salvador – 
Mar-Grande em até 6h, ele doará pra ela 10 mil reais. Para conseguir 
cumprir a condição, Geovana se dopa de drogas para garantir que a 
condiçãoaconteça. Nesse caso, mesmo que ela nade e complete o 
percurso dentro do tempo estipulado, a lei considerará que a condição 
não se implementou, pelo fato de ter existido interferência externa 
maliciosa. Por outro lado, se Maurício dopar Geovana com outras drogas, 
para garantir que ela não consiga completar o percurso dentro o tempo, 
mesmo que ela de fato não consiga, a lei considerará que a condição foi 
atendida, pelo fato dela não ter se implementado por uma interferência 
maliciosa. 
• Termo: 
O sujeito, de alguma forma, vincula a eficácia do negócio jurídico a um 
evento futuro e certo; 
Aqui, a certeza é só quanto a ocorrência do evento, não quanto a quando 
ele ocorrerá; 
Por isso, na maior parte do tempo, o que geralmente encontramos como 
termos são datas e horários; 
 → Termo Inicial: Significa que os efeitos só vão acontecer dali em 
diante; 
Nesse caso, ao contrário da condição suspensiva, o direito já existe. Só 
que o suje ito só não pode reivindicá-lo ainda. 
 → Termo Final: Significa que os efeitos só vão acontecer até aquele 
momento; 
É possível a combinação de termo inicial e termo final ao mesmo tempo! 
Ex.: Pegar um livro na biblioteca. Há uma data de início e uma data final 
para o empréstimo. 
No dia a dia, o termo acontece muito mais do que a condição. Dessa 
forma, a importância dos termos é também que com eles se faz a 
contagem de prazo. 
Regras para contagem de prazo (Art. 132/CC): 
Contam-se os prazos excluídos os dias do começo e incluídos os dias do 
vencimento; 
Prazo de 1 dia ≠ Prazo de 24h. Os prazos dados em hora se contam 
minuto a minuto; 
Se o dia do vencimento não for um dia útil (feriados, domingos e, às 
vezes, sábados), o prazo vai para o dia útil seguinte; 
Meado de mês é sempre dia 15, independe do número de dias que o mês 
tenha; 
Prazos que sejam em meses ou anos sempre vão vencer no dia 
correspondente. Se o dia correspondente faltar, será no dia seguinte (Ex.: 
Prazo para 29 de Fevereiro em um ano não bissexto vai para o dia 1º de 
Março). 
No caso de contratos, em regra, o termo é contado em favor do devedor. 
Isso porque dá a ele um intervalo de tempo dentro do qual o pagamento 
pode ser efetivado em qualquer momento até o dia termo. 
• Encargo: 
O encargo ou modo funciona de maneira um pouco diferente da condição 
e do termo, aparecendo em contratos em que há uma liberalidade e gera 
um ônus para o sujeito que está sendo beneficiado pelo contrato; 
Ex.: Sérgio doa um terreno para Valdir, mas só se ele construir uma 
creche para servir a comunidade nesse terreno. 
Normalmente, o encargo não suspende a eficácia; 
Porém, é possível estipular um encargo como uma condição suspensiva; 
Ex.: Sérgio doará o terreno para Valdir apenas se ele primeiro construir a 
creche; 
No caso da doação especificamente, o não cumprimento do encargo 
termina sendo um ilícito autorizante, porque vai autorizar a revogação da 
doação; 
O encargo ilícito pode ter duas consequências: 
Em regra, o normal é que o encargo ilícito seja considerado inexistente e 
seja desprezado (encargo ilícito por impossibilidade); 
Anula-se o negócio jurídico caso o encargo ilícito seja a razão 
determinante.

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