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História da Educação - Unidade 2

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HISTÓRIA DAHISTÓRIA DA
EDUCAÇÃO EDUCAÇÃO 
UNIDADE 2 – EDUCAÇÃOUNIDADE 2 – EDUCAÇÃO
NA ANTIGUIDADE NA ANTIGUIDADE 
Autor: Jair Rodrigues da Silva Autor: Jair Rodrigues da Silva 
Revisora: Maria da Conceição Fernandes deRevisora: Maria da Conceição Fernandes de
França França 
INICIAR
Introdução
Avançamos para a Unidade 2 de nossa disciplina e, a passos firmes, vamos avançando
em nosso estudo sobre a História da Educação. Na presente unidade, vamos refletir
sobre o percurso histórico desde o Renascimento até a colonização do Brasil, além dos
primeiros movimentos de educação aqui realizados pelos padres jesuítas. 
Aqui serão apresentadas as principais ideias educacionais sobre os períodos históricos
tratados. É importante ressaltar que nosso objetivo não é estudar a fundo a História, mas
conhecer as principais contribuições para a História da educação. 
Ressaltando a importância do estudo e da consciência histórica para a formação de
professores, a disciplina visa a contribuir, de maneira significativa, no debate sobre as
2.1 O Renascimento, o Humanismo, a Reforma e a
Contrarreforma
Nesta seção, vamos abordar o período histórico do Renascimento, com destaque para o
Humanismo e suas novas concepções de mundo que, de maneira geral, especificam a
busca do antropocentrismo em detrimento do etnocentrismo, característico da Idade
Média. Veremos, também, o período de transição da Igreja com as mudanças impostas
pela Reforma e a Contrarreforma. 
2.1.1 Renascimento
O Renascimento, para muitos, é considerado um período de transcendentalidade para a
História. Isso porque muitos viam, na Idade Média, uma ideia geral de mil anos de
obscuridade para a humanidade – a famosa Idade das Trevas. Porém, como vimos na
seção anterior, muitas coisas surgiram nesse período – o ressurgir das universidades,
por exemplo. 
Vamos nos deter nas contribuições do Renascimento para a evolução da educação.
Segundo Aranha (2006), foi durante esse período histórico que se buscou uma
superação do teocentrismo, uma forte característica da Idade Média, mas de maneira
geral:
A Renascença é o período compreendido entre os séculos XV e XVI
e leva esse nome por significar a retomada dos valores greco-
romanos. Também chamada de Renascimento, desencadeou o
movimento conhecido como humanismo, indicando a procura de
uma imagem do ser humano e da cultura, em contraposição às
concepções predominantemente teológicas da Idade Média e ao
espírito autoritário delas decorrente (ARANHA, 2006, p. 194). 
Como característica marcante desse período, destacamos o humanismo, caracterizado
pela busca por retomar os valores greco-romanos, tal como veremos adiante. Como
diferentes concepções de educação para o sistema de ensino, tal como o conhecemos
hoje.
característica principal do Renascimento, destaca-se a busca por uma nova era, em que
os valores humanos eram dispostos em detrimento de valores divinos ou teocêntricos,
voltados “ao único Deus que a tudo e a todos controla”. 
É neste período histórico que vamos nos deparar com o Brasil sendo “recém descoberto”
pelos portugueses e com o movimento de educação religiosa que predominou na
colonização brasileira por Portugal, assunto que veremos na seção final desta unidade.
2.1.2 Humanismo
Voltando nossas atenções para o humanismo, podemos perceber que sua principal
característica, segundo Aranha (2006), está na busca por valores mais humanos e
sociais, práticos da vida terrena. É o chamado antropocentrismo, que põe o ser humano
no centro da importância, mais uma vez falando, ao contrário do período histórico
anterior, a Idade Média, em que Deus é visto como o centro de todas as coisas. 
Na busca por novos tempos, buscava-se retomar os valores greco-romanos com o ideal
de formar o cidadão da corte, o gentil homem, o homem cortês. A busca pelo
conhecimento objetivava os valores sociais, os “prazeres do mundo” até então não
permitidos pela igreja. Como afirma Aranha (2006),
O olhar humano desviava-se do céu para a terra, ocupando-se mais
com as questões do cotidiano. A curiosidade, aguçada para a
observação direta dos fatos, redobrou o interesse pelo corpo e pela
natureza circundante. Nos estudos de medicina, ampliaram-se os
conhecimentos de anatomia com a prática de dissecação de
cadáveres humanos, até então proibida pela Igreja (ARANHA, 2006,
p. 196). 
É durante o humanismo que ocorre a ascensão da burguesia e, no campo das artes, há
grande difusão de saber e produção cultural, com destaque para a Itália, então centro
cultural da época – marcas de um tempo que buscava a individualidade e a razão do ser
humano.
Nas artes em geral (pintura, arquitetura, escultura e literatura)
houve criação intensa, e a Itália se destacou como centro irradiador
da nova produção cultural. Ainda quando persistiam assuntos
religiosos, a visão adquiria um viés humanista, prevalecendo temas
tipicamente burgueses (ARANHA, 2006, p. 196). 
Havia um ideal de espírito de liberdade no lugar do espírito doutrinário que propunha a
igreja. É importante ressaltar que a igreja, ainda assim, não deixou de existir e de cessar
suas ações, inclusive as educacionais.
2.1.3 Reforma
É nesse momento que passamos a falar da Reforma e da Contrarreforma. Isto porque,
inclusive na religiosidade, tivemos significativas mudanças que influenciam até hoje os
valores cristãos, tal como veremos a seguir.
O espírito inovador do Renascimento manifestou-se inclusive na
religião, com a crítica à estrutura autoritária da Igreja, centrada no
poder papal. Interesses políticos nacionalistas e de natureza
econômica sustentavam os movimentos de ruptura representados
pelo luteranismo, pelo calvinismo e pelo anglicanismo. (ARANHA,
2006, p. 197) 
A igreja passava por fortes mudanças, uma vez que os tempos avançavam e novas
concepções de mundo surgiam. Nesse momento histórico as ações da igreja, como o
Santo Ofício (a temida Inquisição), já deixavam de existir e outras ações já não possuíam
tanto domínio na sociedade, como já era esperado. 
Estavam em pleno vigor novas insurgências contra a igreja. Daí a necessidade da
Reforma, cujos objetivos foram impulsionados pelos interesses políticos e nacionalistas.
Tudo isso porque, como vimos, a burguesia estava em ascensão. 
Sobre as crises enfrentadas pela igreja, Aranha (2006) destaca as rebeliões contra as
ações da “Santa Igreja”, como o empréstimo a juros. Muita notoriedade a essas rebeliões
contra a igreja se deu pelo crescimento dos poderes dos reinos da época.
As causas desses movimentos não eram apenas de natureza
religiosa. Ventos novos de rebeldia surgiam nas cidades, que
começavam a se libertar dos senhores feudais e das restrições
econômicas, como a condenação ao empréstimo a juros feita pela
Igreja, por exemplo. Além disso, a teoria da supremacia
daautoridade papal era rejeitada porque o universalismo da Igreja
contrariava o nascente ideal do nacionalismo, expresso na
formação das monarquias e no fortalecimento do poder dos reis
(ARANHA, 2006, p. 198). 
Muitas dessas ações de contestação ao poder da igreja davam-se frente à nova ordem
política e social, características do Renascimento, cujo objetivo central era uma nova
ordem mundial, caracterizada pelo poder centrado no homem, isto é, no
antropocentrismo. 
Passemos a falar, então, sobre a Contrarreforma e as mudanças que impuseram novas
realidades aos domínios da igreja e de suas ações na sociedade renascentista.
2.1.4 Contrarreforma
A Contrarreforma é o movimento que abala consideravelmente os rumos e as
concepções da igreja, como vemos nas palavras de Aranha (2006). É neste momento de
ruptura que surgem novas visões, como o protestantismo e a tentativa de retomada do
poder pela Igreja Católica:
A crise maior da Igreja, no entanto, deu-se no século XVI, com a
Reforma Protestante. Contrariando as restrições feitas pelos
católicos aos negócios e a condenação ao empréstimo a juros, os
protestantes viam no enriquecimento um sinal do favorecimento
divino. Lutero recebeu a adesão dos nobres, interessadosno
confisco dos bens do clero, e Calvino teve o apoio da rica
burguesia. Portanto, as divergências não eram apenas religiosas,
mas sinalizavam as alterações sociais e econômicas, que
mergulharam a Europa em sanguinolentas lutas. 
À expansão da crença protestante, a Igreja Católica desencadeou
forte reação, conhecida como Contrarreforma, a fim de recuperar o
poder perdido. As novas diretrizes tomadas no Concílio de Trento
(1545-1563) reafirmaram a supremacia papal e os princípios da fé,
além de estimular a criação de seminários, para formar padres. A
Inquisição tornou-se mais atuante, sobretudo em Portugal e
Espanha (ARANHA, 2006, p. 198). 
VOCÊ SABIA?
Lutero foi o pai da Reforma Protestante. Ele foi uma figura central desse
movimento devido a sua não concordância com os padrões e ações da igreja.
Para saber mais sobre Lutero e sua importância histórica, dê uma olhada no site
abaixo. 
Disponível em: < https://www.horaluterana.org.br/quem-foi-martinho-lutero/ >. 
2.2 A educação no Brasil e a educação jesuítica: educação,
catequese e colonização 
Chega-se, aqui, a um marco importante em nossa disciplina: a educação no Brasil.
Veremos, a partir de agora, como se iniciou o processo de educação dos padres jesuítas
Como vimos nesta seção, a História rumava para novos horizontes, e o poder dominador
da Igreja Católica sofria rupturas e enfraquecimentos, dado o surgimento do
protestantismo com Lutero. A ideia central na Europa era uma nova ordem oriunda da
saída do etnocentrismo para o antropocentrismo. Isso significa que a natureza humana
passava a se sobrepor sobre o divino. Essas mudanças tiveram fortes consequências na
educação, com o nascimento dos colégios, como veremos a seguir, nas próximas
seções. 
Teste seus conhecimentos
Atividade não pontuada.
https://www.horaluterana.org.br/quem-foi-martinho-lutero/
na colonização brasileira. Todo esse processo se iniciou no século XVI com a chegada
dos portugueses a partir do ano 1500. 
Termos como catequização e aculturação passaram a fazer parte da recém-criada
sociedade no novo mundo dentro do qual o Brasil ainda se constituía. 
Cronologia da educação no Brasil Colônia
» Clique nas abas para saber mais sobre o assunto
2.2.1 A educação no Brasil e a educação jesuítica
Enquanto o Brasil era “descoberto” na Europa, havia a Contrarreforma da Igreja, com o
objetivo de formar padres e mestres de ensino. É o início das missões e da tentativa de
difundir e fortalecer os ideais da Igreja Católica. Temos, assim, a concepção de ensino
dos padres jesuítas com a criação da Companhia de Jesus. 
Esse período histórico tem grande valor para a formação de nossa nação, pois foi pelas
mãos dos padres jesuítas, que tinham o objetivo de civilizar os nativos, que se deu o
início da história da educação no Brasil, a partir do momento de sua chegada na Terra de
Santa Cruz, tal como a denominaram após sua chegada em nosso país.
Breve cronologia do período: entradas e bandeiras
» Clique nas abas para saber mais sobre o assunto
Fonte: ARANHA, M. L. A. História da educação e da pedagogia : geral e Brasil. 3. ed. São Paulo: Moderna,
2006. p. 267.
Desde o início da colonização, os padres jesuítas já estavam presentes em nosso país
com sua ação, cujo objetivo era expandir as ideias da Igreja Católica. Aranha (2006)
descreve essas ações dos religiosos:
 Fase heroica Fase de consolidação Reformas pombalinas
 1580-1640 1630-1654 1684 1694
Quando o primeiro governador-geral, Tomé de Sousa, chegou ao
Brasil em 1549, veio acompanhado por diversos jesuítas
encabeçados por Manuel da Nóbrega. Apenas quinze dias depois,
os missionários já faziam funcionar, na recém-fundada cidade de
Salvador, uma escola “de ler e escrever”. Era o início do processo
de criação de escolas elementares, secundárias, seminários e
missões, espalhados pelo Brasil até o ano de 1759, ocasião em que
os jesuítas foram expulsos pelo Marquês de Pombal. 
Nesse período de 210 anos, os jesuítas promoveram maciçamente a
catequese dos índios, a educação dos filhos dos colonos, a
formação de novos sacerdotes e da elite intelectual, além do
controle da fé e da moral dos habitantes da nova terra (ARANHA,
2006, p. 226).
Era o início de uma longa trajetória dos padres para a catequização e aculturação dos
indígenas brasileiros. Marcou-se, assim, o início de nossa história educacional. Um
processo difícil, pois, segundo Aranha (2006), a adaptação dos padres na nova terra, a
para eles desconhecida cultura indígena e os portugueses que aqui vieram morar foram
barreiras a serem superadas no século XVI. 
Figura 1 – Indígena nativo brasileiro. Fonte: Adobe Stock. Acesso em: 30/10/2020.
#PraCegoVer: A imagem é uma foto do rosto de um homem
indígena brasileiro. Em sua cabeça está um adereço em tons de
bege e marrom, que cria um padrão de fibras trançadas. Na altura
dos olhos, há uma pintura em cor preta, como uma faixa na
horizontal. Logo abaixo, segue uma faixa horizontal em laranja mais
fina, e uma faixa preta ainda mais fina. Em cada bochecha, foi
pintada uma forma triangular, aberta no lado inferior do maxilar,
com as cores preta e laranja. 
2.2.2 Catequese
O processo histórico de educação no Brasil se deu com a implementação da Catequese,
cujo princípio se constituía em civilizar o nativo, visto pelos missionários como uma
criatura sem fé, rude e ingênua, quase como uma folha em branco, na qual era possível
imprimir os conceitos religiosos europeus e, assim, salvar suas almas. 
Para tanto, segundo Aranha (2006), uma forma de aproximação era tentar cativar o chefe
da tribo e desmitificar o pajé. Embora tal empreitada encontrasse muita resistência em
alguns, o caminho mais fácil foi através das crianças das aldeias, os curumins. 
Nas crianças, de maneira geral, ainda não havia sido cristalizada a influência do pajé, o
que nos adultos era frequente. Por isso, segundo Aranha (2006), os padres jesuítas
começaram a investir mais diretamente nas crianças da aldeia, como forma de iniciar por
este caminho a catequização do povo sem lei.
Inicialmente, os curumins aprendiam a ler e a escrever ao lado dos
filhos dos colonos. Anchieta usava diversos recursos para atrair a
atenção das crianças: teatro, música, poesia, diálogos em verso.
Pelo teatro e dança, os meninos, aos poucos, aprendiam a moral e a
religião cristã. Logo teve início o choque entre os valores da cultura
nativa e os do colonizador. O sociólogo brasileiro contemporâneo
Gilberto Freyre, na obra Casa-grande e senzala, diz que os
primeiros missionários substituíam as “cantigas lascivas”,
entoadas pelos índios, por hinos à Virgem e cantos devotos,
condenavam a poligamia, pregando a forma cristã de casamento.
Dessa maneira, começaram a abalar o sistema comunal primitivo
(ARANHA, 2006, p. 228).
VOCÊ QUER LER?
O livro Casa grande e senzala , do sociólogo Gilberto Freyre (1900-1987) foi
lançado em 1933 e se constitui como um livro histórico sobre a formação da
cultura brasileira. Nessa obra, o autor aborda os períodos de formação da
sociedade brasileira a partir de três dos diferentes povos que deram base à
miscigenação do povo brasileiro: o indígena, o negro e o europeu. Este é,
portanto, um livro recomendado para todos aqueles que querem conhecer mais
sobre a formação do povo brasileiro. 
Essa era uma das formas de ganhar a confiança dos indígenas e implantar a ideia de
aculturação dos nativos. Os europeus viam os nativos como pessoas extremamente
ingênuas, e que precisavam ser ensinadas em todas as formas, inclusive em seus corpos
nus, cujas “vergonhas” deviam ser cobertas. 
As constantes orientações dos padres jesuítas tinham o objetivo de civilizar o povo
indígena e compreendiam todos os aspectos sociais da vida no novo mundo. Desde os
casamentos até as formas de plantar e colher, tudo era ensinado durante a colonização
lusitana. 
Segundo Aranha (2006), para os portugueses, os indígenas precisavam de orientação
em tudo, por conta de sua natureza desprovida de saberes. O índio era visto como uma
folha embranco, na qual era necessário imprimir os aspectos culturais europeus.
Desse modo, os missionários pensavam estar prestando um
serviço civilizatório, ao retirar os nativos da “ociosidade”, da
“preguiça”, da “indisciplina” e da “desorganização”. Introduziram
regras de higiene, maneiras de comer, condenaram a antropofagia,
a embriaguês, o adultério. Lutaram também contra a nudez,
suprimindo aos poucos os adornos considerados “deformadores” e
definindo uma “geografia do corpo”, segundo a qual havia partes
que poderiam ser mostradas e outras a serem cobertas (ARANHA,
2006, p. 229). 
Dessa forma, o processo de aculturação dos indígenas era uma das fortes marcas do
período de colonização. Esse processo de substituição da cultura indígena pela cultura
lusitana era a forma pela qual os portugueses impunham sua dominação nas terras
brasileiras. 
Para alcançar êxito, os padres dispunham também de castigos severos, executados em
praça pública, para que pudessem servir de exemplo para todos os demais, como vemos
na citação de Aranha (2006): 
Por considerarem que os nativos viviam a “infância da
humanidade”, os jesuítas se achavam no direito de agirem como
“pais”, devendo, portanto, corrigir e proteger. Como o uso de
sanções violentas era hábito europeu naqueles tempos, esse
costume foi trazido para cá. As penalidades variavam conforme a
gravidade da culpa, usando-se o açoite, o tronco e até mutilações,
cuja execução devia ser pública e exemplar (ARANHA, 2006, p. 229).
Com essas características, era formado o sistema de ensino no Brasil colônia. Os padres
jesuítas prosperaram em suas atividades por longo tempo, até que, em 1759, durante as
reformas iluministas, esses religiosos foram expulsos pelo Marquês de Pombal. 
Em que pese a pluralidade ética e social, o imaginário temporal,
espacial e cultural que prevaleceu foi o da continuidade portuguesa
– o que incluiu a recusa a qualquer método educacional divergente
da mentalidade pedagógica da metrópole. Esta se manifestou pela
religiosidade, com ênfase na conversão do gentio e na educação
das mulheres e pela manutenção do preceito de domínio do latim
para os filhos dos colonizadores (VEIGA, 2007, p. 51). 
Podemos considerar o predomínio da cultura portuguesa durante a formação inicial da
educação brasileira, uma vez que a dominação portuguesa não permitia nenhuma
influência de outra forma de ensino no país. Até a expulsão dos jesuítas, podemos
afirmar que o sistema de ensino brasileiro era prioritariamente português, ainda que
difundido no Brasil, como vimos em Veiga (2007). 
Como já afirmado, durante todo o período de domínio dos padres jesuítas, não houve
outra forma de educação no Brasil que não fosse o método lusitano de conceber as
relações sociais, inclusive educacionais. A partir da expulsão destes religiosos no século
XVIII, iniciamos uma nova fase para a educação brasileira. 
2.3 Idade Moderna: entre o fortalecimento da burguesia, o
pensamento do homem moderno e o realismo pedagógico
Seguindo a linha do tempo da história da educação, avançamos para a Idade Moderna,
cujas concepções trouxeram novas concepções e exigências para a educação. 
Para nos localizarmos na História, a Idade Moderna iniciou no século XV e teve seu fim
em 1789, com a Revolução Francesa, quando teve início a Idade Contemporânea.
Durante a Idade Moderna, tivemos o realismo pedagógico, que conferiu novos sentidos à
educação, sobretudo com as relações comerciais ditadas pela burguesia. 
Junto ao avanço da burguesia, está a reflexão do papel dos reis e de seu poder absoluto.
Este era o momento de surgimento dos galpões (que mais tarde se tornaram as
primeiras fábricas), os quais contavam com trabalhadores assalariados e a aliança entre
os monarcas e burgueses. Nestas alianças, os burgueses financiavam o exército e a
marinha, em troca de benefícios e de vantagens para suas atividades. 
Temos o surgimento do liberalismo, que possui em John Locke (1632-1704) seu principal
intérprete. Nessa nova ordem histórica, temos o aparecimento do Estado, como vemos
em Aranha: “Por ser uma teoria que exprime os anseios da burguesia, o liberalismo
opunha-se ao absolutismo dos reis, fazendo restrições à interferência do Estado na vida
dos cidadãos, em defesa da iniciativa privada.” (ARANHA, 2006, p. 243). 
Segundo Locke, a tendência a ser instaurada era de democracia, em detrimento do
poder absoluto dos reis que perpassava de geração a geração. Seria possível, no
Estado, o poder legislativo como uma espécie de contrapeso aos poderes dos reis,
reconhecendo que:
Para Locke, os direitos naturais não desaparecem em consequência
desse consentimento, mas subsistem para limitar o poder do
soberano. Em última instância, justifica-se até o direito à
insurreição, caso o soberano não atenda ao interesse público. Daí a
importância do legislativo, poder que controla os abusos do
executivo. 
Um dos aspectos progressistas do pensamento liberal reside na
origem democrática e parlamentar do poder político, determinado
pelo voto e não mais pelas condições de nascimento, como na
nobreza feudal (ARANHA, 2006, p. 244). 
É claro que estas profundas mudanças também afetaram o mundo da educação.
Enquanto essas mudanças ocorriam, a forma de ensino dos padres jesuítas ainda se
mantinha na Europa, porém já considerado ultrapassado e não interessante à nova
ordem:
A Companhia de Jesus continuava atuante e entraria no século
seguinte com mais de seiscentos colégios espalhados pelo mundo.
Apesar de organizados e competentes, os jesuítas representavam o
ensino tradicional mais conservador (ARANHA, 2006, p. 247). 
Esse ensino, segundo Aranha (2006), privilegiava o ensino de latim e desprezava a
modernidade da Ciência e da Filosofia, dando destaque à retórica, o que não atendia aos
interesses burgueses. Foi neste contexto que surgiu, na Europa, a escola pública como
obrigatoriedade para crianças de 6 a 12 anos – e é importante ressaltar que foram
fundadas escolas para crianças pobres.
Embora a Guerra dos Trinta Anos (1618-1648) dificultasse a
realização dos projetos de educação pública, na Europa os alemães
foram os que conseguiram melhores resultados. Em 1619, o Ducado
de Weimar regulamentou a obrigatoriedade escolar para todas as
crianças de 6 a 12 anos. Em 1642, o duque de Gotha estabeleceu
leis para a educação primária obrigatória, definindo os graus, as
horas de trabalho, os exames regulares e a inspeção. 
A seguir, em outras localidades houve manifestações semelhantes,
inclusive quanto à formação de mestres. Na França, destacou-se o
trabalho do abade Charles Démia (1636-1689), que publicou um livro
defendendo a educação popular. Sob sua influência e direção foram
fundadas diversas escolas gratuitas para crianças pobres e um
seminário para a formação de mestres (ARANHA, 2006, p. 249). 
Nesses moldes, começou a surgir um sistema de ensino com escolas que se aproximam
do sistema educacional como conhecemos hoje. Esse exemplo pôde ser visto na França,
conforme ressalta nossa base de pesquisa:
Ainda na França, outra tentativa importante de instrução elementar
gratuita para os pobres foi levada a efeito por São João Batista de
La Salle que, em 1684, fundou o Instituto dos Irmãos das Escolas
Cristãs. Sua obra espalhou-se nos séculos seguintes pelo mundo,
ampliando a área de ação pedagógica para o ensino secundário e
superior e também para a formação de professores. La Salle
privilegiava o francês em detrimento do latim e preferia lições
práticas para os alunos, agrupados em classes e por níveis de
dificuldade (ARANHA, 2006, p. 249). 
Os novos tempos exigiam uma nova forma de ensino, a tendência tradicional já parecia
não acompanhar os anseios do liberalismo e da nova ordem europeia. A pedagogia
realista detinha o que se esperava para esses novos tempos. Com o aparecimento de
escolas para a população pobre e a formação de professores, o ensino era voltado para
questões da vida prática. 
Os professores leigos passam a atuar junto aos educadores religiososna formação
dessa nova escola, como podemos observar na pesquisa de Aranha (2006):
A pedagogia realista contrariava a educação antiga,
excessivamente formal e retórica. Ao contrário, preferia o rigor das
ciências da natureza, buscando superar a tendência literária e
estética própria do humanismo renascentista. 
Por considerar que a educação devia estar voltada para a
compreensão das coisas e não das palavras, a pedagogia moderna
exigia outro tipo de didática. No trabalho de instauração dessa
escola se empenharam educadores leigos e religiosos (ARANHA,
2006, p. 253). 
Com o liberalismo, o ensino passa a ter uma característica mais democrática. Isso já
pode ser considerado uma evolução, ainda que persistisse a diferenciação do ensino da
elite às escolas recém-criadas para as camadas mais populares. 
No século XVII, o realismo na educação dá maior destaque por métodos diferentes da
educação sistematizada pelos religiosos, com vistas a voltar-se para os problemas e
demandas da vida prática e, também, à adoção de métodos para tornar a educação mais
agradável e, ao mesmo tempo, eficaz para os anseios comerciais. A Figura 2 sugere um
modelo de como eram as escolas antigas.
Figura 2 – Crianças e professores em sala de aula. Fonte: Adobe Stock. Acesso em: 30/10/2020.
#PraCegoVer: A imagem é uma fotografia em preto e branco, que
mostra uma sala de aula. A sala está dividida em três fileiras de
mesas duplas, em que muitas crianças estão olhando para a foto.
Elas não usam uniforme. As meninas estão de vestidos de
diferentes modelos, e os meninos de camisa e casacos, também de
diferentes modelos. No alto da foto, à esquerda, está um professor,
vestido de terno preto, próximo à parede. Entre as duas fileiras da
direita, no fundo do corredor, está a professora, vestida de saia e
blusa branca com babados.
Embora não seja exatamente a fotografia das escolas francesas, essa imagem nos deixa
a reflexão de que a forma de conceber uma sala de aula, com muitos alunos enfileirados
em carteiras, pouco mudou desde então. 
A era moderna da educação e da sociedade teve muita influência de John Locke (1632-
1704), um importante filósofo inglês, considerado o pai do liberalismo. Sua importância é
notória, inclusive com contribuições para a História da educação, com teorias sobre o
aprendizado e o desenvolvimento.
VOCÊ QUER LER?
Para complementar a formação de professores, é muito importante conhecer os
grandes pensadores da História. Entre eles, podemos seguramente elencar John
Locke. Para saber mais sobre sua obra e contribuições, tais como o liberalismo, a
criação do Estado e outras importantes formulações, leia a reportagem especial
da revista Nova Escola sobre esse importante filósofo inglês, que influenciou
inclusive os ideais dos iluministas franceses. 
 
Disponível em: < https://novaescola.org.br/conteudo/7216/john-locke >.
2.4 A educação no Brasil Colonial: a educação dos jesuítas,
a reforma Pombalina e a expulsão dos jesuítas
Enquanto a Europa vivia o pensamento moderno, o surgimento do liberalismo, do Estado
moderno e das ideias de filósofos como Locke, o Brasil ainda vivia sob o domínio
português, durante o colonialismo e a educação religiosa dos padres jesuítas. É sobre
esse período histórico que trataremos nessa seção. 
Por isso, vamos retomar o que já dissemos sobre o ensino das missões, avançar para a
https://novaescola.org.br/conteudo/7216/john-locke
reforma pombalina com o Marquês de Pombal, indo até a expulsão dos jesuítas em
1759, que trouxe novos ares para a educação brasileira.
2.4.1 A educação dos jesuítas
Durante os longos anos de educação religiosa, de 1549 a 1759, os padres jesuítas
trabalharam para atender os interesses políticos da época através de alianças com os
lusitanos colonizadores. Esses interesses eram de ordem política e econômica. 
A forma de ensino estava atrelada ao contexto social da época, que consistia em educar
os filhos dos colonizadores, a formação religiosa dos padres e de pessoas com vocação
ministerial que ocorriam em diferentes espaços, como descreve Veiga (2007):
Duas questões se apresentam para o estudo de educação no
período: a diversidade das atividades educacionais e a expansão
ultramarina. Quanto à primeira, destaca-se a variação pedagógica.
No caso dos jesuítas – e em menor proporção no de outras ordens
religiosas – se salientam a ação missionária da conversão dos
índios, a formação teológica para religiosos e pessoas com
vocação e a preocupação em educar os filhos dos colonizadores.
Dentre as ações dos jesuítas, vale destacar a pregação, o ensino de
orações, cantos e ofícios, a alfabetização e o ensino formal do latim
– que ocorria em igrejas, missões, oficinas, colégios e seminários
(VEIGA, 2007, p. 51).
A ação da igreja e da coroa portuguesa se dava de forma a conquistar corpos, terras,
costumes e almas. Isto fica claro em consonância entre colonizadores e religiosos.
Todavia, essa ação não se dava sem conflitos e resistências. Segundo Veiga, havia
embates entre colonizadores, que queriam o indígena como escravo, e os jesuítas,
contrários à escravização do indígena. 
Era característica da época uma socialização conflitante, pois ali coexistiam diferentes
grupos étnicos, com seus costumes e formas. Encontravam-se, então, conflitos e
diferentes estratégias de dominação e segregação, além de resistências. 
Com o avanço da colonização do território e a ocupação do território brasileiro, a
população entre brancos e negros (trazidos escravizados) aumentava
consideravelmente, enquanto a população indígena, que contava com cerca de cinco
milhões em 1500, diminuiu drasticamente para cerca de 800 mil no final do período
colonial. Essa extrema mortandade ocorreu por motivos de doenças e extermínios. 
Os jesuítas utilizavam diferentes estratégias para civilizar o índio e o convertê-lo à fé
cristã. Sobre isso, Veiga (2007) destaca:
Com o objetivo de conhecer o “outro” e realizar a “educação das
vontades”, os padres combinavam escrita, expressão corporal e
oralidade nas ações educativas, chegando a aprender o idioma dos
índios – em especial a língua “mais falada na costa”, o tupi-guarani,
que denominaram língua brasílica. 
Assim os padres passaram a realizar pregações nas missas e a
ensinar no idioma brasílico, além de cantos religiosos e cantigas
portuguesas. O recurso à oralidade cantada foi muito utilizado e
encontrou boa receptividade entre os índios, cuja cultura valoriza o
canto e a dança. Os indígenas aprenderam até a tocar instrumentos
musicais europeus, como a flauta doce, o pífaro e o cravo. Com
isso, foi instituída uma educação estética de inspiração cristã
(VEIGA, 2007, p. 57). 
Os religiosos chegaram até a criar uma gramática normativa da língua brasílica,
organizada pelo padre José de Anchieta em 1560, ainda manuscrita, com versão
impressa em 1595. Segundo Veiga (2007), a criação dessa gramática possibilitou o
surgimento de diversas publicações, tais como peças de teatro, dicionários e outras
gramáticas publicadas em versões bilíngues, variando em tupi-guarani e latim, ou
português, ou castelhano. 
Enquanto os padres cuidavam de “civilizar e salvar” os indígenas e educar os filhos dos
colonizadores, o ensino voltado para as elites tinha um caráter diferenciado. Para
prosseguir nos estudos e se aperfeiçoar, os filhos da elite precisavam ir para o exterior
concluir e se especializar em seus estudos. Para tanto, iam à França e Portugal, com o
intuito de avançarem nos estudos, como descreve Aranha (2006):
A maioria dos estudantes dirigia-se para a Universidade de
Coimbra, também confiada aos jesuítas, a fim de estudar ciências
teológicas ou jurídicas. Outros escolhiam Montpellier, na França,
para a especialização em medicina. 
Embora recebessem educação padronizada, os brasileiros
entravam em contato com outros estilos de vida e traziam as
aspirações da civilização urbana mais avançada vislumbrada no
Velho Mundo para contrapor ao modo de vida rural e patriarcal da
colônia (ARANHA, 2006, p. 271).A educação das elites aspirava a novos horizontes sociais e políticos, sobretudo pelo
contato com colegas e professores que pertenciam ao modelo europeu, almejando um
novo modelo de vida e de educação a ser seguido, enquanto, para as classes
economicamente inferiores, a educação era voltada ao aprendizado dos ofícios. 
O aprendizado de ofícios não tinha uma forma padronizada, sendo ensinado em oficinas
e destinado aos pobres, escravos, homens livres e indígenas. Todavia, era um trabalho
de pouco ou nenhum reconhecimento social, uma vez que era visto como um trabalho
subalterno. 
A educação era concebida dessa forma durante os anos do colonialismo, em especial
durante toda a época de ação dos jesuítas e de sua pedagogia. A influência da igreja
perante os colonizadores e dos colonizadores perante os religiosos era determinante nos
rumos da colônia, sobretudo no campo da educação, tal como destaca Aranha (2006):
No campo da educação, enquanto na Europa se estabelecia a
contradição entre o ideal da pedagogia realista e a educação
conservadora, no Brasil a atuação da Igreja permaneceu muito mais
forte e duradoura (ARANHA, 2006, p. 274). 
A grande marca de aculturação da ação missionária dos jesuítas em neutralizar a cultura
do índio e do negro, em favor do ideal cristão, foi uma herança cristalizada na cultura
brasileira e, ainda hoje, podemos sentir seus reflexos. O discurso de um único modelo
branco, cristão e europeu como o ideal se fez refletir inclusive na educação, com a
história sendo contada na visão tida como a ideal, a do colonizador.
2.4.2 A Reforma Pombalina e a expulsão dos jesuítas
Criticados por sua forma de conceber o ensino de forma ultrapassada para muitos,
especialmente por conservar um caráter tradicional e não condizente com os novos
tempos liberais, os jesuítas, mesmo com colégios espalhados por diversos países, foram
expulsos de Portugal e do Brasil, em 1759. 
Essa expulsão deu início às reformas pombalinas, um movimento capitaneado pelo
Marquês de Pombal. Segundo Aranha (2006), o Marquês foi o principal responsável pela
adoção das ideias iluministas. Ao expulsar os jesuítas, trabalhou com rigor a
implementação da educação leiga, sob a responsabilidade do Estado. Nesse sentido de
implementar uma educação estatal, Portugal foi pioneiro – sabendo que esse processo
todo aconteceria na França apenas depois de 1790, após a Revolução Francesa.
Já dissemos que, em Portugal, o grande gestor da introdução das
ideias iluministas foi o Marquês de Pombal, que agiu com rigor na
reforma do ensino. Ao expulsar os jesuítas, instituiu naquele
mesmo ano a educação leiga, com responsabilidade total do
Estado. Como se vê, Portugal foi pioneiro nessa intenção: a
estatização do ensino ocorreu em 1763 na Prússia, em 1773 na
Saxônia, enquanto na França, na década de 1790 (após a Revolução
Francesa), essas ideias ainda eram debatidas na assembleia
legislativa (ARANHA, 2006, p. 289). 
Durante a reforma do ensino foi criado o princípio da escola régia, porque pertenciam ao
rei e já não estavam sob o comando da igreja. De acordo com Aranha (2006), tal reforma
modificou o ensino menor, equivalente ao ensino básico, e depois modificou, também, o
ensino superior, concentrando ações na Universidade de Coimbra.
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Uma questão histórica que muito tem a ver com o ofício de professor se deu durante as
reformas pombalinas, quando, em 1772, Pombal instituiu o cargo de professor como
funcionário público.
Em 1772, Pombal instituiu o subsídio literário, imposto destinado a
financiar as reformas projetadas, o que valia também para o Brasil.
Dessa forma, os professores eram selecionados e pagos pelo
Estado, tornando-se funcionários públicos (ARANHA, 2006, p. 290). 
Esse era o cenário em Portugal, com as reformas idealizadas por Pombal e a grande
influência do Iluminismo. Mas e no Brasil? Como se deram as reformas pombalinas?
Nesse período, o Brasil se organizava economicamente pela produção de cana-de-
açúcar e nas formas de organização dos senhores de engenho. 
Com o tempo, houve um enfraquecimento dos senhores de engenho e da forma como
esses concebiam a sociedade sob a rigidez da aristocracia agrária. Quando o período da
cana entrou em decadência, surgiu a extração de ouro em Minas Gerais e a produção
econômica se voltou para a cultura aurífera. Segundo Aranha (2006), houve a criação de
uma pequena elite burguesa voltada para o comércio interior. 
A sociedade mineira vivia novos tempos com renovação e difusão da qual temos o
legado cultural do barroco das igrejas, da música sacra e dos poetas da Arcádia Mineira.
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Quando a cultura aurífera se retraiu, isso ocasionou revoltas por conta dos impostos
requeridos pelo Marquês de Pombal. Esse foi um período de insurgências, como as
políticas impostas pela coroa portuguesa, conforme descreve Aranha (2006):
Definição de Iluminismo
Arte Brasileira
Não por acaso, também os movimentos contra a opressão colonial
se manifestaram na região. Em 1720, em Vila Rica, a revolta de
Filipe dos Santos foi reprimida de forma violenta, em 1789 a
Conjuração Mineira não reivindicava apenas reformas, mas
contestava o pacto colonial, embora não conseguisse impor a nova
ordem. Semelhantemente, foi sufocado um movimento mais radical
ainda, a Conjuração Baiana, em 1798 (ARANHA, 2006, p. 318).
Quanto à educação, no momento em que os jesuítas foram expulsos do país, apesar de
sua presença em toda colônia e de seu poder político e econômico, o governo tomou
para si todas as suas posses e destruiu diversos documentos históricos. Segundo
Aranha (2006), houve, então, um esvaziamento dos indígenas nas missões, pois esses
foram abandonados à sua própria sorte e o ensino das classes mais pobres, que era
ministrado pelos religiosos, fora abandonado. 
 
Quando a coroa portuguesa retomou o plano de ensino regular, fez ações semelhantes
às que ocorreram em Portugal, como descreve Aranha (2006):
Várias medidas antecederam as primeiras providências mais
efetivas, levadas a efeito só a partir de 1772, quando teria sido
implantado o ensino público oficial. A Coroa nomeou professores,
estabeleceu planos de estudo e inspeção e modificou o curso de
humanidades, típico do ensino jesuítico, para o sistema de aulas
régias de disciplinas isoladas, como ocorrera na metrópole
(ARANHA, 2006, p. 320).
Algo semelhantemente ao que ocorreu na metrópole aconteceu no Brasil, com a criação
do imposto que dava a possibilidade de criação de empregos públicos para professores,
os quais foram nomeados pela coroa portuguesa. Era o início da uma educação pública
no Brasil. 
Entretanto, o movimento de reformas não atingiu, de fato, a educação brasileira,
relegando a esta, principalmente, pela saída do modelo dos padres jesuítas um grande
lapso de tempo e decadência da educação em nosso país. Foi um período de grande
retrocesso no ensino brasileiro.
Síntese
Alguns destaques do século XVIII
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Como conclusão, temos, no Brasil, um processo de grande diferença com relação a
Portugal, sobretudo na educação, o que mergulhou o país numa gritante diferença entre
os letrados e a imensa maioria das pessoas que não tinham qualquer acesso à
educação.
Embora a reforma pombalina não tivesse repercutido de imediato
na colônia, foram lançadas as sementes de um novo processo que
iria amadurecer aos poucos a partir do século seguinte (ARANHA,
2006, p. 324).
Essa era a esperança do Brasil: ressurgir para a inovação das ideias no campo da
educação e no campo social. É o que veremos nas próximas unidades da nossa
disciplina. 
Teste seus conhecimentos
Atividade não pontuada.
 
 
Final do século XVII e meados do XVIII 1720 1747
1759 1772 1776 1785 1789 1789
1798
Destruição de uma oficina tipográfica no Rio de Janeiro.
Avançando na História da educação, percebemos os períodos históricos e suas
influências nas sociedades, trazendo avanços e decadênciaspara a educação,
sobretudo no Brasil. 
Nesta unidade, refletimos sobre o surgimento do Renascimento e do Humanismo, ao
mesmo tempo em que o Brasil era “descoberto” pelos portugueses. Nesse momento, de
início da colonização, vemos o Brasil ser controlado e explorado pela coroa portuguesa e
ter seus caminhos educacionais dominados pelas políticas e ações missionárias de
aculturação, marcadas também pela escravização de negros e índios, sobretudo pelo
extermínio das tribos indígenas no final do período de colonização. 
Com o Iluminismo e o Liberalismo na Europa, junto à renovação das sociedades, surge
para o Brasil a esperança de novos tempos a partir da expulsão dos padres jesuítas, com
as reformas impostas pelo marquês de Pombal, mergulhando o país num abismo entre a
elite letrada e a imensa maioria de analfabetos. O próximo século renovará a esperança
para o Brasil, o que veremos a seguir. 
SAIBA MAIS
Título: A Paideia Grega e a Tradição Pedagógica do Ocidente - VI
Congresso de Educação 
Autor: Fábio Florence 
Ano: 2019 
Comentário: Trecho inicial da palestra A Paideia Grega e a Tradição
Pedagógica do Ocidente , proferida pelo Prof. Fábio Florence, no VI
Congresso de Educação - A Crise da Educação Ocidental, promovido
pelo Instituto Hugo de São Vítor, em 30 de novembro de 2019, em Porto
Alegre. 
Onde encontrar? Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?
v=heK0eKtvPeU >. 
Título: História e filosofia da educação: da paideia grega ao pragmatismo
romano 
Autor: Antônio Roberto Xavier 
Ano: 2016 
Comentário: Nesse artigo científico, o pesquisador Xavier apresenta
conceitos sobre as contribuições da paideia grega ao pragmatismo
romano e suas contribuições para a educação. 
Onde encontrar? Disponível em: <
http://www.repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/22386/1/2016_art_arxavier.pdf
> 
Título: O dever da educação como formação do cidadão 
Autor: Marcos Martinho 
Ano: 2019 
Comentário: Uma palestra com o professor Marcos Martinho, que
convida para uma reflexão sobre a educação, desde a Grécia Antiga até
os dias de hoje, em relação ao nosso papel na sociedade e como
cidadãos.
Referências bibliográficas 
https://www.youtube.com/watch?v=heK0eKtvPeU
http://www.repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/22386/1/2016_art_arxavier.pdf
A PAIDEIA Grega e a Tradição Pedagógica do Ocidente - VI Congresso de
Educação . Postado por Instituto Hugo de São Vitor (13min. 16s.). son. color. port.
Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=heK0eKtvPeU >. Acesso em: 20 nov.
2020. 
 
ARANHA, M. L. A. História da educação e da pedagogia : geral e Brasil. 3. ed. São
Paulo: Moderna, 2006. 
 
O DEVER DA EDUCAÇÃO COMO FORMAÇÃO DO CIDADÃO | Marcos Martinho .
Postado por Casa do Saber (11min. 53s.). son. color. port. Disponível em: <
https://www.youtube.com/watch?v=NhQq76oBHJE&t=31s >. Acesso em: 20 nov. 2020. 
 
VEIGA, C. V. História da Educação . São Paulo: Ática, 2007. 
 
XAVIER, A. R. História e filosofia da educação: da paideia grega ao pragmatismo
romano. Revista Dialectus , Ceará, n. 9, p. 81-99, dez. 2016. Disponível em: <
http://www.periodicos.ufc.br/dialectus/article/view/6535 >. Acesso em: 20 nov. 2020. 
https://www.youtube.com/watch?v=heK0eKtvPeU
https://www.youtube.com/watch?v=NhQq76oBHJE&t=31s
http://www.periodicos.ufc.br/dialectus/article/view/6535

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