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PERSPECTIVAS TEÓRICAS EM DESENVOLVIMENTO COGNITIVO Como se dá a aquisição do conhecimento humano? Qual a diferença, em termos de conhecimento, entre um adulto e uma criança? Contribuições de Jean Piaget Histórico – Vida e Obra Nascimento: 09/08/1896 (Suiça) Falecimento: 16/09/1980 Estudioso precoce (7-10 anos: interesse por pássaros, mecânica, fósseis, conchas marinhas... UM OBSERVADOR do comportamento). Histórico – Vida e Obra 1° trabalho publicado aos 10/11 anos: observando um pardal albino em um parque. Adolescência: leituras de filosofia, religião, psicologia, biologia. Voluntário como assistente de lab. no Museu de História Natural: estudos de moluscos (publicou mais de 20 trabalhos antes de completar 21 anos). 1918 doutorou-se em ciências naturais (ex. molusco na rocha e as ondas... ajustes para responder adequadamente e sobreviver ao meio). Histórico – Vida e Obra Trabalho no Lab. de Binet: padronizar para crianças de Paris testes de raciocínio. Durante aplicação dos testes: fascínio não com aspectos psicométricos, mas com os processos pelos quais as crianças chegavam às respostas, principalmente as erradas (ex. flores e margaridas). Histórico – Vida e Obra Como se dá este caminho do conhecimento? Como chegamos a conhecer aquilo que conhecemos? Estava diante de um problema do conhecimento (epistemológico), para o qual a filosofia só responderia abstratamente. Queria descobrir o processo de conhecer desde sua origem: Epistemologia Genética. Volta-se para estudos em psicologia do desenvolvimento (crianças). Histórico – Vida e Obra Piaget: O conhecimento é construído por cada indivíduo na interação com o ambiente. Indivíduo não é passivo (recebe, registra ou copia conhecimento), ele o PROCURA, explora, organiza, assimila a seu estado anterior de conhecimento. Criança como “pequeno cientista”. Piaget é INTERACIONISTA. Conceitos Fundamentais O conhecimento se desenvolve em um PROCESSO longo de RELACIONAR novas idéias e atividades às anteriores Invariantes Funcionais: Organização e Adaptação Organização: ideia de esquemas (motores, conceituais) e estruturas cognitivas Adaptação: Assimilação e Acomodação Equilibração Majorante Desenvolvimento Humano: Observação cuidadosa do comportamento de seus 3 filhos: Jacqueline, Lucienne e Laurent. Períodos do Desenvolvimento Humano Sensório-Motor (0 a 2 anos) Pré-Operatório (2 a 6/7 anos) Operatório Concreto (6/7 a 11/12 anos) Operatório Formal (12 anos em diante) CONSTRUÇÃO sobre “degraus” O QUE É A INTELIGÊNCIA? A partir de quando se pode perceber uma inteligência na criança? Nascimento da inteligência na criança: capacidade de realizar um ato intencional. Intencionalidade: Capacidade de diferenciar entre meios e fins. Inteligência se manifesta desde o Período Sensório-Motor: Inteligência prática. Evolução: da ação rumo à representação. Período Sensório-Motor Exploração do ambiente baseada nas sensações e motricidade. Inteligência prática: ação por contato direto (sem pleno uso de representação, pensamento ou linguagem). Construção de esquemas de AÇÃO que possibilitam à criança assimilar objetos e pessoas. Construção prática das noções de objeto, espaço, causalidade e tempo, necessárias para realizar acomodação dos esquemas aos objetos e pessoas. Período Sensório-Motor Construção, diferenciação, integração de esquemas entre si: se separa, enquanto sujeito, dos objetos. Transição de atos reflexos automáticos para comportamentos cada vez mais voluntários e conscientes. Temos uma criança capaz de agir no mundo, mas não ainda capaz de criar mentalmente soluções para os mais variados problemas. O percurso evolutivo é o de internalização gradativa da ação. A ação é pré-requisito da representação. Finalização do período: nova capacidade de substituir um objeto por uma representação. Período Sensório-Motor (6 estágios) Estágio 1 - Uso dos Reflexos (0 - 1 mês) - comportamento predominantemente reflexo e não- diferenciado; - reflexos básicos elementares: essencialmente de natureza biológica (sugar, agarrar, chorar); - atos reflexos experimentam modificações como resultado do seu uso repetitivo e da interação com o meio. Transição para esquemas (primeiras estruturas mentais).Ex: amamentação Período Sensório-Motor Estágio 2 – Primeiras Adaptações Adquiridas (1 - 4 meses) - Intensificação da transição de reflexos para esquemas; - Formam-se alguns hábitos adquiridos que ultrapassam os reflexos. Ex: 1. chupar o dedo (novidade está na coordenação mão/boca a partir da experiência). Não há na natureza o ‘instinto’ de chupar o polegar; 2. antecipação da sucção por pistas posturais; 3. choro. - Reação Circular Primária Comportamento sensório-motor experiência nova Repetições centradas no próprio corpo Exemplos: agarrar o próprio corpo, colocar a língua para fora, colocar o dedo na boca, balbuciar (a repetição do balbuciar pelo próprio prazer). Importância: Consolidam esquemas sensório-motores; Permitem a incorporação cada vez maior dos dados do ambiente; Constroem novos esquemas. Período Sensório-Motor Estágio 3 – Reação Circular Secundária (4 - 8 meses) - Interesse pelas conseqüências ambientais de suas ações (balança objetos, joga, bate, se interessa por sons e imagens que suas ações produzem nos objetos); - Reação circular secundária: Tentativas de manter, através da repetição, uma mudança ambiental interessante que sua própria ação produziu acidentalmente. - Exemplos: 1. esbarrar no móbile, balançando os bichinhos 2. bater no chocalho, produzindo barulho 3. jogar bola, que cai no chão - Procedimentos para prolongar espetáculos interessantes 1. adulto sacode chocalho 2. brinquedo de dar corda pára Período Sensório-Motor Estágio 4 – Coordenação de esquemas e aplicação a situações novas (8 - 12 meses) - Condutas verdadeiramente inteligentes (varia meios para atingir fins); - Exemplo: Procura brinquedo escondido atrás de anteparo (empurra o anteparo, balança, puxa, até atingir o brinquedo) - Os esquemas são combinados e utilizados para atingir o objetivo e não mais como um fim em si mesmo. - Quando balançar o móbile, bebê não vai fazer uso apenas da ação que deu certo e sim, de todas as possíveis que existem em seu repertório até conseguir atingir o resultado. - Há intencionalidade clara, mas limitação está em não se criar meios novos. Período Sensório-Motor Estágio 5 – Reação Circular Terciária e Descoberta de Novos Meios por experimentação ativa (12 - 18 meses) - Reação Circular Terciária = mais avançada (repetição da experiência envolve variações no comportamento, produzindo novos resultados). - A criança ‘estuda’ a relação entre meios e fins, através de graduações e flutuações de suas ações. - Busca a novidade; varia ações na repetição e verifica o que acontece com os resultados. - Conseqüência: descoberta de novos meios para atingir um fim. - Condutas inteligentes: suporte, bastão e barbante. Período Sensório-Motor Estágio 6 – Invenção de novos meios através de combinações mentais (18 – 24 meses) - Transição para o período seguinte - Início da representação mental dos acontecimentos - Solucionar problema: começa a deixar de utilizar somente respostas sensório-motoras de ensaio e erro, baseando-se em uma representação mental prévia; - estágio 5: tenta resolver problemas de inúmeras maneiras e depois conclui sobre melhor forma de resolver. - estágio 6: começa a imaginar mentalmente a solução do problema e depois a coloca em prática. Passagem da ação para representação (como se ela se ‘lembrasse’ da melhor ação). - Início da formação semiótica (é a manifestação nas condutas desta capacidade de representação): faz de conta, desenho, imitação diferida, linguagem. Período Pré-Operatório (2-6/7anos) Capacidade de representação de objetos e eventos (formaçãosemiótica) Explosão da linguagem Processo de transição e sofisticação do pensamento (separar seu mundo interno do mundo interno dos demais) Período Pré-Operatório (2 – 6/7anos) Confusão entre fantasia e realidade Egocentrismo Brincadeiras paralelas Monólogos Coletivos Período Pré-Operatório (2 – 6/7anos) Pensamento pré-lógico - Ausência de Conservação - Baseado na percepção - Irreversilidade - Centração (fixação em apenas 1 aspecto do estímulo) Ex. contas coloridas de madeira - Justaposição (agrupa lado a lado, por analogias). Ex: figuras geométricas coloridas. Não consegue articular partes para chegar ao todo. Animismo Artificialismo = “O Sol foi aceso por um fósforo gigante”; Finalismo = “a praia tem areia para nós brincarmos”. Período Pré-Operatório (2 – 6/7anos) Conservação Capacidade de perceber que apesar das variações de forma ou arranjo espacial, uma quantidade ou valor não se altera se dele nada se retira ou se adiciona. Período Pré-Operatório (2 – 6/7anos) Qual reta é a mais longa? Onde há mais bolinhas? Pensamento pre-operacional e tarefas de conservação Conservação de líquido Pensamento pre-operacional e tarefas de conservação Pensamento pre-operacional e tarefas de conservação Pensamento pre-operacional e tarefas de conservação Pensamento pre-operacional e tarefas de conservação Pensamento pre-operacional e tarefas de conservação Pensamento pre-operacional e tarefas de conservação Não é orientado pelos princípios de reversibilidade, compensação e identidade. Orientado apenas pela percepção. Falhas também em julgamentos morais. Pensamento pre-operacional e tarefas de conservação Período Operatório Concreto (6/7 – 12 anos) Pensamento lógico, com maior aproximação da realidade e diminuição da uso da intuição; Redução do Egocentrismo Interessam: jogos com regras; porquês; momento de pequenos ‘detetives’ Período Operatório Concreto (6/7 – 12 anos) Verdadeira operação mental (reversibilidade), mas dependente do concreto; Concretude = ‘herança’ do processo perceptivo da fase anterior Descentração – Integra vários aspectos de um estímulo, mas depende de manipulação. Período Operatório Concreto (6/7 – 12 anos) Lógica apenas aplicada a problemas reais (concretos) e pertencentes às suas próprias experiências. Importam fatos, objetos concretos e presente imediato. Não raciocinam com hipóteses. Realizam conservação. Período Operatório Formal (12 anos em diante) Maior abrangência das operações lógicas Aplicação do pensamento lógico a todas as classes de problemas: verbais, hipotéticos, ...). Capacidade de resolver um problema a nível das ideias, desvinculando-se do palpável ou concreto. Período Operatório Formal (12 anos em diante) Típica frase... “Entendeu ou quer que eu desenhe?” Período Operatório Formal (12 anos em diante) A criança pode raciocinar na ausência de objetos concretos e reais. Raciocina com utilização de hipóteses (hipotético- dedutivo): “Todo homem é mortal. Sócrates é homem. Logo...” Implica deduzir conclusões de premissas que são hipóteses em vez de deduzir de fatos que o sujeito tenha realmente verificado. Raciocínio combinatório Período Operatório Formal (12 anos em diante) Problema verbal “Laura é maior que Renata. Laura é menor que Camila. Qual das três meninas é a mais crescida?” Período Operatório Formal (12 anos em diante) Maior abstração (poesias, musicas, matemática...) Raciocínio combinatório (várias possibilidades com base nas hipóteses... Melhor tomada de decisão). Ex. vestibular e escolha do local. Passado, presente e futuro: maior planejamento desvinculado do aqui-agora.
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