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CLT 
Consolidação das Leis do Trabalho 
COMENTADA 
 
 
 
TÍTULO I - INTRODUÇÃO 
 
 
 
Art. 1º 
 
Esta Consolidação estatui as normas que regulam as relações individuais e 
coletivas de trabalho, nela previstas. 
 
Em 1943, quando já se mostravam novos e turbulentos tempos, em plena II 
Guerra Mundial, o Brasil possuía, desde 1930 (após a "Revolução da Aliança 
Liberal", ou "Revolução de 30") uma série considerável de leis trabalhistas, 
mormente aquelas cuja inspiração vinham de Lindolfo Collor, o primeiro Ministro 
do Trabalho, titular de um ministério recém criado. Incontáveis leis tinham caráter 
especial, visando certas e determinadas categorias de trabalhadores, 
principalmente os que tinham maior poder de pressão política, embora se vivesse 
numa áspera ditadura desde 10 de novembro de 1937. 
 
Diversos juristas, onde se pode salientar Délio Maranhão, Segadas Vianna, 
Arnaldo Süssekind, Dorval Lacerda, Oliveira Vianna, Oscar Saraiva e o próprio 
Ministro do Trabalho de então - Alexandre Marcondes Filho - deram suas 
colaborações para a edição de um Decreto-lei (não havendo leis editadas pelo 
Congresso, eis que tanto a Câmara como o Senado tinham sido fechados com o 
golpe que instituiu o "Estado Novo" em 1937). Este Decreto-lei tomou o nº 5.452 e 
foi publicado em 1º de maio de 1943, para entrar em vigor em 10 de novembro de 
1943. 
 
Há uma longa exposição de motivos, sendo que esta salienta o caráter e a 
orientação seguida pela comissão coordenadora e redatora da Consolidação das 
Leis do Trabalho. A referida comissão contou com a participação dos mais 
renomados juristas de época. 
 
Também tiveram influência os ventos políticos - totalitários - que nos vinham da 
Alemanha, Itália, Espanha e Portugal, situações de força e de extrema atividade 
solidamente jungida aos poderes públicos de noutros países que nos 
influenciaram, mesmo que com eles tivéssemos laços políticos e econômicos 
bastante fracos. Um homem que não deve ter seu nome ocultado, pelo enorme 
papel que desempenhou foi Lindolfo Collor, o nosso primeiro Ministro de Trabalho 
logo após a revolução de 1930 (03.10.1930 - 24.10.1930). 
 
A Comissão de 1942 - 1943 cotejou e julgou cerca de dois mil reparos, 
observações ou comentários feitos à Consolidação. Temos, entre suas palavras, 
de salientar como de suma importância os itens 3 a 17. 
 
Hoje, quando já entramos no Século XXI, até mesmo pode causar espanto que a 
Consolidação das Leis do Trabalho tenha resistido, tanto tempo, sem mudanças 
de maior significado. O que se verificou, ao longo destes 60 anos, foram 
adaptações em setores especiais, visando a adequação a certas técnicas e 
aprimoramento de institutos consagrados de processo e de organização judiciária. 
Não houve, assim, uma verdadeira evolução, mas ajustes a momentos e a 
aspectos meramente setoriais. É verdade que o Decreto Lei nº 229, de 28.02.1967 
modificou centenas de artigos, dando novos parâmetros, mas não fazendo 
nenhuma alteração de profundidade. Os acréscimos, como a regulamentação do 
repouso semanal remunerado (Lei nº 605, de 1949), foram apenas a consagração 
do repouso que já existia. Nem mesmo a Lei que instituiu o FGTS pode ser 
apontada hoje como uma "revolução trabalhista", tendo apenas - em sua evolução 
- liquidado com a estabilidade decenal, para garantir as indenizações por tempo 
de serviço. 
 
A essência e espírito do legislador de 1943 ainda persiste, notando-se que 
persiste imutável toda a estrutura que já estava enunciada no item 28 da 
"Exposição do Motivos": 
 
"Em relação aos contratos de trabalho, cumpre esclarecer que a precedência das 
"normas" de tutela sobre os "contratos" acentuou que a ordem institucional ou 
estatutária prevalece sobre a concepção contratualista". 
 
A Consolidação das Leis do Trabalho possui um característica que foi a de 
aglutinar toda a matéria trabalhista num único corpo legal, mas sofreu um 
gigantismo que muito se pode atribuir ao fato de que toda a vida profissional 
(operária e patronal), assim como os meios de produção, indústria e comércio 
ficam nas nem sempre discretas ou delicadas mão de uma republica dita 
democrática. 
 
Paralelamente aos anos e avanços trabalhistas, ocorreram perseguições sem 
conta e de maneira cruel e criminosa aos opositores os Estado Novo. Este que 
teve suas sementes nas eleições entre Getúlio Vargas (RS) e Júlio Prestes (SP), 
culminou com a vitória de Júlio Prestes, mas sob a alegação de fraude o Rio 
Grande do Sul, Minas Gerais e Paraíba se levantaram em armas e fizerem a 
revolução de 1930. 
 
Getúlio Vargas, assim, assumiu o governo através de uma revolução. Não há 
dúvidas que tenha sido o mentor do trabalhismo e sindicalismo brasileiro, bem 
conduzido pelas mãos de Lindolfo Collor (com quem romperia pouco depois). 
 
Getúlio Vargas, num momento posterior - em 1934 - assumiu a Presidência pelo 
voto indireto do Congresso. Em 1937, por um golpe palaciano, dissolveu o 
Congresso e se intitulou Presidente, fechando a Câmara e Senado, assim como 
todas as Assembléias dos Estados e Câmaras Municipais. Chegou mesmo, em 
incentivo ao nacionalismo, a extinguir os símbolos dos Estados: bandeiras e hinos. 
Fez uma centralização total dos poderes, com os estados governados por 
interventores e estes nomeavam os prefeitos. Câmara e Senado fechados até 
1946, em razão do golpe de 29 de outubro de 1945. Já no governo do Mal, Eurico 
Gaspar Dutra, tivemos uma Constituição (setembro de 1946), onde estão 
nitidamente enunciados os direitos trabalhistas. 
 
Com a instabilidade política e até crimes ligados ao palácio presidencial, este que 
havia sido eleito pelo voto direto em 1945, suicida-se ao meio de uma crise política 
e depressiva, em 24 de agosto de 1954. Da lá para cá, inúmeros presidentes, 
eleitos, derrubados, renunciantes ou impostos. Alguns fracos, outros 
despreparados, muitos medíocres e incapazes, outros que mesmo tendo chegado 
sem a unção popular, soubera, assumir porte de estadistas. Outros, não pouco, 
apenas pitorescos... 
 
O fato é que em 1º de maio de 1943 foi apresentada pelo Ministro Alexandre 
Marcondes Filho a Consolidação a Getúlio Vagas que a aditou como DECRETO - 
LEI nº 5.452, de 1º de maio de 1943 (DOU 09.05.1943) com o nome de 
Consolidação das Leis do Trabalho. É ela, passado mais de meio século, que vem 
resistindo com todas as mutilações deformadoras e plástica pseudo-reparadoras. 
 
Seu texto:DECRETO - LEI Nº 5.452, DE 1º DE MAIO DE 1943 
 
A grande dificuldade de quem a escreve, cita ou comenta é a perplexidade de 
perseguir as informações diárias, para se saber os textos (originais, de anexos, de 
adendos, notas, de Portarias, de Ordens de Serviço, de Normas Reguladoras, de 
Leis, Decretos (com e sem números), por vezes com numerações seqüenciais e 
noutras vezes trazendo identificações alfa-numéricas ..., de Decretos leis, de 
Decretos Legislativos, de Emendas Constitucionais). 
 
Este artigo primeiro da Consolidação das Leis do Trabalho deve vir acompanhado, 
necessariamente, da Exposição de Motivos que o antecedeu: 
 
Sr. Presidente da República: 
 
Tenho grande honra de apresentar a Vossa Excelência o projeto definitivo de 
Consolidação das Leis de Proteção ao Trabalho, relevante cometimento jurídico e 
social, cuja redação última foi procedida, havendo sido escrupulosamente 
apreciadas as sugestões e emendas propostas ao anteprojeto, após uma 
verdadeira autocrítica, que a própria Comissão efetuou, do texto original divulgado 
pelo Diário Oficial de 5 de janeiro do corrente ano. 
 
2. A Comissão cotejou e julgou cerca de dois mil reparos, observações ou 
comentários feitos à Consolidação. 
 
3. Peço vênia a Vossa Excelência, preliminarmente, para ressaltar o esforço, a 
cultura, a inteligência com que, no desempenho da difícil incumbência, se 
houveram os signatários do Relatório incluso no aprofundado exame da matéria.4. Durante quase um ano, em longas reuniões diárias entregaram-se à tarefa 
complexa e ilustre, com uma dedicação e um espírito público que bem 
demonstram o patriotismo que os inspirou. Desejo, por isso, antes de mais nada, e 
perante V. Exa., patentear o meu reconhecimento e a minha admiração por esses 
notáveis colaboradores da obra ministerial. 
 
5. É da mais alta significação social e merece uma referência especial o interesse 
suscitado pela divulgação do anteprojeto. 
 
6. Juristas e magistrados, entidades públicas, empresas privadas e associações 
culturais concorreram com a judiciosa reflexão de sua experiência para sugerir um 
ou outro retoque. 
 
7. Revelando, não só a repercussão alcançada pelo monumento legal projetado, 
mas, principalmente, uma vigorosa consciência sindical - prova plena de um 
regime social já radicado - manifestaram-se as classes de empregadores e de 
empregados, através das respectivas instituições representativas. Esta foi, na 
realidade, a contribuição mais palpitante, trazida à Comissão, quer pelo teor 
original da discussão das teses, quer pela eficiência patente do sistema paritário 
de equilíbrio social, evidenciando-se, do contraste de interesses, sob a luz de um 
pensamento público de bem comum, a fórmula de composição harmônica das 
forças do capital e do trabalho. 
 
8. A Consolidação corresponde a um estágio no desenvolvimento do progresso 
jurídico. 
 
9. Entre a compilação ou coleção de leis e um código - que são, respectivamente, 
os momentos extremos de um processo de corporificação do direito - existe a 
consolidação, que é a fase própria da concatenação dos textos e da coordenação 
dos princípios, quando já se denuncia primeiro o pensamento do sistema depois 
de haverem sido reguladas, de modo amplo, relações sociais em determinado 
plano da vida política. 
 
10. Projetada a ação do Estado em várias direções, para atender ao tratamento de 
situações especiais e constantes de uma mesma órbita jurídica, impõe-se, desde 
o instante em que se surpreende a unidade interna desses problemas, perscrutar 
a sua inteligência ordenadora, que será então a ratio legis do sistema normativo 
necessário. 
 
11. Esse o significado da Consolidação, que não é uma coleção de leis, mas a sua 
coordenação sistematizada. Não é apenas um engenho de arquitetura legislativa, 
mas uma recapitulação de valores coerentes, que resultaram de uma grande 
expansão legislativa, anterior, em um dado ramo de direito. 
 
12. É o diploma do idealismo excepcional do Brasil orientado pela clarividência 
genial de V. Exa., reajustando o imenso e fundamental processo de sua dinâmica 
econômica, nas suas relações com o trabalho, aos padrões mais altos de 
dignidade e de humanidade da justiça social. É incontestavelmente a síntese das 
instituições políticas estabelecidas por V. Exa. desde o início de seu governo. 
 
13. Empenhou-se, por isso, a Comissão, na articulação dos textos legais vigentes, 
na exata dedução dos princípios, na concordância essencial das regras, na 
unidade interna do sistema. As lacunas preenchidas propuseram-se a tornar 
explícitas verdades inerentes às leis anteriores. Algumas inovações aparentes não 
passam de necessárias conseqüências da Constituição. As omissões 
intencionalmente ocorridas restringiram-se a excluir do conjunto as leis 
tipicamente transitórias e que, para atender a situações de emergência 
decorrentes do estado de guerra, ficaram à margem dos postulados do nosso 
direito social. 
 
14. O que importa salientar é ter havido a preocupação dominante de 
subordinação às leis preexistentes e não como se procedesse à organização de 
um código, para o qual se permite modernamente a originalidade inicial e onde é 
mesmo espontânea e essencial a livre criação do direito, sem qualquer 
dependência do regime vigente. 
 
15. A Consolidação representa, portanto, em sua substância normativa e em seu 
título, neste ano de 1943, não um ponto de partida, nem uma adesão recente a 
uma doutrina, mas a maturidade de uma ordem social há mais de um decênio 
instituída, que já se consagrou pelos benefícios distribuídos, como também pelo 
julgamento da opinião pública consciente, e sob cujo espírito de eqüidade 
confraternizaram as classes na vida econômica, instaurando nesse ambiente, 
antes instável e incerto, os mesmos sentimentos de humanismo cristão que 
encheram de generosidade e de nobreza os anais da nossa vida pública e social. 
 
16. No relatório elaborado pela Comissão respectiva, que corresponde a um 
prefácio admirável da obra monumental, e no qual se filia a presente exposição de 
motivos, encontrará Vossa Excelência minucioso e brilhante estudo das doutrinas, 
dos sistemas, das leis, dos regulamentos e das emendas sugeridas comprovando 
que a Consolidação representa um documento resultante da instituição do gênio 
com que Vossa Excelência vem preparando o Brasil para uma missão universal. 
 
17. A estrutura da Consolidação e a ordenada distribuição das matérias que lhe 
compõem o texto evidenciam claramente não só um plano lógico como também 
um pensamento doutrinário. 
 
18. A sucessiva disposição das matérias, nos Títulos e Capítulos, corresponde a 
uma racional precedência. 
 
19. Assim, sem fazer injúria ao bom senso geral, exemplificarei, entretanto: o 
contrato individual do trabalho pressupõe a regulamentação legal de tutela do 
empregado, não lhe podendo ser adversa; a organização sindical pressupõe 
igualmente a condição de emprego ou o exercício de profissão e a constituição da 
empresa; o contrato coletivo de trabalho seria, por sua vez, inviável sem a prévia 
formação sindical das classes. 
 
20. Essa uma distribuição em que os institutos jurídico-políticos são alinhados, não 
ao saber de classificações subjetivas ou sob a sugestão irrefletida de padrões 
quaisquer, mas sim, e verdadeiramente, de acordo com dados racionais derivados 
do próprio valor e da função social que lhes é essencial. 
 
21. Para melhor compreensão, dividiu a Comissão o Título lI do anteprojeto em 
dois Títulos, visando a tornar ainda mais intuitivo o esquema da Consolidação: 
ocupando-se essas duas divisões, respectivamente, "Das Normas Gerais de 
Tutela do Trabalho" e "Das Normas Especiais de Tutela do Trabalho", que 
constituem exatamente os princípios institucionais e básicos da proteção do 
trabalho. 
 
22. Mais uma vez nota-se nessa concepção um ânimo de ordem que resultou de 
uma meditação exclusiva sobre os institutos concatenados. 
 
23. O pormenorizado exame, nesta exposição, de todos os temas ali discutidos, 
importaria reproduzir, quase na íntegra, o referido relatório, com prejuízo talvez de 
sua harmonia e da lógica irretorquível com que se apresenta. 
 
24. Peço licença, entretanto, para assinalar alguns aspectos principais do trabalho 
da Comissão. 
 
25. No concernente à identificação profissional, há quem incorra em absoluto 
equívoco, ignorando o sentido exato dessa instituição jurídica. 
 
26. Houve quem lhe apontasse apenas a utilidade de mero instrumento de 
contrato do trabalho, quando, na verdade, é este, embora de grande alcance, 
apenas um aspecto da carteira profissional, cujo caráter fundamental é o de 
documento de qualificação profissional, constituindo mesmo a primeira 
manifestação de tutela do Estado ao trabalhador, antes formalmente 
"desqualificado" sob o ponto de vista profissional e a seguir, com a emissão 
daquele título, habilitado à ocupação de um emprego ou ao exercício de uma 
profissão. Não há como subordinar essa criação típica do Direito Social ao papel 
acessório de prova do contrato de trabalho, quando, como se vê, a sua emissão 
antecede livremente o ajuste do emprego e agora, pela Consolidação, passará até 
a constituir uma condição obrigatória para o trabalho. 
 
27. Foi, aliás, considerando a importância da carteira profissional como elemento 
primacial para manutençãodo cadastro profissional dos trabalhadores, como título 
de qualificação profissional, como documento indispensável à colocação e à 
inscrição sindical e, finalmente, por servir de instrumento prático do contrato 
individual do trabalho, que a Comissão encontrou razões bastantes para reputar 
uma instituição fundamental de proteção do trabalhador e não admitir fosse 
relegada à inoperância da franquia liberal, tornando-a, então, obrigatória. 
 
28. Em relação aos contratos de trabalho, cumpre esclarecer que a precedência 
das "normas" de tutela sobre os "contratos" acentuou que a ordem institucional ou 
estatutária prevalece sobre a concepção contratualista. 
 
29. A análise do conteúdo da nossa legislação social provava exuberantemente a 
primazia do caráter institucional sobre o efeito do contrato, restrito este à 
objetivação do ajuste, à determinação do salário e à estipulação da natureza dos 
serviços e isso mesmo dentro de standards e sob condições preestabelecidas na 
lei. 
 
30. Ressaltar essa expressão peculiar constituiria certamente uma conformação 
com a realidade e com a filosofia do novo Direito justificando-se assim a ênfase 
inicial atribuída à enumeração das normas de proteção ao trabalho, para somente 
em seguida ser referido o contrato individual. 
 
31. Nem há como contestar semelhante método, desde que o Direito Social é, por 
definição, um complexo de normas e de instituições voltadas à proteção do 
trabalho dependente na atividade privada. 
 
32. Entre as inúmeras sugestões trazidas, uma houve que suscitou singular 
estranheza, dada a sua procedência de uma entidade representativa de 
empregados. 
 
33. Objetava contra a exclusão da permissão contida no inciso final do parágrafo 
único do art. 42 da Lei nº 264, de 5 de outubro de 1936, e reclamava a sua 
incorporação à Consolidação. 
 
34. Esse texto propositadamente omitido colidia rigorosamente com um dispositivo 
legal posterior art. 12 do Decreto-lei n. 2.308, de 13 de junho de 1942 - em que se 
anunciava uma regra irrecusável de proteção ao trabalhador. 
 
35. Como se tolerar, efetivamente, que possa um empregado realizar os encargos 
de sua função, por mais rudimentar que esta seja, durante oito horas sucessivas, 
sem um intervalo para repouso ou alimentação? 
 
36. Talvez uma incompreensão tivesse surgido na consideração desse preceito 
legal vigente: há, na realidade, determinadas funções de supervisão e de controle, 
tais como as exercidas por encarregados de estações ou usinas elétricas, cujo 
trabalho é intermitente, não exigindo uma atenção constante e um esforço 
continuado, sendo benéfica, então, para esses empregados, a exclusão da hora 
de repouso pela redução que se dá no tempo de permanência no serviço, 
facilitada, por outro lado, a organização das tabelas de rodízio dos ocupantes 
desses cargos pelas empresas. 
 
37. Essa hipótese, constituindo tipicamente, o caso do trabalho descontínuo, 
segundo a conhecida definição de Barassi, não se enquadra, entretanto, na 
determinação do citado art. 12 do Decreto-lei n. 2.308, que apenas abrange o 
"trabalho contínuo", conforme foi incluído à Consolidação no Capítulo "Da Duração 
do Trabalho", parecendo, portanto, resolvida a dúvida. 
 
38. O trabalho dos menores, entre catorze e dezoito anos, ou tem como finalidade 
a preparação dos mesmos para um ofício, uma profissão, ou, então, constitui uma 
exploração e um aniquilamento da juventude. 
 
39. Esse pensamento fez com que o Decreto-lei n. 3.616, de 13 de setembro de 
1941, salvo nos casos excepcionais de força maior ou de interesse público, 
proibisse para os menores a prorrogação da duração normal de trabalho. Tal a 
fonte do dispositivo idêntico que se encontra na Consolidação, sem incorrer em 
inovação. 
 
40. Atentando, também, nos deveres impostos aos empregadores de menores, 
ver-se-á que são eles obrigados a permitir a esses seus empregados a freqüência 
às aulas, quer às de instrução primária, conforme sempre foi estabelecido, como 
também às de formação profissional a cargo do Serviço Nacional de 
Aprendizagem dos lndustriários, de acordo com o estatuído pelo Decreto-lei n. 
4.481, de 16 de julho de 1942. 
 
41. Acreditamos que não se levantará mais qualquer argumento contra a 
razoabilíssima disposição legal de proibição da prorrogação do horário normal do 
trabalho dos menores, justificada não só por óbvias considerações biológicas de 
preservação da saúde dos adolescentes, como também por motivos educacionais 
irrefutáveis. 
 
42. A clara e total definição que do contrato individual do trabalho foi dada pelo 
anteprojeto da Consolidação, provocou algumas divergências de mero gosto 
polêmico. 
 
43. A emenda então apresentada não pôde ser aceita. Revelava, primeiramente, 
incompreensão do espírito institucional tantas vezes salientado nesses 
empreendimentos. Repetia ainda um conceito prévio e básico já formulado, qual 
seja, o de empregado. 
 
44. O que os objetantes não alcançaram foi o deliberado propósito de se 
reconhecer a correspondência e equivalência entre a "relação de emprego" e o 
"contrato individual do trabalho", para os efeitos da legislação social, 
correspondência essa que a escola contratualista italiana nega, exigindo a 
expressa pactuação. 
 
45. Na concepção do projeto, admitido, como fundamento de contrato, o acordo 
tácito, é lógico que a "relação de emprego" constitui o ato jurídico suficiente para 
provocar a objetivação das medidas tutelares que se contêm no direito do trabalho 
em vigor. 
 
46. O conceito firmado na Consolidação é tanto mais justo e relevante quanto é o 
que se evidencia em face de contratos formalmente nulos ou substancialmente 
contrários à ordem pública dos preceitos da legislação de proteção ao trabalho. 
 
47. Embora seja plenamente positivo o texto da Consolidação, diante de dúvidas, 
propostas, urge repetir que o projeto não feriu nenhum direito, garantindo até 
simples expectativas de direito, uma vez que todos os empregados bancários 
admitidos até a data da vigência do decreto-lei que aprovar a Consolidação terão 
assegurada a estabilidade em dois anos, nos termos do art. 15 do mesmo Decreto 
nº 24.615, de 9 de julho de 1934. 
 
48. O que não poderia ser admitido, em uma Consolidação que se propõe a 
sistematizar os princípios do nosso Direito Social, era a persistência de um 
singular privilégio para uma categoria de trabalhadores, quando o prestígio das 
instituições públicas exige exatamente uma igualdade de tratamento para 
situações sociais idênticas. 
 
49. Fosse uma medida de proteção especial correlata de peculiares condições de 
trabalho, e não teria havido a menor dúvida em se manter tal regime, conforme 
aliás procedeu a Comissão, conservando do estatuto profissional dos bancários 
todos os preceitos que lhes fossem favoráveis e suprimindo os que não se 
equiparassem às disposições gerais de proteção à duração de trabalho, tais como 
os que legitimavam a prorrogação a horas suplementares independentemente de 
pagamento extraordinário. 
 
50. Houve, portanto, estrita justiça. 
 
51. Conforme ficou esclarecido, inicialmente, a redação final que tenho a subida 
honra de apresentar a Vossa Excelência foi precedida de um meticuloso exame de 
todas as sugestões apresentadas, não constituindo menor contribuição a que cada 
um dos membros da Comissão procurou fazer, corrigindo e completando o 
anteprojeto. 
 
52. Na revisão realizada, a Comissão assumiu uma posição censora de sua 
própria obra, promovendo conseqüentemente o aprimoramento do respectivo teor. 
 
53. Na introdução, aperfeiçoou a redação dos artigos; inseriu a definição de 
empregador, que integra o conceito definitivo da relação de emprego, 
acompanhando-a da noção legal de empregadora única dada pela Lei nº 435, de 
17 de maio de 1937; removeu, outrossim, para o Capítulo pertinente, a declaração 
da igualdade de salário portrabalho do mesmo valor sem distinção de sexo. Foi, 
por outro lado, suprimida a afirmação concernente à proibição da renúncia de 
direitos, que entendeu a Comissão ser elementar do princípio de ordem pública, 
mediante o qual são nulos os atos praticados no intuito de excluir a eficácia da 
legislação social. 
 
54. O Título das normas institucionais foi reconstituído em dois outros, para mais 
fácil apresentação dos preceitos nele contidos. 
 
55. O Capítulo sobre a identificação profissional e os registros de empregados foi 
melhorando na nomenclatura, na redação e na disposição das Seções. 
 
56. Sofreu alteração o texto que reproduziu o parágrafo único do art. 18 do 
Decreto nº 22.035, de 29 de outubro de 1932, eliminando-se agora da carteira 
profissional a averbação de notas desabonadoras, as quais, somente, quando 
resultarem de sentença transitada em julgado, serão inscritas no prontuário do 
portador da carteira. 
 
57. Ligeiros retoques foram dados ao Capítulo sobre a duração geral do trabalho. 
 
58. Considerou-se de justiça equiparar o regime de trabalho dos operadores das 
empresas de serviços telefônicos aos das que exploram serviços de telegrafia, 
radiotelegrafia e radiotelefonia, cujas condições de fadiga são idênticas. 
 
59. A duração do trabalho nos serviços ferroviários foi reexaminada de acordo 
com sugestões do Sindicato dos Empregados Ferroviários do Rio de Janeiro, e 
das empresas responsáveis por esses serviços, principalmente a Companhia 
Paulista de Estradas de Ferro, cuja cooperação inteligente favoreceu a 
racionalização imprimida ao projeto, com a supressão, pela qual se batia a 
Comissão, do confuso e prejudicial sistema de ciclos de 96 horas em 14 dias, com 
duração máxima diária de 16 horas, do citado Decreto nº 279, de graves 
conseqüências para a saúde dos ferroviários. 
 
60. As disposições destinadas à regulamentação das condições de trabalho nos 
serviços de estiva mereceram igual reexame, atendidas, em harmonia, as 
sugestões da Comissão de Marinha Mercante, do Sindicato dos Estivadores do 
Rio de Janeiro e do Sindicato dos Trabalhadores em Estiva de Minérios desta 
Capital. 
 
61. Houve também a preocupação de atender tanto quanto possível à 
equiparação, pleiteada pelo Sindicato dos Operários nos Serviços Portuários de 
Santos, entre os serviços de estiva e os de capatazias, que realmente funcionam 
em necessária coordenação. 
 
62. Uma lacuna estava a exigir, há longa data, fosse coberta na nossa legislação. 
Recomendado, reiteradas vezes, pelo Presidente da República, diante da 
insuficiência da lei geral, não se ultimara, entretanto, até o presente, o projetado 
Decreto-lei especial amparando as condições de trabalho em minas de subsolo. 
Coligindo os dados apurados pelo Departamento Nacional do Trabalho, depois de 
sucessivas e conclusivas investigações locais, foi constituída uma Seção 
prevendo as reduções do horário nos trabalhos em minas subterrâneas, trabalhos 
esses árduos e particularmente ruinosos para a vida dos respectivos operários. 
 
63. Na Seção em que se regula o exercício da profissão de químico, foi adotada a 
indicação da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, no sentido de 
ficarem declinados os tipos de indústrias em que se torna obrigatória a admissão 
de um químico. De acordo com a sugestão e segundo o critério do Instituto 
Nacional de Tecnologia deste Ministério, ficou resolvida essa questão e 
homologada a orientação prática deste Ministério. 
 
64. O Capítulo da Nacionalização do Trabalho recebeu pequenas emendas de 
redação, tendo sido suprimido o dispositivo do anteprojeto relativo aos cargos de 
chefia. Reconsiderando a matéria, verificou a Comissão que o problema, que 
suscitava a emenda aditiva ao anteprojeto, encontrava solução no próprio texto 
legal quando este disciplina que os ocupantes de funções técnicas somente 
ficarão à margem da proporcionalidade na falta de trabalhadores nacionais 
especializadas. Sem gerar confusões que não haviam sido, aliás, pretendidas pelo 
preceito ora suprimido, o qual não continha qualquer restrição à desejada 
colaboração de iniciativas e de capitais estrangeiros, restará sempre no dispositivo 
acima referido o remédio para o governo proporcionar garantias às elites de 
técnicos nacionais. 
 
65. O regime de Higiene e Segurança do Trabalho, pela revisão efetuada, adquiriu 
maior eficácia, por força da explícita declaração que constitui formalidade 
longamente seguida, da exigência de prévia verificação e aprovação das 
instalações dos estabelecimentos industriais para o respectivo funcionamento. 
 
66. Estabeleceu-se, igualmente, a obrigatoriedade do uso, pelos empregados, dos 
equipamentos de defesa pessoal fornecidos pelos empregadores e aprovados 
pelas autoridades de Higiene do Trabalho. 
 
67. Quanto aos Capítulos da proteção ao trabalho das mulheres e dos menores, 
as correções limitaram-se a erros de impressão, tendo sido, por outro lado, 
restabelecido o preceito inscrito no parágrafo único do art. 16 do antigo Decreto nº 
22.042, de 3 de novembro de 1932, que, pela referência feita no §39 do art. 16 do 
Decreto-lei n. 3.616, de 13 de setembro de 1941, é intuitivo concluir fora omitido, 
involuntariamente, neste último diploma legal. 
 
68. Os deveres impostos aos empregadores para o efeito da habilitação 
profissional dos respectivos empregados menores e consubstanciados no 
Decreto-lei n. 4.481, de 16 de julho de 1942, corporificando normas de tutela 
dessa classe de empregados, cujo trabalho tem de ser orientado pelo alto escopo 
da educação técnica, passaram a integrar a Seção correspondente do Capítulo 
versando esse regime especial. 
 
69. É oportuno salientar que a legislação social, universalmente, vem atribuindo 
um remarcado desvelo pelas condições de trabalho dos menores. 
 
70. Em consonância com as convenções internacionais e as recomendações de 
congressos, e mesmo a estas se antecipando, o Brasil, pela pessoal inspiração de 
Vossa Excelência, vem realizando, através deste Ministério, uma salutar ação 
pública de preservação da juventude que trabalha. 
 
71. O prosseguimento dessa política especializada é um imperativo e pareceu à 
Comissão dever ser assim ponderado na revisão, a que se procede, do Código de 
Menores, pois os seus preceitos atinentes ao trabalho foram totalmente 
melhorados e anexados à nossa legislação trabalhista, cujo Decreto-lei n. 3.616, 
consolidado agora, consagra a melhor solução de articulação e distinção entre a 
competência dos magistrados de menores e a das autoridades de trabalho, 
conferindo àqueles a plenitude das funções morais, jurisdicionais e supletivas do 
pátrio poder, que lhes são eminentemente reservados, e atribuindo às autoridades 
deste Ministério a efetivação do regime de proteção ao trabalho. 
 
72. O Título em que se compendiam as regras constitutivas do contrato individual 
de trabalho careceu apenas de pequenas especificações do pensamento já 
expresso, acrescentando-se-lhes, entretanto, as normas pertinentes aos contratos 
de artistas teatrais e congêneres, oriundos da celebrada Lei Getúlio Vargas, cuja 
atualização vinha sendo ultimamente promovida por uma Comissão 
lnterministerial, da qual provieram os artigos de lei aditados ao presente projeto. 
 
73. Estatuiu a Consolidação que aos trabalhadores rurais se aplicam as regras 
básicas do contrato individual do trabalho, inclusive o aviso prévio, não lhes 
atingindo, porém, o regime de garantias em caso de rescisão, a que não tenham 
dado motivo, nem o instituto da estabilidade. A essa conclusão chegou a 
Comissão, em voto preponderante, sob a alegação de serem imprescindíveis 
maiores esclarecimentos das exatas condições das classes rurais, inibidas, no 
momento, por falta de lei, da representação sindical dos respectivos interesses. 
 
74. Em seu relatório, manifesta a Comissão, conseqüentemente e em princípio,a 
sua restrição quanto ao projeto do Código Rural, publicado no Diário Oficial de 16 
de janeiro último, na parte referente ao Contrato de Trabalho, objeto preciso desta 
Consolidação e não de um Código em que, com exclusividade, deveriam ser 
tratados os problemas relativos à produção na agricultura e em atividades 
conexas. 
 
75. A revisão dos artigos compreendidos no Título da Organização Sindical 
ofereceu oportunidade para pequenas adaptações, sem afetar o sistema. 
 
76. Procedeu-se à consolidação do Decreto-lei n. 5.242, de 11 de fevereiro de 
1943, que dispôs sobre a exigência da sindicalização para o exercício da função 
de representação social em órgão oficial bem como para o gozo de favores ou 
isenções tributárias. 
 
77. Suprimiu-se a emenda constante do anteprojeto tendente à instituição do 
regime de tomada de contas dos sindicatos. A eficiência do sistema de controle 
contábil do patrimônio das entidades sindicais e o regime de recolhimento do 
imposto sindical, posteriormente criados pela Portaria Ministerial n. 884, de 5 de 
dezembro de 1942, veio indicar ser prescindível esse processo de tomada de 
contas, que poderia determinar a burocratização desses órgãos de classe, por 
todos os títulos evitável, a fim de se conservar a espontaneidade e originalidade 
do regime sindical. 
 
78. A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo propôs e foram aceitos os 
aumentos, de um para sete, do número máximo de membros da diretoria das 
entidades de grau superior, e de Cr$ 20,00 para Cr$ 30,00, a importância mínima 
correspondente ao imposto sindical de empregadores. 
 
79. A Comissão de Enquadramento Sindical, dado o crescente desenvolvimento 
de sua atividade, teve a respectiva composição ampliada, incluindo um 
representante do Ministério da Agricultura na previsão da próxima sindicalização 
das classes rurais. 
 
80. Ligeiros reparos foram feitos ao Capítulo do Imposto Sindical, na base do 
regime estabelecido pelo Decreto-lei n. 4.298, de 14 de maio de 1942, 
introduzindo-se apenas um artigo destinado a facultar a ação executiva, com os 
privilégios da Fazenda Pública, excluído o foro próprio, para a cobrança do 
imposto sindical, quando houver débito certificado pela autoridade competente 
deste Ministério. 
 
81. Finalmente, quanto à Justiça do Trabalho, deliberou-se a exclusão de toda a 
parte consistente em regimento dos órgãos e serviços, bem como dos assuntos 
referentes à administração dos seguros sociais. 
 
82. O julgamento dos agravos foi elevado ao seu verdadeiro nível, que é o da 
instância superior, necessário à adequada conceituação desses recursos e à 
jurídica apreciação da respectiva substância. Apurou-se, outrossim, a definição do 
Prejulgado, estabelecendo-se a forma do seu processamento e os efeitos que 
gera. 
 
83. Tais, em rápida resenha, as principais modificações operadas no anteprojeto 
publicado. De todas essas alterações deflui um único pensamento - o de ajustar, 
mais e mais, a obra constituída às diretrizes da Política Social do Governo, fixadas 
de maneira tão ampla e coerente no magnífico quadro das disposições legais que 
acabam de ser recapituladas. 
 
84. Ao pedir a atenção de Vossa Excelência para essa notável obra de construção 
jurídica, afirmo, com profunda convicção e de um modo geral, que, nesta hora 
dramática que o mundo sofre, a Consolidação constitui um marco venerável na 
história de nossa civilização, demonstra a vocação brasileira pelo direito e, na 
escureza que envolve a humanidade, representa a expressão de uma luz que não 
se apagou. 
 
Apresento a Vossa Excelência os protestos do meu mais profundo respeito. 
 
Rio de Janeiro, 19 de abril de 1943. 
 
Alexandre Marcondes Filho 
 
 
 
 
Art. 2º 
 
Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os 
riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de 
serviços. 
 
§1º Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da relação de 
emprego, os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as associações 
recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos que admitirem trabalhadores 
como empregados. 
 
§2º Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, 
personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração 
de outra, constituindo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade 
econômica, serão, para os efeitos da relação de emprego, solidariamente 
responsáveis a empresa principal e cada uma das subordinadas. 
 
O conceito de "empregador" é, certamente, dos mais controvertidos entre os 
doutrinadores, eis que a Consolidação das Leis do Trabalho alude como sendo o 
dador de serviço "a empresa, individual ou coletiva,..." Em verdade cremos que o 
legislador pretendeu dizer "pessoa física ou jurídica" e, completamos, de direito 
público ou privado. O Estado, em todos seus níveis (União, Estados membros da 
Federação ou Município), assim como as empresas controladas por este, em 
princípio não deveriam ter empregados, mas apenas "funcionário públicos" 
(estatutários), regidos pelas regras de Direito Administrativo. 
 
Este entendimento do empregador como sendo pessoa de direito privado é 
reiterado pela Constituição Federal de 8 de outubro de 1988, quando esta indica 
entre suas linhas mestras: 
 
Art. 173 - Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta 
de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos 
imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo conforme 
definidos em lei. 
 
§1º - A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de 
economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de 
produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços, dispondo 
sobre: 
 
I - sua função social e formas de fiscalização pelo Estado e pela sociedade; 
 
II - a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto 
aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários; (parágrafo e 
alíneas I e II acrescidas pela Emenda Constitucional 19/98, DOU 05.06.1998). 
 
Embora o empregador seja um só, aquele que se beneficia dos serviços e os 
remunera, a legislação estabeleceu uma série de responsabilidades solidárias (e, 
às vezes, sucessivas). É o caso da situação prevista na Súmula nº 205 do Tribunal 
Superior do Trabalho. 
 
O conceito em questão, por vezes também se espraia até outras empresas (que 
não a empregadora direta) para dar esta solidariedade apontada pela Súmula nº 
205 e, ainda, provocar uma abrangência na qualificação de certos empregados, 
em razão da qualidade do empregado. Exemplo bem clássico disto se pode ver no 
Enunciado nº 239, Também do TST: 
 
Bancário. Empregado de empresa de processamento de dados. É bancário o 
empregado de empresa de processamento de dados que presta serviço a banco 
integrante do mesmo grupo econômico. (RA 15/85, DJU 09.12.1985, mantido pela 
Resolução nº 121). 
 
I - A contratação de trabalhadores por empresa interposta é ilegal, formando-se o 
vínculo diretamente com o tomador dos serviços, salvo no caso de trabalho 
temporário (Lei nº 6.019, de 03.01.74). 
 
II - A contratação irregular de trabalhador, através de empresa interposta, não 
gera vínculo de emprego com os órgãos da Administração Pública Direta, Indireta 
ou Fundacional (Art. 37, II, da Constituição da República). 
 
III - Não forma vínculo de emprego com o tomador a contratação de serviços de 
vigilância (Lei nº 7.102, de 20.06.83), de conservação e limpeza, bem como a de 
serviços especializados ligados à atividade-meio do tomador, desde que 
inexistente a pessoalidade e a subordinação direta. 
 
IV - O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do empregador, 
implica a responsabilidade subsidiária do tomadordos serviços quanto àquelas 
obrigações, desde que este tenha participado da relação processual e conste 
também do título executivo judicial. (RA 23/93 - DJU 21.12.93). 
 
TST, Súmula nº 331 
 
* Vide: CLT, art. 455. 
 
* Lei nº 2.757: Dispõe sobre a situação dos empregados, porteiros, zeladores, 
faxineiros e serventes de prédios de apartamentos residenciais. 
 
(...) 
 
Art. 3º - Os condôminos responderão, proporcionalmente, pelas obrigações 
previstas nas leis trabalhistas, inclusive as judiciais e extrajudiciais. 
 
* Lei nº 5.889: Estatui normas reguladoras do trabalho rural e dá outras 
providências 
 
(...) 
 
Art. 3º - Considera-se empregador rural, para os efeitos desta Lei, a pessoa física 
ou jurídica, proprietária ou não, que explore atividade agroeconômica, em caráter 
permanente ou temporário, diretamente ou através de prepostos e com auxílio de 
empregados. 
 
§1º - Inclui-se na atividade econômica, referida no caput deste artigo, a exploração 
industrial em estabelecimento agrário não compreendido na Consolidação das 
Leis do Trabalho. 
 
§2º - Sempre que uma ou mais empresas, embora tendo cada uma delas 
personalidade jurídica própria, estiverem sob direção, controle ou administração 
de outra, ou ainda quando, mesmo guardando cada uma sua autonomia, integrem 
grupo econômico ou financeiro rural, serão responsáveis solidariamente nas 
obrigações decorrentes da relação de emprego. 
 
* Lei 6.019 - Trabalho temporário. 
 
(...) 
 
Art. 4º - Compreende-se como empresa de trabalho temporário a pessoa física ou 
jurídica urbana, cuja atividade consiste em colocar à disposição de outras 
empresas, temporariamente, trabalhadores, devidamente qualificados, por elas 
remunerados e assistidos. 
 
* Decreto nº 71.885. Empregado doméstico. 
 
(...) 
 
Art. 3º - Para os fins constantes da Lei nº 5.859, de 11 de dezembro de 1972, 
considera-se: 
 
(...) 
 
II - Empregador doméstico a pessoa ou família que admita a seu serviço 
empregado doméstico. 
 
Enfrentando o texto do §2º, foi editada uma lei que verdadeiramente revolucionou 
o Direito do Trabalho (ou dele se afastando radicalmente), consagrando o trabalho 
voluntário (gratuito, expressamente sem relação de emprego): 
 
LEI Nº 9.608, DE 18 DE FEVEREIRO DE 1998 (DOU 19.02.1998) 
 
A doutrina é unânime a fazer críticas ao conceito de empregador que é dado pela 
Consolidação das Leis do Trabalho neste artigo 2º, sendo que são pertinentes as 
assertivas de Eduardo Gabriel Saad (CLT Comentada, São Paulo, LTr Editora, 32ª 
ed., pág. 25): 
 
"Diz, o artigo em epígrafe, que o empregador é a empresa. Tais palavras nos 
autorizam a concluir que, no pensar do legislador, empregador e empresa são 
palavras sinônimas. É a empresa uma realidade sociológica e econômica, que, no 
dizer de muitos estudiosos, vem a ser uma atividade organizada em que 
elementos humanos (chefes, técnicos e subordinados), materiais (construções, 
equipamentos, máquinas, matérias-primas, etc.) e capital se combinam 
harmoniosamente para que haja a produção ou circulação de bens, de prestação 
de serviços com ou sem valor econômico. Esta concepção de empresa nos leva à 
conclusão de ser ela objeto e não sujeito de relações jurídicas regidas pelos 
Direitos Civil, Comercial e do Trabalho ou o local em que essas mesmas relações 
se desenvolvem. Deste modo, se a empresa é objeto e não sujeito de direito, não 
pode, evidentemente, ser o empregador, o qual tem de ser sempre uma pessoa 
física ou jurídica. Não é por outro motivo que juristas do porte de Sílvio Marcondes 
("Problemas de Direito Mercantil", pág. 164) chegam a afirmar que, no substrato 
econômico da empresa, inexistem componentes jurídicos capazes de guindá-Ia a 
uma categoria jurídica. 
 
É fora de dúvida que a empresa, como instituição, não adquiriu ainda 
personalidade jurídica própria (Chacon-Botija, "Manual de Derecho del Trabajo", 
12ª ed., 1979, I tomo, pág. 199). Acreditamos, porém, que o conceito de empresa 
tende a transformar-se, em futuro próximo, para sair do puro contrato de 
arrendamento de serviços e aproximar-se do contrato de sociedade (Chacon-
Botija, ob. cit., mesmo tomo, pág. 199). Estamos, portanto, na crença de que a 
institucionalização da empresa, segundo o pensamento de Hauriou, será o estágio 
do seu processo evolutivo que há de seguir ao atual, quando a comunhão de 
esforços dos elementos humanos reunidos nesse mesmo local, que é a empresa, 
terá, por objetivo principal, a satisfação de necessidades corporais, intelectuais e 
espirituais de todos os membros da comunidade. É esta satisfação de 
necessidade a "idéia de obra ou de empresa" a realizar". 
 
Outra discussão que usualmente é trazida à baila é a de que "estabelecimento" e 
"empresa" não são sinônimos, embora no linguajar quotidiano e não técnico, 
sejam usados indistintamente. 
 
Os profissionais liberais que têm empregados - embora não possam ser 
classificados como "empresa", certamente são empregadores, em tudo sujeitos à 
legislação trabalhista. Neste ponto o legislador (de 1943) estava pensando em 
profissionais liberais quase como sinônimo de "portador de diploma universitário", 
como os advogados e médicos (pessoas físicas) em seus escritórios ou 
consultórios (mas não aqueles dos grandes escritórios com personalidade jurídica 
própria ou hospitais). 
 
Também não há sentido para que se possa excluir das relações de emprego as 
entidades filantrópicas e outras sem fins lucrativos (como algumas ONGs). Impõe-
se a aplicação plena das leis do trabalho, salvo algumas normas especiais para o 
trabalho voluntário. Um bom enquadramento dessa situação que surgiu nos fins 
do século XX é delineada na seguinte ementa: 
 
Trabalho voluntário - Segundo o escol de Maurício Godinho Delgado "... 
Emergindo dos dados da situação concreta consistente justificativa para se inferir 
o ânimo benevolente que presidiu a vinculação estabelecida, não há como deixar-
se de concluir pela presença do elemento de gratuidade na relação sociojurídica, 
configurando o clássico trabalho voluntário.". Em se tratando de fundador de 
instituição sem fins lucrativos, declarada de utilidade pública, nos termos de Lei 
Municipal, não é empregado o voluntário que ministra cursos auxiliares abrangidos 
no objeto social de resgate da cidadania e do direitos dos homossexuais, sendo 
que eventuais valores auferidos com o curso estão vinculados, por força do 
estatuto, à manutenção da instituição e suas atividades." 
 
TRT da 9ª Região (Paraná), Proc. 51371-2003-513-09-00-9, (00158-2004), Rel.: 
Juíza Sueli Gil El Rafihi, in DJPR 23.01.2004. 
 
O artigo, derradeiramente, alude o "grupo empresarial", proclamando a 
solidariedade nas empresas por ele englobadas. A lei, é verdade, não define o 
grupo empresarial, mas é de entendimento geral que se refere a empresas 
controladas, umas pelas outras ou associadas nas finalidades, composição e 
lucros. 
 
Embora a longa transcrição, devemos citar Carlos Alberto Begalles, quando 
escreveu sobre o "Grupo econômico e enunciado nº 205 do TST" (in Síntese 
Trabalhista nº 152, fevereiro de2.002, pág. 47), quando alude especificamente 
esta manifestação do Tribunal Superior do Trabalho: 
 
"Entendemos que existindo um grupo econômico, qualquer uma das empresas 
poderá ser acionada no processo de execução, mesmo que não tenha participado 
do processo de conhecimento." 
 
A CLT, em seu art. 2º, §2º, dispõe que "Sempre que uma ou mais empresas, 
tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a 
direção, controle ou administração de outra, constituindo grupo industrial, 
comercial ou de qualquer outra atividade econômica, serão, para os efeitos da 
relação de emprego, solidariamente responsáveis a empresa principal e cada uma 
das subordinadas". 
 
Este artigo dispõe que a responsabilidade fixada por lei entre os integrantes do 
grupo ésolidária, o que significa dizer que o empregado pode exigir de todos os 
componentes ou de qualquer deles o pagamento por inteiro da dívida, mesmo que 
tenha trabalhado para apenas uma das pessoas jurídicas que compõem o grupo. 
 
A pergunta que tentaremos responder neste trabalho é a seguinte: Se a 
responsabilidade solidária disposta no art. 2º, §2º, da CLT está adstrita a ser 
reconhecida no processo de conhecimento, sob pena de preclusão, ou pode, 
também, ser acatada no processo de execução? 
 
Comumente, vemos execuções trabalhistas serem suspensas pelo fato de que o 
exeqüente não consegue encontrar bens passíveis de penhora pertencentes ao 
sujeito passivo da ação trabalhista. Posteriormente, descobre que há outras 
empresas que compõem o mesmo grupo econômico e pede a penhora sobre os 
bens das empresas encontradas. Todavia, o Poder Judiciário Trabalhista, 
tomando por alicerce o En. 205 do TST, indefere o pedido do exeqüente, sob a 
alegação de que a nova empresa não participou do processo de conhecimento. 
 
A jurisprudência do TST e a doutrina majoritária entendem que somente se a 
empresa do grupo participou do processo de conhecimento pode ser chamada no 
processo de execução. 
 
Preceitua o En. 205 do TST: "O responsável solidário, integrante do grupo 
econômico, que não participou da relação processual como reclamado, e que, 
portanto, não consta no título executivo judicial como devedor, não pode ser 
sujeito passivo da execução". 
 
Por sua vez, o ilustre professor paranaense MANOEL ANTÔNIO TEIXEIRA FILHO 
opina que, "Tratando-se de grupo econômico (CLT, art. 2º, §2º), a execução, 
mesmo assim, somente poderá ser promovida em relação àquelas empresas que 
participaram do processo de conhecimento. Ao escrevermos sobre o assunto, em 
outra obra, já alertávamos para o fato de ser censurável a praxe de permitir-se que 
a execução seja promovida contra quem não esteve presente no processo 
cognitivo, a pretexto de pertencer ao mesmo grupo econômico, pois isso envolve 
ofensa barbárica a princípios medulares do devido processo legal". 
 
Com o mesmo entendimento temos JOSÉ AUGUSTO RODRIGUES PINTO e 
SÉRGIO PINTO MARTINS. 
 
Não concordamos com o En. 205 do TST e também com as afirmações dos 
ilustres professores, pelos seguintes motivos: 
 
a) A CLT (art. 2º, §2º), quando trata do grupo econômico, não limita a 
responsabilidade solidária à participação das empresas no processo de 
conhecimento; 
 
b) Nem sempre o sujeito passivo do título executivo é o responsável pelo débito; 
 
c) A inclusão de várias empresas no processo de conhecimento prejudica o 
princípio da celeridade processual; 
 
d) Na sua grande maioria, a insuficiência de bens da única empresa demandada 
no processo de conhecimento, surge quando da execução; 
 
e) Quando da penhora de bens de uma empresa do grupo econômico que não 
participou do processo de conhecimento, a mesma poderá discutir a sua 
legitimidade (como componente do grupo), não havendo cerceamento de direito 
de defesa; 
 
f) Além disso, como preceitua AMÉRICO PLÁ RODRIGUEZ, quando uma norma 
permitir diversas interpretações, deveremos adotar a mais favorável ao 
empregado (princípio do in dubio pro operario). 
 
Não há embasamento legal para a subsistência do En. 205 do TST, tendo em 
vista que a CLT preceitua com todas as letras que "Sempre que uma ou mais 
empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica própria, 
estiverem sob a direção, controle ou administração de outra, constituindo grupo 
industrial, comercial ou de qualquer outra atividade econômica, serão, para os 
efeitos da relação de emprego, solidariamente responsáveis a empresa principal e 
cada uma das subordinadas (art. 2º, §2º da CLT)". O parágrafo não fala que 
somente existirá a solidariedade caso a empresa a ser chamada como solidária 
tenha participado da relação processual como reclamada no processo de 
conhecimento. 
 
Para o jurista mineiro CÉSAR PEREIRA DA SILVA MACHADO JÚNIOR não há 
dispositivo legal na CLT que impeça o reconhecido grupo econômico no processo 
de execução, vejamos: 
 
"Portanto, inicialmente, temos que deve ser considerada como verdadeira 
empregadora - como verdadeiro sujeito da relação empregatícia - a empresa, que 
deve ser responsabilizada pelo adimplemento da obrigação constante do título 
executivo. E o conceito jurídico de empresa, que se assenta num conceito 
econômico, como menciona RUBENS REQUIÃO, 'se firma na idéia de que é ela o 
exercício de atividade produtiva'. Não vemos, diante desses argumentos, qualquer 
diferenciação lógica entre as hipóteses de sucessão de empresa e a existência do 
grupo econômico, já que em ambas as situações a empresa não constante do 
título executivo responderá pela obrigação, eis que a noção de empresa, como 
exercício de atividade produtiva, norteará ambas as soluções judiciais. 
 
(...) 
 
Estipulando a lei a responsabilidade solidária de todas as empresas integrantes do 
grupo econômico, para os efeitos da relação de emprego, nada impede de lermos 
tal regra constante do art. 2º, §2º, da CLT como dirigida, também, ao processo de 
execução, já que aqui, igualmente, a execução estará sendo direcionada contra a 
empresa, considerada como o exercício da atividade econômica." 
 
Pela excelência da exposição, merecem ser reproduzidas inúmeras afirmativas de 
Maria Cecília de Andrade Santos quando escreveu sobre "Grupos de empresas e 
o direito do trabalho - Análise perante o ordenamento jurídico brasileiro" (in 
Síntese Trabalhista nº 122, agosto de 1999, pág. 36): 
 
Para a doutrina brasileira, em quase toda a sua unanimidade, os únicos tipos de 
grupos que interessariam seriam as holding companies e os consórcios, pois 
apenas nestes dois tipos de "combinações econômicas" estariam presentes os 
requisitos indicados pela lei, quais sejam, a pluralidade de empresas (pelo menos 
duas), autonomia das empresas, personalidade jurídica própria, e situação de 
subordinação em relação à controladora. Ocorre que os conceitos de consórcio, e 
de holding são quase sempre utilizados de forma nebulosa, sem qualquer precisão 
técnica, e que dificultam a compreensão do que constituem os grupos de 
empresas para o Direito do Trabalho. Inquestionável que para esta disciplina é 
irrelevante a nomenclatura utilizada, devendo estar-se atento apenas à realidade. 
No entanto, ao utilizarmos conceitos técnicos inadequados, estaríamos a restringir 
o campo da aplicação da norma, o que efetivamente não se pretende. 
 
Em primeiro lugar, é preciso que se distinga entre grupos de sociedades e de 
empresas, holdings, consórcios para que se possa compreender o alcance do §2º 
do art. 2º da CLT. Na elaboração do presente relatório foi feita a opção pela 
expressão "grupo de empresas", ao invés de "grupo de sociedades", isto porque o 
último possui um significado técnico específico, referindo-se exclusivamente 
àquele tipo de agrupamento definido nos arts. 265/277 da Lei das S/A. Com efeito, 
"a designação 'grupos de empresas' é mais ampla que 'grupos de sociedades': há 
empresas não societárias em grupo. Por outro lado, nos grupos de sociedades 
pode haver uma ou mais sociedades sem empresas propriamente ditas: é o caso 
das sociedades holding (gestoras, tão-só, de participações sociais)". Em relação 
às holding companies, observe-se que a holding em si mesma é apenas uma 
forma de organização da sociedade, através da qual a sociedade-mãe do grupo 
pode manifestar-se, em que há participação em uma ou mais sociedades, de 
maneira integral (hipótese da subsidiária integral), ou parcial, através da detenção 
de ações de outras sociedades que controlam, e que também participam, ou 
através do domínio de outras sociedades que se reúnem em torno dela. Conclui-
se, portanto, que "a adoção da forma holding ('rectius', SGPS) por uma 
determinada sociedade constitui um forte indício da existênciade um grupo 
societário, já que o seu objeto contratual - constituído como é obrigatoriamente 
pela administração de participações sociais 'como forma indirecta de exercício de 
actividades económicas' (art. 1º, nº 1 do Decreto-lei nº 495/88) - está 
particularmente vocacionado a organizar o exercício de uma direcção económica 
unitária da sociedade sobre as suas participadas". 
 
Quanto ao consórcio, existe hoje uma grande confusão de ordem terminologia. A 
expressão consórcio, largamente utilizada na doutrina brasileira, encontra-se 
maltraduzida e ensejadora de graves equívocos, pois não corresponde ao grupo 
de empresas em que existe um controle único. O termo técnico consórcio na 
realidade, aplica-se à forma de associação de empresas prevista no art. 278, da 
Lei das S/A (Lei nº 6.404/76), e consiste em um "instrumento de cooperação 
interempresarial pelo qual duas ou mais pessoas singulares ou coletivas, que 
exercem uma atividade econômica, se vinculam entre si a realizar 
concertadamente determinada atividade tendo em vista um objetivo legal". Com 
efeito, apesar das empresas componentes de tal forma de união manterem a sua 
autonomia e personalidade jurídica própria, não podem ser consideradas como um 
grupo de empresas, pois o consórcio é desprovido de personalidade jurídica, e de 
duração limitada à realização do empreendimento visado. Está sujeito ainda a 
regras próprias de organização (art. 279, Lei das S/A), que dentre outras exige 
que estejam definidas no seu estatuto a definição das obrigações, 
responsabilidades, e prestações de cada associada, e ainda uma forma de 
deliberação sobre os assuntos de interesse comum, com o número de votos a que 
tem direito cada associada. Ora, essas são típicas características de grupo onde 
existe coordenação, jamais controle ou subordinação, estando inexistente 
portanto, requisito essencial para o seu enquadramento no art. 2º, §2º, da CLT. 
ENGRÁCIA ANTUNES ressalta ainda que "é completamente diverso o alcance 
económico-organizatório das duas figuras. Ao passo que o grupo implica, por 
definição, a criação de uma estrutura empresarial unitária, de carácter duradouro e 
permanente, apoiada numa direcção centralizada que coordena e dirige de modo 
tendencialmente global a actividade económica das várias sociedades agrupadas, 
o consórcio traduz apenas uma simples associação pontual entre empresas 
autónomas, com um mero objectivo de cooperação, em regra temporária e 
limitada, de resto, a áreas muito concretas da actividade económica das empresas 
envolvidas". Por último, ressalte-se que o §1º do art. 278, da Lei das S/A afasta a 
possibilidade de presunção de solidariedade entre as empresas integrantes. 
 
E a que tipo de grupo estaria se referindo o art. 2º, §2º, da CLT? A qualquer tipo 
de associação empresarial em que estivessem presentes os requisitos 
enumerados na norma, ou seja, àquele agrupamento, onde as empresas que o 
compõem, embora detenham personalidade jurídica autônoma e distinta, 
encontram-se submetidas a uma unidade de controle. Evidente que as holding 
companies podem vir a se enquadrar na descrição da norma consolidada, mas 
jamais o consórcio, pois ausente o requisito subordinação. Apesar da 
conseqüência jurídica, qual seja, a questão da responsabilidade solidária não 
diferir, resulta claro que se tratam de espécies de associações empresariais 
diversas, não podendo por conseguinte ser o seu conceito estendido da forma 
despreocupada como vem sendo feito'. 
 
Jurisprudência: 
 
Petrobrás e Petrofértil. Grupo econômico. Responsabilidade solidária - A detenção 
de patrimônio suficiente para suportar eventual condenação não é elemento que 
exclua a responsabilidade solidária, quando configurado grupo econômico (CLT, 
art. 2º, §2º). Recurso de revista provido, no particular. Tribunal Superior do 
Trabalho, RR 369680, 2ª T., DJU 29.06.2001, pág. 703, Rel.: Min. Conv. Alberto 
Luiz Bresciani Pereira. 
 
Grupo econômico (CLT, art. 2º, §2º). Caracterização. Responsabilidade solidária - 
Desnecessária à caracterização de grupo econômico a existência de empresa-
mãe, quando se busca desvendar o empregador único. Está a doutrina a evoluir 
no sentido de que já a coordenação de empresas basta a tal configuração. A 
distinção de personalidades jurídicas é elemento que integra o instituto concebido 
pelo art. 2º, §2º, da CLT, vendo-se presente o grupo econômico, quando a 
comunhão de sócios e a identidade de objetivos sociais faz potencial a 
interferência de uma empresa nos destinos da outra, aí incluída a gestão dos 
contratos individuais de trabalho que esta titulariza. A incidência da Lei ao caso 
concreto autoriza a condenação solidária das empresas reclamadas. Recurso de 
revista desprovido. Tribunal Superior do Trabalho, RR 412885, 2ª T., DJU 
01.12.2000, pág. 700, Rel.: Min. Conv. Alberto Luiz Bresciani Pereira. 
 
Responsabilidade solidária. Grupo econômico. Caracterização - Comprovada a 
existência de relação de subordinação entre as empresas, a responsabilidade 
solidária pelo pagamento dos créditos deferidos à reclamante decorre da 
aplicação do artigo 2º, §2º, da CLT, pois, configurado o grupo econômico. Tribunal 
Superior do Trabalho, RR 443581, 2ª T., DJU 22.02.2002, Rel.: Min. Conv. Aloysio 
Corrêa da Veiga. 
 
Enquadramento bancário. Grupo econômico. Empresa de processamento de 
dados - Não se conhece do recurso de revista, por força do Enunciado nº 126 do 
TST, quando a prova produzida demonstrou a condição de bancária da 
reclamante, a existência de grupo econômico e a solidariedade entre os 
reclamados, nos termos do art. 2º, §2º, da CLT; e que a empresa de 
processamento de dados se subordinava às diretrizes administrativas e 
financeiras do Banco. Correta a aplicação do Enunciado nº 239 do TST. Recurso 
de revista não conhecido. Tribunal Superior do Trabalho, RR 384958, 2ª T., DJU 
16.11.2001, pág. 509, Rel.: Min. Conv. Aloysio Corrêa da Veiga. 
 
"Franchising". Responsabilidade solidária. Grupo econômico - O contrato mercantil 
de "franchising", de que trata a Lei nº 8955/94, em especial o art. 2º, caracterizado 
entre as empresas-demandadas, autônomas, com personalidades jurídicas 
próprias e diversidade de sócios, impede a caracterização do grupo econômico, e, 
por conseqüência, o reconhecimento da responsabilidade solidária prevista no 
artigo 2º, §2º da CLT. Tribunal Superior do Trabalho, RR 565433, 2ª T., DJU 
22.06.2001, pág. 414, Rel.: Min. Conv. Aloysio Corrêa da Veiga. 
 
Extinção da Interbrás. Inexistência de solidariedade da Petrobrás. Artigo 20 da Lei 
nº 8029/90. A Lei nº 8029/90 foi clara ao atribuir à União a responsabilidade pela 
assunção das obrigações pecuniárias devidas pela empresa dissolvida, no caso, a 
INTERBRÁS, o que abrange os débitos trabalhistas. A norma legal em questão 
reveste-se de interesse público, o que torna insubsistente a invocação do artigo 2º, 
§2º, da CLT como amparo à responsabilidade solidária da PETROBRÁS. Assim, 
quando o legislador transferiu à União a responsabilidade pelas obrigações 
pecuniárias da empresa extinta (INTERBRÁS), desfez-se o grupo econômico com 
a PETROBRÁS. Tribunal Superior do Trabalho, RR 434764, 1ª T., DJU 
23.08.2002, Rel. Min. Conv. Aloysio Corrêa da Veiga. 
 
Grupo econômico. Condenação solidária. Comprovada a existência de relação de 
subordinação entre as empresas, a responsabilidade solidária pelo pagamento 
dos créditos deferidos ao reclamante decorre da aplicação do artigo 2º, §2º, da 
CLT, pois configurado o grupo econômico. Tribunal Superior do Trabalho, RR 
483153, 4ª T., DJU 14.06.2002, Rel.: Min. Conv. Aloysio Corrêa da Veiga. 
 
Processo do trabalho. Recurso. Agravo de instrumento em recurso de revista. 
Recurso de curso obstado, cuja admissibilidade está evidenciada. Violação, em 
tese de norma ordinária. Verificado que o entendimento esposado pelo V. acórdão 
hostilizado vulnera, em tese, preceitode norma ordinária federal, é admissível o 
recurso de revista, com fulcro na alínea "c" do artigo 896 da CLT. Agravo de 
instrumento provido convertido em recurso de revista. Direito do trabalho. Recurso 
de revista. Responsabilidade solidária. Grupo econômico. Presença de sócio 
comum na composição das empresas. Motivo insuficiente para fins do artigo 2º, 
§2º, da CLT - Não caracteriza grupo econômico, para fins da responsabilidade 
solidária do artigo 2º, §2º, da CLT, o simples fato de o sócio gerente de uma 
empresa ser acionista majoritário da outra que compõe o pólo passivo, situação 
que não configura, por si só, o controle, direção ou administração de uma sobre a 
outra, ponto nodal para se constatar a existência de grupo econômico, nos termos 
da norma consolidada em comento. A teor do artigo 896 do CCB, a solidariedade 
não se presume, portanto não cabe ao julgador declará-la se a situação fática 
analisada não está prevista expressamente na Lei. Recurso de revista do 
Reclamado conhecido, em parte, e provido. Recurso de revista adesivo oposto 
nos autos do agravo de instrumento convertido em recurso de revista. 
Possibilidade. Divergência jurisprudencial e violação de normas ordinária e 
constitucional. Debate superado pela iterativa, notória e atual jurisprudência desta 
corte. É possível ao Agravado, no momento próprio de contraminutar e contra-
arrazoar o recurso principal (de revista in casu), recorrer adesivamente. 
Entretanto, não se conhece de recurso de revista se a discussão trazida está 
superada pela iterativa, notória e atual jurisprudência desta Corte. Incidência do 
artigo 896, §4º, da CLT, e Enunciado nº 333 do TST. Recurso adesivo do 
Reclamante não conhecido. Tribunal Superior do Trabalho, RR 779032, 5ª T., DJU 
14.11.2002, Rel.: Min. Conv. Aloysio Santos. 
 
Recurso de revista. Negativa de prestação jurisdicional - Examinados pelo 
acórdão regional, de forma clara, detalhada e específica os temas objeto de 
embargos de declaração fundados em alegada omissão, afasta-se qualquer 
possibilidade de se reconhecer a existência de negativa de prestação jurisdicional, 
de modo a viabilizar o conhecimento do recurso de revista por ofensa à literalidade 
dos preceitos legais e constitucionais invocados pelos recorrentes. Conhecimento. 
Reexame do contexto fático-probatório. Impossibilidade. - À luz do Enunciado nº 
126 do TST, não se conhece de recurso de revista quando o acórdão recorrido 
amparou-se no contexto fático-probatório dos autos para o deferimento das horas 
extras, da gratificação semestral e da equiparação salarial. Responsabilidade 
solidária. Empresa em liquidação extrajudicial - A circunstância de uma empresa 
pertencente ao mesmo grupo econômico encontrar-se em regime de liquidação 
extrajudicial não afasta a responsabilidade solidária de que cogita o artigo 2º, §2º, 
da CLT, ante o disposto nos artigos 10 e 448 do mesmo diploma legal. Embargos 
declaratórios. Multa. Violação de preceitos legais e constitucionais não 
configurada. Revela indiscutível caráter protelatório a interposição de novos 
embargos declaratórios repisando as razões expendidas naqueles opostos 
anteriormente, cuja decisão ressaltara não existir vício formal a ser sanado por 
aquela via. Recurso de revista não conhecido. Tribunal Superior do Trabalho, RR 
614769, 1ª T., DJU 24.08.2001, pág. 783, Rel. Min. Conv. Altino Pedrozo dos 
Santos. 
 
Recurso da Petrobrás. Petrobrás. Impossibilidade de responsabilização pelas 
obrigações contraídas pela extinta Interbrás, sucedida pela União Federal. 
Ilegitimidade passiva ad causam - Por força do artigo 20 da Lei nº 8029/90, a 
União é a única responsável pelos débitos trabalhistas assumidos pela extinta 
Interbrás. A norma legal em questão reveste-se de interesse público, o que torna 
insubsistente a invocação do artigo 2º, §2º, da CLT como amparo à 
responsabilização solidária da Petrobrás. Recurso parcialmente conhecido e 
provido para reconhecer a ilegitimidade passiva ad causam da Petrobrás. Recurso 
da União. Diferenças salariais. IPC de junho de 1987 - URP de fevereiro de 1989. 
Planos Bresser e Verão. Inexistência de direito adquirido - A iterativa, notória e 
atual jurisprudência do TST, vergando-se à interpretação constitucional do STF, 
firmou o entendimento de que não há direito adquirido às diferenças salariais a 
título de IPC de junho de 1987 e de URP de fevereiro de 1989 (Planos Bresser e 
Verão). Inteligência das Orientações Jurisprudenciais nºs 58 e 59 da SBDI-1. 
Recurso de revista parcialmente conhecido e provido. Tribunal Superior do 
Trabalho, RR 363150, 1ª T., DJU 14.12.2001, Rel.: Min. Conv. Altino Pedrozo dos 
Santos. 
 
Grupo econômico. Solidariedade passiva. Legitimidade passiva ad causam - A 
decisão regional que concluiu não deter legitimidade passiva a demandada, 
inobstante tenha reconhecido a existência de grupo econômico, contraria 
frontalmente a inteligência do Enunciado nº 205 do TST, porquanto não seria 
possível executar uma empresa integrante do grupo econômico sem que tivesse 
participado da relação processual e constado do título executivo judicial 
condenatório. Por essa razão, a solidariedade decorrente da lei - art. 2º, §2º, da 
CLT - confere, necessariamente, às empresas do grupo econômico legitimidade 
passiva para integrarem o pólo passivo de uma reclamação trabalhista. Tribunal 
Superior do Trabalho, RR 596225, 5ª T., DJU 09.06.2000, pág. 423, Rel. p/o Ac.: 
Min. Anélia Li Chum. 
 
Recursos ordinários em ação rescisória. Decadência e coisa julgada. O argumento 
de que a irresignação contra o reconhecimento do vínculo de emprego, por sua 
abrangência, importaria automática postergação do termo inicial do prazo de 
decadência, relativamente a outros títulos integrantes da sanção jurídica, mesmo 
que não tenham figurado do recurso, faz tábula rasa do princípio segundo o qual 
cabe à parte imprimir maior ou menor devolutividade ao apelo. Com efeito, se se 
insurge somente contra a caracterização da relação de emprego, não é dado ao 
Tribunal deliberar de ofício sobre os títulos que foram deferidos por terem sido 
pleiteados em cumulação objetiva. À semelhança da defesa presidida pelo 
princípio da eventualidade, é ônus da parte sucumbente identificar os títulos contra 
os quais se rebela sob pena de não o fazendo permitir se precipite a coisa julgada 
material. Assim, não tendo a autora-recorrida veiculado, no recurso de revista, 
irresignação contra o deferimento do IPC de junho/87, o trânsito em julgado da 
decisão rescindenda, referente ao multicitado Plano Econômico, operou-se em 
1991, data em que fora proferida a decisão regional, ao passo que a ação 
rescisória só foi ajuizada em maio de 2000, muito tempo depois de exaurido o 
biênio decadencial. Além desse aspecto, cabe alertar para a circunstância de este 
Tribunal já ter se manifestado favoravelmente sobre a decadência da ação 
rescisória com respeito aos Planos Econômicos, no julgamento do PROC. Nº TST 
ROAR 565191/99.5, no qual litigaram as mesmas partes desta ação, decadência 
que fora explicitamente abordada no acórdão em que foram julgados os embargos 
de declaração então interpostos pela autora. Daí ser incontrastável a coisa julgada 
levantada pelo réu, erigida em pressuposto negativo de válida constituição de 
outro processo em que se apresente a tríplice identidade de parte, causa de pedir 
e pedido. Equiparação salarial. Violação de dispositivos legais. Não-ocorrência - O 
alegado trânsito em julgado da sentença se operou no tópico em que fora 
reconhecido o vínculo de emprego com a CIPESA e excluídas da lide as demais 
reclamadas. Não se configurou absolutamente no que concerne à equiparação, 
pois referência às empresas coligadas e excluídas da lide visara salientar a tese 
da sua inadmissibilidade, tese que fora combatida exitosamente no recurso 
ordinário do réu, quando o Regional o proveu sublinhando a irrelevânciade 
equiparando e paradigma prestarem serviços a empresas distintas, em virtude de 
elas constituírem grupo econômico, deixando subentendido tratar-se de um único 
empregador. Com isso não se vislumbra violação literal dos artigos 5º, inciso 
XXXVI, da Constituição, 467, 468, 470, 505, 512, 515 do CPC , 831 e 836 da CLT. 
É sabido ainda que a ofensa legal justificadora da pretensão rescindente ocorre 
quando o juiz confere ao dispositivo de Lei interpretação manifestamente errônea, 
no sentido de não estar apoiada em argumentação digna de consideração, vício 
indiscernível na decisão rescindenda em razão da razoabilidade da tese de que 
em se tratando de empresas coligadas é possível a equiparação salarial entre 
empregados de cada uma delas, por serem integrantes do mesmo Grupo 
Econômico, considerado o verdadeiro empregador, a teor do artigo 2º, §2º, da 
CLT. A par disso, a questão se é ou não possível a equiparação salarial entre 
empregados de empresas coligadas distintas revela-se extremamente 
controvertida na jurisprudência, conforme demonstrou a própria CIPESA ao 
invocar arestos nos quais fora consagrada tese antagônica, em condições de 
atrair aplicação do Enunciado nº 83 do TST e da Súmula nº 343 do STF. Recurso 
ordinário da autora a que se nega provimento e recurso ordinário do réu a que se 
dá provimento para julgar improcedente a ação rescisória. Tribunal Superior do 
Trabalho, ROAR 803679, SBDI 2, DJU 11.10.2002, Rel.: Min. Antônio José de 
Barros Levenhagen. 
 
Solidariedade - O artigo 20 da Lei nº 8029/90 atribuiu à União Federal a 
responsabilidade pelas obrigações pecuniárias decorrentes da extinção da 
Interbras, até mesmo aquelas oriundas da relação de trabalho. Desse modo, 
apesar do §2º do artigo 2º da CLT dispor sobre a responsabilidade solidária de 
empregadores do mesmo grupo econômico, revela-se incompatível a sua 
aplicação com o art. 20 da Lei nº 8029/90, que prevê expressamente a 
responsabilização da União Federal pelos encargos devidos pela empresa extinta, 
a Interbras. Recurso conhecido e desprovido. Tribunal Superior do Trabalho, RR 
578867, 4ª T., DJU 26.04.2002, Rel.: Min. Antônio José de Barros Levenhagen. 
 
"Preliminar de nulidade da sentença por cerceamento de defesa - Além de o 
recurso achar-se desfundamentado, uma vez que o recorrente não impugna as 
razões pelas quais o Tribunal de origem rejeitara a preliminar de cerceamento de 
defesa, sobreleva a circunstância de ele ter sido interposto à margem do que 
preconiza o Verbete de nº 94 da Orientação Jurisprudencial da SBDI-1. Com 
efeito, depois de enfocar a tese de que o recorrente enquadrava-se efetivamente 
na norma do inciso II, do artigo 62, da CLT, invocando para tanto a Resolução nº 
2025 do BACEN e o artigo 64, da Lei nº 8383/90, cuja impertinência é palmar, 
concluiu com o lacônico pedido de que fosse acolhida a preliminar de nulidade da 
sentença, sem o associar a norma ou normas legais que teriam sido violadas pelo 
acórdão regional. Gerente-geral. Enquadramento no inciso II, do artigo 62, da CLT 
- Não se credenciam ao conhecimento do Tribunal as insinuadas ofensas à 
Resolução do BACEN, por não se equiparar à Lei em sentido estrito, ao artigo 64, 
da Lei nº 8383/90, por falta de prequestionamento do Enunciado nº 297, ou 
mesmo ao artigo 62, inciso II, da CLT, visto que o Regional orientou-se pela tese 
de o gerente bancário achar-se forçosamente sujeito às disposições do Título III, 
da CLT. Essa tese, por sua vez, a par de não ter sido impugnada nas razões da 
revista, as quais por isso mesmo mostram-se desfundamentadas, dilucida a 
inespecificidade dos arestos trazidos à colação a fls. 272/273 à medida que 
nenhum deles a invocou como embasamento da ilação de o gerente-geral de 
agência ser regido pelo artigo 62, da Consolidação. Carência de ação por 
ilegitimidade passiva "ad causam" - É viva a convicção sobre a impertinência das 
normas dos artigos 301, inciso X, e 267, inciso VI, do CPC, uma vez que o 
contexto do acórdão recorrido indica claramente que o Regional deu pela 
integração no salário do recorrido das comissões recebidas de outras empresas, 
porque essas e o recorrente integravam o mesmo grupo econômico, deixando 
subentendida a tese de ser ele o verdadeiro empregador na forma do que dispõe o 
artigo 2º, parágrafo 2º, da CLT. Descontos previdenciários e fiscais - A questão 
encontra-se pacificada pela Orientação Jurisprudencial nº 32 da SDI, segundo a 
qual são devidos os descontos fiscais e previdenciários sobre as parcelas 
trabalhistas deferidas por decisão judicial, nos termos do Provimento nº 01/96 da 
Corregedoria-Geral da Justiça do Trabalho e dos arts. 43 da Lei nº 8212/91 e 46 
da Lei nº 8541/91. Revista conhecida e provida. Horas extras (7º e 8º) - Sendo a 
gratificação de função inferior ao valor preconizado em instrumento normativo, 
mas comprovado ser esse superior ao valor previsto em lei, é intangível a 
subsunção do empregado à regra do artigo 224, parágrafo 2º, da CLT, pelo que o 
seu direito ficará sempre limitado à percepção da aludida diferença, afastada a 
possibilidade de habilitar-se à percepção das horas excedentes da jornada 
reduzida do bancário. Isso porque, materializada a fidúcia do cargo, a inserção do 
empregado na regra da norma consolidada pressupõe apenas que a gratificação 
nunca seja inferior ao salário do cargo efetivo, cuja interpretação deve ser feita 
restritivamente não alcançando outros títulos variáveis, sobretudo se objetos de 
larga controvérsia judicial. Revista conhecida e provida". Tribunal Superior do 
Trabalho, RR 408007, 4ª T., DJU 04.05.2001, pág. 578, Rel.: Min. Antônio José de 
Barros Levenhagen. 
 
Grupo econômico. Configuração. Condenação solidária - Estando presente nas 
empresas a personalidade jurídica própria, sob a ingerência administrativa de 
outra e o exercício de atividade econômica, a configurar o grupo econômico, 
incogitável o reconhecimento de ofensa ao art. 2º, §2º, da CLT. Além disso, 
reconhecida a configuração do grupo econômico, estabelece-se a solidariedade, 
por imperativo legal, nos termos do dispositivo mencionado, insuscetível de violar 
os arts. 896 do Código Civil e 5º, inciso II, da Carta Magna. Recurso não 
conhecido. Tribunal Superior do Trabalho, RR 457717, 4ª T., DJU 20.04.2001, 
pág. 559, Rel.: Min. Antônio José de Barros Levenhagen. 
 
Agravo. Art. 557, §1º, do CPC. Mandado de segurança. Penhora. Carta de fiança 
bancária - O fato de a carta de fiança bancária oferecida como garantia da 
execução ter sido expedida por instituição financeira integrante do mesmo grupo 
econômico do executado não induz à conclusão de que este estaria assumindo 
nos autos a condição de fiador e afiançado. Isso porque cada uma das instituições 
detém personalidade jurídica própria, para efeitos civis e comerciais. A 
solidariedade existente entre empresas pertencentes ao mesmo grupo econômico, 
a que alude o §2º do art. 2º da CLT, é aplicável às relações de emprego, conforme 
tem-se orientado a jurisprudência dos Tribunais, não sendo possível conferir ao 
dispositivo tão ampla interpretação ao ponto de reconhecer a existência de uma 
única empresa. Tribunal Superior do Trabalho, AROMS 471744, SBDI 2, DJU 
01.09.2000, pág. 379, Rel.: Min. Antônio José de Barros Levenhagen. 
 
Condenação solidária. Vício de vontade. A solidariedade implica responsabilidade 
quanto à relação de emprego, possibilitando ao empregado apresentar 
reclamação contra o empregador direto e a qualquer empresa do grupo. Estando 
reconhecida a configuração do grupo econômico, estabelece-se a solidariedade 
por imperativo legal, nos termos do estabelecido pelo art. 2º, §2º, da CLT. 
Devolução dos descontos de seguro de vida - O Enunciado nº 342 do TST 
estabelece que os descontos salariais efetuados pelo empregador no salário do 
empregado, a título de seguro de vida, não constituem ofensa ao art. 462 da CLT, 
desde que

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