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As CTAs descrevem um grupo de cefaleias primárias, incluindo: • cefaleia em salvas (mais frequente) • hemicrania paroxística (episódica e crônica) • SUNCT (crises de cefaleia neuralgiforme unilateral de curta duração com hiperemia conjuntival e lacrimejamento) • SUNA (crises de cefaleia neuralgiforme unilateral de curta duração com sintomas autonômicos cranianos) As CTAs são caracterizadas por crises de cefaleia de duração relativamente curta, unilaterais de dor muito intensa que pode ocorrer mais de uma vez ao dia, e associadas a sintomas autonômicos cranianos, como lacrimejamento, hiperemia conjuntival ou congestão nasal. Estudos sugerem que existe uma ativação de vias nociceptivas trigeminovasculares e concomitante ativação autonômica craniana reflexa. EPIDEMIOLOGIA As cefaleias em salvas são as mais comuns cefalalgias, ocorrendo em até 400 indivíduos para cada 100.000 por ano, tendo uma frequência maior em homens (3:1 até 7:1), com início geralmente entre os 20 e 30 anos de idade. Já a hemicrania paroxística ocorre em até 380 pessoas a cada 100.000 por ano, afetando geralmente mulheres (2:1) com início em qualquer idade. A dor é profunda, em geral retro-orbital, muitas vezes de intensidade excruciante, não flutuante, de característica explosiva e quase sempre unilateral. EPIDEMIOLOGIA É a mais comum das cefaleias trigêmino-autonômicas. Em 5% dos casos são herdadas, demonstrando evidências de um componente genético. Ela afeta < 1% da população e cerca de 80 a 90% dos casos são episódicos. (crônico é raro). Seu perfil típico: Homem adulto jovem (4,3x + comum q em mulheres). FISIOPATOLOGIA Sua fisiopatologia é complexa e ainda incompletamente compreendida. A teoria mais aceita postula sobre a cefaleia ser originada através da ativação hipotalâmica com ativação secundária do reflexo trigeminoautonômico pela via que liga ambos. Outra teoria diz que a inflamação neurogênica da parede do seio cavernoso causa injúria em fibras simpáticas. Há outras que correlacionam com TCE e tabagismo. CLASSIFICAÇÃO CRÔNICA: Crises de cefaleia em salvas que ocorrem por 1 ano ou mais sem remissão, ou com períodos de remissão com duração inferior a 3 meses. Pode ocorrer casos de suicídio devido a dor insuportável. EPISÓDICA: Crises de cefaleia em salvas que ocorrem por períodos de 7 dias a 1 ano, separados por períodos sem dor com duração mínima de três meses. CARACTERÍSTICAS Uma característica fundamental da cefaleia em salvas é a periodicidade. Pelo menos uma das crises diárias de dor recorre aproximadamente na mesma hora todo dia, ao longo do episódio de salvas. O paciente típico com cefaleia em salvas tem surtos diários de uma ou duas crises de dor unilateral de duração relativamente curta por 8 a 10 semanas por ano, o que costuma ser acompanhado de um intervalo sem dor que dura em média um pouco menos de 1 ano. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS PADRÃO MAIS COMUM: crises severas de dor unilateral, localizadas em região orbital ou temporal, predomina à noite. Dor caracterizada tipo “facada”, muito comumente descrita como “faca de gelo entrando pelo olho e girando”. Sua duração é limitada entre 15 a 180 minutos e podem ocorrer até 8 crises por dia. É unilateral, sempre referida na mesma hemiface e está associada a sinais e sintomas autonômicos ipsilaterais. FATORES ASSOCIADOS: Sinais autonômicos, como: • Miose (pupila menor que o tamanho normal) • edema palpebral • lacrimejamento e hiperemia conjuntival • congestão nasal e rinorreia • ptose palpebral (pálpebra caída, semifechado) • sudorese frontal • flushing (rubor facial). • Está presente também, inquietude motora (ao contrário da enxaqueca) ou cansaço. A miose e ptose palpebral podem permanecer após crise e são agravadas durante novas crises. DIAGNÓSTICO É feito com critérios que incluem: A. Pelo menos 5 ataques preenchendo critérios B e D B. Dor severa unilateral em região orbital, supra orbital e/ou temporal, durando de 15 a 180 minutos (sem tratamento). C. Pelo menos um item abaixo (1) ou (2) ou ambos 1. Pelo menos 1 dos sintomas/ sinais ipsilaterais: i. Lacrimejamento ou injeção conjuntival ii. Congestão nasal ou rinorreia iii. Edema de pálpebra iv. Sudorese em face v. Miose e ou ptose 2. Sensação de cansaço ou agitação D. Frequência das crises entre 1 a 8x por dia E. Não é mais bem explicada por outro diagnóstico da ICHD-3 (International Classification of Headache Disorders – 3° edição) TRATAMENTO As crises de cefaleia em salvas atingem o pico rapidamente, sendo, portanto, necessário um tratamento com início rápido. TRATAMENTO ABORTIVO: • Máscara sem recirculação de O2 a 100%, com fluxo de 10-12 L/min durante 20 minutos (1ª linha de tratamento), OU • Sumatriptano, 6mg, Subcutâneo. Tem início rápido e em geral encurtará uma crise para 10 a 15 minutos. • Os sprays nasais de sumatriptana e zolmitriptana são eficazes na cefaleia em salvas aguda, oferecendo uma opção útil para pacientes que podem não querer autoinjetar diariamente. TRATAMENTO PROFILÁTICO: • 1ª Linha: Verapamil – dose inicial de 240mg/dia dividida em 3 doses. Os pacientes, de maneira geral, respondem com doses entre 240 e 480mg, porém pode ser necessária dose máxima de 960mg/dia em certos casos. • Outros medicamentos que podem ser empregados são: corticoide, lítio e topiramato. A HP caracteriza-se por episódios de cefaleia unilaterais, graves e de curta duração. Assim como a cefaleia em salvas, a dor tende a ser retro-orbital, mas pode-se senti-la em toda a cabeça, sendo associada a fenômenos autonômicos como lacrimejamento e congestão nasal. As características essenciais da HP incluem: • Dor unilateral e muito intensa; • Crises de curta duração (2-45 min); • Crises muito frequentes (geralmente > 5 por dia); • Manifestações autonômicas acentuadas ipsilaterais à dor; • Curso rápido (< 72 h); • Resposta excelente à indometacina. A indometacina (3×/dia), que pode suprimir completamente as crises de HP, é o tratamento de escolha. Embora a terapia possa ser complicada por efeitos colaterais gastrintestinais, hoje não há alternativas consistentemente eficazes. A SUNCT é uma síndrome rara de cefaleia primária, caracterizada por dor orbital ou temporal unilateral grave e que tem característica de facada ou latejante. O diagnóstico requer pelo menos 20 crises que durem de 5 a 240 segundos; deve haver hiperemia conjuntival e lacrimejamento ipsilaterais. A dor da SUNCT/SUNA é unilateral, podendo ser localizada em qualquer local na cabeça. Três padrões básicos podem ser observados: • Facadas isoladas, em geral de curta duração; • Grupos de facadas; • Crise mais longa que compreende muitas facadas, entre as quais a dor não desaparece completamente, produzindo, assim, um fenômeno “dentes de serra” com crises que duram muitos minutos. O objetivo do tratamento é a prevenção a longo prazo para minimizar a incapacidade e a hospitalização. O tratamento preventivo mais eficaz é a lamotrigina. O topiramato e a gabapentina também podem ser eficazes. Pacientes relataram que a carbamazepina oferece benefício modesto.
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